Autoria de Guaipuan Vieira
Eu vivo a minha vida
De vaqueiro e agricultor
Derrubando o gado bravo
No sertão abrasador
Na fazenda de Diógenes
O meu “pai” meu protetor.
Pois seu Chiquinho Diógenes
Gostava de viajar
Para ver Exposições
Do gado bem exemplar
E quando comprava alguns
Eu sempre ia buscar.
Esta é a tal razão
De a polícia vir dizer
Que eu era um foragido
Por muitos crimes dever
Coisa que não é verdade
Todos vocês podem crer.
O crime que pratiquei
Já está esclarecido
Se matei foi por vingança
Não estou arrependido
Só dei fim no assassino
Que matou meu “pai”querido.
Pois Chiquinho para mim
Era um verdadeiro pai
Hoje quando penso nele
Meu coração se contrai
E o seu assassinato
Da cabeça não me sai.
Então digo pros senhores:
Cada uma traz uma sina
Uma que dá alegria
E outra que se arruína
Tudo depende da sorte
É ela quem determina.
Mesmo um homem sendo bom
Muitas vezes é vitimado
Pra expiar seus pecados
Carrega um fardo pesado
É um bode expiatório
Ou um desafortunado.
Pra carregar este fardo
O destino me escolheu
Como prova uma campanha
Que um grupo promoveu
Me jogou contra o povo
E só fui eu quem perdeu.
Eu perdi pelo seguinte:
Hoje tenho uma má fama
Ninguém acredita em mim
Todo mundo me difama
E querem me afogar
Num oceano de lama.
Já falei aqui do crime
Que pratiquei por vingança
Por ele estou amargando
Numa cela em segurança
Esperando a liberdade
Porque tenho confiança.
Quero voltar ao convívio
Da minha santa morada
Para rever os meus filhos
E minha mulher amada
Que certamente está triste
E chorando inconformada.
Pistoleiro perigoso
É o chefe da Nação
Que mata de fome e à bala
Parte da população
Ele é quem devia estar
Sofrendo numa prisão.
Sou um bode expiatório
Por um grupo fabricado
Que talvez este é quem seja
O bandido procurado
Que sempre vive julgando
E nunca quer ser julgado.
-Termino assim a mensagem
Enviada por Mainha
Repito o que disse antes:
Que não é invenção minha
Todos sabem que eu sou
Um cordelista de linha.
Título: A Carta do Pistoleiro Mainha à Sociedade
Autor: Guaipuan Vieira
Categoria: Literatura de Cordel – 29 estrofes – 8 páginas
Idioma: Português
Instituição: Centro Cultural dos Cordelistas – Cecordel
1ª Edição: 1998 2ª Edição: 1998 /3ª edição:1999
Estilo: Carta
Views: 1