TRATAMENTO PSICOTERÁPICO

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Autoria do Prof. Hermógenes 

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, intitulou um capítulo de seu livro “Ioga para Nervosos”* (década de 1960) com o nome de “A Coisa”. Naquela época, o Transtorno do Pânico ainda era pouco compreendido. Aqui ele mostra como se dá o tratamento psicoterápico.

Tratamento psicoterápico é o que procura sanear (tornar sã) a mente, fundamentando-se na tese de que as condições de desequilíbrio, desarmonia, impureza e inquietude mentais são responsáveis pelos transtornos físicos. As escolas de psicologia do inconsciente, principalmente a psicanálise e a autoanálise, têm sido as que melhor atendem aos fins psicoterápicos. Têm sido as mais utilizadas pelos especialistas de todo o mundo. Segundo elas, somos o que somos, fazemos o que fazemos, reagimos como reagimos, sofremos ou gozamos, temos nossas crises e nossos remansos e até mesmo pensamos e cremos, não de acordo com o nível conhecido da mente, mas, sim, movidos, manobrados, determinados pelas camadas mais profundas, das quais não temos conhecimento claro. Sendo a mente comparada a um iceberg, a parte aflorada, isto é, a mente consciente, é mínima e relativamente incapaz, enquanto que a parte submersa, o inconsciente, tem poder incomparavelmente maior.

A psicoterapia pela psicanálise e pela autoanálise – tão eficientes em linhas gerais – consiste em tornar conhecidos (passar para o consciente ou fazer aflorar) os conteúdos e condições inconscientes e profundos. Tais conteúdos e condições resultam de esquecidas experiências traumatizantes (predominantemente da infância) que, por sua natureza maléfica e poderosa, expressam-se através do anômalo comportamento dos nervos e das glândulas endócrinas.

Dizem os psiquiatras que a doença é a “somatização” dos conflitos e traumas escondidos, isto é, sua expressão orgânica. Feita uma faxina no inconsciente, isto é, expulsos de lá os conteúdos reconhecidos como deletéricos, já tendo eles perdido o anterior poder perturbador, concretiza-se a cura ou libertação do neurótico. Este processo de limpeza, vale dizer de desmascaramento do adversário escondido, de alívio de carga, de conscientização do ignoto, de extravasão, de elucidação, de catarse, muda a mente e, em consequência, rearmoniza, corrige, normaliza os mecanismos autorreguladores do organismo, daí imediatamente remitirem-se os sintomas. Em outras palavras desfaz-se a “somatização”.

Quem estuda Yoga em seus veneráveis textos originais surpreende, em seu aspecto psicológico, atualidade, riqueza e sutileza tão profundas que, não fora a linguagem velada, exótica e simbólica, pareceria obra dos mais refinados e modernos entendidos nos aspectos inconscientes da alma humana. Não tenho receio de concordar com autoridades no assunto e também afirmar que Yoga é o ancestral comum de todas as modernas escolas de psicologia profunda. Segundo a psicanalista Marise Choisy, o próprio Freud fundou a psicanálise em princípios yóguicos, que lhe teriam chegado através de A. Schopenhauer, o filósofo “ocidental que mais se inspirou nos clássicos do hinduísmo”. Não é diferente a opinião de Carl C. Jung, fundador de um dos mais importantes ramos da psicanálise que diz: “A própria psicanálise, bem como as diretrizes de pensamento às quais deu origem e que são, na verdade, um desenvolvimento ocidental, são uma tentativa de principiantes, comparados com o que, no Oriente, constitui uma arte imortal.”

O objetivo do processo psicanalítico é a cura de um enfermo. O do Yoga é a redenção humana ou libertação (moksha) da alma individual (jiva).

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google.

Nota: Estudante Russa, obra de Anita Malfatti

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