ÁFRICA – ALBINISMO E FEITIÇARIA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

albin

É lamentável saber que nem todos os que vivem no século XXI usufruem da tecnologia e da modernidade que ele oferece. Embora muitos imaginem que o mundo todo seja hoje uma aldeia globalizada, as coisas não são bem assim. Muitos povos ainda vivem num estado de primitivismo inconcebível para os nossos tempos.

O preconceito, filho da intolerância, foi sempre uma nódoa na história de nossa civilização. E mais cruel ele se torna, quando se alia às superstições, justificando os mais bizarros e hediondos comportamentos. Dentre as crueldades que ainda perduram na história da humanidade, podemos citar a situação dos albinos (saruê) na Tanzânia e no Burundi, África Ocidental.  Ali, reza uma cruel superstição que os albinos devem ser mortos, o corpo retalhado e, posteriormente, suas partes vendidas a feiticeiros locais, para que possam fazer suas bruxarias, pois aqueles seres de pele quase transparente possuem poderes sobrenaturais e aquele que possuir um talismã de parte de seu corpo estará protegido contra todos os males e terá muita fortuna. E o que os protegerá da maldade que grassa em seus corações violentos e cruéis?

O albinismo caracteriza-se por uma deficiência na produção de melanina, pigmento responsável pela cor da pele, cabelos e olhos e que protege o corpo da radiação dos raios ultravioletas. Em suma, trata-se de uma alteração genética que pode ser transmitida aos descendentes. As pessoas vitimadas pelo albinismo possuem cabelos finos, olhos sensíveis à luz e uma pele extremamente pálida e frágil, propensa ao câncer. Tais indivíduos, apesar de sua aparente fragilidade e dos cuidados que lhes devem ser dispensados, levam uma vida normal, quando vivem num país civilizado.  No entanto, nos países citados acima, os albinos são caçados como animais valiosos, em virtude de uma cruenta superstição. As partes mais valorizadas do corpo dessas pessoas são dedos, língua, braços, pernas e genitais, que chegam a alcançar um bom valor no comércio voltado para a feitiçaria.

A situação torna-se ainda mais macabra em países como a Tanzânia e o Burundi, pois se situam entre os primeiros na escala de miserabilidade no mundo. O comércio é tão lucrativo e a situação é tão bizarra que a Tanzânia chega a importar, às escondidas, partes do corpo, embora o país tenha uma incidência de albinismo tão grande, que chega a cinco vezes mais que a média mundial. A crença na superstição de que os albinos são seres sobrenaturais é tão forte ali, que os pescadores daqueles países, ao tecerem suas redes, agregam a elas fios de cabelos de pessoas albinas para trazerem sorte à pescaria. Os mineiros usam no pescoço amuletos feitos com os ossos moídos, enquanto o sangue de um albino, bebido ainda quente, traz sorte em dobro. Se o sangue for de uma criança, ele tem mais valor ainda, uma vez que intensifica o poder do feitiço, em função de sua pureza infantil. A matança de albinos é um tipo de crime mais do que comum nesses países, que parecem numa época muito remota da história humana.

A África, embora tida pela ciência como o berço do nascimento da humanidade, é o continente mais pobre de nosso planeta. Aliada à miséria que ali grassa, a ignorância não poderia ficar distante, pois ambas são irmãs siamesas. A ignorância e a miséria são responsáveis no continente africano por tradições brutais e impensáveis para nós, que temos acesso ao conhecimento.

Indiferentemente do que acontece no Oriente Médio, onde abunda o ouro negro (petróleo), o resto do mundo parece não se importar com aquele povo carente de tudo. E onde não existe o saber, fruto da ciência, as superstições ocupam o espaço, tomando como vítima os mais fragilizados. A título de exemplo podemos citar a mutilação genital das meninas no Quênia e o assassinato, através de tortura, pelas próprias famílias, de crianças acusadas de estarem endemoninhadas, na África Austral.

Peter Ash, um albino canadense, criou uma ONG (Under the Same Sun), cujo objetivo é obrigar o governo da Tanzânia a impedir o tráfico de carne humana, no caso, a dos albinos. Mas, até agora os seus esforços têm sido em vão. Enquanto isso, ele espera que os olhos do mundo civilizado voltem para as vítimas do albinismo na África, de modo a salvar a vida dessas pessoas inocentes e indefesas.

Por favor, quem tiver Facebook ou fizer parte de qualquer outra rede social, ajude a espalhar este texto. Vamos contar ao mundo os horrores que acontecem na Tanzânia e no Burundi. Assim estaremos ajudando a ONG de Peter Ash, e obrigando os governantes dos países ricos a olharem para os albinos com mais piedade. Cada um de nós pode ser uma gota de esperança na vida desses desvalidos, muitas vezes raptados ou mortos dentro de suas próprias casas. O número de crianças desaparecidas entre as famílias de albinos cresce a cada dia, para serem destrinchadas no “mercado criminoso da ignorância, da crueldade  e da superstição”.

Visitem a ONG Under the Same Sun (Debaixo do mesmo sol) – Google
Há também um blog sobre o ALBINISMO, em língua portuguesa – Google

Nota: Imagem copiada de http://rochaferida.blogspot.com.br/2012/12/albinismo-

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12 comentaram em “ÁFRICA – ALBINISMO E FEITIÇARIA

  1. Pedro Rui

    Não sei como o humano tem tanta maldade e porquê. Antes, pensava que era o dinheiro que os movia, mas é a ignorância e o desrespeito para com o próximo, também. Os governantes daquele país não dão condições ao povo, que precisava simplesmente de um caderno e de uma caneta para aprender a escrever e ganhar sabedoria; Lu, verás que o amor será reclamar contra os maus tratos que são feitos a esse povo.
    Abraços
    Rui Sofia

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Pedro Rui

      É a falta de cultura que leva esses povos a praticar superstições tão atrasadas.
      Se tivessem educação escolar, iriam mudando.
      Mas os seus governantes não têm esta preocupação.
      Daí surgirem tantos absurdos e desumanidades.

      Abraços,

      Lu

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  2. LuDiasBH Autor do post

    Rui

    É muito triste tomar conhecimento de coisas assim.
    Mas é preciso, pois temos que denunciá-las ao mundo.
    Ao fazer isso, nós já estamos ajudando a combatê-las.
    É verdade, existem o bem e o mal.

    Abraços,

    Lu

    Responder
  3. Pedro Rui

    Realmente o que tu dizes é verdade pois, onde a ignorância e a miséria andam de mãos dadas o desrespeito está; sinto-me muitas vezes de mãos atadas. Perguntaste onde anda o deus da bondade,não podemos nos esquecer que há o bem e o mal.
    Abraços, Lu,
    Rui Sofia

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  4. Patricia

    Lu,
    Como você mesma diz no texto, apesar de toda informação e tecnologia no mundo é inconcebível tamanha ignorância.
    Fico sem saber em que pensar, como o ser humano pode ter tais atitudes?
    Beijos

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Pat

      Nós não fazemos ideia das agruras do que é viver num país pobre, onde o nível de analfabetismo é imenso.
      Só o saber pode libertar.

      Abraços,

      Lu

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  5. Matê

    Lu,
    Como você disse, quando a ignorância e a miséria estão juntas, é muito difícil sair do atraso. Conheci, no curso primário, um albino. Ele sofria com as gozações, além de não ser aceito nem pelos colegas de sala.Era visto como uma pessoa doente, imagine.
    Abraços
    Matê

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Matê

      Eu me pergunto o porquê de algumas pessoas passarem por tanto sofrimento?
      Quem poderá mitigar-lhes o sofrimento?
      Onde está o Deus dos desvalidos?

      Abraços,

      Lu

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  6. GERALDO M. CORDEIRO

    Que horror que é levado pela baixa educação e costumes tribais antiquíssimos!
    Eta mundo veio sem porteira…
    Abraços,
    Geraldo Magela

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Magela

      Parece filme de ficção… mas não é.
      A miséria é irmã gêmea da ignorância.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  7. Julmar Moreira Barbosa

    A que ponto chega a miséria moral da humanidade.
    E saber que Severino Dias De Oliveira, o nosso Sivuca, era albino assim como o multi-instrumentista Hermeto Pascoal. Agradeço aos céus por eles terem nascidos em nosso Brasil.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ju

      Você tem toda a razão.
      Como a miséria e a ignorância andam juntas!
      Achei linda a sua referência a Sivuca e a Hermeto Pascoal.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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