Raízes da MPB – DOLORES DURAN

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Autoria de Lu Dias Carvalho

duran

As letras de Dolores Duran eram muito femininas, bem escritas, num tom coloquial que faz com que nenhuma palavra fique ultrapassada, mesmo já tendo se passado mais de 50 anos. (Rodrigo Faour, jornalista e pesquisador musical)

Dolores Duran falou de sentimentos como ninguém, em todas as línguas. Seu idioma era o amor! (Antônio Maria, cantor)

Eu não tenho inimigos, tenho amigos que se extraviaram, mas voltam qualquer dias desses. (Dolores Duran)

Não me acorde, estou cansada. Quero dormir até morrer. (Dolores Duran – frase dita no dia em que morreu)

Dolores Duran, compositora, cantora e instrumentista, nasceu em 1930, na cidade do Rio de Janeiro/RJ, com o nome de Adileia Silva da Rocha. O sargento da Marinha Armindo José da Rocha e Josefa tinha uma prole de quatro filhos, sendo ela a terceira deles. A vida não era fácil para a família. Adileia nem chegou a completar o ginásio, pois tinha que trabalhar para ajudar em casa, mas, como menina prodígio, aprendia tudo por conta própria. Desde garotinha que ela sonhava em ser uma cantora famosa. Já fazia parte de festas de reisado e procissões, nas quais soltava sua bela voz infantil.

Adileia teve que passar pelos inúmeros testes exigidos dos cantores da época, contrariamente aos dias de hoje, em que qualquer um pode ser chamado de “cantor”, resultando num mercado cheio de mediocridades. De modo que a menininha talentosa ganhou seu primeiro troféu, num concurso de calouros, aos seis anos de idade. E ainda era atriz de teatro. Quando mais crescida, ganhou a nota máxima no programa Calouros em Desfile, na Rádio Tupi, sendo julgada por ninguém menos que o exigente Ary Barroso.

A pequena artista cantava tão bem, que passou a integrar a caravana de cantores no programa de calouros, conhecido como Escada de Jacó, participando de shows de bairro, cinema, teatros e circo. Também atuou como radioatriz na Rádio Tupi, participando de encenação de histórias infantis.

A artista adolescente tinha um ouvido afinado para línguas estrangeiras, aprendendo-as com muita facilidade. Por isso, foi incentivada a participar de um concurso que buscava uma cantora mexicana. Foi quando, por sugestão de um casal amigo, Adileia virou Dolores Duran. Ela foi contratada como crooner de uma boate, onde cantava em várias línguas, ao lado de Aracy de Almeida, Linda Batista, Jorge Goulart e Sílvio Caldas, estrelas dos shows principais. Também foi contratada pela Rádio Nacional para cantar músicas estrangeiras.

Dolores Duran, cantora romântica, gravou seu primeiro disco cantando dois sambas para o carnaval de 1952: Que Bom Será e Já Não Interessa. Não fez sucesso. Mas em 1954, gravou o samba Tradição, de Ismael Silva e o samba-canção Canção da Volta, que fez um grande sucesso, tornando-se um clássico da MPB.

Como tinha facilidade para cantar em várias línguas, os anos 50 vieram a calhar para Dolores Duran, que cantava todo gênero de canções internacionais: boleros, fados, tangos, músicas italianas, norte-americanas, francesas, rocks, calypsos, etc. Chegou até a gravar um fado, Coimbra, em esperanto.

Seu primeiro long-play, em 1955, denominado Dolores Viaja, trazia oito faixas, cada uma numa língua diferente. Época em que se casou com Macedo Neto que era radioator e compositor. O casamento durou cerca de dois anos.

A primeira letra de Dolores Duran foi Se é Por Falta de Adeus, musicada em ritmo de samba-canção por Tom Jobim, quando iniciava sua carreira musical, e cantada por Doris Monteiro.

A artista foi, em todos os sentidos, uma mulher à frente do seu tempo. Na música, foi uma das primeiras compositora e letristas brasileiras. Gravou também ritmos nordestinos no álbum Esse Norte É Minha Sorte, que continha baiões, toadas e xotes de vertentes românticas. Compôs letras e músicas belíssimas. É dona de uma das obras mais belas da MPB, embora carregasse na maioria de suas canções uma boa dose de tristeza, pois, apesar da fama, a cantora tinha que conviver com a depressão e com o sentimento constante de solidão.

Dolores Duran faleceu em 1959, aos 29 anos, de problemas cardíacos. Desde os oito anos de idade, havia sido diagnosticada com uma febre reumática. Deveria levar uma vida regrada, coisa que nunca fez: bebia, fumava três maços de cigarros por dia e só retornava para casa ao amanhecer.  Deixou uma filha adotiva, Maria Fernanda Virgínia da Rocha Macedo, que ficou com três anos de idade.

Nota:
Acessem o link abaixo para ouvirem A Noite do Meu Bem
http://www.youtube.com/watch?v=BgGZspMGwBQ

Fonte de pesquisa:
Raízes da Música Popular Brasileira/Coleção Folha de São Paulo

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Um comentário em “Raízes da MPB – DOLORES DURAN

  1. Manoel Matos

    Lu
    Estou me deliciando com esta série de compositores e de autores da MPB. Conhecia muito pouco sobre eles. Continue.

    Beijos

    Nel

    Responder

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