Arquivo da categoria: Vida Saudável

Temas diversos sobre saúde

ACERTE SEU RELÓGIO BIOLÓGICO

Autoria do Dr. Telmo Diniz

O prêmio Nobel de Medicina de 2017 foi concedido a três norte-americanos pelas pesquisas relacionadas ao nosso relógio biológico. Vejamos a importância deste “relógio interno” para nossa saúde e bem-estar geral.

O relógio biológico é um mecanismo regido pela sequência das horas do dia, que está presente em todos os seres vivos, regulando todas as atividades do organismo. A região que controla nossos ritmos biológicos fica no cérebro e se chama hipotálamo. E é a partir desta estrutura que são disparados as sequências para dar conta destes ritmos biológicos, como os horários de dormir e acordar, de comer, esvaziar a bexiga, o intestino e também na produção de diversos hormônios – cortisol, adrenalina, melatonina, o hormônio do crescimento e da tireoide, etc. São nossos genes que controlam estes processos e, portanto, ocorre de forma diferente em cada um de nós. Isto explica porque algumas pessoas preferem acordar e dormir cedo, funcionando melhor nas primeiras horas do dia, enquanto outras têm melhor rendimento à noite.

Para gozar de uma boa saúde é fundamental que o nosso relógio biológico permaneça sincronizado. E isso não é uma tarefa simples nos tempos atuais. Necessita de manter uma rotina dedicada. A hora do descanso, especialmente do sono e do repouso semanal, é importantíssima para manter as funções biológicas no ritmo certo. Uma rotina irregular pode, no longo prazo, desregular estas funções, desencadeando diversos problemas de saúde como depressão, doenças cardíacas, piora ou exacerbação do diabetes, dependência química de álcool e outras drogas, além do câncer. Neoplasias ligadas à desregulação do relógio biológico? Isso mesmo! Diversos estudos fazem este tipo de ligação. Uma pesquisa com enfermeiras publicada em 2001 na revista do “National Institute of Cancer” (EUA), por exemplo, mostrou que a probabilidade de câncer de mama em mulheres que trabalhavam à noite era até 50% maior do que a média. Entretanto, diversas empresas necessitam trabalhar em turnos, não por que querem, mas por necessidade operacional.

Então, o que podemos fazer para minimizar este problema? Para a maioria das pessoas, ficar exposto à luz solar sempre que possível durante a manhã. Ao voltar para casa, no fim do dia, evitar o excesso de luz e o uso de equipamentos eletrônicos (PCs, tablets e Smartfones). O quarto deve ficar totalmente escuro na hora de deitar. Não se alimentar tarde demais, bem como não praticar exercícios físicos antes de dormir. Importante: não acordar em horários diferentes no fim de semana. É preciso manter uma rotina, pensando sempre que a regra número 1 do relógio biológico são as boas horas de sono. Sem elas, todas as demais funções ficarão desreguladas ao longo do dia. Com o relógio biológico desregulado, você ficará literalmente “arrastando correntes” no dia seguinte.

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É IMPORTANTE TIRAR FÉRIAS

Autoria do Dr. Telmo Diniz

As férias são o tempo do ócio, que nos remete à noção de folga, de falta de compromissos de trabalho e de estudos. E, por isso mesmo, possui uma conotação negativa que liga a ideia de ociosidade à vadiagem e preguiça. Seria o ócio um aliado para recuperar a saúde? É disso que vamos tratar neste texto.

O filósofo e matemático inglês Bertrand Russell (1872-1970) afirmava que o trabalho não é – ou não deveria ser – o objetivo da vida de um indivíduo. Segundo ele, em um mundo ideal, todos deveriam poder se dedicar a atividades agradáveis, usando o tempo livre (ocioso) não apenas para se divertir, mas também para ampliar seus conhecimentos e a capacidade de reflexão. Bom, não sei como isso seria possível em uma sociedade pós-moderna. Quem iria pagar nossas contas? Esta utopia poderia ser possível em uma tribo indígena, onde o ócio impera – dormem, fazem sexo, alimentam na hora que bate a fome, etc.

Ninguém precisa de bons motivos para saber que tirar férias é algo que faz bem. Um estudo realizado na Inglaterra e divulgado pelo jornal “The Daily Mail” comprova que alguns dias de descanso podem trazer muitos benefícios para a saúde. Os cientistas descobriram que o simples fato de se desligar por alguns dias e visitar novos lugares é suficiente para diminuir a pressão arterial, melhorar a qualidade do sono e eliminar o estresse. Eles também revelaram que os benefícios podem se estender por pelo menos 15 dias após a viagem. Em alguns casos, o bem-estar causado pelos dias de descanso pode se prolongar por alguns meses.

E se isso não fosse o bastante, para entendermos a importância do descanso, os testes também revelaram a diminuição nos níveis de glicose no sangue, redução do risco de diabetes, perda de peso e de medidas, melhora do humor e dos níveis de energia. E todos esses sinais se mantêm por no mínimo duas semanas depois de a pessoa voltar para casa. Porém, na sociedade moderna, o ócio passou a ser algo condenável, que deveria ser suprimido em nome da produtividade. O trabalho passou a ser muito valorizado, em detrimento do tempo livre. Sabemos que esta desproporção leva, invariavelmente, a problemas de saúde a longo prazo.

Atualmente, muitas pessoas já não têm como meta fazer carreira em grandes empresas. Tentam abrir o próprio negócio, investir em áreas onde combinem um hobby com a profissão, enxergando o trabalho como uma função mais livre. Mas seria isso possível? Para uma pequena parcela da população, possivelmente sim! Para a massa majoritária, não.

Enxergamos o trabalho apenas do ponto de vista econômico. E, desta forma, nós nos esquecemos de que o ócio, assim como o trabalho, são atos humanos. Ambos devem conviver em harmonia. Domenico De Masi, sociólogo e escritor italiano, que elaborou a obra “O Ócio Criativo”, disse: “O ócio pode transformar-se em violência, neurose, vício e preguiça, mas pode também elevar-se para a arte, a criatividade e a liberdade”. Particularmente, penso que ócio permanente vira tédio, bem como o trabalho ininterrupto vira escravidão.

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CONFUSÃO MENTAL OU DELIRIUM EM IDOSOS

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Episódios de confusão mental em idosos são muito corriqueiros e frequentes. Pretendo esclarecer um pouco sobre o tema e o que os familiares podem fazer nesses momentos aflitivos. Também conhecido por delirium, o estado de confusão mental é uma perturbação grave do estado cognitivo do paciente, caracterizado por distúrbios da consciência, reduzida capacidade de concentração, alterações da memória e da percepção do ambiente, podendo cursar com agressividade ou não. O início do delirium é geralmente súbito, evoluindo dentro de horas a alguns dias. Nesse ínterim, ocorre uma perda na capacidade de concentração, fazendo com que o idoso não consiga prestar atenção por muito tempo em nada. Isto é evidente quando se tenta conversar com ele, pois o mesmo distrai-se facilmente, não conseguindo manter uma conversação de forma lógica.

Alterações da memória recente também são comuns. Seguindo-se a isso, o idoso pode não reconhecer o seu médico e até familiares. Quadros paranoides são muito comuns, onde a pessoa acha que está sendo perseguida ou que o cuidador quer lhe fazer mal e até matá-la. Pode haver alucinações. O curso de delirium é flutuante, tornando-se mais intenso no final da tarde e início da noite. Não é incomum um paciente com delirium parecer relativamente lúcido pela manhã, ficando mais confuso conforme o dia passa. A troca do dia pela noite também é típico. O paciente fica acordado e agitado durante toda noite e passa boa parte do dia dormindo.

As causas da confusão mental em idosos são as mais variadas, podendo ser desde doenças neurológicas como Parkinson e Alzheimer, passando pelo AVC, infecções (em especial a infecção urinária), dores em geral, uso de sondas etc. Nos idosos, ocorre uma soma de vários fatores como causa dos episódios de confusão mental. Devido à complexidade de causas, a busca por ajuda especializada pode ser útil, como os cuidados em residenciais para idosos – falo com propriedade, pois trato de idosos em residenciais já há 20 anos.

Se algum idoso conhecido seu estiver apresentando os sintomas de delirium, procure ajuda. Devemos ficar atentos a todos os sintomas que o idoso pode apresentar inclusive aqueles mais quietos, como isolamento social e pouca interação com as pessoas ao seu redor. Se a pessoa já tem demência, é necessário ficar atento também às mudanças repentinas do quadro clínico, do comportamento e no seu envolvimento com o ambiente, pois esses fatores podem indicar que ela está tendo delírios. E quando isto ocorre à ajuda médica se torna imperiosa. Um idoso confuso apresenta um risco para ele mesmo e, portanto, buscar auxílio é uma forma de prevenção.

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OS BENEFÍCIOS DO SEXO

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Trago hoje uma notícia bem agradável – quem faz mais sexo pode ter uma cognição melhor, ou seja, fazer sexo pode melhorar a memória. Seria uma forma prazerosa e profilática para tratar as demências? Segundo um novo estudo publicado no periódico científico “Journals of Gerontology”, fazer sexo pode fazer bem ao cérebro. Os pesquisadores descobriram que quanto maior a frequência das relações sexuais, “melhor é a fluência verbal e a consciência visual de pessoas com mais de 50 anos”.

Nós, de uma forma geral, não cogitamos pensar que uma pessoa de mais idade tenha relações sexuais frequentes. Temos de superar este preconceito e ver que sexo na terceira idade pode ser melhor do que na juventude, inclusive com claros impactos na saúde – e na memória. Equipes de pesquisa das Universidades de Oxford e Universidade Coventry, no Reino Unido, analisaram a vida sexual e a cognição de 28 homens e 45 mulheres, com idade entre 50 e 83 anos.

Os participantes completaram questionários sobre suas atividades sexuais do ano anterior. Além disso, participaram de testes para avaliar o funcionamento do cérebro. Para isso, eles precisaram dar nomes ao maior número de animais possível, dentro do prazo de um minuto. Para avaliar a capacidade visual, eles precisaram observar um desenho complexo e a face de um relógio, memorizá-los e copiá-los em um papel. Ao final do estudo, os resultados revelaram que aqueles que faziam mais sexo se saíram bem melhor nos testes de fluência verbal, como também foram melhores em lembrar-se dos objetos e do espaço entre eles. Neste estudo, em específico, os cientistas não chegaram a uma conclusão sobre o motivo para a melhora da memória.

Outra pesquisa, esta realizada em uma Universidade do Canadá, pediu a 78 mulheres, entre 18 e 29 anos, para fazer um teste de memória. O desafio delas era tentar se lembrar de rostos e palavras que apareciam na tela do computador. E qual foi a resposta? As mulheres que transavam com mais frequência pontuaram mais do que as outras. Elas se saíram melhor nos testes com as palavras. No sexo, como nas atividades físicas, se detecta uma formação de novos neurônios (“neurogênese”) o que pode, por consequência, proporcionar um melhor desempenho nos testes de memória. Esta poderia ser uma das explicações possíveis para a melhora da cognição.

Enfim, ter relações sexuais pode reduzir a depressão, estresse e ansiedade, além de melhorar a memória, pois os processos químicos (serotonina, dopamina, endorfinas etc) envolvidos durante a relação parecem ter efeito direto nos centros das lembranças. Independentemente das reações químicas que ocorrem no organismo durante o ato sexual, parece que transar faz bem. Então, o que você está esperando?

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CONHEÇA A SÍNDROME DO BOLSO VAZIO

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Em tempos de alta inadimplência, crise por todo o país e grande dificuldade das pessoas em honrar suas finanças, é importante esclarecer que nossa saúde financeira está diretamente ligada com nossa saúde física e mental. Em outras palavras, caso você esteja com dívidas e nome negativado, sua saúde certamente estará pior do que a de alguém com as finanças em dia. O que podemos fazer para acertar os ponteiros da saúde com os ponteiros das contas a pagar, e não ser infectado pela Síndrome do Bolso Vazio (SBV)?

O número de pessoas inadimplentes apresentou um crescimento expressivo no primeiro trimestre deste ano. No final de março, já chegava a 60 milhões de consumidores brasileiros nas listas de devedores. Os dados são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)  mostram que, em termos percentuais, 40% da população adulta, entre 18 e 95 anos, está com o nome sujo.

Uma pesquisa publicada no periódico “Social Science and Medicine” mostra o impacto na saúde das pessoas endividadas. São vários os problemas clínicos decorrentes da SBV. O primeiro da lista tem o estresse como principal culpado. Para exemplificar: o telefone toca e trata-se de um credor questionando sobre o pagamento de uma dívida. Oh! De repente, você se lembra que está devendo alguém. Essa lembrança gera ansiedade, que é interpretada pelo cérebro como uma ameaça, e que aciona as glândulas suprarrenais que, por sua vez, produzem cortisol e adrenalina, hormônios associados ao estresse. Esses hormônios despejados na corrente sanguínea desencadeiam diversas alterações importantes no organismo, processo que, se repetido com frequência, passa a provocar graves problemas de saúde, como úlceras gástricas, compulsão alimentar com ganho de peso, insônia, elevação da pressão arterial, etc.

A persistência do estresse pode levar à depressão. Não é difícil compreender o efeito que as dívidas podem ter no indivíduo depressivo. A angústia das cobranças, a ansiedade de não achar uma saída para o problema associada ao desarranjo financeiro, afetam o humor, tiram a motivação, geram medo, insegurança e aumentam o pessimismo. Tais mudanças são um convite para a depressão. Dando prosseguimento aos sintomas da SBV, vem o pior. São os problemas de relacionamento. Retirar da esposa e filhos o que já estão acostumados a ter é uma aflição. Começam a ocorrer ofensas mútuas. Um passa a culpar o outro pela situação. A cumplicidade fica fragmentada e caminha para o “fundo do poço”.

Para agravar a situação, a queda na produtividade e concentração no trabalho vira uma rotina. Funcionários que enfrentam problemas financeiros utilizam tempo de trabalho para cuidar de questões pessoais. Segundo pesquisa feita nos EUA pela PricewaterhouseCoopers em 2012, 97% dos funcionários utilizam horas de trabalho para cuidar de questões financeiras pessoais, sendo que 22% despendem pelo menos cinco horas por semana. Para tratar a síndrome do bolso vazio, só tem dois remédios no mercado: ou saber fazer economia ou ganhar mais.

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IMPACTO DO DESEMPREGO NA SAÚDE

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Pela primeira vez no país, o número de desempregados chega à cifra de impressionantes 14 milhões de pessoas procurando por trabalho. Fruto de uma política pública desastrada, corrupta e incompetente, os brasileiros já sentem os efeitos colaterais no bolso e na saúde mental. Atualmente, no Brasil, estamos com uma taxa de desemprego recorde, de acordo com a Pnad contínua. O país vive a sua pior crise no mercado de trabalho. São milhões de trabalhadores sem emprego com um tempo médio de até oito meses para recolocação. Além dos efeitos evidentes nos orçamentos domésticos, o desemprego tem graves reflexos na saúde das pessoas. Os principais riscos são as doenças mentais que, sem o tratamento adequado, podem levar até mesmo ao suicídio.

Um estudo publicado nos Estados Unidos analisou o impacto que a falta de perspectiva gerada pelo desemprego causa na saúde da população. O estudo teve como foco a população masculina americana, que cresceu ou estava no auge da idade produtiva, quando ocorreu a recessão global de 2007/2008. Estudiosos e economistas da Universidade de Princeton concluíram que um percentual expressivo dos desempregados apresentava dores crônicas – sem um motivo aparente – e praticavam um consumo abusivo de analgésicos.

O impacto do desemprego na saúde vai variar de pessoa a pessoa. O estresse físico e emocional é maior para quem tem filhos e irá enfrentar uma situação financeira mais difícil até conseguir um novo emprego. Isso pode causar sérios danos à autoestima da pessoa, que poderá ter episódios frequentes de angústia, ansiedade e chegar à depressão. Do ponto de vista físico, o desemprego pode desencadear queda de cabelos, insônia, ganho de peso, pressão alta, piora do diabetes, infarto e até câncer. Não dormir várias noites seguidas e fugir do convívio social com um isolamento característico são sinais de alerta.

Para quem está desempregado, é possível manter a saúde emocional minimamente equilibrada, gastando pouco ou nada. Uma rotina simples com atividade física, exercícios de respiração regular e meditação contribuem para reduzir os efeitos nocivos da inatividade laboral. Parece fácil falar em sair para caminhar e estar sem emprego. Entretanto, se você fizer um teste, verá que uma simples caminhada de meia hora irá reduzir seu estresse, melhorar sua disposição diária e lhe proporcionar forças para seguir adiante. Faça e depois me fale. A terapia com um psicólogo estimula um olhar positivista, ajudando a seguir e procurar por dias melhores. Lembre-se que tudo passa, até as coisas ruins. Pense também no lado positivo do processo, que enquanto procura um emprego terá mais tempo para uma caminhada matinal, fazer seu café da manhã com mais calma junto da família e, quem sabe, ajudar o próximo. Está provado que o voluntariado retorna em dobro para quem pratica o ato.

Certa vez, um ministro de Estado falou: “Eu não sou ministro, estou ministro”. De igual forma, você não é um desempregado e, sim, está, momentaneamente, sem emprego. Então, dê a volta por cima!

Observação

Amigos leitores, a Jooble é um site de busca de ofertas de emprego, cujo motor de busca de emprego é representado em 70 países. Acesse-o: https://br.jooble.org/

Ilustração: Os Operários, obra de Tarsila do Amaral

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