Michelangelo – PIETÀ

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Autoria de Lu Dias Carvalho

pieta

É um milagre que o que já foi uma rocha qualquer possa assumir uma forma que a natureza dificilmente cria na carne humana. (Giorgio Vasari) 

As mulheres castas se conservam com fisionomia bem jovem […], quanto mais uma Virgem que jamais apresentou o menor sinal de luxúria. (Michelangelo)

Jean Bilhères de Lagraulas, cardeal francês, embaixador do rei da França na corte do papa, possuía uma capela na Basílica de São Pedro, onde almejava ser enterrado, por isso, era seu desejo que uma escultura de mármore ornamentasse sua capela. Mas antes que selasse o contrato com Michelangelo, o artista foi enviado à cidade de Carrara, para escolher o material de sua obra. Ali, Michelangelo procurou pelo melhor mármore existente, isento de imperfeições ou impurezas. O artista concluiu sua obra no mesmo ano da morte do cardeal.

Pietà ou Piedade foi o tema escolhido para adornar o túmulo de Jean Bilhères de Lagraulas, mostrando o sofrimento de Maria, após a retirada do corpo de seu filho da cruz. Tal tema, embora fosse comum além dos Alpes, era pouco usado na pintura florentina e dificílimo de ser visto na escultura, principalmente em se tratando de uma estátua de mármore feita em tamanho natural. A estrutura do conjunto arquitetônico é piramidal, feita num bloco de apenas um metro de espessura, embora a obra repasse uma sensação de monumentalidade e profundidade.

Para esculpir a Pietà, Michelangelo usou um único bloco de mármore, pois assim haveria uma maior união na composição de Maria e Jesus. Tanto é que há uma relação perfeitamente equilibrada entre Mãe e Filho. Na sua Pietà o artista aborda o realismo doído, visto em outras obras, para esculpir a Virgem e seu Filho, com uma beleza clássica inimaginável. O rosto delicado e sereno da Virgem foge à tradição da iconografia usual em que ela era interpretada com uma expressão de dor extremada. Na época alguns notaram que Maria apresentava-se muito jovem para ter um filho de 33 anos, mas a tradição iconográfica e teológica aceitava tais discrepâncias. O corpo de Jesus em total abandono está contido dentro da figura da Virgem, desde a cabeça até os pés, como se toda ela o envolvesse.

Não existem alterações extremadas no rosto oval da Madona que é retratada como uma jovem mãe, pois sua juventude é a representação de sua castidade. Sua expressão revela aceitação, embora repasse uma profunda tristeza interior que pode ser percebida pela inclinação de seu rosto em direção ao corpo do filho. Sua mão esquerda aberta, como se mais nada pudesse fazer, mostra ao mundo seu filho morto. O estiramento do braço direito de Jesus também repassa um sentimento de abandono. É de tirar o fôlego a maestria do artista florentino no feitio do pregueado dos tecidos, assim como no polimento dado à obra.

Ao dar por terminada a sua obra, Michelangelo ficou tão maravilhado com sua beleza que colocou a sua assinatura na cinta que desce do ombro direito da Virgem, passando por entre seus seios. Essa foi a única vez em que assinou uma obra. Segundo relatos, como alguns não acreditassem que fosse ele o autor da obra, o artista ocultamente lavrou seu nome na faixa.

A Pietà é tida como a primeira obra-prima do gênero e como uma das mais fascinantes esculturas de todos os tempos que retrata a mãe do Salvador com uma pureza jamais vista. De forma o artista cumpriu sua palavra, quando disse que “seria uma obra tal que nenhum mestre da época poderia fazê-la melhor”.

Nota: A Pietà que faz parte de exposições não é a verdadeira que foi danificada por um homem com um martelo. A verdadeira, restaurada, não mais deixa o Vaticano.

Ficha técnica:
Data: c. 1497 – 1499
Dimensões: 1,74 m de altura e 1,95 m de base e 69 cm de profundidade
Localização: Basílica de São Pedro, Vaticano, Itália

Fontes de pesquisa:
Gênios da Arte/ Girassol
Grandes Mestres da Pintura/ Coleção Folha
Grandes Mestres/ Abril Cultural
Renascimento/ Taschen
Tudo sobre Arte/ Sextante
1000 Obras da Pintura Europeia/ Könemann
Os Pintores mais Influentes/ Girassol
Arte em Detalhes/ Publifolha
Góticos e Renascentistas/ Abril Cultural

8 comentaram em “Michelangelo – PIETÀ

  1. Beto

    Lu,

    Quando estive no Vaticano em 2007 fiquei fascinado pela Pietà, de Michelangelo. É impressionante que seja uma cópia! Gostei muito do texto. Parabéns,

    Beto

    Responder
  2. Patricia

    Lu

    Michelangelo e suas obras são grandes paixões minha. Esta em especial é divina.
    Só um grande homem visualiza um bloco de pedra e o transforma em uma grande obra-prima.
    Parabéns pelos textos.

    Bjos.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Pat

      Eu também nutro uma grande paixão por esta obra.
      Gostaria muito de ter uma cópia, ainda que diminuta, para ficar olhando-a horas a fio.
      Quem sabe um dia ainda ganharei uma.

      Grande beijo,

      Lu

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  3. Pierre Santos

    Lu, meus parabéns e com entusiasmo! Esta cópia é absolutamente igual à original, que tive a felicidade de conhecer antes e depois de ser quebrada. A original está guardada num salão situado nos porões do Vaticano, proibido à visitação – e isto não tem a menor importância, nem desperta a menor curiosidade, pois todo mundo sabe que original e cópia são idênticas. V. está de parabéns pela profundidade do texto e pela síntese expressiva conseguida, o que facilita a leitura. Estou achando, menina, que ora assisto ao nascimento de uma nova crítica de arte, o que me deixa orgulhoso de você. Abrs.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Prof. Pierre

      Você é mesmo muito fofo!
      Embora carregue uma bagagem imensurável no que tange ao conhecimento sobre arte, ainda é capaz de elogiar alguém que se encontra engatinhando.
      Recebo suas palavras com muita humildade e com o firme propósito de melhorar cada vez mais.
      Muito obrigada!

      Grande abraço,

      Lu

      Responder

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