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COMO TRATAR O TRANSTORNO BIPOLAR

Autoria de Lu Dias Carvalho

Seja em pacientes com transtorno bipolar ou com outros quadros menos graves, os aspectos subjetivos da negação tem como uma das características o pavor do encontro com a experiência psíquica da diferença. (Júlio César Waiz)

O Transtorno Bipolar, uma das doenças mentais que afetam cerca de 4% da população mundial, segundo dados da Associação Brasileira de Tratamento Bipolar (ABTB), é também conhecido como Transtorno Afetivo Bipolar ou ainda como Transtorno Bipolar de Humor. Trata-se de uma doença crônica e, portanto, seu tratamento farmacológico deve ser contínuo. Devem ser usados, principalmente, medicamentos que estabilizem o humor, anticonvulsionantes e, em casos graves, antipsicóticos.

Em razão do estigma que, infelizmente, os transtornos mentais ainda acarretam numa sociedade ainda pouco informada, é comum que a pessoa acometida pela bipolaridade, assim como sua família, negue ou esconda a existência do problema, o que só vem a agravá-lo, pois quanto mais cedo for contido, menos estragos fará ao portador e à família. O estado de negação, quando o doente (ou as pessoas ao redor) finge estar tudo bem em razão do medo do confronto com o diagnóstico, ou seja, do encontro com a experiência psíquica da diferença, tem sido um problema sério no que diz respeito ao tratamento que é de extrema necessidade para o doente.

Os familiares de um portador de tal transtorno devem oferecer o máximo de informações ao médico especialista a fim de ajudá-lo obter um diagnóstico preciso, pois é sem dúvida um dos mais complexos, a menos que o indivíduo encontre-se em crise maníaca de grande intensidade. Quando o quadro é confundido com depressão e é receitado ao paciente um antidepressivo apenas, o polo maníaco pode vir à tona ou acirrar ainda mais a depressão (uma das fases do transtorno). Caso isso aconteça, o doente deve ser levado imediatamente ao médico para a troca de medicação.

 Assim como acontece com as pessoas vitimadas por outros transtornos mentais, a maioria dos portadores do Transtorno Bipolar deixa o tratamento farmacológico logo que se veem livres das crises, tendo o humor estabilizado. E é exatamente aí que mora o perigo, pois, ao interromper a medicação novas crises costumam surgir, levando o doente a entrar numa atordoante e sofrida roda-viva. A luz que jazia no fim do túnel, oferecendo melhor qualidade de vida, é novamente apagada, pois a função dos medicamentos é estabilizar o organismo do paciente pelo maior período de tempo possível, evitando as crises e oferecendo-lhe uma vida melhor.

As psicoterapias também são indicadas para os portadores do Transtorno Bipolar, mas devem sempre estar agregadas ao tratamento medicamentoso, pois sozinhas não surtem efeito. Elas devem oferecer suporte emocional, incentivar o tratamento alopático e possibilitar o autoconhecimento aos pacientes, fator importante para ajudá-los a superar situações que possam levar a novas crises. É fundamental que a família também seja conscientizada quanto ao impacto negativo de tal transtorno na vida do doente, de modo a ajudá-lo no tratamento, a fim de que obtenha melhor qualidade de vida em todos os campos (vida afetiva, profissional e em outros contextos sociais).

O doente e seus familiares devem estar atentos em relação ao diagnóstico, pois há muitos erros por parte dos especialistas. Não é qualquer alteração de humor que pode ser diagnosticada como bipolaridade, obrigando o suposto doente a tomar uma carga de medicamentos desnecessariamente. Todas as pessoas apresentam alterações de humor, ainda mais no mundo corrido e competitivo de hoje em que a hierarquia de valores virou pelo avesso. A escolha de um bom profissional faz toda a diferença, assim como as informações precisas da família. Se ainda houver dúvidas quanto ao diagnóstico, deve-se buscar uma segunda ou terceira avaliação.

 Nota: Faces, obra de Pablo Picasso

Fonte de pesquisa
Grandes Temas do Conhecimento – Psicologia/ Mythos Editora

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DESMISTIFICANDO A BIPOLARIDADE

Autoria de Lu Dias CarvalhoO que é necessário para mudar uma pessoa é mudar sua consciência sobre si mesma. (Abraham Maslow)

O Transtorno Bipolar, uma das doenças mentais que afetam cerca de 4% da população mundial, segundo dados da Associação Brasileira de Tratamento Bipolar (ABTB), é também conhecido como Transtorno Afetivo Bipolar ou ainda como Transtorno Bipolar de Humor. Esta psicopatologia vem se tornando tão conhecida que é muito comum hoje, popularmente, chamar uma pessoa de bipolar, quando essa age diferentemente daquilo que se espera dela, considerando que seja alguém que vive entre “altos e baixos”, como se sua vida fosse uma gangorra.

É bom que se saiba, porém, que os “altos e baixos” de uma pessoa bipolar não acontecem de um momento para outro, ou seja, num determinado momento ela se encontra na fase de mania (humor eufórico) e no outro pula para a de depressão (humor depressivo). Nada disso! Esta visão é totalmente equivocada, necessitando ser desmitificada. Infelizmente as novelas e o cinema têm contribuído para confundir as pessoas, ao invés  de levá-las à verdadeira compreensão do Transtorno da Bipolaridade. É preciso muito cuidado para não se sair por aí rotulando as pessoas de bipolares, sem se basear em nenhum diagnóstico médico.

O diagnóstico deste transtorno é bem complexo, uma vez que, a exemplo de outros transtornos mentais, não existem exames de imagem ou biológicos no sentindo de identificar o indivíduo como bipolar. Para que alguém seja caracterizado como bipolar, precisa passar por períodos prolongados de estados e oscilações de humor, dentro de um determinado tempo. Somente profissionais de saúde especializados, baseando-se em manuais de diagnósticos que estabelecem uma série de padrões de sintomas, levando em conta suas manifestações, ciclos e intensidades, podem afirmar que uma pessoa encontra-se ou não acometida pela bipolaridade. Os relatos dos familiares também contam muito. Além disso,  é preciso muita atenção para não confundir um quadro de depressão unipolar com sintomas do Transtorno Bipolar.

A complexidade na avaliação deste transtorno, que geralmente se manifesta entre os 15 e 25 anos de idade, vem dificultando e atrasando o início do tratamento de seu portador. Muitas vezes são necessários até 10 anos para que a pessoa seja corretamente diagnosticada, como revela a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA). Enquanto isso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) caracteriza o Transtorno Afetivo Bipolar como a sexta causa de incapacidade e a terceira entre as doenças mentais, abaixo apenas da “Depressão Maior Unipolar” e da “Esquizofrenia”. Pesquisas também mostram que é a doença mental que mais leva às tentativas de suicídio.

O uso acentuado da palavra “bipolar” fora do contexto médico vem servindo para banalizar o transtorno, como se ele fosse a coisa mais comum, mais banal do mundo. Os leigos usam tal termo quando querem se referir às pessoas que têm um temperamento difícil ou que são dotadas de uma visível irritabilidade, ora se mostrando de um jeito e ora de outro. É fato que tais características fazem parte do rol de sintomas da bipolaridade, mas eles não são os únicos a caracterizar uma pessoa como bipolar. É bom que todos saibam que se trata de um quadro severo, com grandes consequências negativas para seu portador e também para sua família, e que precisa de tratamento médico para oferecer uma vida melhor ao doente.

 Nota: Faces, obra de Pablo Picasso

Fonte de pesquisa
Grandes Temas do Conhecimento – Psicologia/ Mythos Editora

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A ANSIEDADE QUE MALTRATA

 Autoria de Lu Dias Carvalho

 Ao me aceitar e conhecer-me melhor foi que comecei a respeitar minha mente e o meu corpo. (Ana Maria Mallmann)

A questão não é dar o foco principal à terapêutica empregada e, sim, manter o olhar no sujeito da história, o biocampo que representa a própria vida do indivíduo. (Míria de Amorim)

Quando o organismo está em ressonância com suas memórias de saúde, ele também é capaz de se auto-organizar. Uma pessoa com um biocampo estruturado tem potência para dialogar com os acontecimentos fortuitos da vida de maneira madura e equilibrada.  (Maristela Barenco)

Todos sabem que a ansiedade tanto está presente na vida dos seres humanos como na de outros animais que, assim como os humanos, são passíveis de inquietação, medo e frustração. O aumento da adrenalina – hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, cuja secreção é aumentada em situações de estresse, ansiedade, perigo ou qualquer outra situação que deixe o corpo em estado de alerta e pronto para reagir – no organismo é muitas vezes benéfico. Essa presença se dá através de um sinal liberado em resposta a um grande estresse físico ou mental e a situações de forte emoção. Somente se torna um problema quando passa a ser frequente e sem nenhum motivo que justifique sua produção exagerada.

O aceleramento da vida moderna tem contribuído para que a humanidade encontre-se cada vez mais ansiosa. O homem vem perdendo o contato com o seu eu interior, preocupado que está com os acontecimentos do mundo exterior. Dizer que ele deveria se afastar da problemática externa seria um descabimento, pois tudo reflete em seu modus vivendi (maneira de viver), uma vez que esses dois mundos interagem entre si. Contudo, o homem moderno pode trabalhar para manter seu cérebro mais tranquilo, beneficiando-se com hábitos saudáveis e posturas equilibradas. Precisa sobretudo abandonar a ideia de que pode comprar a saúde quando bem quiser, não precisando ter compromisso algum com o seu corpo. Ainda que a medicina avance cada vez mais, é muito mais fácil “prevenir do que remediar” no que diz respeito à saúde pessoal.

São muitos os meios que ajudam no equilíbrio do cérebro, controlando sensivelmente a ansiedade abusiva que chega com uma sensação de aflição, medo ou agonia, sem qualquer causa aparente. Essa ansiedade – responsável por causar um sofrimento desnecessário – pode ser equilibrada. Ainda que se faça uso de um antidepressivo, é precisa compreender que o medicamento não faz milagres sozinho, sendo necessário o comprometimento do doente no sentido de mudar velhos e nocivos hábitos de vida.

Qualquer um pode colocar em ação tais meios que não exigem nenhum dispêndio de dinheiro, requerendo apenas um pouco de tempo e boa vontade para mudar costumes arraigados e viscerais. Vejamos alguns hábitos que ajudam no controle da ansiedade excessiva:

  1. Respiração – respire lenta e profundamente. Sinta o ar entrando e saindo dos pulmões, o abdômen dilatando-se e contraindo-se. Conte até três antes de expirar. Faça isso no mínimo dez vezes.
  2. Exercícios – a atividade física é cada vez mais recomendada para melhorar a qualidade de vida, uma vez que a endorfina ajuda no bem-estar, durando até 12 horas após sua prática. Deve ser feita pelo menos três vezes por semana. Escolha a atividade que melhor se adapta ao seu estilo.
  3. Meditação – técnica milenar que vem sendo cada vez mais recomendada na luta contra a ansiedade abusiva. Feche os olhos e foque-se na respiração. Apenas cinco minutos diários já ajudam no relaxamento. Baixe o aplicativo “5 minutos eu Medito”. (www.eumedito.org)
  4. Chás – algumas ervas apresentam propriedades calmantes: camomila, erva-cidreira, melissa, valeriana… Tome seu chá três vezes ao dia.
  5. Desconecte-se – desligar-se da internet durante algum tempo faz muito bem. Não se pode ser prisioneiro da tecnologia, vivendo em função dela o tempo todo. Converse com as pessoas à volta, interaja…
  6. Alimentação de qualidade – alguns cientistas dizem que o homem é aquilo que come. Uma alimentação saudável contribui para o bom funcionamento do organismo e, consequentemente, leva a uma vida mais tranquila. Diminua o uso de carne vermelha (coma no máximo três vezes por semana, se não puder excluí-la).
  7. Contato com a natureza – sempre que possível busque contato com a natureza, o que é de suma importância no combate ao estresse.
  8. Bichinhos em casa – pesquisas mostram que o contato com animais diminui o estresse. Bichinhos de estimação são altamente aconselháveis para ansiosos, estressados e depressivos. Adote um bichinho, há tantos abandonados por aí.
  9. Automassagem – durante o banho, ao passar o sabão, aproveite para massagear o seu corpo. Poderá fazer isso ao passar o creme hidratante ou óleo, após o banho. Demore mais tempo fazendo massagens nos pés. Escaldar os pés em água morna com bolinhas de gude no fundo da bacia é também muito relaxante. Acrescente à água umas gotinhas de óleo de lavanda ou de óleo de hortelã. Aproveite e escute sons relaxantes, usando apps como o “White Noise”, “Stop” ou “Breath & Think”
  10. Terapias – yoga, acupuntura e meditação são três das inúmeras terapias indicadas para diminuir a ansiedade.

Nota: A pintura Mulher e Pássaro é obra de Di Cavalcanti

Fontes de pesquisa
Segredos da Mente
https://www.tecmundo.com.br/ciencia/16885-5-mitos-sobre-o-cerebro-que-voce-jurava-ser-verdade.htm

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A DEPRESSÃO E AS CÉLULAS CINZENTAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

Pode-se imaginar a depressão assim: o córtex cerebral formula um pensamento abstrato negativo e consegue convencer o restante do cérebro de que esse pensamento é tão real quanto um fator de estresse físico. (Robert Sapolsky)

O aviso de perigo – real ou imaginário – faz com que reajamos a ele com mais veemência do que se recebêssemos uma informação muito afortunada, pois sempre que nos vemos ameaçados, o nosso corpo entra em sinal de alerta, alimentado pelos hormônios do estresse, como o cortisol. Ao colocarmos em segundo plano tudo aquilo que nos causa prazer, concentrando-nos em salvar a própria pele, passamos a lidar com o instinto primário de sobrevivência que nos é muito útil. Uma vez passado o perigo, a vida volta ao normal, pois não há mais motivo para se ter medo.

Na pessoa depressiva, porém, a volta aos trilhos não acontece com tanta facilidade. Não se trata mais de perceber o perigo, mas de imaginá-lo e com ele conviver um tempo sem limites, como se real fosse. E pior, ela possui a capacidade de criar detalhes elaborados sobre supostos perigos que na prática jamais virão a acontecer.

Ao remoer mil e um detalhes imaginários, o depressivo cria cenários medonhos – frutos unicamente de sua mente doentia –, passando a viver prisioneiro de si mesmo. A sua imaginação sem limites ou bom-senso acaba por torná-lo cada vez mais infeliz. Os hormônios do estresse tornam-se permanentes, vindo a fustigá-lo mais e mais.

O que se mostra como algo sem importância, totalmente irrelevante para um indivíduo sadio, transforma-se num bicho de sete cabeças para a pessoa depressiva. E quanto mais infeliz ela se torna, mais hormônios ruins são liberados por seu corpo, transformando-se num círculo vicioso que a coloca, na maioria das vezes, num quarto escuro, tornando a depressão cada vez mais aguda, se não tratada.

O biofísico Stefan Klein explica:

“Quando a depressão é muito prolongada, a substância do cérebro é afetada. Em outras palavras: a depressão não apenas está associada a um desequilíbrio dos neurotransmissores como danifica as conexões permanentes entre os neurônios. Ainda ignoramos até que ponto seus estragos são reversíveis. A plasticidade do cérebro, isto é, sua capacidade de modificar-se, torna-se reduzida. Nesse sentido, a depressão é um estado de enrijecimento, pois vai minguando a nossa disposição para agir e enfrentar os desafios da vida. A melancolia então ganha consistência e consolida-se”.

Ainda segundo o biofísico,

“À medida que a sensação de desesperança aumenta, degradam-se os tecidos do cérebro que se encontra constantemente inundado de hormônios do estresse, prejudiciais aos neurônios. Quando esse estado persiste por um tempo excessivo, as consequências podem ser terríveis: as células cinzentas (a substância cinzenta, matéria cinzenta ou massa cinzenta é um importante componente do sistema nervoso central. Contém o corpo celular do neurônio.) acabam se atrofiando e as faculdades mentais se reduzem progressivamente”.

Daí a necessidade de buscar ajuda médica o mais rápido possível, pois à medida que tais células voltam a desenvolver-se, os sintomas que tanto atormentam a pessoa depressiva vão aos poucos desaparecendo. A depressão é uma doença.

Nota: ilustração – Manhã, obra de Edvard Munch

Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante

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DEPRESSÃO E PRECONCEITO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que nos próximos 08 anos a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.

Quanto mais culturalmente atrasado é um país, mais preconceituoso é seu povo em relação às doenças mentais, e maior é o descaso dos órgãos públicos em relação às mesmas. Os tempos de hoje têm sido propícios para o desenvolvimento dos transtornos mentais, principalmente com a facilidade com que são diagnosticadas. Estatísticas mostram que essas doenças atingirão o topo da pirâmide até o ano de 2030. E para complicar, os países pobres são os que mais sofrem com o problema, sendo registrados mais casos de depressão em tais lugares do que em países desenvolvidos. Trago abaixo sábios comentário dos leitores deste blogue relativos ao tema e a minha resposta logo a seguir.

“Não é fácil lidar e viver com esta doença, pois o preconceito ainda é muito grande por parte daqueles que não têm depressão. Geralmente, evito falar para os conhecidos que tenho isso, até mesmo é uma forma de me livrar de comentários idiotas ou inválidos. Vamos aprendendo a viver com o problema. Os órgãos sociais e jurídicos deveriam fazer alguma coisa a respeito, até mesmo penalizar como preconceito brincadeiras de mau gosto, pois considero tais piadas como se fossem racismo. Muitos dos que tiram um “barato” são viciados em álcool e drogas.

No trabalho ainda existe muito preconceito quanto ao diagnóstico da depressão, pois após descobrirem, somos considerados indivíduos inválidos ou até mesmo loucos. Apresentar um atestado psiquiátrico ainda gera muito desconforto ao paciente, pois o preconceito toma conta. Muitas vezes o preconceito vem do próprio paciente. Temos que enfrentar isso de cabeça erguida, pois a vida de ninguém é um mar de rosas. Agora, quando um famoso sofre com esta doença mental, todos se comovem. O mundo VIRTUAL é uma das GRANDES mentiras que inventaram.

Viver com depressão não é fácil. Os altos e baixos, às vezes o remédio perde o efeito, noutra hora temos que aumentar a dose, etc. Graças a Deus existem os remédios e na maioria dos casos as pessoas voltam a ter uma vida normal. É lógico que temos que ter força de vontade e viver um dia de cada vez. O remédio blindou a minha depressão e, por enquanto, vou vivendo a vida normalmente e fazendo todas a minhas atividades.” (Well)

Resposta a Well

É muito bom saber que você se encontra cada vez melhor, o que prova que o uso do antidepressivo foi fundamental para que voltasse a ter uma vida com qualidade. Realmente o preconceito existe, mesmo com o aumento do transtorno depressivo em todo o mundo. Muitas vezes aqueles que fazem chacota estão tentando esconder o próprio transtorno. Trata-se de uma negação. Quanto ao mundo virtual, ele possui coisas boas e ruins. A escolha de cada um é que faz a diferença. Veja uma coisa boa: nós nos encontramos através da web. Você confirma uma grande verdade pois o preconceito vem, muitas vezes do próprio paciente.

“Realmente vivemos num mundo hostil e cruel em que as pessoas lutam para sobreviver a qualquer preço. Quando eu estava no pior momento da síndrome do pânico e da depressão, comentei com as colegas do meu setor sobre meu problema e falei alto, porque eu mal conseguia me manter sentada. Um colega (homem, nada contra o sexo e só para realçar o preconceito com a doença) ouviu-me reclamar da depressão, do mal-estar horrível e do sofrimento pelos quais passava. Ele falou alto para outro colega (homem) que era falta de “porra”, assim mesmo. Eu fiquei pasma, mas não entrei em bate-boca, até por que não estava em condições de discutir com ninguém. Eu me calei e continuei a sofrer calada.

Depois de muito tempo passando mal e pedindo pra ser dispensada, a minha chefe perguntou o que eu tinha e eu disse que era ansiedade. Foi muito difícil falar do meu diagnóstico pra ela, porque nós nunca sabemos se seremos compreendidos. Ela não me dispensou, até por que, com as medicações, eu melhorei. A depressão é uma dura realidade que infelizmente os governos e a sociedade ainda não levaram a sério, não entendem, nem ajudam adequadamente.” (Rosa)

Resposta a Rosa

O seu comentário deixa claro o quanto o preconceito contra as doenças mentais ainda é forte no Brasil. O sujeito que disse tal insanidade assim agiu por total desconhecimento do problema, por ignorância. Ele replicou o que ouve por aí. A sua chefe, que deveria entender melhor sobre o assunto, até pelo cargo que ocupa, também estava alheia ao mesmo. A nossa raiva deve ser creditada aos governantes e ao descomprometimento dos meios de comunicação em abordar o assunto com seriedade. É um absurdo o espaço dado ao futebol, enquanto questões seríssimas de saúde não são abordadas. Como vê, não vivemos num país sério, comprometido com o bem-estar de seu povo.  A depressão é realmente uma dura realidade que infelizmente os governantes e a sociedade não levam a sério.

“Como é bom saber que existem profissionais que enxergam a depressão, como nós, pacientes, vivenciamos. Você relatou a realidade. E quando se fala em termos trabalhistas, ainda existe um tabu quanto a isso. As empresas não dão a devida importância, e quando existe um afastamento do trabalho por problemas ligados à ansiedade ou depressão, no retorno do afastamento o trabalhador é muito hostilizado pela chefia. Muitas vezes pelos próprios colegas de trabalho. Talvez isso aconteça justamente porque os órgãos responsáveis pela difusão dos sintomas da doença e do tratamento, não fazem o seu trabalho corretamente. (Rodrigo)

Resposta a Rodrigo

Eu também faço parte do grupo das pessoas com problemas mentais, daí a facilidade com que discorro sobre o assunto, usando uma linguagem bem acessível a todos. Tenho depressão desde a minha fase de adolescente e uso antidepressivo ininterruptamente. Esta doença é hereditária na minha família materna e já causou muitos danos. Você tem toda a razão no modo como relata o comportamento da maioria dos chefes e colegas no trabalho, quando o assunto é uma doença mental. Isso acontece por falta de informação por parte da mídia e pelo descompromisso das autoridades responsáveis pela saúde da população. Nós não devemos esconder a nossa doença, ainda que contemos com ambientes hostis, pois é a única maneira de contribuir para que ela seja vista com seriedade. Precisamos continuar cobrando nossos direitos.

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INSÔNIA, ESTRESSE E DEPRESSÃO

Autoria de Edward Chaddad

O estresse, a ansiedade e as preocupações exageradas levam a pessoa a não dormir, a ficar acordada, excitada pelos problemas da vida, resultando na insônia. Para o adulto é importante dormir pelo menos sete a oito horas por dia. E se não o fizer durante muito tempo, este quadro de insônia certamente levará às doenças físicas e ou mentais, principalmente à depressão. Há um liame entre eles. Assim, o estresse e a ansiedade produzem a insônia. E a insônia pode causar mais ansiedade e estresse, círculo que tem que ser detido, pois cada vez mais alimenta a depressão.

Dormir é importante, é um descanso que refaz a condição física e mental do dia anterior. E isto não acontece, quando a insônia toma conta de quase toda a noite, atrapalhando todas as fases do sono, de forma que sequer se chega à fase REM, quando se tem a mais profunda fase do sono e quando o raciocínio, mesmo dormindo, trabalha como se a pessoa estivesse acordada. A fim de chegar ao sono REM, há um caminho, sendo necessário tomar certas medidas antes de dormir.

É preciso evitar ficar acordado, pensando nos problemas de trabalho e na vida. É preciso escapar dos pensamentos ruins, assistindo à TV, usando celular com a luz forte acesa, bebendo bebidas ricas em cafeína, álcool e chocolate, que mudam a serotonina do corpo, afetando os neurotransmissores. Tudo isto leva à ansiedade que alimenta a insônia.

A modernidade trouxe a luz que afeta o sono. Os seres humanos, durante milhares e milhares de anos, tinham a escuridão da noite obrigatoriamente, quando então adormeciam. A melatonina era produzida diante da escuridão pela glândula pineal do cérebro. “Ao escurecer, a substância passa a ser produzida na glândula pineal do cérebro. Esse processo auxilia o organismo em seu preparo para o sono. Ele reduz a pressão arterial, os níveis de glicose e a temperatura do corpo”, diz Shigueo Yonekura, neurologista do Instituto de Medicina do Sono de Campinas e Piracicaba e especialista em sono pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP)

Antes de dormir é preciso manter um ambiente escuro, para ativar a produção pelo cérebro da melatonina, que é o hormônio produzido pelo corpo com a função de regular o sono. Mesmo a manutenção do brilho da TV em um quarto escuro pode produzir efeitos no cérebro que legam transtornos de humor, incluindo a depressão. “A luz à noite pode alterar os ciclos biológicos e a produção de hormônios, como a melatonina e cortisol. No caso da melatonina, ela para de ser secretada e o sono fica superficial, fazendo com que a pessoa acorde facilmente” e “o ideal é um ambiente escuro e sem ruído para ter um descanso reparador, sem interrupções e acordar disposto no dia seguinte” (Shigueo Yonekura, neurologista do Instituto de Medicina do Sono de Campinas e Piracicaba e especialista em sono pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP)

Dormir mal ou pouco, no dia seguinte traz irritação, dificuldades cognitivas, até dores de cabeça e no corpo, sonolência e alterações no metabolismo que deixam as pessoas suscetíveis a outras doenças físicas (hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, etc) e nervosas, perda e alteração da memória, estresse crônico e a depressão. É importante buscar um médico (neurologista ou especialista em terapia do sono) que irá examinar e ensinar a melhorar a capacidade de dormir, que é a solução. “É importante tratar o estresse, a ansiedade e o excesso de preocupações. Tudo isto já pode fazer parte e mesmo gerar diversos transtornos em nossa mente, como a depressão. Há também o auxílio de uma alimentação correta.

Ilustração: O Urutu, 1928, Tarsila do Amaral

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