O TRABALHO E A PREGUIÇA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

fabrica

A preguiça não é mais que o hábito de descansar antes de estar cansado. (Jules Renard)

A preguiça foi o motor das grandes conquistas do progresso. Quem inventou a roda, por exemplo, não queria empurrar e caminhar mais. Atrás de todos os elementos do conforto suponho que houve um preguiçoso esperto, pensando em como fazer para trabalhar menos. (Roberto Fontana Rosa)

Preguiçoso é quem renuncia a seus deveres com a sociedade, com a cidadania, quem abandona a própria formação cultural. (Fernando Savater)

Não sei muito bem por que motivo a preguiça foi cair nas mãos dos Sete Pecados Capitais (gula, luxúria, avareza, ira, soberba, vaidade e preguiça), pois a vejo muito mais como fruto de uma postura cultural de determinadas sociedades, ou resultante da falta de emprego nos países pobres, ou provinda do modo irresponsável com que a globalização vem mudando a economia dos países em busca do lucro fácil, ou como fruto da má administração dos governantes, incluindo aí a falta de capacitação do trabalhador.

Os filósofos gregos nada faziam a não ser pensar… pensar … e pensar. Cercados por dezenas de servos que lhes punham até comida na boca, ficava fácil para qualquer um levar a vida assim. Aristóteles, por exemplo, nunca deve ter colocado suas mãos na massa. Tanto é que achava que as tarefas pesadas deveriam ser feitas por escravos e que  “a mulher era um homem incompleto”, que só servia para trabalhar e parir, completo eu. Acreditava que as três formas de felicidade eram:

1- uma vida cheia de prazeres e satisfações (sem trabalho);

2- uma vida como cidadão livre e responsável (sem trabalho);

3- a vida como pesquisador e filósofo (longe do trabalho manual).

Em certos países, a preguiça chegou a ser cultuada como uma dádiva que só era acessível aos ricos. Hoje, ao contrário, está sendo obrigatoriamente repassada aos pobres desempregados, que vivem o ócio sem nunca o ter desejado. E nada pode ser pior do que a folgança advinda da pobreza e da falta de trabalho.

O filósofo espanhol Fernando Savater acha que, de modo geral, a preguiça é a falta de estímulo para realizar atividades criativas de qualquer índole. É fato que muitas causas contribuem para que uma suposta preguiça instale-se: a depressão que joga por terra qualquer estímulo, as altas temperaturas dos países tropicais que avivam a indisposição, o inverno rigoroso que enrijece os músculos e a subnutrição que leva ao desânimo. E dentre as causas citadas que levam à “preguiça”, está o sentir-se desvalorizado como cidadão naquilo que se faz.

Como não ter má fé a respeito do trabalho que já nasceu com o nome latino de “trepalium” (calma, não significa trepar). A derivação do verbo “trepaliare” significava “torturar com o trepalium”, os escravos. O pobre coitado era jogado num instrumento de tortura composto de três estacas. Muitas vezes, era ali empanado e deixado para morrer. E o trabalho passou a ter a conotação de sofrimento. Quando mal remunerado e desvalorizado o trabalho é o pior de todos os castigos, sem dúvida alguma.

Nota: Operários, obra de Tarsila do Amaral

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2 comentaram em “O TRABALHO E A PREGUIÇA

    1. Lu Dias Carvalho Autor do post

      José Roberto

      Não consigo imaginar a vida sem a beleza da arte. Realmente ela torna os nossos dias bem mais belos.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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