VITIMIZAÇÃO E SADOMASOQUISMO

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

ideias12

Ontem, uma amiga procurou-me para dizer que sua filha chegara chorando em razão de uma nota que recebera numa prova, pois achava que essa se encontrava abaixo do valor merecido e ela, como mãe, não estava certa da posição a tomar. E como é do meu feitio jamais adotar o comportamento de leoa para proteger o filhote, pois acredito que isso seja danoso à adaptação dos filhos ao mundo, pedi-lhe que sugerisse à filha que voltasse a conversar com o professor, demonstrando serenidade, segurança e, sobretudo, capacidade de dialogar e aceitar as explicações dele, pois todo ser humano, por maior que seja a sua carga intelectual, está fadado a cometer erros. Para fechar o preâmbulo, devo dizer que tudo saiu a contento. Realmente o professor havia se enganado. E a garota, que antes se encontrava na posição de vítima, voltou alegre e segura de si.

É preciso muito cuidado para não vestirmos o uniforme de vítimas, e nem reforçar tal atitude nas pessoas com as quais vivemos. Certa vez li, não me lembro onde, que “vítima é alguém que já se considera morto”. Achei o argumento genial, quando o comparei com pessoas que conheço e que vivem em tal estado, numa resistência danosa contra o mundo em derredor, achando que todos são culpados pela vida que levam, exceto elas próprias. É fato que viver, confrontando os problemas que a família, a sociedade e o mundo trazem, não é fácil. Mas, ainda assim, é muito melhor do que vestir a roupagem de vítima “extremamente sofrida” com as agruras da própria existência, pois culpabilizar os outros pelas próprias falhas é muito mais fácil do que enfrentá-las de frente com raça e coragem, analisando o que é necessário mudar na própria vida.

Pessoas há que se sentem muito bem acomodadas nessa espécie de casulo. Mas conviver com elas se torna insuportável, pois sugam, de quem vive em seu derredor, toda a energia amealhada com muita esforço e coragem. Tais vítimas possuem uma ferramenta que trazem sempre às mãos: a chantagem emocional. E, como sanguessugas, tiram a última gota de sangue dos desavisados que as levam a sério. Fingem entregar aos outros a chave de seu destino, de modo que o planejem e o executem, pois estão “fragilizadas” em demasia para enfrentar os problemas acarretados pela existência humana. Mentira! É tudo uma farsa! Na verdade são elas que trazem nas mãos a saúde física e emocional daqueles que consigo convivem, se esses assim o permitirem. Querem encarcerá-los no mesmo casulo de indiferença e egocentrismo em que estão escondidas. Tratam-se de seres sadomasoquistas, de pessoas extremamente egóicas, sem nenhum comprometimento com a humanidade.

Quando carregamos uma boa imagem do que somos e acreditamos estar dando o melhor de nós naquilo que fazemos, estamos caminhando para alcançar uma meta, em que somos, na verdade, os maiores beneficiados. E nos tornamos fortes e inabaláveis diante das hostilidades que se encontram no nosso caminho, jogando-as à margem da estrada, e passando adiante. Todos nós, mesmo que deprimidos por uma causa ou outra, não podemos aceitar o estado vicioso de vítima, pois seria como passar o ouro ao bandido, sujeito de nossa mágoa, ao nos entregamos à autocomiseração e ao masoquismo. Quanto mais difícil o caminho, mais firmes devem ser nossas passadas. E nada melhor, para nos defendermos daqueles que querem nos fazer menores, do que lhes mostrar o quanto estamos de bem com a vida e o quanto somos capazes de trilhar com sabedoria nossa própria estrada.

Caro leitor, permita-me fechar a minha reflexão com o pensamento do escritor Howard Thurman:

A hostilidade costuma alimentar a ilusão da autoimportância e do orgulho. Muitas pessoas se sentiriam ludibriadas, se de repente fossem privadas da definição do ego que seu sofrimento lhes dá.

Nota: imagem copiada de ladyarwen.blogs.sapo.pt

5 comentaram em “VITIMIZAÇÃO E SADOMASOQUISMO

  1. Patricia

    Ei Lu
    Trilhar nosso caminho neste mundo perverso não é fácil. Por isto são tantas as vítimas e sanguessugas que usam deste artifício para viver mendigando . A cada queda e tropeço no caminhar, pegamos fôlego para amanhã levantar e, mesmos fracos, buscar ser fortes emocionalmente, para ninguém nos vitimar.
    Beijos

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      Ponha resiliência nisso.
      Nós até nos curvamos, mas sem jamais nos quebrarmos, para o desprazer daqueles que nos querem ofender.

      Abraços,

      Lu

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  2. Julmar Moreira Barbosa

    A autopiedade é um mal que além de deteriorar, de flagelar a alma, é um hermafrodita, pai e mãe do comodismo que, aliás, estão fortemente ligados ao orgulho e ao egoísmo, que também são chagas “quase” incuráveis da humanidade.

    “QUANTO MAIS EU ANDO, MAIS VEJO ESTRADA. MAS SE NÃO CAMINHO, NÃO SOU É NADA.” (Geraldo Vandré)

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Ju

      Você tocou no ponto chave da autopiedade: orgulho ferido.
      A pessoa acha que todos podem passar por isso e aquilo, mas ela não, pois se encontra no rol dos eleitos.
      Que mal desgraçado carrega a humanidade, na luta pelo poder, ainda que ele seja uma “merdinha” à toa.

      Nosso Vandré era muito sábio!

      O melhor mesmo é saltar as pedras do caminho, quando não dermos conta de tirá-las do meio da estrada, para que outros não se machuquem, e dar uma banana para aqueles que pensam nos fazer sentir inferiores.

      Grande abraço,

      Lu

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