Autoria de Ana Maria Mallmann
Tenho 25 anos. Comecei a sofrer de TAG há quatro anos, depois do término de um relacionamento abusivo. No mesmo ano consegui melhorar sozinha, pois comecei a faculdade, fiz novas amizades e deixei as memórias daquele relacionamento traumático para trás. Porém, eu sou uma pessoa muito contida e sensível, e, com o passar do tempo, foram surgindo problemas familiares e emocionais. Fui absorvendo tudo até que, em novembro do ano passado, a ansiedade voltou como um tsunami na minha vida, trazendo junto consigo a síndrome do pânico (SP). Desde aquele mês até abril deste ano sofri quatro ataques de pânico. Um foi em casa, outro numa festa de casamento, e os outros dois no ônibus e no trem, a caminho da faculdade. Foi simplesmente horrível! Fiquei, durante duas semanas, trancada em casa, e extremamente preocupada, porque adorava estudar, passear com a família e os amigos. Eu, que viajava sozinha e nunca tinha problema com lugares cheios de gente, daquele momento em diante, só de ir à esquina da minha casa já entrava em pânico. Ao entrar num supermercado, na sala de aula cheia de colegas ou num restaurante, eu já queria sair correndo, desesperada.
Agilizei para buscar ajuda profissional. Meu neurologista/psicopatologista me diagnosticou com SP (Síndrome do Pânico) e Agorafobia (medo mórbido de encontrar-se em lugares públicos e grandes espaços descobertos, de onde é difícil ou embaraçoso sair) e, para o meu tratamento, ele receitou o Escilex, sendo cinco mg na primeira semana, aumentando para 10 mg a partir da segunda. Nas duas primeiras semanas eu acordava sentindo um aperto no peito e muito ansiosa. Tive dores de cabeça, diarreia, boca seca, muita sonolência, e não sentia prazer em nada e, por isso, passava o dia inteiro jogada no sofá ou na cama, sentindo-me angustiada e muito desanimada, achando que isso nunca iria passar. Se não fosse pelo fato de ter descoberto este cantinho, logo no início, eu teria desistido do meu tratamento!
Encontrei aqui neste espaço tantas pessoas passando exatamente pelo que eu estava sentindo, que eu lia os comentários como se fossem meus, e lia as respostas como se fossem para mim. Isso me deu muita força e me senti acolhida. Dói muito saber que há tantas pessoas sofrendo de TAG, SP, depressão, muitas delas se sentindo extremamente sozinhas, tomando atitudes drásticas para acabar com o sofrimento, mas, ao mesmo tempo, sinto muita esperança, ao ver que existem pessoas bondosas, empáticas e pacientes como a Lu, a quem sou muito grata por ter criado este cantinho, um alento para mim, que me sentia muito sozinha, pois as pessoas à minha volta não entendiam direito o que eu sentia, não dando muita importância ao meu problema. Além disso, ela me deu coragem para ultrapassar aquela fase tenebrosa do início do tratamento. Um conselho, palavras consoladoras de alguém que sente ou sentiu as mesmas coisas que a gente, tudo isso é fundamental para seguir adiante.
Hoje está fazendo exatamente um mês que comecei meu tratamento. As reações adversas desapareceram, não estou 100%, pois cada dia ainda é uma luta para sair de casa, mas, quando chego, sinto-me aliviada, animada e mais otimista por ter conseguido pegar um transporte público, ter voltado às aulas e, aos poucos, ir recuperando meus estudos e a minha vida social. Meu conselho para cada um daqueles que se sentem vítimas de transtornos mentais é que procure um médico que lhe passe segurança e que escute atentamente tudo aquilo que você tem para falar. Quando a vontade de desistir for grande, respire fundo e venha para este cantinho. Ser POP (paciente, otimista e persistente) é fundamental!
Um abraço com carinho para todos, em especial para você, querida Lu!
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Ana Maria
Tenho um grande carinho por este cantinho, realmente nos ensina e nos encoraja. E você, mesmo com os transtornos que lhe acometeram, mostra-se uma menina muito corajosa e muito boa. Continue assim! Eu tive uma infância e adolescência muito turbulenta. Sorte é que sempre busquei ser feliz e sempre tive muitos amigos, mas sofri um bocado com a TAG. Vivi anos sem saber o que era isso. As pessoas me diziam ser coisa da cabeça, espiritual, etc., até que chegaram as crises e fui buscar ajuda médica. Se soubesse antes, assim como você, me poupava de tantas situações dificies. Mas enfim, sempre há tempo de aproveitar a vida com mais qualidade. Por isso te digo, que está no caminho, e um conselho: AME-SE, e sempre tenha VOCÊ em primeiro lugar.
Um super beijo
Oi, Alessandra!
Também tive momentos traumáticos e turbulentos na infância e na adolescência, apesar do amor da minha família e dos amigos amenizarem muitas coisas, sempre fui insegura e sensível. Mas ainda bem que a vida colocou alguns desafios no meu caminho, pois me transformou em uma pessoa corajosa e determinada. Infelizmente quando a TAG e a SP vieram, levei uns meses para procurar ajuda. Colocando-me no seu lugar, imagino o quanto deve ter sofrido, pois muitas vezes eu não sentia nem vontade de viver. Antes eu sentia raiva e medo por estar me sentindo do avesso, totalmente diferente da Ana que eu era, mas depois de conhecer este cantinho, aprendi a aceitar o meu transtorno e refletir muito sobre a minha vida, nas coisas que preciso melhorar e olhar para as pessoas de um jeito diferente. Às vezes alguém esta pedindo a nossa ajuda e nem notamos, não é verdade? E concordo 100% contigo, além de ser POP, ter amor próprio e nos colocar em primeiro lugar é fundamental!
Obrigada por dedicar um pouquinho do seu tempo e deixar um comentário!
Um beijo e um braço com carinho.
Ana Maria
Ótimo texto, muito bom mesmo ler escritos assim. Vamos continuar POPs em nossos tratamentos, pois iremos vencer com a benção de Deus.
Um abraço
Oi, Correa!
Fico muito feliz em saber que você gostou do texto. Foi a primeira vez que escrevi um comentário e acabei me empolgando! Tudo isso graças a este cantinho especial. No início do tratamento, apesar de estar sempre aqui lendo todos os comentários, eu não tinha ânimo para nada, parecia que estar viva neste mundo era um castigo. Agora estou muito melhor, por isso reforço o que você disse, continuar POP sempre, e vamos vencer, com toda certeza! Obrigada por deixar um comentário!
Um beijo e um abraço com carinho.
Ana Maria,
Pela madrugada li seu texto. Agora já é noite e já me sinto em condições de comentar com você o quanto seu texto retrata sua força, que mesmo à custa de alguns percalços, ainda assim, a faz especial! Conheço esse caminho. Não só eu, pois vivemos na era da ansiedade geral, principalmente os que nem mereciam sofrer nenhum tipo de mal, mas somos passíveis de passar por essa terrível experiência dos Transtornos Psicológicos que fazem com que a vida, mesmo maravilhosa, perca a cor em alguns períodos. E vem a crise e nos paralisa…
A vida, por motivos que não conseguimos explicar com precisão, enche nossa bagagem com pedrinhas que pesam, nos põem no chão, mas ao que você demonstra, tal como tento, pode a vida, a surpresa e o susto nos encherem de pedrinhas, pedrões e que tais, mas nós, que não deixamos que a vida nos leve, conseguimos, meio que com sofreguidão, ir esvaziando esse peso, espertamente,mesmo que com certa incredulidade, esvaziamos,sim, essa bagagem pesada que nos foi imposta. Para tudo há um fim, e mesmo quando ele ainda está no meio, sabemos, terá um fim, desde que busquemos sair do túnel feio e escuro dos medos, das ansiedades, dos cruzamentos perigosos que sempre nos confundem para qual rumo seguir.
A busca por ajuda é importante e necessária. Há toda uma cadeia de distúrbios físicos,químicos, psicológicos envolvidos nessa rede horrorosa da depressão, do transtorno de ansiedade generalizado. As insônias e os escuros são nossos companheiros nessas horas, que por vezes são horas que caminham por dias, meses, anos até. Como você, também descobri aqui, um bom motivo para sentir-me normal, não um ser estranho perdido em meio à humanidade. E como você, consegui esvaziar grande parte da “bagagem” jogando as pedrinhas que transformei em desabafo escrito. Não foi a cura, mas faz um bem danado, não?
Hoje, vejo minha filha, com 20 anos e toda uma vida para explorar, em meio a mais dolorosa crise dos transtornos do pânico, da depressão, do medo, tão fortes, que desmaia após a violência dos ataques, que descobrimos, junto ao médico, que os desmaios reais – como no caso dela – são ocasionados por vários fatores que, juntos e durante o ataque do pânico, alteram vários mecanismos que parecem estar levando a pessoa à morte.O caso dela já é diagnosticado como grave e a medicação necessária, mas com recepção diferente a cada organismo. Disso eu também entendo. Medicamentos que anestesiam na hora e alguns que levam tempo diferente para surtirem o efeito que tanto desejamos. Quando é conosco dói; quando em alguém que amamos dói ainda mais e nos mostra nossa impotência diante dessa assustadora doença que afeta tantos em tantos lugares. E a bendita não escolhe religião, classe social, nível intelectual ou idade. Vem e fica! Com o tempo ela se vai e aí o sol brilha outra vez. Sem que aguardemos,volta e quem disse que temos controle sobre esse poder assustador? Ninguém sabe quando terá uma recidiva ou se ficará livre para sempre de ser novamente atacado por esse emaranhado de sensações que fazem um mal danado ao nosso doce viver.
O pânico, em meu caso, pegou agora no que mais gostava de fazer: ir ao supermercado! A mim era o dia da festa. Hoje, nem pensar! Se tenho que ir, não vou sozinha e já meio precavida para “voar” quando percebo que estou perdendo o controle. Então,o que era prazer virou um terror. Se sozinha,passo fome, mas não vou e pronto…Ruim,né? Mas eu aprendi que passa e valho-me disso para continuar vivendo, senão absolutamente de forma normal, ao menos, caçoando de mim própria, que sempre me considerei quase super em tudo e aí descubro que sou super é nada! Sou é normal! Como você, como os que leem o que escrevemos, como a Lu que nos dá colo, carinho, cuidado e atenção, somos normais, apenas com alguns fiozinhos que outros não têm. Digo que são “fios que só os inteligentes conhecem”. Fiozinhos malandros, mas damos cabo neles, senão na hora, no decorrer dos dias! Não deixo que me detonem. Podemos suar frio, ter a sensação da morte iminente, mas aí troco o “iminente” pelo “eminente” e lá vou eu seguindo. Por vezes, meio que tropeçando, apalpando às escuras, mas vou. Não somos máquinas velhas para parar! Como você, vou dizer às danadinhas das crises, que SOU POP!
Sucesso, menina! Siga! Mesmo sabendo que foi escolhida para superar a ansiedade, saiba, com certeza absoluta, que de louca não temos nada. O que nos difere é sermos programadas para querer tudo certinho e descobrir que o “certinho” é apenas uma possibilidade. Continue escrevendo e, se possível, aqui, onde podemos não ficar libertas definitivamente do caos que vem com as crises, mas onde alguém compreensivo nos dará uma palavra que chegará sempre em boa hora e contamos com uma grande família.
Um abraço!
Oi, Celina!
Eu amei o teu comentário! Descreveu perfeitamente os perrengues e as lutas que travamos para superar esse tsunami de sensações ruins. Senti muito pela tua filha. Eu sofri tanto com a forma que os transtornos chegaram na minha vida, que me coloco no lugar dela e fico imaginando, ela tão novinha, e passando por isso de forma extremamente intensa. Não sou mãe, mas imagino que deve ser muito doloroso ver aquela pessoinha que tanto amamos e colocamos no mundo passar por isso. Irei torcer muito pela recuperação plena dela!
Sobre o supermercado, posso dizer que te entendo perfeitamente! Antes eu ia como se fosse a tarefa mais normal do mundo, quando estava cheio de gente, para mim isso nem era o problema, somente a demora para terminar as compras. Mas, quando a SP e a agorafobia me pegaram de vez, supermercados viraram cenário de filme de terror. Um dia fui com a minha mãe e mais um amigo, e mesmo assim comecei a sentir uns calafrios e tonturas, peguei a chave do carro e fugi pro estacionamento. Essa não foi a única vez, tiveram mais dois episódios parecidos de fuga e isolamento no carro. Me sentia uma derrotada. Mas graças ao medicamento e à terapia, essas sensações diminuíram muito. Com um passo de cada vez vamos voltando a ter a nossa vida de volta.
Estou feliz em compartilhar essas experiências com todos aqui, por isso agradeço ao tempo que cada um dedicou para deixar um comentário. E seguiremos POP sempre! Que a cada luta a gente fique muito mais forte, porque se essas crises danadas voltarem, saberemos que temos coragem de expulsá-las da nossa vida!
Um beijo e um abraço com carinho, para ti e para a tua filha!
Oi, Ana!
Eu me identifiquei muito com o seu texto. E assim como você, me senti muito acolhida pela Lu. Realmente ter contato com pessoas que entendem o que passamos, que entendem o que sentimos, nos dá muita confiança pra prosseguir. Tive SP aos 18 anos, e durante a minha vida sempre lidei com a ansiedade, e há mais ou menos 1 ano surgiu a depressão. Relutei em ir ao psiquiatra, tomar remédio, e tentei continuar somente com a terapia. Mas tive que me render, e foi a melhor coisa que fiz. No momento estou saindo de um relacionamento abusivo, e te entendo perfeitamente. Foram 9 anos, e as pessoas em volta não entendem porque é tão difícil sair desse ciclo que vai te tolhindo aos poucos e minando sua auto estima. Tenho certeza que você ficará bem. Procure sempre ser otimista, e a medicação irá fazer a parte dela, com muito mais facilidade.
Beijos
Oi, Maria Claudia!
É por isso que digo que este cantinho é especial, ter contato com o pessoal aqui é excelente para seguir o tratamento.
O fato das pessoas cometerem um grande erro, tentando amenizar o que nós portadores da TAG, SP, depressão, entre outros transtornos, sentimos, não os culpo. Só quem sente na pele entende. Refletindo hoje e conhecendo melhor os nossos transtornos, tenho certeza que a TAG foi se manifestando aos poucos em diversos momentos da minha vida. Mas o fim daquele relacionamento foi um dos momentos mais difíceis que passei. Na época, mesmo sabendo que tinha me livrado do ex, eu achava que aqueles sentimentos ruins que me tomavam de forma incontrolável eram normais após o fim de uma relação abusiva. Mas não era, o que eu estava sentindo eram os sintomas da TAG de forma tão intensa que também tive uma crise depressiva. Fui forte por ter melhorado sozinha, porém não foi o suficiente, porque eu necessitava de um tratamento com medicação. Quando a danada me atingiu como uma bola de neve que cresceu de tamanho, tive que me render também, e foi a minha salvação!
Gostaria de saber, se não for muita curiosidade da minha parte, como você está se sentindo hoje com o fim desse relacionamento? Pois nove anos é muito tempo.
Obrigada por dedicar um pouquinho do teu tempo e deixar um comentário. Espero que o otimismo não me abandone porque eu não quero largar dele de jeito nenhum!
Um beijo e um abraço com carinho.
Ana Maria
Apesar de relatar problemas de saúde, seu texto é uma delícia para ser lido, pois enche-nos de otimismo, e mostra-nos caminhos viáveis para combater nossos transtornos mentais, começando pela ajuda profissional. Você é uma excelente escritora, menina!
Amiguinha, as pessoas extremamente sensíveis são como uma esponja a absorver tudo que se encontra à sua volta. Um fato que passaria despercebido a outrem, deixa nelas profundas cicatrizes, principalmente quando se é tão jovem. E ao acumular tantas emoções negativas, a mente avoluma-se e, não encontrando uma saída plausível, explode-se em forma desse ou daquele transtorno. Mas não se preocupe, logo tudo isso terá ficado no passado.
Infelizmente os transtornos mentais ainda são vistos como estigmas por alguns e como “chiliques” por outros. Mas isso vem mudando muito, pois tais transtornos, em razão da vida agitada nos nossos dias, multiplicam-se em todo o mundo. Os consultórios estão cheios de gente com tais problemas de saúde. O melhor é que a Ciência vem dando grandes passos no que diz respeito ao tratamento mental.
Aninha, nada mais encorajador do que ler: “… cada dia ainda é uma luta para sair de casa, mas, quando chego, sinto-me aliviada, animada e mais otimista por ter conseguido pegar um transporte público, ter voltado às aulas e, aos poucos, ir recuperando meus estudos e a minha vida social.”.
Minha doce amiga, sinto-me orgulhosa de você. Também quero lhe agradecer pela maneira carinhosa com que fala de nosso espaço e de nossa família. Continue POP (paciente, otimista e persistente) e cheia de ternura, como demonstra no seu texto. Obrigada, também, por fazer parte de nossa vida!
Um beijo no seu coração,
Lu