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Textos sobre variados tipos de arte

Deutsch – O JULGAMENTO DE PÁRIS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O desenhista, xilogravurista e pintor suíço Nikolaus Manuel, apelidado de Deutsch (c. 1484 – 1530) deixou poucos dados a respeito de sua origem. Nada se sabe sobre seu nascimento, juventude e formação. Casou-se com a filha do pintor Hans Frisching, membro do conselho de Berna, ao qual veio a pertencer. Sua pintura pertenceu ao estilo gótico tardio suíço, na qual já se vislumbrava elementos renascentistas. Existem suposições de que possa ter sido aluno de Ticiano em Veneza. Sua oficina executou retábulos para igrejas e mosteiros. Dentre as suas obras mais famosas encontra-se “A Degolação de São João Batista”.

A composição intitulada O Julgamento de Páris é uma obra do artista. A cena apresenta um grupo de quatro pessoas debaixo de uma frondosa copa de árvore, sob um fundo escuro. Um homem vestido com uma túnica colorida, sentado, fala com uma jovem mulher à sua frente, coberta por uma túnica transparente, trazendo não mão direita uma maçã. Outras duas mulheres, uma nua, trazendo um estandarte e uma espada e a outra ricamente trajada com um vestido de veludo multicolorido que termina numa cauda de arminho – em conformidade com a moda da época – fazem parte do pitoresco grupo.

Acima da cabeça do homem, em letras douradas e prateadas, encontra-se a inscrição: PARIS VON TROY DER TORECHT (Páris de Tróia, o tolo). A figura nua com escudo e espada é tida como Juno, enquanto a que se encontra com uma túnica transparente é Vênus, pois se encontra gravado em ouro no seu cocar as palavras: FENUS FENUS (Vênus Vênus), além disso, na maçã em sua mão está escrito algo que pode ser traduzido como “esta maçã para a mais bela” (EN DIESER OP).

Segundo a mitologia clássica, a deusa da Discórdia fez com que três deusas do Olimpo disputassem uma maçã, ficando com a fruta aquela que fosse a mais bela. Em razão do atrito, Zeus decidiu que o mais belo dos homens fizesse a escolha. Coube, portanto, a Páris, filho de Tróia, que se encontrava pastoreando seu rebanho, a decisão de escolher entre Vênus, Minerva e Juno que aqui se mostra usando um cocar em sua cabeça, cobrindo os cabelos, indicativo de que é casada.

A fim de subornar o pastor, uma das deusas ofereceu-lhe fama, a outra poder e riqueza e a última ofereceu-lhe amor carnal. O jovem optou por Vênus, entregando-lhe a maçã como prêmio. A deusa que domina a obra e a cena, deixou o pastor totalmente fascinado. Veio depois a ajudá-lo a conquistar o coração de Helena de Troia, esposa do rei de Esparta, desencadeando a guerra entre gregos e troianos.

Vê-se nesta obra que o pintor cometeu um engano em relação à mitologia, pois deu a Minerva, a deusa da guerra, o nome de Juno (ou Hera), esposa de Júpiter (ou Zeus). Juno é, na verdade, a que se encontra ricamente vestida, pois é a deusa das deusas. Páris também não é descrito como um homem sábio, mas como um tolo por ter optado pelo amor carnal. A pintura tem, portanto, uma conotação moralista. É possível que o pintor tenha usado tal visão como álibi para apresentar os corpos nus, numa época de extremo moralismo.

O corpo de Vênus, a escolhida, está de acordo com os cânones da beleza gótica da Idade Média. Ela possui busto pequeno e rígido. Sua barriga proeminente e arqueada simboliza a fertilidade, portanto, não quer dizer que esteja grávida. Sua pele muito branca tanto pode ser indicativa de sua linhagem e ociosidade quanto de malignidade, pois ela sabia usar sua sexualidade para atrair os homens, muitas vezes os encantando e transformando-os em tolos. No século XVI havia advertências contra sua lascívia.

Na árvore copada estão pendurados dois brasões: um azulado, à esquerda, com um cisne dentro e o outro à direita, com um retângulo branco dentro da esfera avermelhada. São referentes à família de certo Bendicht Brunner, um poderoso de Berna. Cupido, filho de Vênus e símbolo do amor, com seus olhos vendados, dispara uma seta em Páris.

Ficha técnica
Ano: entre 1516 e 1528
Técnica: têmpera sobre tela
Dimensões: 223 x 160 cm
Localização: Öffentliche Kunstsammlung Basel, Suíça

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Francesco Albani – A TOILLETE DE VÊNUS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada A Toilette de Vênus é uma obra do artista Francesco Albani. Faz parte de uma série de quatro pinturas circulares (tondos). Vênus (Afrodite na mitologia grega) é a deusa da beleza e do amor, tendo sido muito cultuada pelos povos antigos.

Na tela, a deusa da beleza e do amor é representada em seu carro, num local paradisíaco, acompanhada pelas ninfas e por inúmeros seres alados. Estes últimos exprimem os prazeres da vida. Eles se encontram na árvore, na água e no chão.

Vênus, seminua, traz na mão esquerda um espelho, ajudada por um dos Cupidos presentes,  onde se olha. Três ninfas cuidam de sua beleza. Uma paisagem idílica completa a belíssima composição.

Ficha técnica
Ano: c. 1620
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 154 cm (diâmetro)
Localização: Galleria Borghese, Roma, Itália

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch

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Hans Memling – A VIRGEM EM LAMENTAÇÃO…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor alemão Hans Memling (c.1433 – 1494) tem a sua arte situada no ponto de transição do Gótico para o Renascimento. É possível que tenha estudado com o mestre Rogier Vander Weyden, em Bruxelas. Era dono de um estilo pessoal, sendo suas obras ricamente detalhadas e harmoniosas. Nos seus últimos anos de vida, o artista foi seduzido pelo Renascimento italiano.

A composição religiosa denominada A Virgem, São João e as Santas Mulheres, também conhecida como A Virgem em Lamentação e as Pias Mulheres da Galileia, é obra do artista. Apresenta quatro figuras, sendo três mulheres e um homem.  Esta obra faz parte do Acervo do MASP desde 1954.

A Virgem Maria, com as mãos cruzadas sobre o peito, encontra-se amparada por São João Evangelista que usa um manto vermelho e traz os olhos chorosos voltados para sua direita. Atrás da Virgem encontram-se as santas mulheres. Maria de Cleofas, Maria Salomé (mãe de Tiago) e Maria Madalena, segundo os textos sagrados cristãos, acompanharam a Virgem até o túmulo de seu filho Jesus Cristo.

As cinco figuras repassam ao observador um sentimento de profunda dor. Todas elas trazem lágrimas escorrendo pelo rosto. Maria Madalena, com seu vestido minuciosamente trabalhado, tenta enxugar o olho direito. Pelo gesto e olhar das duas mulheres que trazem as mãos levantadas, pelos olhos parados da Virgem e pelo olhar de São João Evangelista têm-se a impressão de que o grupo encontra-se diante do sepulcro de Cristo.

A composição, com suas figuras verticais e ricas cores, é muito delicada. Atrás do grupo, em segundo plano, vê-se uma calma paisagem sob um céu azul com nuvens brancas.

Ficha técnica
Ano: 1485 a 1490
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 54 x 40 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Simon Vouet – PSIQUE VENDO O AMOR DORMINDO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Psique vendo o Amor Dormindo é uma obra do pintor francês Simon Vouet. Em sua pintura, o artista toma como tema o mito grego sobre Psique e Cupido.

A cena representada diz respeito à curiosidade de Psique em relação ao seu amor alado (Cupido) que só a visitava durante a noite, sem permissão para que ela pudesse vê-lo. O artista retrata o momento em que ela acende uma lâmpada de azeite para iluminá-lo.

Cupido encontra-se nu sobre lençóis brancos, debaixo de um dossel vermelho, magnificamente arranjado, o que torna a cena ainda mais sensual. Seu arco vermelho e aljava encontram-se sobre um móvel, atrás de Psique que traz um manto verde em volta do corpo e na mão direita a faca, com que iria matar o imaginado monstro apregoado por suas irmãs. Com a mão esquerda ela ergue a lâmpada fatídica.

Conta o mito que para vingar-se da beleza de Psique, Vênus pediu ao seu filho Cupido para castigá-la, fazendo com que se apaixonasse por um ser mortal. Ao vê-la, contudo, ele se sentiu embriagado com sua beleza e acabou se ferindo com a própria seta, vindo a apaixonar-se por ela. Psique foi morar com ele num palácio, sem jamais vê-lo. Ao receber a visita das irmãs, essas lhe disseram que seu marido era uma terrível serpente que iria devorá-la depois, deveria, portanto, esconder uma lâmpada e uma faca afiada, a fim de decepar sua cabeça, enquanto ele dormisse. E assim agiu a ingênua esposa, antes de surpreender-se com a presença de Cupido, que a abandonou, chateado com a sua deslealdade.

Ficha técnica
Ano: 1626
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 112 x 165 cm
Localização: Musée des Beaux-Arts, Lyon, França

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM

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Jackson Pollock – Nº 5, 1948

Autoria de Lu Dias Carvalho

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No chão encontro-me mais à vontade. Sinto-me mais perto e mais próximo da pintura, pois desta forma posso caminhar ao seu redor, trabalhar dos quatros lados e estar literalmente dentro da pintura. (Jackson Pollock)

Foi o primeiro pintor estadunidense a inovar com uma linguagem gestual, intuitiva, auto-expressiva e abstrata que abriu as portas para outros membros da Escola de Nova York que se seguiram. (David Gariff)

O pintor estadunidense Jackson Pollock (1912-1956) que figura como um dos mais importantes artistas dentro do expressionismo abstrato. Foi aluno de Thomas Hart Benton e trabalhou para o Projeto Federal de Artes da WPA. Durante os anos 30 foi influenciado pelos muralistas mexicanos. Em 1947 ele passou a usar a técnica do “dripping” (gotejamento). Morreu num acidente de automóvel aos 44 anos de idade.

Pollock, com suas pintura de salpicos, é responsável por uma das obras mais caras no mercado das artes – Nº 5, 1948. Esta pintura encontra entre as 50 mais famosas do mundo, sobretudo pela astronômica quantia pela qual foi vendida (140 milhões de dólares) em 2006, para um colecionador, entrando na lista dos quadros mais caros da história da arte.

A gigantesca tela ao ser pintada não foi colocada sobre cavaletes, mas sobre o chão do estúdio do artista, o que lhe permitiu andar em torno dela numa profunda interação com sua obra,  expressando suas mais profundas emoções. Para criar sua composição, feita sem nenhum esboço, desenho ou qualquer outro tipo de preparação anterior, Pollock salpicou tinta sobre a tela. Ao escorrerem, os pingos foram formando traços harmoniosos e entrelaçamentos sobre a superfície. O artista tampouco fez uso de pinceis, mas tão somente de instrumentos incomuns como paus, facas e espátulas. Também usou latas furadas com tinta industrial utilizada na indústria automotiva, escorrendo sobre a tela.

Ainda que se trate de uma obra abstrata, ao mirá-la, o observador tenta dar sentido, ou seja, encontrar algo concreto nessa profusão de cores, linhas e pontos. Embora a maior parte da pintura tenha sido feita ao acaso, há partes que mostram que o pintor trabalhou, buscando certa harmonia. Não existe um ponto focal na pintura, podendo ser olhada de todos os ângulos e, como o artista dizia, não contém “início ou fim”. Pollock não tinha a preocupação de ilustrar o que quer que fosse, mas apenas o desejo de expressar suas emoções, dando vazão ao inconsciente.

Jackson Pollock usava uma técnica conhecida como “dripping” (gotejamento) para criar suas obras. Ela consistia em respingar tintas sobre gigantescas telas. Ele foi um dos pioneiros do movimento artístico chamado expressionismo abstrato, surgido nos Estados Unidos, na década de 1940.

Ficha técnica
Ano: 1948
Técnica: óleo sobre cartão de fibra
Dimensões: 240 x 120 cm
Localização: coleção particular, Nova Iorque, EUA

Fontes de pesquisa
https://digartdigmedia.wordpress.com/…/no-5-1948-de-jackson-pollock/
http://obviousmag.org/archives/2011/01/quanto_vale_uma_obra_de_arte.html

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OS ALGARISMOS NA DECORAÇÃO E NA ARTE

Autoria de Fabio Contissa


A arte está na capacidade de fazer com que todos consigam ter um olhar diferente sobre qualquer coisa em seu cotidiano. Algo banal pode se tornar artístico, dependendo do contexto em que se encontre inserido. Podemos tomar como exemplo as latas de sopa, mictórios, flores e até mesmo números usados artisticamente. Não é preciso ter uma obra de arte cara para decorar seu espaço.

Saiba que você também tem os seus números da sorte, mas será que já pensou neles como elementos artísticos, como decoração, além de – é claro – amuletos da sorte para escolher endereço, placas de carro ou apostas lotéricas? Pois saiba que muita gente trabalha com isso e as opções são incontáveis.

Há diversas maneiras de utilizar os algarismos artisticamente, seja com colagens, com mosaicos de placas ou números estilizados que imitem CEPs, por exemplo. A criatividade pode formar obras de arte que se transformam em maravilhosos elementos decorativos. Moda e decoração utilitária podem estar juntos! Sair do lugar comum é sempre uma ótima opção, você terá um elemento fashion e a cultura pop estará presente, seja em casa ou na rua.

O guitarrista da renomada banda irlandesa U2 adorava utilizar camisetas cuja estampa tinha alguns números. Ele fazia piadas sobre o assunto, dizendo que só sabia o significado delas quando diziam a ele. Por sua vez, o pintor espanhol Salvador Dali utilizou numerais em alguns de seus quadros, como em sua famosa obra intitulada “Persistência da Memória”, onde ele apresenta seus conhecidos relógios derretidos, um dos mais conhecidos símbolos do surrealismo. Todos os relógios estão marcando horas diferenciadas, como se o tempo não existisse, mas os números ali estão para lembrá-lo.

Outro estilo artístico que usa e abusa dos algarismos é a pop art. Vários representantes deste movimento incluíram representações coloridas e fora do antigo padrão dos numerais em suas obras, principalmente os norte-americanos Andy Wahol, o maior nome do movimento de pop art, assim como  Jasper Johns, um dos mais importantes pioneiro da pop art e que começou pintando objetos comuns como bandeiras, mapas e algarismos.

Como o leitor pode deduzir, não faltam opções para tornar sua casa e o espaço onde trabalha diferentes, criativos e lúdicos e, sobretudo, mais modernos. Basta saber onde colocar alguma solução inusitada, uma pitada de bom gosto. Decoração pode ser um passatempo muito divertido. Muitas pessoas têm ideias incríveis em relação ao uso dos números na decoração, bastando apenas colocar mãos à obra.

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