PESSOAS E DEUSES NO IMP. ROMANO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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As pessoas tinham para com os deuses idêntico tratamento dedicado aos poderosos. Era o mesmo modelo das relações políticas e sociais. Não aceitavam a obediência cega aos seres considerados divinos, mesmo sendo eles tidos como superiores, pois uma relação servil, cheia de temor, mostrava uma imagem negativa do devotado e também das divindades. Entendim que devotamento não se traduzia em escravidão. O temor aos deuses era tido como “superstição”. As pessoas saudavam-nos com a mão, sempre que passavam diante de suas imagens. Sempre os recordavam, avivando-lhes o amor-próprio, de que eram divinos e poderosos, portanto, obrigados a atendê-las em seus pedidos. Visitavam os templos, principalmente os dos deuses vizinhos, saudando-os todas as manhãs.

Os pagãos viam seus deuses como seres bondosos, justos, caridosos e sempre prestes a acudir os mortais. A maioria deles acreditava que a divindade preferia uma oferta humilde, como um bolo, de alguém de bom coração, do que receber as ricas oferendas advindas de indivíduos perversos. Havia também aqueles que tentavam negociar com tais seres, oferecendo-lhes sacrifícios em troca da obtenção de riquezas, ou seja, julgavam-nos de acordo com o próprio caráter. Isso é algo ainda muito comum aos dias de hoje, apesar de tantos séculos de distância, tanto nas religiões politeístas quanto nas monoteístas. Fizeram da fé um balcão de negócios.

Os devotos tinham muita consideração por seus deuses, procurando ficar sempre em relação direta com aqueles que tomavam por protetores. Faziam-lhes promessas, participavam de peregrinações e traziam-nos até mesmo em seus sonhos. Era importante para eles demonstrar o quão fieis eram na confiança devotada. Invocavam-nos nos mais diferentes momentos: parto, doença, negócios, guerras, viagem, etc. Tinham a formulação de um voto e a oferenda, por mais simples que fossem, na mesma igualdade da prece. Para Lúcio Apuleio, escritor e filósofo romano, um ímpio era aquele que nunca:

  • fez um pedido solene a nenhum dos deuses ou frequentou um templo;
  • levantou a mãos aos lábios em sinal de adoração, diante de uma capela;
  • ofertou aos deuses de seus domínios: alimentos de suas colheitas e crias de seus rebanhos;
  • dedicou aos deuses uma capela, um canto ou bosque sagrado, em sua casa de campo.

Nunca houve nenhum ateísmo popular na Roma daquela época. Porém, os romanos cultos, como Cícero, Virgílio e Horácio, por exemplo, não criam em nada. Ainda assim, eles sabiam que a religião tinha um ponto de verdade ao apresentar-se como fábulas, em que se inseriam a Providência e o Bem.

Nota: deuses romanos, imagem copiada de http://www.estudopratico.com.br/mitologia-romana

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