Autoria de Lu Dias Carvalho
Ah! Desgraçados!
Um irmão é maltratado e vocês olham para o outro lado?
Grita de dor o ferido e vocês ficam calados?
A violência faz a ronda e escolhe a vítima,
e vocês dizem: “a mim ela está poupando, vamos fingir que não estamos olhando”.
Mas que cidade?
Que espécie de gente é essa?
Quando campeia em uma cidade a injustiça,
é necessário que alguém se levante.
Não havendo quem se levante,
é preferível que em um grande incêndio,
toda cidade desapareça,
antes que a noite desça. (Bertolt Brecht)
A data de hoje nenhum significado terá se não servir de reflexão para homens e mulheres livres em todo o mundo civilizado, quanto à vida de tantas outras mulheres nos mais diversos cantos do planeta, totalmente subordinadas a um sistema de escravidão e sem ninguém que olhe por elas ou que lhes ofereça um grão de esperança.
É sabido que – mesmo em muitas partes do chamado mundo civilizado – mulheres ainda ocupam um papel subalterno dentro da sociedade, sendo reprimidas por seus companheiros, preteridas em vários empregos, fazendo o mesmo trabalho, mas ganhando bem menos que o homem. Contudo, nada é tão gritante como o que se vê em certas culturas orientais, onde o ódio à mulher é escancarado, como se ela representasse toda a malignidade da espécie humana. Onde é vista num patamar inferior a um cachorro.
Em muitas culturas, a fêmea é indesejada e mutilada sob o pretexto de não sentir prazer, a fim de não desviar o macho das sendas da pureza. Tais mulheres vivem em casamentos forçados, sem direito à instrução e ao próprio corpo, sendo que certos ciclos naturais de seu corpo são tidos como prova de sua impureza. São humilhadas, espancadas e mortas, sem que vozes se levantem em sua defesa. São policiadas tanto pelas famílias, quanto pelo Estado, numa miséria humana que parece não ter fim – unicamente pelo fato de ser MULHER.
O mundo dito civilizado observa o cativeiro dessas mulheres num mutismo hipócrita. Assim, muitos países – sob o pretexto de respeitarem culturas diferentes – numa atitude repleta de farisaísmo, principalmente quando tem negócios com os países que castram a liberdade feminina, admitem que imigrantes continuem a humilhar, tiranizar, brutalizar e matar suas mulheres, como se elas estivessem no seu país de origem – tudo em nome de um Estado laico e democrático. Fazem ouvidos moucos ao sofrimento das mulheres.
Nenhum país civilizado pode permitir que – quando sob a sua tutela – mulheres sejam submetidas às mesmas barbáries sofridas nos países de onde vieram. Seria a negação absoluta dos direitos humanos, direitos esses que o torna diferenciado dos países inimigos das mulheres. Valorizar a vida na Terra é dar aos indivíduos – homens e mulheres – direitos e liberdades iguais, protegidos por um Estado que não aceita a subordinação, a violência e a crueldade sob o teto de suas leis e que não tem medo de ser acusado de racista.
Há que se respeitar as diferenças culturais, mas onde os valores da cultura não preservem a pobreza, a tirania e a corrupção moral contra a vida. Os governantes ocidentais não podem continuar fingindo que as violações das mulheres de certas culturas cessam quando elas deixam seus países originários. Sabemos que isso não é verdade, mesmo em países como a Holanda e a França. Faz-se necessário proteger as mulheres imigrantes.
Todas nós, mulheres, temos que lutar pela liberdade de expressão, pelo direito de pensar e explicitar o nosso pensamento. Este é o princípio básico da liberdade que nos livra do cativeiro e da submissão, vistos em outras partes do planeta. Este é o pilar que sustenta uma sociedade democrática, onde homens e mulheres tornam-se iguais. Sobretudo, não deixemos de clamar liberdade e respeito por todas as mulheres cativas – em quaisquer lugares em que se encontrem – mesmo que nos acusem de contar histórias tristes e cansativas.
Nota: Imagem copiada de http://myrianrios.com.br/blog/dia-internacional-da-mulher/
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