AS MULHERES NO RENASCIMENTO (Aula nº 53)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

      (Clique nas ilustrações para ampliá-las.)

Ainda que o Renascimento tenha trazido profundas mudanças para a Itália, é possível dizer que a vida da maioria das mulheres continuava muito parecida com a que levava na Idade Média. As tarefas eram as mesmas: trabalhar em casa ou nos campos e cuidar de suas famílias. Muito raramente elas apareciam em público, pois deviam primar pelo recato e pela modéstia e ser portadoras de uma fé inabalável, seguindo todos os ditames da religião cristã. No topo de importância na família estava o marido, senhor absoluto de tudo, devendo sempre ser obedecido e jamais contrariado. Excetuando aquelas mulheres que optavam pelo convento, somente as “muito bem nascidas” fugiam dos rigores direcionados às mulheres, ao ser excluídas dos afazeres femininos.

A riqueza e a posição social privilegiada impediam que as mulheres ricas seguissem o mesmo roteiro indicado às mulheres comuns — a mesma servidão do passado medieval. Às privilegiadas era permitido mostrar a sua independência através do mecenato das artes e, assim, desenvolver seus talentos e habilidades, mas desde que ficassem nos limites do privado. Não deve ter passado despercebido aos participantes de nosso curso de História da Arte que até agora não apareceu uma mulher pintora, escultora ou arquiteta. Seriam elas desprovidas de tais habilidades? Seriam esses talentos apenas masculinos? Claro que não!

Na Renascença era costume que homens e mulheres se sentassem separados em festividades, como vemos na ilustração acima à direita (obra do pintor Sandro Botticelli que faz parte de uma série de quatro painéis, baseados no romance “Decameron” de Coccaccio). Os homens podiam frequentar as ruas quando assim o quisessem. As mulheres ricas ficavam em casa, principalmente se ainda fossem solteiras, sendo raramente vistas nas janelas — deviam proteger a castidade acima de tudo. E se porventura tivessem que ir à rua por algo que ninguém pudesse fazer por elas, eram acompanhadas por uma senhora que tinha por objetivo impedir que fossem importunadas. Às mulheres pobres eram dadas maiores liberdades, pois tinham que sair para trabalhar, na maioria das vezes servir as madames das casas ricas.

O Renascimento, contudo, ao abraçar uma visão humanista, foi a pedra angular para que se mudasse o conceito arcaico sobre a posição da mulher, fazendo brotar, assim, as primeiras raízes dentro de uma sociedade machista, sobre o conceito de “mulher moderna”. Três importantes mulheres renascentistas deixaram seu exemplo (ver ilustração começando pela esquerda): Catarina Sforza que defendeu sua cidade Foli — atacada por César Bórgia; Vitoria Colonna, poetisa muito famosa em sua época, tendo atraído o interesse de Michelangelo; e Sofonisba Anguissola, uma das primeiras mulheres pintoras famosas, tendo ficado por um tempo na corte de Felipe II, ensinando sua mulher a pintar.

Ilustrações:
1. Retrato das três famosas renascentistas / 2. O Banquete de Casamento, 1483, obra de Sandro Botticelli. Tal temática era comum na Florença do século XV em obras criadas para ornamentar a cabeceira de leitos nupciais. Sobre os capitéis em primeiro plano podemos notar os escudos das famílias do noivo (Pucci), do patrono (Médici) e da noiva (Bini).

Exercício
1.  Como era, de modo geral, a vida das mulheres no Renascimento?
2. O que diferia as mulheres “bem nascidas” das pobres?
3. Cite o nome de três mulheres renascentistas importantes. Pesquise sobre elas.

Fontes de pesquisa
História da Vida Privada 2 / Edit. Companhia das Letras
Arte e Vida na Itália Renascentista / Editora Folio

 

8 comentaram em “AS MULHERES NO RENASCIMENTO (Aula nº 53)

  1. Marinalva Autor do post

    Lu
    A época renascentista gerou alterações sociais, culturais, políticas e econômicas. O homem constrói, mas a mulher quase não compartilha dessas mudanças. Criada sob forte rigidez religiosa, desde menina aprendia lavar, passar, cozinhar, bordar e cuidar do lar. Não estudava nem tinha liberdade. Algumas mulheres lutaram para ampliar suas possibilidades de vida, mesmo de maneira limitada. Na Inglaterra, a rainha Catarina de Aragão incentivou as mulheres a receberem educação.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Não foi fácil a vida das mulheres nos tempos antigos, quando eram consideradas inferiores aos homens. Depois de muita luta as coisas vê mudando, mas muito ainda precisa ser feito.

      Abraços,

      Lu

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  2. Antônio Costa

    Lu,

    Sem dúvida tanto o homem quanto a mulher são predispostos a diferentes aptidões, entretanto a mulher sofreu pela falta de oportunidades para revelar-se, felizmente uma situação que muda a cada dia. Na realidade é um processo histórico milenar. Nas comunidades indígenas é muito sofrível o papel feminino. Cabe a índia cozinhar, plantar e cuidar da roça além de colher, preparar a farinha, enquanto o índio apenas caça e faz a palhoça, ajudado pela mulher.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      A situação feminina era tão caótica que houve um tempo em que se dizia que ela era desprovida de alma. A negação da alma também foi feita aos escravos. O mais interessante é que, nos dois casos, havia interesses ocultos.

      Abraços,

      Lu

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Moacyr

      Teremos outros textos trazendo assuntos semelhantes e que se passam no Renascimento.

      Abraços,

      Lu

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  3. Hernando Martins

    Lu
    Mesmo o Renasciment,o sendo uma fase histórica e revolucionaria tanto nas artes, costumes, política, economia e em vários aspectos da vida humana, observa-se que as mulheres não tiveram a visibilidade que mereciam. É bom relembrar que a religiosidade presente na Idade Média continuou no Renascimento, lógico que com um pouco mais de abertura, influenciada pelo desenvolvimento das artes como um todo.

    Nao resta dúvida de que o Renascimento foi uma semente para a libertação humana e as mulheres estão incluídas, através do humanismo, característica ímpar desse período da historia humana. Passaram-se vários anos e a mulher luta com unhas e dentes para conseguir espaço de destaque em sociedades baseadas na religiosidade e no patriarcalismo, característica presente na nossa sociedade desde o período colonial até os tempos atuais.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      A história da mulher ao longo dos tempos foi sempre muito sofrida. Sua batalha não tem sido fácil. Tudo nasceu na Idade Média, com a visão cristã de que a mulher era inferior ao homem. Houve um tempo que até diziam que ela não tinha alma, assim como os escravagistas criam em relação aos escravos. Ainda hoje é possível ver essa tradição machista em certas Igrejas pentecostais que pregam a submissão da mulher ao homem (sem aqui mencionar os países islâmicos), seguindo uma tradução deturpada da Bíblia. Ainda assim, o Renascimento, com a sua visão humanista, foi capaz de semear a ideia de que havia muita coisa errada. Foi realmente a semente lançada.

      Abraços,

      Lu

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