Autoria de Lu Dias Carvalho
Gustave Courbet não usou de artifícios para representar sua pintura Mulher com Papagaio. Trata-se apenas de uma mulher nua e nada mais que isso, sem nenhuma referência a um mito ou alegoria, usadas com a intenção de justificar a nudez, como exigiam as normas acadêmicas, que ele relegou
Embora totalmente nua, apenas com um lençol a lhe cobrir levemente a região pubiana, a modelo não passa nenhuma forma de luxúria, pelo menos para nós, nos dias de hoje, quando a nudez é vista com naturalidade. Deitada sobre lençóis amarfanhados, com a cabeça no mesmo nível do corpo, ela traz os cabelos escuros espalhados, as pernas meio abertas, um braço estendido sobre a perna direita, enquanto que, com o braço esquerdo ligeiramente erguido, traz um papagaio pousado em sua mão. Ela o observa com aparente encantamento.
Conforme previra o pintor, a obra foi duramente criticada ao ser exibida no Salão, em 1866, como se quebrasse a decência de uma sociedade, ainda que libertina e hipócrita. A crítica e o público falavam em mau gosto, falta de decoro e refinamento. Mas o que Courbert almejava era exatamente isso: abalar as convenções artísticas da época, engessadas no rigor do academicismo. Seu objetivo era, portanto, chocar a burguesia, sacudi-la, a fim de fazê-la optar pela sinceridade artística, opondo-se aos clichês tradicionais.
Mulher com Papagaio, contudo, chamou a atenção de artistas de uma geração mais jovem, como Édouard Manet e Paul Cézanne, que se encantaram com o quadro, inclusive nele se inspirando.
Ficha técnica
Ano:1866
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 130 x 196 cm
Estilo: Realismo
Localização: Metropolitan Museum of Art, Nova York, EUA
Fonte de pesquisa
Os pintores mais influentes do mundo/ Editora Girassol
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