Bosch – O BARCO DOS LOUCOS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Barco dos Loucos, também conhecida como A Nave dos Loucos, obra de Hieronymus Bosch, faz parte do conjunto formado por Alegoria do Prazer e a A Morte do Avaro. Presume-se que faça parte dos primeiros trabalhos do pintor, levando em conta a relativa simplicidade da pintura e significado alegórico.  Representa o mundo temporal e o espiritual.

No barco, representante de ambos os mundos, terreno e espiritual, passam o tempo mergulhados nos prazeres da carne, sem se preocuparem com a fluidez da vida, portanto, em vez de ancorarem no porto da salvação, todos irão chegar às costas do país dos loucos, recebendo a condenação no dia do Juízo Final. A obra apresenta vários personagens.

Na parte central do barco encontram-se sentados uma freira e um monge. Enquanto ela tenta tocar um alaúde, instrumento musical que muitas vezes é associado ao desregramento, traz os olhos fixos e a boca aberta, juntamente com o monge, tentando abocanhar um alimento pendurado numa corda, parecido com um pão ou bolo, movido pelo homem que sobe na árvore. Uma tábua, que se encontra entre eles, contém um prato com cerejas, tidas como as frutas da imodéstia, enquanto ao lado está um copo, provavelmente contendo dados para serem jogados.

Nada indica que o artista tenha feito sua obra baseando-se num fato real, ou seja, na expulsão dos loucos da cidade. Possivelmente trata-se de uma representação simbólica da seleção dos maus. Como monges e freiras devessem ficar sempre separados, a presença de ambos no mesmo espaço, já era um indicativo de condenação à época do pintor. Por sua vez, naqueles tempos, o alaúde, por ter um buraco redondo, simbolizava a vagina, enquanto a gaita simbolizava o pênis. Manejá-los remetia à luxúria.

O jogo entre a freira e o monge, para ver quem é capaz de comer o pão, ou o que quer que seja, evidencia a gula, embora alguns estudiosos interpretam que os dois estão apenas cantando. Outra presença marcante é o número de barris e recipientes para vinho, a sugerir a embriaguez. Ao que parece, o pintor quer mostra que, para cometer tantos pecados, é preciso que sejam dementes. Os loucos, portanto, na composição de Bosch, são as pessoas que se comportaram inadequadamente, segundo os princípios morais da época, incapazes, portanto, de alcançarem o reino dos céus.

Há na composição duas árvores dentro do barco. Uma é usada como leme, sendo ligada à popa, e a outra, com folhas, é usada como mastro. Um grande peixe está suspenso num galho seco, enquanto outro galho sustém um louco, de costas para o grupo, que bebe vinho numa tigela, usando o uniforme dos loucos da época, e trazendo na mão uma vara contendo na ponta as suas próprias feições . Ele parece ser o mais calmo de todo o grupo.

A bandeira em forma de flâmula do mastro, desfraldada ao vento, traz uma lua crescente, emblema dos turcos, que queriam invadir a Europa. Era também usada para marcar os dementes em uma composição, por isso, eles eram vistos sob a bandeira dos desafetos dos cristãos.

Saindo de uma enorme moita, um sujeito tenta cortar a fita que prende ao mastro um ganso assado, o que remete ao pecado da gula. Mesmo que as velas, o leme e os ramos não sejam capazes de impulsionar o barco, isso não afeta o prazer dos ocupantes, que já se encontram bêbados e alegres. Sendo que duas freiras e um frade deixam de lado as obrigações ligadas ao espírito, para se comprazerem com os prazeres mundanos.

Em cima, no meio da árvore, aparece algo que tanto pode ser uma caveira quanto uma coruja, considerada a ave da sabedoria e da morte, pois, em razão do estado atual do quadro é impossível precisar. Qualquer uma estaria de acordo com a obra. Na água estão dois homens. Um deles levanta sua tigela, pedindo mais vinho. Um outro, seguro naquilo que seria o leme, parece vomitar.

Havia muita simbologia na arte da Idade Média. Através do conhecimento de tais sinais, o observador podia decifrar a obra. O significado dessa simbologia ainda é muito estudado nos dias de hoje para melhor compreensão da arte desse tempo. Por exemplo, um barco poderia significar um símbolo de Estado, da Igreja, da fé ou a vida. A água era ligada à limpeza, à renovação e ao batismo. Também significava perigo, ameaça ou pecado. Assim, as figuras nuas representadas na água de O Barco dos Loucos são pecadores. A água também poderia estar relacionada à demência, inclusive, na cidade holandesa de Meulebeck, os dementes eram levados a passar sobre uma ponte, com o intuito de obterem a cura.

Ficha técnica
Ano: c. 1494
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 57,8 x 32,5 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de Pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
Bosch/ Abril Coleções
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Bosch/ Tachen

2 comentaram em “Bosch – O BARCO DOS LOUCOS

    1. LuDiasBH Autor do post

      Kemmely

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      Abraços,

      LuDias

      Responder

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