Autoria do Prof. Pierre Santos
Igreja Basilical Primitiva
Seu plano construtivo, inspirado na anterior basílica civil romana, era baseado no sistema de escora e sustentação dos materiais utilizados, visando às óbvias e já testadas soluções de estabilidade, tudo conforme os antigos sistemas de edificação, os quais, do Neolítico à Antiguidade Clássica, mantiveram sempre, com raras variações, os mesmos princípios de equilíbrio arquitetônico, com aperfeiçoamentos apenas óbvios ao longo do tempo.
Tratava-se, no caso, de sistema construtivo estático, no qual pilares e traves dispostos na oposição de verticais e horizontais garantiam o repouso seguro dos materiais. Assim, o plano arquitetônico era limitado em virtude dos problemas criados pelas forças da gravidade, num tempo em que a construção ainda não tinha encontrado soluções que as desafiassem. Isto só iria acontecer, e com assombroso arrojo, a partir do período seguinte.
Ora, a edificação do cristianismo, já no século IV, se deu ao esforço de renovar, fazendo a de origem evoluir para um indivíduo arquitetônico mais ambicioso, mais forte e esbelto (ver ilustrações). Todavia, se a basílica primitiva não era afetada por intempéries naturais, por ser acachapada, a cristã desde a fase de libertação se viu instada a lutar contra outra ameaça constante: a das águas pluviais, que sempre minavam os alicerces, provocando desmoronamentos. Por conseguinte, passemos agora em revista como se estruturava a edificação cristã ao longo do período de libertação, com as primeiras inovações introduzidas na feição, mas não na estrutura do templo.
A planta era consideravelmente simples. Uma escadaria terminada em plataforma, o adro, dava ingresso a um pórtico, o qual se abria para um amplo pátio, o átrio. Este, contornado por colunas, hipetra (ou seja, descoberto), mas não nas laterais. Em seu centro ficava a fonte de purificação dos novos conversos, origem da pia batismal. O átrio, por sua vez, abria-se para outro pórtico, um imponente vestíbulo denominado nartex, que introduzia o fiel à igreja propriamente dita, que era nada mais nada menos do que um comprido retângulo buscado na antiga basílica, a nave central.
A esta nave, a principal, foram acrescentadas duas naves laterais (o que era mais comum, pois, excepcionalmente, construíram-se igrejas de cinco naves: a central e duas laterais de cada lado). Para alguns estudiosos do assunto, as naves laterais representavam os sombrios corredores das catacumbas. Mais estreitas e baixas, eram separadas da central por colunas, recurso que, além de aumentar o espaço interno do templo, desempenhava o papel de escoras a apoiarem as ditas colunas, que realmente precisavam desta escora, porque sua função era sustentar o entablamento, elemento feito de pedra aparelhada, que corria por cima delas do princípio ao fim da nave principal, em cima do qual se levantava outra parede, o que permitia ficasse o templo o dobro mais alto.
O teto era plano e muito bem trabalhado, coberto externamente por telhado de duas águas, enquanto o telhado das naves laterais era oblíquo e se amarrava na base externa do entablamento. Assim, na parte superior das paredes faziam o clerestório, conjunto de janelas para iluminação interior do templo. Na parte quase terminal da nave, em plano mais elevado, ficava o transepto, onde corria a cancela, por trás da qual cruzava a igreja de um lado a outro uma nave transversal, dando à planta a forma de cruz latina e em cujos terminais, de um lado e de outro da igreja, as irmandades se acomodavam durante os ofícios religiosos. Um pouco adiante desse cruzamento de naves instalava-se o altar, além do qual, no final da nave, ficava a abside, de forma semiesférica, decorada de afrescos ou mosaicos, onde se abrigava a imagem do santo ou da santa a que a igreja era consagrada.
Naqueles tempos, o sacerdote ficava entre o fim da abside e a mesa de que se compunha o altar, celebrando os rituais litúrgicos de frente para o público. Inúmeras igrejas foram assim construídas por todos os lugares por onde a religião ia se expandindo, com ligeiras modificações na planta de uma para outra. Encontramo-las em Constantinopla, como em Jerusalém, Grécia, Síria, Itália, etc.
Em Roma, a primeira igreja que Constantino mandou construir, antes mesmo da mudança da capital, foi a Basílica de São João de Latrão, a mãe de todas as igrejas cristãs, como é chamada, hoje completamente descaracterizada pelas constantes reformas ali efetuadas. A segunda foi a Basílica de São Pedro, exatamente no lugar onde o santo foi martirizado. Mais de um milênio depois, arruinada em seus materiais, comprometida em suas bases, teve que ser demolida, isto em 1503, pelo Papa Júlio II, que mandou erguer em seu lugar a atual Basílica do Vaticano, o maior templo da cristandade. Na mesma época edificou-se também a Igreja de São Paulo Extramuros, com altura que chegava a 34 metros, coisa espantosa para a época. Incendiada em 1823, foi reconstruída com estrita obediência à antiga forma, pelo que consta.
Pouco depois foram construídas Santa Maria Maior, Santa Inês e Santa Sabina, Basílicas estas infinitamente importantes para a Cristandade, que vêm sofrendo a ação do tempo e sendo restauradas, já tendo sido bastante modificadas. Este impulso construtivo continuou nos séculos seguintes, sofrendo adaptações sob as mais variadas influências, até que a primitiva basílica, vagarosamente, evoluiu no Ocidente para as formas da Arte Românica, enquanto no Oriente desenvolvia simultaneamente a Arte Bizantina, nosso próximo tema.
Ilustração do texto:
- Fachada da Basílica de S. Paulo Extra muros, em Roma
- Interior da Basílica de São Paulo Extra muros, em Roma
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Queria saber mais sobre esse novo califado, denominado Estado Islâmico, seria mesmo o Anticristo? Preciso muito de aprofundar nisso, pois tenho um grande trabalho a realizar, peço sua ajuda.
Francelino
É um grande prazer recebê-lo aqui no blog.
O Estado Islâmico é formado por um grupo de extremistas que começou combatendo o governante da Síria, inclusive tendo recebido apoio dos EUA. Porém, essa gente ganhou força e começou a praticar insanidades em várias partes do mundo, como o ataque em Paris, alegando que todo “infiel” (quem não é islâmico) deve morrer. Quanto ao “Anticristo”, eu não acredito nisso. Em todas as épocas houve pessoas más que quiseram mudar o mundo, a seu gosto, pelo poder das armas. Não houve uma só época da história da humanidade em que isso não acontecesse.
Para realizar o seu trabalho, indico-lhe os links abaixo:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2014-08/entenda-ascensao-do-estado-islamico-e-o-conflito-envolvendo-o-grupo-no
https://pucminasconjuntura.wordpress.com/2014/11/21/estado-islamico-terrorismo-ou-religiao/
http://brasilescola.uol.com.br/historiag/o-radicalismo-islamico-grupo-terrorista-eiis.htm
Um grande abraço,
Lu