Autoria deLu Dias Carvalho
Os espíritos predispostos não consideram, não refletem que em uma composição de 400 figuras é impossível deixar de descobrir semelhanças com outras realizadas antes. (Pedro Américo)
A composição A Batalha do Avaí, obra do pintor brasileiro Pedro Américo, é uma de suas telas mais conhecidas, e também a mais polêmica e discutida. Foi realizada no Brasil durante o século XIX. Foi uma das obras mais estudadas no século XIX, no Brasil, por meio de livros, artigos e teses. Chama a atenção, sobretudo, o tamanho de seu porte, ainda que se trate de uma pintura mural.
Ao receber uma encomenda para pintar a Batalha dos Guararapes, Pedro Américo optou por trabalhar num tema contemporâneo, recaindo sua escolha sobre A Batalha do Avaí, e ficando o pintor Victor Meirelles com o primeiro tema. A Batalha do Avaí tem como tema uma das batalhas da Guerra do Paraguai, acontecida em dezembro de 1868, no arroio Avaí, onde morreram cerca de três mil pessoas. Foi encomendada pelo ministro dos Negócios do Império, à época, com a finalidade de engrandecer o Império, enaltecendo os grandes feitos militares.
Florença, na Itália, foi o local escolhido pelo artista para pintar sua gigantesca e imaginária tela, inspirada em relatos, uma vez que nunca presenciara uma batalha. Foi terminada após três anos de intenso trabalho. Foi exposta em Veneza, antes de vir para nosso país, estando ali presentes o imperador dom Pedro II e outros membros da aristocracia brasileira e europeia. A obra foi trazida no mesmo ano para o Brasil.
E, como não poderia deixar de ser, A Batalha do Avaí recebeu críticas e elogios, tanto no Brasil quanto nos jornais italianos. Uma das críticas referia-se ao fato de o pintor ter plagiado obras de outros artistas na sua imensa tela, críticas essas desprovidas de bom senso, desconhecendo o processo da pintura de história, principalmente, no século XIX. Na tela, Pedro Américo distribuiu vários planos de ação da batalha, onde se engalfinham brasileiros e paraguaios, numa luta sangrenta:
• Duque de Caxias, chefe do exército brasileiro, montado num cavalo branco, ocupa, juntamente com seus comandados, o lado esquerdo da tela.
• No lado direito, encontra-se o general Osório, com a espada em punho, voltado para o observador. Segundo os críticos, a pose do general teve como inspiração a obra de Paul Delaroche, denominada Carlos Magno Atravessando os Alpes, assim como o paraguaio, no centro da tela, montado num cavalo negro, a erguer a espada acima da própria cabeça.
• Pedro Américo também está representado na figura de um soldado, atrás do referido paraguaio. Seu chapéu traz o número 33, que corresponde à sua idade à época.
• No lado direito, ao fundo, está a figura do general Andrade Neves.
• Em primeiro plano, à esquerda, uma carroça traz dentro um velho cego, uma mulher robusta e uma criança, que lhe agarra as vestes, todos paraguaios, sendo inspirados na Batalha de Smalah, do pintor Horace Vernet.
Ficha técnica
Ano: 1872-1877
Dimensões: 600 x 1.100 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo do Museu Nacional de Belas-Artes, Rio de Janeiro, Brasil
Fonte de pesquisa:
Pedro Américo/ Coleção Folha
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