Autoria de Lu Dias Carvalho
Você não pode ser considerado um verdadeiro mexicano se não acredita na Virgem de Guadalupe. (Carlos Fuentes – romancista)
A Virgem é o consolo dos pobres, fracos e oprimidos. Em suma, é a Mãe dos órfãos. Todos os homens nascemos deserdados e nossa condição verdadeira é de orfandade, mas isso é particurlarmente verdadeiro para os pobres do México. (Octavio Paz – escritor)
Ao forte nacionalismo do povo mexicano alia-se a fé católica, que pode ser sentida nos mais diferentes pontos do país, quer seja numa rua ou esquina, numa casa humilde ou numa mansão. Nenhuma festa é mais importante do que a comemoração do dia da padroeira do povo mexicano – Nossa Senhora de Guadalupe, realizada no dia 12 de dezembro, quando milhões de romeiros convergem-se dos mais diferentes locais do país para a Basílica de Guadalupe, na Cidade do México, onde se encontram “o manto sagrado da Virgem de Guadalupe” e a imagem da Virgem nele impresso.
As procissões, que antecedem o dia da padroeira, são um espetáculo, onde se misturam imagens da Virgem, seus retratos em diferentes formatos, cores e dimensões, assim como esculturas de Jesus Cristo e santos, estandartes, bandeiras, faixas, velas, flores e… Muita fé! Grupos de quatro homens carregam altares iluminados que, à distância, criam um clima de magia, parecendo que flutuam no ar. Muitas pessoas vêm em romaria, partindo de suas cidades, caminhando muitos quilômetros, até à Basílica de Guadalupe. Em meio a essa gente fervorosa encontram-se bebês e idosos em cadeiras de roda improvisadas. Cânticos, ladainhas e rezas são entoados pelos devotos no percurso da longa romaria. Essa festa chega a ser mais importante do que o próprio Natal.
A Virgem de Guadalupe encontra-se presente no dia a dia do povo mexicano. Sua fotografia encontra-se, inclusive, nas carteiras e bolsas de homens e mulheres. Não se pode dar um passo sem ela. Outra prova do amor dos mexicanos à Virgem está no número de peregrinos que visitam a Basílica de Guadalupe todos os anos (mais de dois milhões), onde há espaço para 10 mil pessoas, mas abriga até 40 mil, todos unidos na fé.
Segundo a lenda, a Virgem de Guadalupe apareceu pela primeira vez em 12 de dezembro de 1531, a Juan Diego, um modesto indígena. Ela lhe pediu que naquele local fosse erguida uma igreja. O agraciado com tal visita levou seu pedido ao frei Juan de Zumárraga, arcebispo da Cidade do México à época. Como São Tomé, esse pediu ao índio que voltasse ao local e pedisse à Virgem algum sinal de sua identidade divina. Ela então ordenou a Juan Diego que colhesse rosas de Catilha, no monte Tepyac. Ao entregar as flores ao arcebispo, esse viu a imagem da Virgem gravada nessas.
A Virgem de Guadalupe, com sua pele morena, semelhante à dos indígenas, é um símbolo da miscigenação racial, cultural e religiosa do povo mexicano. Ela ocupa, no coração dos nativos, o lugar que antes foi dedicado a Tonantzin, deusa da fertilidade, cujo templo foi destruído pelos espanhóis, entre 1519 e 1521. Alguns peregrinos índios chamam a Virgem com o nome de Guadalupe-Tonantzin.
Fonte de pesquisa
Mexicanos/ Editora Contexto
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