Autoria de Dr. Telmo Diniz
Esta semana não quero falar de intolerância à lactose ou ao glúten. Quero falar sobre a intolerância de uma forma genérica e voltada ao seu real significado. Conceitualmente, intolerância é uma atitude caracterizada pela falta de habilidade ou falta de vontade em reconhecer e respeitar as diferenças entre as pessoas, como crenças e opiniões. Já a estupidez se expressa em pessoas desprovidas de inteligência. Uma pessoa intolerante não só é inábil, mas também burra e ignorante.
Portanto, não seria exagero achar que a intolerância seja o mais estúpido e egoísta dos sentimentos humanos. Ser intolerante é assumir a burra incapacidade de aceitar a conduta diferente do outro. É absorver um ideal com tanta força e ter uma presunção tão grande de que tudo tem que funcionar exatamente de uma só forma. Ser intolerante é considerar a possibilidade de que todo ser humano tem o mesmo gosto ou o mesmo pensamento. É querer simplesmente que o mundo gire em torno de si.
A intolerância é excludente. É a bagagem dos tolos. O intolerante se sente no direito de julgar e também definir o que é certo e errado. Ele é capaz de se apegar aos mais puros sentimentos e ideais, além de transformá-los em uma verdade violenta, normalmente carregada de fúria. Tudo movido pelo simples fato de querer que o outro tenha a mesma opinião. O intolerante acredita que tem em suas mãos a única e poderosa verdade e é incapaz de questioná-la. Esta deficiência de sequer pensar na possibilidade de estar errado é o mais marcante entre os “donos da verdade”. Impor sobre o outro uma ideia ou um comportamento único é uma agressão.
Não existem no mundo duas pessoas iguais. Deus nos fez diferentes. Como é possível ser capaz de criar uma “verdade” que possa mutilar o outro? Como é possível matar alguém por ter ideias diferentes? Isto é, no mínimo, estúpido! Grande parte das atrocidades humanas foi cometida por pessoas embriagadas pela intolerância, apoiada sempre por uma verdade imutável e implacável. A escravidão, a inquisição, o holocausto e a homofobia são os exemplos do quão sombrio e cruel o ser humano intolerante pode ser.
As ideias não precisam competir, apenas coexistir. Acredito que o processo de reconhecimento das nossas diferenças começa na nossa educação e por ela seremos mais tolerantes com o próximo. O núcleo familiar, onde as primeiras relações de uma criança se processam, irá formar o caráter e a personalidade de nossos jovens. Do mesmo modo as escolas devem acompanhar esse movimento, abrindo-se como aliada das famílias, para construir um espaço de discussão e enfrentamento dos conflitos existentes entre os alunos. É também nesse espaço de construção de cidadania que devem ser marcados valores que ressaltem a existência do “outro” que se distingue em cada um de nós.
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