Arquivo da categoria: Vida Saudável

Temas diversos sobre saúde

SER FELIZ É…

Autoria do Papa Francisco

Você pode ter defeitos, ser ansioso e viver alguma vez irritado, mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. Somente você pode impedir que ela vá em declínio.

Muitos o apreciam, admiram-no e o amam! Gostaria que se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, uma estrada sem acidentes, trabalho sem cansaço, relações sem decepções.

Ser feliz é achar a força na simplicidade, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor na discórdia!

Ser feliz não é só apreciar o sorriso, mas também refletir sobre a tristeza. Não é só celebrar os sucessos, mas aprender com as lições dos fracassos. Não é só se sentir feliz com os aplausos, mas ser feliz no anonimato.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz não é uma fatalidade do destino, mas uma conquista para aqueles que conseguem viajar para dentro de si mesmos.

Ser feliz é parar de sentir-se vítima dos problemas e tornar-se autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas conseguir achar um oásis no fundo da própria alma.

Ser feliz é agradecer a Deus por cada manhã, pelo milagre da vida.

Ser feliz não é ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si e ter coragem de ouvir um “não”. É sentir-se seguro ao receber uma crítica, mesmo que injusta. É beijar os filhos, mimar os pais, viver momentos poéticos com os amigos, mesmo quando nos magoam.

Ser feliz é deixar viver a criatura que existe em cada um de nós, livre, alegre e simples. É ter maturidade para poder dizer: “errei”! É ter a coragem de dizer: “perdão”! É ter a sensibilidade para dizer: “eu preciso de você”! É ter a capacidade de dizer: “te amo”! 

Que a tua vida se torne um jardim de oportunidades para ser feliz. Que nas suas primaveras seja amante da alegria. Que nos seus invernos seja amante da sabedoria. E que quando errar, recomece tudo de novo, pois somente assim seguirá apaixonado pela vida.

 Descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância, utilizar as perdas para treinar a paciência, usar os erros para esculpir a serenidade, utilizar a dor para lapidar o prazer,  utilizar os obstáculos para abrir janelas de inteligência. 

Nunca desista! Nunca renuncie às pessoas que o amam! Nunca renuncie à felicidade, pois a vida é um espetáculo incrível.

AÇÚCAR x CÁRIES DENTÁRIAS

Autoria de Fernando Carvalho*

       

Se a humanidade quiser erradicar esta que é a mais vergonhosa, disseminada e humilhante de todas as epidemias, a solução está ao alcance da mão. Se o objetivo é resolver definitivamente o problema, deveríamos optar pela eliminação total do açúcar. (Dr. Andrew Pacheco)

 O homem das cavernas, os esquimós da Groenlândia, os araucanos do Chile, os romanos do tempo de Júlio César, os ingleses do tempo do rei Henrique VIII, os pigmeus africanos, os franceses do tempo de Carlos Magno, os chineses da dinastia Ming depois que comiam ou iam descansar, ou fazer amor, ou fazer a guerra, enquanto os nômades iam procurar outro lugar para ficar. O homem contemporâneo depois que come fica paranoico. Precisa escovar os dentes e aciona a parafernália da higiene bucal. Nenhum dos povos mencionados escovava os dentes e tinham-nos perfeitos.

Há muito tempo que se desconfia da relação entre consumo de açúcar e formação de cárie. No Brasil colonial, por exemplo, Gilberto Freyre e cronistas estrangeiros já haviam notado que o pessoal da Casa Grande, que comia muitos doces, tinha péssimos dentes, enquanto os escravos das senzalas, que chupavam cana com os dentes, os tinham brancos e saudáveis. Silva Mello cita uma pesquisa motivada pela relação observada entre péssimos dentes, comuns entre empregados de confeitarias. Por essa pesquisa, realizada in vitro, empregou-se uma solução fermentada de açúcar sobre a coroa de um dente que foi capaz de atacar e tornar áspera (desmineralizar, digo eu) a superfície da coroa dentária em um período de apenas 17 horas. Silva Mello em Alimentação, instinto e cultura, diz que, segundo investigações feitas em crânios de poucos séculos atrás, em diversas regiões da Europa, as cáries são raríssimas, e isso apesar da diversidade de alimentação e da ausência de toda e qualquer utilização de higiene dentária. O médico americano Weston Price, autor de Nutrition and phisical degeneration, pesquisou e descobriu que o índice de cáries entre os povos primitivos é de 1%.

Hoje é científico, sabe-se que, sem sombra de dúvidas, a cárie dentária resulta da combinação dos fatores: dente + bactérias cariogênicas. A participação dos microrganismos ficou demonstrada por pesquisas em ratos nascidos por cesariana e criados em câmaras assépticas, portanto livres de germes. Nesses animais não se formava a cárie, embora recebessem dieta cariogênica rica em carboidratos. Se, entretanto, na saliva eram introduzidas bactérias, ao cabo de certo período apareciam indícios de cárie. Ficou constatado que a cárie não aparecia quando a dieta cariogênica era levada diretamente ao estômago dos animais através de sondas. Por meio dessas pesquisas chegou-se à brilhante conclusão de que a existência das cáries se deve ao binômio bactérias/carboidratos. O que faz com que os carboidratos sejam cariogênicos é a presença do açúcar refinado. A sacarose é a única molécula capaz de produzir a placa bacteriana.

A bactéria mais popular é a Streptococcus Mutans, tão generalizada na boca de todos, graças dieta açucarada que constitui a flora bacteriana bucal. Em colônias chamadas placas bacterianas, com a ajuda do açúcar, elas produzem ácidos que irão desmineralizar o esmalte dos dentes e depois furá-lo. Outras bactérias são atraídas para essa festa, aumentando a espessura da placa e conferindo-lhe consistência gelatinosa. O personagem principal é o açúcar – sem ele o espetáculo não acontece. Mas se você tiver uma boca cheia de dentes e de bactérias e não ingerir açúcar, as bactérias não conseguem produzir cárie. Sem açúcar na comida você pode se dar ao luxo de jantar e ir dormir sem necessidade de escovar os dentes. Você não pode comer também porcarias açucaradas tipo refrigerantes, sorvetes, bolos, balas, biscoitos recheados, doces, etc.

O açúcar é condição sine qua non para que a cárie seja produzida. A sacarose serve de substrato para que as bactérias se fixem na superfície dentária. Sendo altamente energética, a sacarose ajuda a Streptococcus Mutans a produzir mais ácidos que irão destruir o esmalte dos dentes. Você pode consumir quaisquer outros açúcares (frutose, glicose, galactose, maltose, lactose, etc.) que com eles a dona S. Mutans não conseguirá produzir cáries. É um caso pessoal, o parceiro dela é o açúcar refinado e fim de papo.

O doutor Andrew Pacheco explica: “Se não houver açúcar na dieta do bebê, os tipos de bactéria que vão iniciar a colonização sobre os dentes não são cariogênicos. Quanto mais tempo essas bactérias não cariogênicas puderem permanecer na boca, sem que as bactérias causadoras de cárie se estabeleçam, melhor. Os dentes vão se tornar mais fortes através de uma maior maturação do esmalte dentário. Os dentes, logo que erupcionam são mais passíveis de se cariarem. O tecido dentário é mais poroso nessa época, menos mineralizado, e, portanto, se logo ao nascerem já houver açúcar na alimentação, a cárie se instala rapidamente e destrói os dentes. As bactérias normais da flora bucal vão competir e tentar impedir que as bactérias cariogênicas se instalem, mas vão perder, graças ao açúcar”.

O açúcar é tão cariogênico que não precisa sequer tocar nos dentes para provocar cárie. Não nos esqueçamos também que a saúde começa pela boca e que a cárie dentária abre essa porta por onde passam muitas outras doenças. A bactéria cariogênica  Streptococcus mutans passou a colonizar a cavidade bucal depois da queda no pH promovida pela ração açucarada. Ela foi descoberta pela primeira vez na boca de um menino inglês no século XIX. A cárie é uma doença infecciosa crônico-degenerativa. O que faz com que ela se multiplique e seja promovida ao time das bactérias indígenas, passando a ser dominante na flora bucal é o “doce” ambiente proporcionado pela dieta açucarada moderna. Ou seja, o açúcar primeiro cria o exército inimigo e ainda oferece as armas para a produção da cárie dentária.

*Autor do livro “O Livro Negro do Açúcar”, presente no Google em PDF.

AÇÚCAR – UMA RELAÇÃO PERIGOSA

 Autoria de Fernando Carvalho*

A moderna fabricação do açúcar nos trouxe doenças inteiramente novas. O açúcar nada mais é do que um ácido cristalizado que está provocando a degeneração dos seres humanos e é hora de insistir num esclarecimento geral. (Robert Boisler)

Desde que a humanidade existe o organismo animal está adaptado à relação matemática existente entre alimentos e calorias. Quando o Australopitecus capturava um animal e o comia, ou um chinês, há cinco mil anos, comia uma tigela de arroz, seu pâncreas sabia qual a quantidade de insulina que deveria produzir para aquela quantidade de comida. Uma espécie de calculadora biológica combinada com uma espécie de sistema endócrino de injeção eletrônica, preparado pela evolução das espécies, entravam em ação prontamente. O organismo lidava com um bolo de alimento que ao mesmo tempo nutria e fornecia energia. Esse mecanismo biológico veio a ser perturbado depois da intromissão do açúcar na mesa da humanidade.

O açúcar não era um novo alimento que estava chegando à mesa, mas um produto químico, uma substância não nutritiva que apenas adicionava calorias aos alimentos, além de sabor doce. Calorias inúteis que se revelaram nocivas à saúde. O açucareiro deu uma cotovelada no pote de mel da mesa e se instalou como um adoçante com pretensões hegemônicas. Com o advento do açúcar na mesa da humanidade o ser humano se viu diante de uma situação nova, para a qual seu organismo não estava preparado: a de lidar com um bolo de alimentos que quebrava aquela antiga relação alimento/caloria, com a qual estava acostumado desde os tempos de seu avô Australopitecus.

O açúcar, adicionado à comida, provoca reações complexas nos sistemas hormonais endócrino, parácrino e autócrino. Com o açucaramento da dieta a calculadora biológica entrou em pane ao passar a lidar com um bolo de alimentos estranhamente enriquecido de calorias, o que demanda mais insulina. Conforme Arthur Guyton, o trânsito de glicose para o interior das células, quando o pâncreas secreta grandes quantidades de insulina, é dez ou mais vezes mais rápido que o normal. A dieta açucarada criou uma situação de estresse permanente no metabolismo. Segundo a médica portuguesa Luísa Sagreira, a hiperinsulinemia é responsável por alterações lipídicas e das proteínas, aumento de VLDL (colesterol ruim) e de triglicerídeos, diminuição de HDL (colesterol bom), hipertensão arterial, possibilidade de se acompanhar de tolerância diminuída à glicose e, por último, é responsável por uma mortalidade cardiovascular aumentada e prematura.

O açucaramento da dieta humana tem sido progressivo. O doutor Atkins adverte: “Quanto mais açúcar você come, mais anormal torna-se a resposta do organismo ao açúcar”. Ante a dieta açucarada, o pâncreas reage produzindo uma quantidade de insulina maior para fazer face às calorias extras, funcionando em ritmo de trabalho forçado. A insulina ajuda a transformar o açúcar extra em gordura, gerando obesidade e seus corolários mórbidos. A continuidade desse processo torna a insulina cada vez menos eficaz. Essa resistência insulínica provoca pane no próprio mecanismo de administração da insulina.

Ao perturbar o funcionamento do metabolismo do corpo, através da dieta açucarada, a revolução do açúcar inaugurou na história da humanidade a era das doenças crônicas, metabólicas e degenerativas, uma série de novas doenças não transmissíveis para as quais a medicina não estava preparada. Começando pelas cáries dentárias, o açúcar abre caminho para o lento desenvolvimento de doenças num leque bem conhecido: sobrepeso, obesidade, hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. Tais doenças são tão relacionadas entre si que a medicina já criou o conceito de Síndrome X ou plurimetabólica que empacota várias delas.

Quando você ler ou ouvir a palavra “açúcares” tome cuidado, pois estão querendo enganá-lo: trata-se da “teoria dos açúcares”. Segundo ela, existem diversos tipos de açúcar. Sem contar aquela história de que tudo o que você come (pão, batata, verduras e legumes, etc.) em sua barriga vai tudo virar açúcar. O objetivo dessa teoria complexa é ocultar por mimetismo o único açúcar que faz mal ao ser humano. Ele mesmo, o açúcar propriamente dito, o habitante do açucareiro que os químicos chamam de sacarose refinada. O açúcar encontra-se camuflado na floresta dos açúcares, mas o objetivo do meu livro é justamente segurá-lo pelo rabo, sacudi-lo e denunciá-lo, como sendo o único açúcar nocivo à espécie humana.

Açúcar de verdade, aquele de que seu corpo necessita e que fornece energia para você
viver, só existem dois: a glicose e a frutose. Apenas esses dois açúcares foram preparados pela natureza para consumo humano. Glicose e frutose são chamadas de açúcares simples porque já estão prontos para ser utilizados pelo organismo. Do jeito que esses açúcares forem ingeridos, serão assimilados, porque não sofrem nenhuma ação de enzimas digestivas, não dão trabalho ao organismo. A cana de açúcar, por exemplo, depois que é cortada no canavial, tem que ser levada às pressas para a usina, a fim de ser espremida e misturada com produtos químicos, antes que a sacarose comece a transformar-se em açúcares redutores (glicose e frutose), como dizem os químicos. A sacarose em estado natural, como no caldo de cana, por exemplo, acompanhada de nutrientes, é digerível. O problema é a sacarose refinada. A cana e a beterraba em si são alimentos; a sacarose refinada é apenas a parte combustível do alimento cirurgicamente isolada. Outro problema é que todos os alimentos já fornecem energia, de modo que o açúcar acrescentado transforma os alimentos açucarados numa bomba calórica patogênica. O açúcar corresponde a 99,5% de sacarose e os outros 0,5% sequer são cana, mas lixo químico fino, cinzas e outros produtos tóxicos, inclusive metais pesados.

Resta à humanidade lutar contra essa situação patológica através do movimento Açúcar zero. Ele não defende nenhuma dieta nova, apenas recomenda que se elimine o açúcar da mesa. Quanto ao mais, cada um deve comer de acordo com suas inclinações, apetite, idade, sexo, trabalho, clima, geografia, cultura, etnia, etc. Se for guloso será gordo, porém saudável. É o açúcar que gera doentes gordos ou magros. O movimento Açúcar zero luta para contestar a ditadura do açúcar. É uma batalha contra a imposição da dieta açucarada. Como primeiro passo basta que você, por exemplo, pare de comer açúcar e, além disso, ajude a causa tirando o doce da boca das crianças.

*Autor do livro “O Livro Negro do Açúcar”, presente no Google em PDF.

AÇÚCAR – É MESMO UM ALIMENTO?

Autoria de Fernando Carvalho*

A moderna fabricação do açúcar nos trouxe doenças inteiramente novas. O açúcar nada mais é do que um ácido cristalizado que está provocando a degeneração dos seres humanos e é hora de insistir num esclarecimento geral. (Robert Boisler)

Definir “alimento” é um assunto meio complicado. O Dr. Cleto Seabra Veloso assim o define: “Toda e qualquer substância, orgânica ou mineral que, introduzida no organismo em proporções convenientes, é capaz de assegurar-lhe o desenvolvimento e a conservação normais no meio em que vive”. O Dr. Sebastião Barroso completa: “O alimento deve ser comível, ser digerível, e ser nutriente”. A nutricionista Dra. Rebeca de Angelis diz que “alimento é aquilo que entra no organismo para fornecer energia, matéria viva de crescimento, manutenção, reparo, reprodução e excreção”. Depreende-se daí que os alimentos desempenham os papéis no organismo: plástico, energético, regulador e protetor. O papel plástico (construção do corpo) cabe, grosso modo, às proteínas; o papel energético aos carboidratos e gorduras; e o papel regulador e protetor às vitaminas e sais minerais.

Um assunto polêmico envolve o papel energético dos alimentos, certamente uma subversão do conceito de alimento inventada para que o açúcar entrasse de contrabando no rol dos produtos alimentícios. Segundo o fundador da medicina experimental, Claude Bernard, desde Lavoisier que se repete a comparação entre alimento e combustível: “A comparação entre alimento e combustível é pouco exata, porque o organismo não emprega para as suas atividades o calor de combustão dos próprios alimentos, mas utiliza diretamente a energia química neles contida e no oxigênio, energia química que, por comodidade, é medida calorimetricamente, mas que no corpo realiza outras transformações: distribui-se em soluções de concentrações diversas, em sistemas complexos; transforma-se abundantemente em energia de superfície que, por sua vez, cria forças tensoras e atrativas (absorção); estabelece potenciais de membranas e finalmente reflui irreversivelmente no mar morto da energia menos nobre, a mais degradada, que é a energia térmica, e sob essa forma, se não há trabalho externo, abandona o organismo”.

O Dr. Seabra Veloso explica: “Na máquina mecânica o combustível desenvolve energia que se traduz em força, em trabalho, em movimento, mas as peças se gastam; na máquina orgânica, porém, além da energia e do calor resultantes, o alimento repõe os gastos ocorridos e refaz as células, tecidos e órgãos. De modo que esses se renovam automaticamente. Constitui isso uma das maravilhas da vida”. Se levarmos em consideração todas as definições de alimento que vimos acima, o açúcar não se enquadra em nenhuma delas. A alma do conceito de alimento é ser fonte de nutrientes e o teor de nutrientes do açúcar é ZERO! Todos os alimentos (carboidratos, gorduras e proteínas) já fornecem a energia de que o corpo precisa ao mesmo tempo em que o nutrem. A capacidade do açúcar de repor os gastos ocorridos e refazer as células, tecidos e órgãos é ZERO! E o que é pior, além de não fornecer nenhum nutriente, ainda vai precisar de nutrientes das reservas do corpo para poder ser metabolizado, e acaba desvitaminizando, demineralizando e desidratando o organismo.

O açúcar, a partir de determinado ponto em seu processo de refinação, deixa de ser alimento e assume o caráter de um composto químico puro. O mel, um alimento de verdade, é fonte de glicose e frutose, oferece esses açúcares simples já prontos para uso, previamente hidrolisados pelas abelhas que possuem enzimas específicas para tanto; além de ser rico em outros nutrientes. O famigerado açúcar terá que ser hidrolisado pelo nosso organismo, roubando vitaminas, sais minerais e até o desidrata, e vem acompanhado de resíduos de produtos químicos de implicações toxicológicas desconhecidas.

A ingestão de açúcar altera o funcionamento das glândulas endócrinas, pâncreas, suprarrenais, pituitária e até do fígado. Puxado pela hiperinsulinemia, o sistema glandular endócrino, com o tempo, entra em pane e o pâncreas perde a sintonia fina que existe entre níveis de glicose e doses de insulina, o glucagon e até a adrenalina entram nessa dança. E o abuso de oferta de insulina faz com que, com o tempo, ela perca a eficácia. O equilíbrio ácido/base e o osmolar também são alterados e nuvens de radicais livres invadem o corpo. A glicação que toma conta de proteínas do sangue, de órgãos e tecidos é algo semelhante ao cupim atacando o móvel de madeira, ou a ferrugem atacando uma máquina de ferro. O sistema imunológico e o metabolismo também são debilitados. Uma pessoa que deixa de comer açúcar vai ficar livre da possibilidade de ter cáries dentárias, obesidade, diabetes, doenças cardíacas e outras do largo espectro das doenças crônicas, não transmissíveis.

*Autor do livro “O Livro Negro do Açúcar”, presente no Google em PDF.

 

AÇÚCAR – REVOLUÇÃO, DITADURA E CIVILIZAÇÃO

Autoria de Fernando Carvalho*

Se o açúcar fosse denunciado dos púlpitos científicos como um pecado, essa atitude comprometeria seriamente uma cultura industrial que se sustenta, mutuamente, de alimentos e medicamentos. (Robert Atkin)

A revolução do açúcar, pouco destacada na historiografia, ainda vai dar o que falar, especialmente por causa de suas implicações patológicas. Abrange a trajetória do açúcar desde o seu começo como uma estranha droga doce, vinda do Oriente, para consumo de reis e nobres europeus; sua evolução para a condição de fármaco, dando corpo e sabor doce a xaropes; o posterior avanço para a condição de especiaria apreciada pelas elites burguesas; e finalmente o salto para a mesa de refeições. Tal trajetória só foi possível graças a uma produção de açúcar que ganhou escala cada vez maior depois que espanhóis e portugueses trouxeram para o Novo Mundo a cultura da cana de açúcar.

O açúcar extraído da cana já era produzido desde a Antiguidade por indianos e persas. Os árabes apresentaram-no aos europeus, por volta do século X, como sendo uma especiaria exótica e caríssima. No século XIV um quilo de açúcar equivalia a dez cabeças de gado. Poucos séculos depois, os europeus já estavam fabricando açúcar na bacia do Mediterrâneo. Quando o Brasil foi descoberto, os portugueses já eram os principais produtores de açúcar da época. Faziam-no na Ilha da Madeira. Com a entrada em cena do açúcar produzido em larga escala no Novo Mundo, especialmente no Brasil e nas Antilhas, teve início o processo de açucaramento da mesa do europeu.

Na revolução que o uso generalizado do açúcar causou na Europa do século XVI, o Brasil, principalmente o Nordeste, desempenhou papel importante. Sabe-se que antes de 1500 o europeu adoçava seus alimentos e bebidas com um pouco de mel: desconhecia o açúcar. A comilança de açúcar na Europa foi lentamente aumentando ao longo do século XVI. O século XVII marca grande aumento de seu consumo, sobretudo depois que a população começou a consumir bebidas tropicais. O historiador alemão Edmund von Lippmann descreve a evolução do que ele chama de consumo generalizado de açúcar na Europa e cita um professor da época: “Hoje em dia, não há banquete em que não se gastem muitos artigos de açúcar, quase nada se come sem açúcar.”

Em 1633 o médico naturalista britânico James Hurt disse que ao ser usado em grandes proporções, o açúcar provoca efeitos nocivos ao corpo. Seu uso desmesurado e igualmente de outros produtos adocicados aquece o corpo, engendra caquexias e consunções do organismo humano. O aumento do consumo de açúcar causou, logo de saída, uma epidemia de cárie dentária. James Hurt provavelmente foi um dos primeiros a diagnosticar as primeiras manifestações do que seria uma nova era na história da humanidade – a era das doenças causadas pelo açúcar. Segundo Edmund von Lippmann em “História do Açúcar”, o açúcar estraga os dentes, tornando-os negros, provocando às vezes, um hálito terrivelmente desagradável. E Gilberto Freyre em “A Civilização do Açúcar” fala que “A fartura de açúcar acirrou a tendência ao açucaramento da dieta dos portugueses e dos brasileiros”. Na Europa o açúcar, tendo começado a aparecer quase exclusivamente como remédio nos boticários, passando de artigo de farmácia a especiaria, invadiu a cozinha de aristocráticas, burgueses e de toda a população.

 O advento e a expansão do açúcar de um ponto de vista geohistórico foi assim resumido pelo autor de Casa Grande & Senzala: “Com a manufatura do açúcar de cana, o açúcar tornou-se importante na alimentação do homem civilizado”. O aspecto mais imediato dessa revolução foi a substituição do mel de abelha pelo açúcar como adoçante. A revolução do açúcar desencadeou, a partir do século XVII, um processo de açucaramento de tudo que entra pela boca do ser humano. Empenhada neste processo de açucaramento da vida moderna, a sucroquímica vive a descobrir novas aplicações para o açúcar – o produto químico puro mais abundante e barato do mundo. O açúcar pode ser aproveitado na fabricação de plástico, cosmético, fertilizante, inseticida, cimento, adoçante artificial e até mesmo de explosivo.

Durante os séculos XVI e XVII, quando a produção mundial de açúcar ainda se contava em milhares de sacos, aquela fartura, segundo Gilberto Freyre, originou uma tendência ao açucaramento da dieta de brasileiros, norte-americanos e europeus. Hoje a fartura de açúcar produzida anualmente, se aproxima de 200 milhões de toneladas para uma humanidade de menos de nove bilhões de bocas. Na mesa da humanidade essa tendência avançou, inexoravelmente, com a lógica de uma ditadura, num crescendo que vem até os dias de hoje. O médico americano Robert Atkins observou o processo de dois quilos de açúcar por ano passar a oitenta quilos por pessoa em apenas onze gerações. Esta pode ser, talvez, a mais drástica mudança dietética na evolução do homem em seus 50 milhões de anos de existência.

O açúcar não é um alimento inocente. É um agente químico agressor do organismo, um corpo estranho na mesa que transformou o alimento do ser humano de meio de vida em meio de doença e morte. A ditadura do açúcar, uma ditadura de pacote tecnológico, impôs goela abaixo da humanidade a dieta açucarada moderna, a ração patogênica que empurrou o ser humano para a era das doenças crônicas, metabólicas e degenerativas. A historiadora Elsa Avancini referiu-se à sociedade colonial brasileira como uma sociedade montada para a produção de açúcar. Hoje, quinhentos anos depois, o mundo vive o apogeu da civilização do açúcar. Nas palavras do doutor Leão Zagury “uma sociedade estruturada afetivamente em torno do consumo de açúcar”.

 *Autor do livro “O Livro Negro do Açúcar”, presente no Google me PDF

AÇÚCAR – ONDE FOI QUE EU ERREI?

Autoria de Fernando Carvalho*

Ver é uma ousadia. Fazer falar o que se viu, ou desmistificar a cegueira alheia é ousadia dupla. (Affonso Romano de Sant’Anna)

Eu achava que tinha um estilo de vida saudável e bons hábitos alimentares, e que estaria destinado a uma vida longa e com saúde. O fato é que depois dos quarenta anos fui surpreendido pelo diabetes. Fiquei estarrecido, atônito e fulo da vida. Eu me cuidava e não era para ter ficado doente. Ignorava absolutamente esse distúrbio metabólico. Para mim, se o diabo fosse animador de um programa de televisão, as dançarinas seriam as diabetes. Passei a ler sobre o assunto e cheguei, como veremos, a conclusões diferentes da “diabetologia”.

Eu não sabia o que era açúcar… Para mim era um alimento como outro qualquer e que fazia parte da mesa de um modo inteiramente natural. O saleiro tinha um pó branco usado para salgar os alimentos e o açucareiro para adoçar. Algo de estranho? Não. Diziam que o açúcar provocava cárie, mas só para quem não escovava os dentes. Nunca estranhei o fato de uma substância exigir escovação, fio dental, flúor, selante, etc., pelo simples fato de entrar em contato com os dentes, o tecido mais duro do organismo. Uma ideia clichê dizia que o açúcar em excesso fazia mal e engordava, mas isso só deveria valer para quem tem tendência a engordar. Quem não é sedentário e queima calorias não precisaria se preocupar com isso.

Minha mãe sempre gostou muito de açúcar. Em geral ela põe tanto açúcar no que faz que a coisa vira um melado. Quando eu era criança, ela conta, tive problemas comvabsorção de leite de vaca, e um conceituado médico lá de Pernambuco receitou para mim leite condensado, que minha mãe transformava em leite líquido adicionando água quente. Ela diz, ainda hoje, com uma ponta de orgulho: “Nandinho consumia uma lata de Leite Moça todo dia!”. Coitado do meu pâncreas. Uma vez eu reclamei que ela havia estragado uma vitamina de abacate com tanto açúcar. Mas o máximo que eu conseguia era ofendê-la. Imagine uma vitamina bem docinha, feita com amor por sua mãe! Não havia clima para reclamações. Quando numa lanchonete pedia um suco de laranja, eu mesmo colocava açúcar e tinha a impressão de que, de alguma forma, o suco de laranja ficara enriquecido. Além de doce, talvez enriquecido de energia. Influenciado pelos naturalistas, sempre evitei Coca-Cola, mais por ser um líquido artificial. Jamais deixei de preferir um suco de fruta (com açúcar) a uma Coca.

Eu não bebia refrigerantes, mas guaraná natural, acerola com laranja e mate natural… Tudo devidamente açucarado. E no verão, especialmente, bebia muito mais. Só depois de me tornar diabético é que vim a ler o “Sugar Blues”, obra de William Dufty, para ficar sabendo que eu consumira muito açúcar ao longo de minha vida e que o açúcar se encontra até em alimentos salgados. Minha bebida preferida, a cerveja, vim a descobrir que se trata de uma água suja de açúcar e que até o vinho soi disant (supostamente) seco também leva açúcar.

Hoje sou tomado pela sensação de que fui enganado a vida inteira. Tivesse sidoinformado sobre o que era o açúcar, eu o teria evitado, riscado de minha dieta e não teria ficado doente. Escrevi a obra intitulada “O Livro Negro do Açúcar” (presente em PDF) com o objetivo de alertar as pessoas quanto a este problema. Hoje quem fuma sabe o mal que o cigarro faz, fuma tendo consciência disso. Conheço gente que fuma alegando que o cigarro não é nada diante das condições de vida oferecidas pelo capitalismo contemporâneo. Penso diferente: não é porque a vida está uma merda que vou fazer mal a mim mesmo. Além do mais, como dizia um personagem do filme “Eles não usam black-tie”, a merda se transforma. Com este livro pretendo somar forças ao movimento que já existe, liderado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), visando impor limites à indústria de alimentos da mesma maneira que faz com a indústria de cigarros. Deixo claro, porém, que o movimento Açúcar zero é contra apenas a presença do açúcar na mesa. É ele que, adicionado à dieta, a transforma-a numa ração patogênica.

O movimento Açúcar zero parte do princípio de que o açúcar não é, como parece, um componente natural da mesa, mas um corpo estranho nocivo que invadiu a mesa há apenas alguns séculos, conferindo à alimentação da humanidade um caráter patogênico. Movimento de tolerância zero em relação a esse agente causador das mais vergonhosas epidemias que assolam a humanidade: da cárie dentária, da obesidade mórbida, das doenças cardiovasculares e do diabetes que é uma doença cada vez mais popular.

Aos fabricantes de açúcar resta o consolo de que com o açúcar é possível se fazer muitas outras coisas, até explosivos. Acredito que, como um primeiro passo, deve haver, como acontece com o cigarro e o álcool, advertência do Ministério da Saúde nos rótulos dos produtos açucarados, alertando quanto aos perigos do consumo excessivo de açúcar e informando o teor de sacarose refinada. É o mínimo que se pode fazer… Acho uma perversidade permitir-se que um inocente desavisado consuma um veneno, pensando que se trata de alimento. Se a humanidade quiser erradicar, como já erradicou tantas doenças infecciosas, esse mar de doenças de etiologia desconhecida, como dizem os médicos, terá que deter o avanço da ditadura do açúcar.  

*Obteve o grau de Licenciatura em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É cartunista, tendo publicado no Pasquim e em outros jornais. É sócio da Livraria João do Rio – tradicional sebo do Rio de Janeiro, e autor do livro Ferdo, pior que Millôr, cartuns que ficaram para a história.