Autoria de Lu Dias Carvalho
Nós nos precipitamos para a cena, juntos com o pastor, e vemos o que ele também está vendo: o milagre da luz que refulgiu nas trevas. (E.H. Gombrich)
A composição A Santa Noite, também conhecida como A Adoração dos Pastores, é uma obra-prima do pintor italiano Correggio. Trata-se de uma das obras mais famosas do artista em que o claro-escuro faz-se presente. É tida como uma das mais belas obras sobre o tema. A adoração dos pastores representa a adoração popular, enquanto a dos Magos representa a dos reis de todas as partes do mundo.
A Virgem Maria encontra-se nas ruínas de um estábulo, embevecida, abraçada a seu Menino — numa postura de adoração silenciosa. Tem às costas seu esposo José, na escuridão exterior, que cuida de seu burro. Mais ao fundo, próximas a José, estão duas crianças (ou anjos) ao lado de outro burrinho. À frente de Maria e sua criança estão três pastores e um cão e acima paira uma legião de anjos. A Sagrada Família encontra-se num estábulo em ruínas. Uma intensa luz emana da criança recém-nascida, iluminando sua mãe e tudo à sua volta.
Dentre o trio de pastores — composto por um homem e duas mulheres — existe grande encantamento. O camponês robusto, segurando um tosco cajado encontra-se de pé. Ele teve uma divinal visão em que os céus abrem-se, e um grupo de anjos sobre uma nuvem branca entoam “Glória a Deus nas Alturas”, enquanto trazem os olhos fixos na cena que veem abaixo. Através dessa visão ele chega ao local para também adorar o Filho de Deus. Entre surpreso e maravilhado, paralisa seu movimento ao ali chegar e parece estar retirando o gorro em sinal de respeito, preparando-se para ajoelhar e adorar o Menino.
Uma das pastoras leva a mão esquerda ao rosto, deslumbrada com a luz que sai da manjedoura, onde se encontra o Menino. Segura por sua mão direita está uma cesta com ovos que ela traz como presente para a Sagrada Família. A outra pastora que se encontra à sua direita olha com alegria para o pastor grandalhão que acabara de chegar. Ao fundo, montanhas e céu parecem se fundir.
Se olharmos ligeiramente para a cena, poderemos achá-la bastante simples e mal posicionada, tendo ficado muito cheia do lado esquerdo se comparada ao direito. Mas isso foi intencional, para que a luz pudesse se expandir, dando maior destaque à Virgem e seu Menino — as figuras mais importantes da cena. É a luz que equilibra os lados da pintura ao fulgir nas trevas, atraindo os olhos do observador em direção aos personagens principais.
Ficha técnica
Ano: c. 1530
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 256 x 188 cm
Localização: Gemäldegalerie Alte Meister, Dresden, Alemanha
Fontes de pesquisa
A história da arte/ E.H. Gombrich
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Lu
A força do claro-escuro é fantasticamente demonstrada nesta obra, forçando o aprofundamento da busca do observador e potencializando a emoção. Na fotografia este recurso demonstra grande força!
Antônio
Esta obra de Corregio tem de fato no claro-escuro um efeito de grande beleza.
Abraços,
Lu
Lu
Belíssimo!Tocante! Amei esta pintura!
Saudações!
Marcela
Este quadro é realmente maravilhoso. Correggio estava num período de profunda inspiração ao criá-lo.
Beijos,
Lu