Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Ticiano – ALEGORIA DA PRUDÊNCIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Alegoria da Prudência é uma obra do pintor italiano Tiziano Vacellio, conhecido por Ticiano, em que o pintor retrata a si mesmo, a seu filho Orazio e, possivelmente, a seu sobrinho Marco Vecellio, representando as três Idades do homem. Filho e sobrinho trabalharam com o pintor.

Estão representados da esquerda para a direita:
• a velhice (Ticiano) – virada para a esquerda
• a idade adulta ou maturidade (seu filho Orazio) – virada para frente
• a juventude (seu sobrinho Marco Vecellio) – virada para a direita

Abaixo das cabeças humanas estão representadas as de três animais:
• o lobo – voltada para a esquerda
• o leão – voltada para a frente
• o cão – voltada para a direita

A alegoria também se refere ao tempo: passado, presente e futuro. Os animais, conforme certas tradições, estão ligados a tais categorias do tempo e à prudência. Segundo o escritor Macrobius, do século V, a cabeça do leão refere-se ao presente, quando se é forte; a cabeça do lobo é designada pelo passado; a cabeça do cão representa o futuro.

Uma inscrição latina faz um meio círculo em volta das cabeças humanas. Ela diz: EX PRAETERITO / Praesens PRUDENTER AGIT / NE FUTURA actione DETURPET , que pode ser traduzida como: “A partir da experiência do passado, opere o presente de forma prudente, para não estragar as ações futuras”. Segundo alguns, Ticiano tinha como objetivo direcionar sua família, em relação à herança que deixaria, após sua morte.

Embora haja muitas explicações sobre a pintura, a mais aceita é a de que Ticiano tinha por objetivo mostrar que a prudência é fruto da experiência, que por sua vez vem com a velhice, importante para a discriminação e o julgamento artístico.

Ficha técnica
Ano: c. 1560
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 75,5 x 68,4 cm
Localização: The National Gallery, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Ticiano/ Editora Taschen
www.totallyhistory.com/allegory-of-prudence/
http://www.titian.org/an-allegory-of-prudence.jsp

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Pieter Bruegel, o Velho – CAÇADORES NA NEVE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Caçadores na Neve, também conhecida como O Retorno dos Caçadores, é uma pintura do artista Pieter Bruegel, o Velho. Faz parte de uma série de seis pinturas que retratam períodos do ano, encomendadas por um comerciante da Antuérpia. Cinco delas ainda sobrevivem, felizmente (O Dia Escuro, Retorno da Manada, Colheita de Feno, Os Ceifeiros e o Mastro de Maio, existindo do último apenas cópias feitas pelo filho do artista). Presume-se que este quadro represente o mês de dezembro ou janeiro (no hemisfério norte).

Em sua obraBruegel retrata a difícil caminhada de três caçadores e sua matilha através da neve densa em meio a quatro árvores perfiladas, desprovidas de folhas em razão do rigor invernal. Cerca de uma dúzia de cães acompanha os homens, deixando profundos rastros atrás. À frente do grupo veem-se os passos de uma lebre montanha abaixo. Os homens estão de costas para o observador e, pela postura do corpo, aparentam estar muito cansados depois de uma caçada infrutífera. Contudo, o tema principal desta obra é a paisagem que se desdobra em três planos: primeiro plano, plano intermediário e plano de fundo. Tudo faz menção ao inverno, com o branco do gelo por toda parte.

Abaixo dos caçadores que descem o declive nevado, atentos ao percurso, está a aldeia em que vivem. Eles estão voltando para casa após a difícil caçada nos campos gelados. Encontram-se muito bem agasalhados. Cada um deles leva uma lança ao ombro e um embornal. O de maior tamanho carrega um animal, possivelmente uma raposa, nas costas, pendurada em sua arma. Os cães de diferentes raças mostram-se exauridos pelo esforço feito.

À esquerda do grupo, numa estalagem, conforme mostra o cartaz dependurado apenas por um gancho, encontra-se uma família composta por quatro adultos e uma criança. Um homem e uma mulher alimentam o fogo para cozer o alimento dos hóspedes, sendo observados pela criança. Um dos homens carrega uma mesa. Na porta, uma mulher aparece com mais lenha. O vento direciona a fumaça e as chamas para dentro do local.

Na aldeia os moradores são vistos em variadas atividades. Uma mulher atravessa uma ponte, carregando um feixe de gravetos; um homem conduz uma carroça; outro, de arma em punho, parece caçar aves; mais outros caminham pelas ruas, etc. Contudo, a maioria das pessoas, parecidas com meros sinais pretos, encontra-se praticando esportes de inverno, sobre dois lagos congelados. O artista representa com maestria a atmosfera de frio e de silêncio propícia a uma paisagem coberta pela neve.

As casas com seus telhados cobertos pela neve espalham-se pela composição. Algumas torres podem ser observadas. É possível ver a fumaça saindo de algumas chaminés. Árvores copadas estendem-se por toda a composição em contraste com as desfolhadas, vistas em primeiro plano. Vários pássaros estão pousados nas árvores. Ao fundo veem-se montanhas com seus picos agudos. O céu é verde-acinzentado. Uma ave corta os ares. O verde do céu, o tom esverdeado do gelo e a brancura da da neve produzem um efeito maravilhoso.

Ao contrário de muitos outros quadros de Bruegel que trazem ensinamentos morais, não se encontrou um significado oculto para esse. As cores frias predominam na composição, sendo que as figuras escuras dos caçadores e dos cães fazem um grande contraste com a brancura da neve, dando ênfase à diagonal que parte da esquerda, embaixo. A composição Caçadores na Neve faz parte das obras mais admiradas de Pieter Bruegel.

Ficha técnica
Ano: 1565
Técnica: óleo sobre painel de madeira
Dimensões: 117 x 162 cm
Localização: Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Bruegel/ Editora Cosac e Naify
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Renascimento/ Editora Taschen
http://www.theartwolf.com/landscapes/bruegel-elder-hunters-snow.htm
https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=http://viewfromaburrow.com/2013/11/28/pieter-bruegel-the-

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Pieter Bruegel, o Velho – O CASAMENTO CAMPONÊS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada O Casamento Camponês — também conhecida como O Banquete de Casamento ou Casamento Aldeão — é uma pintura de gênero do artista Pieter Bruegel, o Velho, que mostra a importância de ter sido um pintor de miniaturas, ao agregar numa única tela inúmeras figuras humanas, fato comum em suas obras. Bruegel tornou-se conhecido por suas pinturas retratando o cotidiano dos camponeses, tanto no trabalho quanto nos festejos. Ele nutria grande admiração por essa gente, encontrando-se sempre entre ela por ocasião de das festividades, o que levou muitos a imaginarem que fosse também um camponês.

Bruegel brinda-nos com um de seus maravilhosos e mais conhecidos quadros em que retrata o festejo decorrente de um casamento camponês na Idade Média. Dizem que essas festividades tornaram-se tão ruidosas à época que foi preciso um decreto imperial estabelecendo o número de convidados, de modo a impor ordem nos locais onde eram realizadas. Sua obra trata-se de uma verdadeira comédia humana que acontece num celeiro, como mostra a palha empilhada ao fundo. Inúmeras ações acontecem ao mesmo tempo, trazendo uma grande riqueza anedótica, gracejo e observação perspicaz. Ainda mais curioso é o modo como o artista colocou tantos personagens em sua obra, sem repassar a sensação de atulhamento.

Uma longa mesa de madeira feita com pranchas sobre cavaletes — no século XVI nem mesmo os ricos possuíam grandes mesas —, mostrada de forma oblíqua, ocupa grande parte do celeiro. Ela está circundada por toscos bancos também de madeira e forrada com um pano branco. O único banco com recosto está enfeitado com gravuras de festas religiosas ou romarias. O ambiente rústico é um celeiro de uma fazenda, conforme mostra a palha empilhada quase até o teto. Dois feixes de trigo e um ancinho pendurados na parede, à esquerda da noiva, podem estar representando a pequena parte da colheita a ser deixada nos campos pelos fazendeiros, para ser apanhada pelas viúvas, órfãos e pobres, ou, então, a difícil vida de trabalho dos camponeses.

Quase todos os presentes ao festejo trazem a cabeça coberta por gorros ou toucas, inclusive uma criança, orgulhosamente sentada à mesa, e outra no chão que lambe o dedo com seu enorme boné com uma pena de pavão. Todos estão bem agasalhados, levando a crer que a festividade acontece no inverno. Um cão encontra-se próximo a um homem de gibão preto, muito bem vestido, com uma espada na cintura, assentado numa tina virada de cabeça para baixo. Ele conversa com o monge que provavelmente foi o responsável por ter feito o casório. Seria esse homem bem vestido o fazendeiro, dono das terras, ou o próprio pintor?

Na porta ao fundo que leva ao ambiente festivo inúmeras pessoas aglomeram-se, esperando fazer parte da festa. Uma delas traz uma expressão patética no olhar, enquanto ao ver a comida transitar. Uma mulher com seu filhinho ao lado oferece uma caneca de cerveja a um homem com roupa vermelha e colete branco. À sua esquerda, um homem, de costas para a mesa, vira um caneco de cerveja na boca. Os convidados vestem roupas coloridas — com destaque para o vermelho e o branco que avivam a composição. A comilança é farta, com muita bebida e comida (panqueca, pão, mingau e sopa). As pessoas à mesa em sua maioria estão apenas preocupadas com o estômago.

A noiva encontra-se em destaque, usando uma grinalda enfeitada com pequenas penas de pavão sobre o cabelo, sentada na frente de uma colcha verde-escuro (ou seria azul?), onde se vê dependurada uma segunda coroa logo acima de sua cabeça. Ela tem uma expressão tola no rosto e traz as mãos entrelaçadas numa postura de recato, apenas acompanhando os acontecimentos. Os seus cabelos encontram-se à vista pela última vez, pois depois de casada passará a usar uma touca branca, como as demais mulheres presentes à festa. À sua esquerda estão, provavelmente, sua mãe e seu pai, este último assentado na única cadeira com espaldar, com seu boné preto, roupa escura e xale, o que mostra que é uma figura de destaque no ambiente. Esta figura pode ser também o notário, responsável pelo contrato nupcial. À direita dela estão duas mulheres com suas toucas brancas, conversando entre si.

O noivo não aparece ao lado da noiva, costume da época, quando também era vedada qualquer forma de carinho. Seria ele o homem que se encontra com uma colher na boca e olhos esbugalhados? Ou o homem de preto com uma caneca na mão, pedindo mais cerveja? Poderia ser também aquele que se encontra enchendo um caneco de cerveja, à esquerda, próximo de uma cesta cheia de jarros vazios — o que mostra que a festa acontece a mais tempo. Ou até mesmo o de touca vermelha na cabeceira da mesa, repassando os pratos para os convidados. Ele também poderia não se encontrar presente na festa. Este é um enigma que vem atravessando os séculos.

Dois gaiteiros animam a festa. O de camisa vermelha olha algo à sua direita. Talvez, faminto, aguarda ser servido pelos dois robustos homens que carregam uma enorme porta deitada, amarrada a dois pedaços de madeira, servindo de bandeja para os pratos. O de azul é o mais alto da festa, ocupando o centro do quadro. A colher de madeira no gorro de um deles mostra que se trata de uma pessoa pobre. Um homem, sentado à cabeceira da mesa à direita, pega um dos pratos e repassa-o para o vizinho, já com a mão num segundo. Chama a atenção o pé adicional que aparece debaixo da porta usada para servir os pratos. Mistério!

Como grande parte dos quadros de Bruegel trouxessem um ensinamento moral, presume-se que O Casamento Camponês — uma de suas obras mais conhecidas — ensine que se deve comer com moderação e nunca se esquecer dos necessitados, mas tudo não passa de suposições.

Ficha técnica
Ano: 1567
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 124 x 164 cm
Localização: Museu, Kunsthistoriesches, Viena Áustria

Fontes de pesquisa
Bruegel/ Editora Cosac e Naify
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Los secretos de las obras de arte/ TaschenA história da arte/ E. H. Gombrich

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Rubens – LA PETITE PELISSE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada La Petite Pelisse ou Elena Fourment com Peles é uma obra do pintor barroco Peter Paul Rubens, o mais importante de todos os pintores flamengos do século XVII. Na tela ele retrata sua segunda esposa, como se fora ela uma deusa mitológica com peles.

Rubens casou-se com Elena Fourment quando essa estava com 16 anos, a mesma idade do filho mais velho do pintor com sua esposa Isabella Brant que morreu aos 34 anos. Quando se casou pela segunda vez o artista contava com 50 anos. Apesar da grande diferença de idade, eles foram imensamente felizes. Elena serviu de modelo para várias telas do marido. O pintor barroco pintou-a muitas vezes, sozinha ou ao lado de seus filhos, sendo La Petite Pelisse a sua obra preferida, tanto é que a manteve sempre consigo. Em seu testamento deixou-a para sua esposa Elena.

Na composição La Petite Pelisse Elena encontra-se de pé com o corpo quase nu. Apenas parte dele está coberto por um casaco escuro de pele. Ela olha diretamente para o observador. No gesto de ajuntar os seios, como se estivesse a ocultá-los, mostra certa inocência.

Ficha técnica
Ano: 1638
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 176 x 83 cm
Localização: Kunsthistoriesches Museum, Viena Áustria

Fontes de pesquisa
Rubens/ Taschen
http://www.francetvinfo.fr/culture/expos/louvre-lens-trois-cles-pour-comprendre

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Pieter Bruegel, o Velho – PROVÉRBIOS HOLANDESES

Autoria de Lu Dias Carvalho
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A composição denominada Provérbios Holandeses é uma pintura do artista Pieter Bruegel, o Velho, em que ele faz a ilustração de mais de uma centena de provérbios holandeses e expressões idiomáticas, sendo muitos deles usados até os dias de hoje. A base para a pintura, assim como a de todo pensamento medieval, foi a Bíblia. O pano de fundo do quadro é a moral da época. E o artista, que era muito religioso, exercia em seus quadros a função de alertar as pessoas em relação ao pecado, responsável por levá-las para o inferno.

Em razão dos inúmeros provérbios e expressões idiomáticas, podendo alguns ter múltiplas interpretações, citarei apenas alguns:

1- A mulher de vestido vermelho (cor da luxúria), ao centro, cobre o marido com uma capa azul (cor da inocência), para que ele não veja que está sendo enganado.
2- Ao mesmo tempo, a mulher de vermelho é observada por duas fofoqueiras, atrás dela, estando uma sentada.
3- Um homem de chapéu vermelho, ajoelhado dentro de uma cobertura de teto azul, com duas velas na mão, acende uma vela para Deus e outra para o diabo.
4- O homem que tosa dois quietos carneiros alude à necessidade de ser paciente como um carneiro.
5- O homem que joga rosas para os porcos ensina que não se deve atirar pérolas aos porcos.
6- O homem com uma pá fechando um buraco, mostra que é inútil agir depois do problema ocorrido.
7- O homem que traz um caldeirão nos braços tenta trazer a luz para o dia, ou seja, age inutilmente.
8- Dois cães brigando por um osso revelam que é inútil brigar por uma mesma coisa, pois nunca se chegará a um consenso.
9- Numa das janelas, vê-se um casal que se segura pelo nariz, significando que eles têm um ao outro pelo nariz, ou seja, que se traem mutuamente.
10- Próximo a essa mesma janela, um homem com roupa vermelha joga fora cartas de baralho. Simboliza que os tolos jogam fora as melhores oportunidades.
11- O globo azul virado de cabeça para baixo significa que o mundo está de ponta cabeça.
12- O homem de vermelho, acima do globo, significa que ele caga para o mundo, ou seja, não liga para nada.

Chama em especial a atenção, o modo como o pintor consegue agrupar tão grande número de diminutas e complexas cenas, culminando na criação de uma única cena de rua. Mais uma vez, Bruegel passa-nos a impressão de que observava tudo de cima.

Ficha técnica
Ano: 1559
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 117 x 163 cm
Localização: Gemäldegalerie, SMPK, Berlim, Alemanha

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann
http://cargocollective.com/spreekwoorden/o-quadro-de-pieter-bruegel

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Caravaggio – O SEPULTAMENTO DE CRISTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada O Sepultamento de Cristo — também conhecida por A Deposição no Túmulo ou O Santo Enterro e ainda Enterro de Cristo — trata-se de uma obra do pintor barroco italiano Caravaggio. É tida como uma das pinturas mais monumentais de seu reconhecido trabalho. Na sua tela o artista colocou um grupo compacto e simétrico de seis figuras sobre uma laje de pedra, formando uma diagonal, a partir da direita superior.

O corpo seminu e sem vida de Cristo, já com o rosto arroxeado e a boca aberta, com ossos, músculos e veias salientes sob a pele lívida, está cingido por um pano branco que lhe cobre a região pubiana. Sua mão esquerda encosta-se na pedra, sobre o ângulo que vai em direção ao observador, enquanto a direita dobra-se sobre a barriga. Ele está seguro pelas pernas e tronco por dois de seus apóstolos, João Evangelista, com seu manto vermelho, e Nicodemos, apoiado na beirada da laje. O primeiro apoia o corpo sem vida do Mestre em seu joelho direito.

No meio do compacto grupo está Maria, a mãe de Jesus, com os braços abertos e com os olhos voltados para o filho morto. Seu rosto sem viço expressa uma profunda dor e sua mão direita parece tentar alcançá-lo ou abençoá-lo. Ao seu lado está Maria Madalena, com os cabelos divididos ao meio e trançados, também com a cabeça baixa e os olhos direcionados para o corpo inerte do Mestre. Ela chora e limpa as lágrimas com um lenço. Atrás dela, Maria de Cleofas ergue as mãos e os olhos para o céu em sinal de desespero e súplica, destoando do comportamento contido dos demais personagens.

Mais uma vez o magistral Caravaggio busca entre o povo os modelos para sua pintura. Recusa-se a pintar Cristo e seu grupo como belos e divinos. Ao contrário, retrata-os em sua humanidade, como gente do povo sofrida e simples. As figuras estão dobradas ou reclinadas sobre o corpo nu e amortalhado de Jesus Cristo, excetuando o apóstolo e a jovem mulher que, emocionada, levanta suas mãos e olhos para cima. O branco da mortalha destaca ainda mais o corpo sem vida do Mestre. O contraste entre o vermelho, o verde-escuro e o castanho brilhante de um lado e do outro o marfim e o branco torna a cena muito forte.

Ao contrário de outros artistas, que pintaram a descida do corpo de Cristo da cruz ou o seu sepultamento, Caravaggio deu um novo enfoque à sua magistral composição. Não mostrou nem uma coisa e nem outra, mas apenas o momento em que o corpo do Mestre está sendo colocado por João Evangelista e Nicodemos sobre a “Pedra da Unção” (antes vista como a porta do túmulo), ou seja, a pedra usada para apoiar o corpo de Jesus, enquanto ele era ungido e vestido para seu sepultamento. Presentes no momento estão também as três Marias: Maria mãe de Jesus, Maria Madalena e Maria de Cleofas. Foi somente a partir do século XVII que esta tela passou a ser vista como uma cena do sepultamento de Cristo.

O fundo escuro da composição põe ainda mais em evidência o grupo escultural que parece projetar-se na direção do observador. No canto inferior esquerdo da tela Caravaggio pintou uma pequena planta denominada verbasco.

Ficha técnica
Ano: c. 1602 – 1604
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 300 x 2003 cm
Localização: Pinacoteca Vaticana, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
Barroco/ Taschen
Caravaggio/ Coleção Folha
Caravaggio/ Abril Coleções
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Sepultamento_de_Cristo_%28Caravaggio%29

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