Autoria de Lu Dias Carvalho
Um único ser humano pode causar mais mal do que todos os outros animais do planeta. (Tomás de Aquino)
As principais ameaças à nossa sobrevivência já não vêm da natureza externa, mas sim de nossa natureza humana interna. São nossas hostilidades, nosso descaso, o egoísmo, o orgulho e a ignorância deliberada que põem o mundo em perigo. Se não conseguirmos domar e transmutar o potencial da alma humana para o mal, estaremos perdidos. (Scott Peck)
Quem somos nós como espécie, uma vez que, em pleno século XXI, ainda não aprendemos como domar nossas forças maléficas e corrigir nossas fraquezas? A nossa capacidade de destruição e ódio por nós mesmos e pelos outros ainda se encontra num altíssimo patamar. Sem falar na indiferença e arrogância com que tratamos as outras formas de vida. A mudança a que teremos de nos submeter é uma tarefa árdua, mas necessária.
Negligenciamos a vida de nossa espécie, assim como a de outros seres com os quais dividimos o planeta. Existe em nós uma cumplicidade quase que generalizada com o mal, cuja consequência principal é o recrudescimento da violência em todo o mundo. E pior, parece que perdemos a indignação que nos era costumeira, ao aceitar tudo com normalidade. A omissão passou a ter sinônimo de educação, de não intrometimento na vida de outrem. Somos meros passageiros dos metrôs da vida, deixando tudo para trás, com a falsa sensação de que os fatos mudarão por si mesmos, sem a nossa interferência.
Ainda não estamos totalmente cônscios da presença do mal em nosso planeta, o que limita o nosso campo de ação. Nem mesmo temos noção da maldade que nos acompanha e seduz. E não há como combater as mazelas do mundo, sem começarmos a limpeza dentro de nós mesmos. É preciso ter conhecimento do bem, mas não se pode fugir do conhecimento do mal, pois não se combate um inimigo desconhecido. Se quisermos continuar existindo, temos que o combater, mesmo a contragosto.
Assim como o bem, todo mal possui o contexto em que foi engendrado. Vivemos num século marcado por avanços científicos e tecnológicos, mas não nos enganemos, pois muitos deles estão a serviço da maldade, a ponto de sermos hoje uma espécie danosa para o planeta que nos dá vida, pois somente a espécie humana possui latente a capacidade para a destruição planejada. Não estão fora de nosso contexto as catástrofes ecológicas, que ameaçam a vida de todas as espécies no planeta Terra.
Não mais podemos subestimar a explosão populacional, a extinção de várias espécies, o aquecimento global, a violência latente nos jovens, o abismo social que separa os ricos dos pobres e a morte do sagrado. Não podemos mais fugir da verdade de que todos os elementos do universo nascem, vivem e morrem e que tudo está interligado, qualquer que seja a sua classificação (seres animados ou inanimados). Não somos donos de nada, mas simples passageiros do tempo. Tudo o que materialmente julgamos possuir trata de mera ilusão, pois tudo nos é emprestado por um determinado tempo.
Abandonemos, pois, a prepotência e a arrogância de que somos os soberanos do mundo. Temos que respeitar o que recebemos ao nascer e tentar, ao máximo, deixar um mundo melhor para os que ficam e os que virão. Comecemos já a combater em nós mesmos qualquer forma de antropocentrismo, racismo, arrogância, egoísmo, violência, parcialidade, omissão, poder e tantos outros parasitos que se alimentam de nossa mente e alma.
Nota: Imagem recebida por e-mail e não encontrada sua fonte.
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LuDias
Este é um dos seus melhores textos, que já li.
Somos, realmente, passageiros de um tempo determinado de vida. Logo iremos. Outros continuarão. Outros chegarão. As condições de vida têm que continuar.
E temos, assim, que pensar na sobrevivência. Talvez nem nossa, se bem que parece que tudo pode acontecer com muita brevidade, face à celeridade de nosso “progresso” e dos rumos e caminhos ambiciosos do Poder, hoje tão equipados com ogivas nucleares.
Hoje, uma das grandes mazelas está no consumismo, o novo queridinho do ser humano, em nome de quem não tem limites.
Foi muito prazeroso ler este texto e refletir sobre ele.
Parabéns!
Ed
A grande maioria das pessoas só pensa em acumular.
Muitas delas, nem se vivessem mil anos não gastariam o que adquiriram, muitas vezes abusando do suor dos desfavorecidos.
Ainda se sentem como os faraós do Egito Antigo.
Coitadas, como são tolas!
Não somos donos de nada, tudo nos emprestado e ponto final.
Obrigada por sua generosidade!
Abraços,
Lu
Lu Dias
Da mesma forma que destruímos a natureza, também seremos extintos.
Nessa velocidade, talvez a espécie humana não dure mais mil anos.
Por enquanto, nós, seres racionais, somos os únicos que conseguimos nos adaptar a condições extremas.
O filme (Um Dia Depois de Amanhã) é uma fantasia que nos leva a pensar, principalmente nos diálogos sobre o clima e sobre os deslizes populacional.
Leia o texto abaixo do jornal GGN que entenderá o que escrevi acima.
http://jornalggn.com.br/noticia/influencia-humana-no-aquecimento-global-e-evidente-alerta-novo-relatorio-do-ipcc#comment-211435
Bom tema para discussões.
Abração
Mário Mendonça
Mário
Eu assisti ao filme a que se refere.
Dá uma boa mexida na gente e nos alerta para o efeito de nossas inconsequências.
O bicho homem não faz ideia das catástrofes que virão, caso ele não tome juízo.
Nós estamos perdendo a diferença entre as estações.
A natureza encontra-se revoltada, enlouquecida…
Iremos pagar caro por isso.
O novo relatório só confirma o perigo em que estamos nos metendo.
Abraços,
Lu