Arquivo da categoria: Corpo e Mente

Filosofias e conjunto de práticas físicas, psíquicas e ritualísticas que buscam um estado de harmonia e equilíbrio físico e mental.

KAMA SUTRA – A ARTE DA SEDUÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A arte de seduzir não é tão fácil como muita gente pensa. Nada tem a ver com o tamanho do dote e tampouco com a profundidade das fendas e, menos ainda, com aquela velha lábia já démodé.  O buraco é bem mais embaixo, diria minha avó, na sua ingênua filosofia, tentando nos ensinar que as coisas não eram como nós, netos, pensávamos.

Atrair, ou encantar exige técnicas bem elaboradas, rosetas de filigranas montadas por finos ourives com suas mãos delicadas, acompanhadas de voz de rouxinol. Nada de toma lá, dá cá. Não se robotiza o amor, em qualquer que seja a sua forma.

O corpo é o ímã principal. Precisa ser bem cuidado e limpo. A pele deve ter a textura de um pêssego maduro no jardim de Nabucodonosor. Para isso, ela deve ser banhada em óleos e hidratada todos os dias para nutrir o amor, de modo que as mãos (de outrem) possam deslizar sem obstáculos.

Antes de chegar a colocar a mão na massa, é preciso, primeiro, deduzir que tipo de semelhança física e de pessoalidade existe entre os dois enamorados. Caso contrário, poderá cair nas mãos de alguém com personalidade duvidosa. A necessidade de semelhança física dá-se em função do encaixe. A chave do porão não cabe no orifício da porta de entrada. Não é verdade?

Seja você mesmo na ação do dar e receber. Não tente incorporar o personagem de outrem.  Agora, um óleo perfumando nas máquinas, faz os motores funcionarem a contento. Sugiro que seja com essência de canela ou erva doce, que dão um sabor especial ao prato. E ainda fazem bem à digestão.

A mulher, em especial, tem uma forte atração pelo abraço, como se quisesse se sentir protegida pelo macho. Ela tem necessidade, através de gestos, de dizer: “eu sou sua”. Portanto, não pule a casa do abraço. O apressado morre sempre na praia ou come cru. O casal deve encher a relação de abraços, nos mais variados graus, do mais suave ao mais sensual, com rima e tudo.

Nós, brasileiros, somos beijoqueiros por natureza. E a boca é o cálice, onde todo o devotamento que um dedica ao outro jorra. Comecem pelos cabelos, depois olhos, mordisquem os lábios e adentrem no mundo da paixão, onde tudo é possível e nada pode ser negado, para não magoar os deuses.

Já que todos trazem uma criança em si, está na hora dos joguinhos, das brincadeiras, supostamente infantis, mas cheias de magia. O corpo possui muitos caminhos, por isso, detenham-se um pouco em cada margem, para admirar a paisagem com mais intensidade, usando todos os sentidos. Ignore o tempo, já que ele não existe de verdade, a menos que você esteja no lugar errado e com a pessoa errada.

Até aqui falamos apenas das preliminares. O jogo ainda está longe de receber o apito final. Estamos no reconhecimento do campo, sem pressa, certos de que a vitória será total. Sem a ansiedade dos times de terceira divisão, que acabam por dar com a bola na trave. Só chutem quando tiverem a certeza de que o gol vai dar certo. Caso contrário é preciso recomeçar a jogada com a maior paciência, refazendo, com carinho, todos os lances.

Quem disse que beleza põe mesa na arte de amar? Quem disse que alguém tem que estar dentro dos padrões definidos pela Vogue para receber e dar prazer? O que conta é a capacidade de seduzir, a habilidade em se tornar especial para o outro, tornando aquele momento inesquecível, indescritível, insuperável, EXTRAORDINÁRIO.

E se alguém não possui imaginação suficiente, o Kama Sutra ensina 60 manejos corporais. Mas, antes, o casal precisa avaliar o seu grau de elasticidade e a força de sua musculatura.

Caros leitores, vocês notaram que esse tal nobre indiano Mallanaga Vatsyayana vê a fêmea apenas como a porção superior, alargada do pedicelo floral, sobre a qual se inserem os verticilos do líquido já nosso conhecido, constituído por espermatozóide e por plasma seminal do macho? Portanto, não deem ouvidos a ele.

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FENG SHUI – CÔMODOS DE NOSSA CASA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Neste artigo, os ensinamentos do Feng Shui estão mais voltados para as dependências de nosso lar que devem ser, sem dúvida, o nosso melhor cantinho no planeta. É na nossa casa que nos descansamos da labuta diária e recarregamos as nossas energias para o dia seguinte. Coitado daquele que não sente prazer em sua casa. Sua vida será sempre sofrível, carente de novas e boas energias.

Partes de nossa casa e objetos:

Porão (ou sótão) – simboliza o nosso passado e a nossa mente subconsciente. Se mal arrumado, significa assuntos mal resolvidos no passado. O lixo mais pesado vai sempre para o porão. O significado em nossa vida é muito forte, quando desordenado. Ficamos mais desesperançados, deprimidos, oprimidos, sem objetivo nenhum de progresso.

Quarto de despejo – quando desarrumado, emana uma energia ruim para toda a casa (ou apartamento). Deve estar em constante arrumação, para que receba  continuamente novas energias.

Entrada principal – mostra a maneira como nós vemos o mundo, quando olhamos para fora, e a maneira com abordamos nossa vida, quando olhamos para dentro. Se esse local estiver bagunçado, poderá reduzir o fluxo de oportunidades e de progressos que chegam até nós. O caminho deve estar limpo, organizado para receber energias positivas.

Porta dos fundos – Se a porta da frente funciona como a boca, onde as energias penetram, a porta do fundo possui sentido inverso, pois é um local de saída. Deve estar sempre desimpedida, sem nada que atrapalhe a passagem.

Atrás da porta – deve estar limpa, para que possamos abri-la com facilidade, para que a energia flua livremente, assim como a nossa vida. Muitas pessoas atulham tudo detrás da porta.

Corredor – responsável pela veiculação da energia em todos os cômodas da casa. Se obstruído, de modo a exigir que tenhamos que fazer manobras, para nele transitar, a nossa vida também passa a mover com dificuldade.

Sala – funciona como o coração da casa, onde as pessoas devem sentir inconscientemente atraídas por aquele lugar. Alguns enfeites devem ser colocados de maneira a fixar a energia positiva, tornando o ambiente agradável e aconchegante, o mais convidativo possível. Sem falar que a sala é o cartão de visitas das pessoas que aí moram. Ela pode passar uma impressão boa ou ruim para os que ali chegam e, portanto, trazer boas ou más energias.

Cozinha – os armários devem estar sempre limpos, assim como geladeira, fogão, freezer, etc. Um ambiente saudável produzirá alimentos saudáveis e, consequentemente, trará energias positivas.

Quarto de dormir – não devemos nos desmerecer, transformando o nosso quarto de dormir num depósito de lixo. A energia “envelhecida” fica suspensa ao redor de roupas sujas e coisas não usadas. Troquemos a roupa de cama, no mínimo, uma vez por semana. Não acumulemos desordem debaixo da cama. Mantenhamos as superfícies do quarto de dormir bem desimpedidas, para que a energia flua harmoniosamente, enquanto ali permanecemos. O ambiente exerce grande influência em nosso sono.

Guarda-roupa – normalmente usamos apenas 20% do que nele depositamos, durante 80% do tempo. Procure sempre descartar o excedente, de modo a não deixá-lo entulhado, impedindo a fluidez da energia entre os objetos que ali se encontram. Aquilo que está excedendo, estará fazendo falta a outrem. Doar faz bem ao doador e a quem recebe.

Roupas e vibrações – há pessoas que fazem das roupas uma continuidade de seu corpo. Guardam-nas até por 20 anos. Se não usamos uma roupa em dois anos, com certeza não a usaremos nunca. Elas refletem a nossa aura. Procuremos sempre usar roupas confortáveis, sem jamais nos transformarmos em escravos da moda. O nosso corpo merece e agradece.

Banheiros – é um espaço que precisa ser calmo, limpo e agradável. E é necessário que as coisas fiquem aí bem organizadas, privilegiando o espaço. Muitas vezes servem como um espaço para as nossas reflexões.

Gavetas – organizemos as nossas gavetas de maneira tal que a energia de nosso lar seja vibrante e fluente e não apática e apagada. Pelo menos uma vez por mês, devemos retirar o excesso de papel desnecessário.

Carro – mostra, de certa forma, como é a vida da pessoa, uma vez que é um pequeno mundo em si mesmo. Um carro bem cuidado traz energias boas para o motorista e seus ocupantes

Objetos de uso portátil (tais como bolsas, sacolas, pastas, etc.) – devem ser mantidos livres de quinquilharias, papeizinhos e passar por arrumações regulares. Retratam a nossa personalidade.

Fonte de pesquisa:
Arrume a sua bagunça com o Feng Shui…/ Karen Kingston

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FENG SHUI – COMBATE AO EXCESSO DE PAPEL

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Pensava-se que, com a era eletrônica, a quantidade de papel seria drasticamente reduzida. O que não aconteceu. Por isso, o tema de hoje leva em conta o papel, que continua a nos fazer companhia.

  • Livros – todas as pessoas de mente indagadora são apegadas a eles. Mas devemos tentar corrigir certo problema: o apego aos livros velhos impede-nos de criar espaço para que novas ideias entrem em nossa vida, e que muitas de nossas crenças sejam mudadas, em virtude dos progressos da Ciência, que tem desmascarado muitas coisas. Quem se apega a livros velhos, fica com as ideias emboloradas como eles.

O livro não pode funcionar como o substituto de um relacionamento com outros indivíduos, ignorando outros interesses. E que os solteiros levem isso em conta. Você poderá doar seus livros velhos a muitas bibliotecas de bairro. Assim não estará a perdê-los, mas a enriquecer outras pessoas.

  • Revistas, jornais e recortes – precisamos continuar aprendendo a cada dia de nossa vida. Mas, em virtude da quantidade de material que nos chega às mãos, precisamos ser mais seletivos. Precisamos fazer triagens periódicas, livrando-nos de informações, que para nada mais significam. Perderam a validade. Doemos nossas revistas para hospitais, creches, bibliotecas comunitárias, escolas ou reciclemo-nas, em vez de empilhá-las e ficar ocupando espaço, juntando poeira e energia negativa.

Jornais velhos, cujo papel é sempre inferior ao das revistas e livros, amarelam-se com o tempo e passam uma sensação ruim de desleixo e mesquinhez de quem os retém, além de serem um bom prato para as traças e para as alergias.

  • Material sentimental – aqui incluímos lembranças de casamento, cartões de congratulações, postais, papéis de doces, fitinhas e um monte de bugigangas.  Nesse caso, conservemos apenas aquilo que tem uma relação boa de afeto conosco. Descartemos o resto. Há muitas coisas que não merecem ser relembradas.
  • Fotos – elas também possuem energia. Façamos montagens coloridas, cartões postais, etc. Não guardemos fotos que nos relembrem tempos ruins do passado. Limpemos o espaço para que algo novo e bem melhor entre na nossa vida.
  • Escrivaninha – mantenhamos sobre ela o mínimo possível de objetos. Foi-se o tempo em que a presença de muitos livros e papéis simbolizava intelectualidade. Arrumemos esse nosso espaço todas às vezes que acabarmos nosso trabalho. Excesso de papel passa-nos a sensação de desordem e fracasso. Retiremos os objetos que não têm valor algum ou que não precisam mais ser usados. Coloquemos tudo numa gaveta ou em uma prateleira à parte, até que possamos nos desfazer deles.
  • Grandes bugigangas – coisas grandes, das quais nos recusamos a abrir mão (brinquedos que não mais são usados, incluindo os bichinhos de pelúcia, guarda-roupa velho, sofás velhos, esfarrapados e sujos, guarda-louça super ultrapassado, piano velho e quebrado, mesas enferrujadas, aparelhos de televisão e computadores estragados, etc.) funcionam como lixo absorvedor de energia em nossa casa, impedindo que não haja espaço para as pessoas e objetos novos, dando a entender que a nossa vida está encolhendo, além de trazer uma impressão ruim para quem nos visita. É preciso de novos espaços, para novas oportunidades.

Doemos tudo isso para pessoas necessitadas ou vendamos para lojas de objetos usados. Provavelmente nos perguntaremos depois: como conseguimos viver com aqueles trastes, durante tantos anos de nossa vida? O espaço limpo é fundamental no ambiente.

Controle da papelada

  • Descarte diariamente toda a papelada supérflua.
  • Nunca anote mensagens, recados, e-mails, número de telefone em pedacinhos soltos de papel. Tenha uma agenda e depois transfira informações importantes para o sistema de arquivos de seu computador.
  • Use o quadro de avisos apenas para assuntos em vigor. Escreva os demais lembretes na sua agenda. Montes de anotações soltas e de lembretes dissipam a sua energia.
  • Atualize a sua papelada financeira, o que traz prosperidade. Procure pagar suas contas dentro do prazo. Cumpra os seus compromissos dentro do tempo.
  • Procure ser atencioso com as pessoas. Ao receber um e-mail, procure dar a resposta no mesmo. Envie-a imediatamente, pois assim a pessoa saberá que recebeu a sua atenção especial e que ela é importante para você.
  • Deixe sempre uma cesta de lixo para papel perto de você. Esvazie-a todos os dias.

Nota: Imagem copiada de http://deliciadecasa.com.br

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MEDITAÇÃO: MENTE, CORPO E ALMA

Autoria de Lu Dias Carvalhomedi

A meditação não é apenas uma técnica de relaxamento. Mais que isso, ela é uma verdadeira ferramenta para a realização integral de nosso ser. (…) Florescimento humano, para mim, significa a realização do nosso potencial inato para alcançar uma felicidade duradoura, um estado geral de bem-estar, uma consciência sempre em expansão e uma serenidade obtida sem esforço. (Dr. Elliot Dacher)

A meditação, tida por alguns como relaxamento e por outros como uma busca espiritual, trata-se de uma técnica milenar de autoconhecimento, praticada nas mais variadas culturas, desde a Antiguidade. Muitos a consideram como a maneira mais eficaz de harmonizar o tripé: corpo, mente e alma, levando o indivíduo a ter contato com a sua essência interior. Mesmo a observação profunda de uma obra de arte pode levar a pessoa a um tipo de meditação.

O biofísico Stefan Klein explica que “Quando a mente se aquieta, os músculos se distendem e a atividade elétrica do cérebro entra no ritmo bem mais tranquilo das chamadas ondas alfa. Ao mesmo tempo, a frequência das pulsações, o consumo de oxigênio e a pressão sanguínea baixam. Além disso, menos hormônios do estresse circulam no sangue. Todo o organismo alcança um estado de maior equilíbrio, o que o cérebro interpreta como ausência de angústia e um relaxamento agradável”.

O objetivo maior da meditação é eliminar hábitos mentais disfuncionais, adquiridos ao longo da vida, responsáveis por gerar emoções aflitivas, estresse e angústia, frutos de uma mente hiperativa, que escondem a essência de nosso Ser interior em profundas camadas de sofrimento. A meditação permite-nos penetrar nas camadas das aparências, ou seja, da superficialidade, até atingir a essência, fazendo brotar as nossas boas qualidades, despertando a mente para que ela obtenha o seu pleno potencial, até então obscurecido.

É fato que a meditação acalma a mente e diminui o nível de estresse e a angústia no ser humano. Para isso, basta concentrar a mente em um “objeto” que pode ser uma palavra, um quadro, uma luz, um som ou mesmo a própria respiração. Como isso acontece? Ao direcionar a atenção para o “objeto”, a pessoa diminui sua distração mental e acalma a mente inquieta, hiperativa. Mas tal resultado é momentâneo, age apenas por algum tempo. As causas que levaram ao sofrimento continuam ali, quase que intocáveis. Faz-se necessário procurar a origem dos problemas, atingir a fonte geradora de estresse e angústia, dar fim à aflição emocional e à mente hiperativa. Fora disso, seria como tomar um remédio que alivia a dor temporariamente, sem buscar a causa.

A meditação deve ser um mecanismo de questionamento, de busca, bem mais que uma técnica de relaxamento temporária. É preciso descobrir as causas que levam ao sofrimento do corpo, da mente e da alma. É preciso penetrar fundo na própria consciência para corrigir os hábitos mentais imperfeitos e viciosos. Passos a seguir para alcançar tal objetivo:

  1. Dominar o falatório mental contínuo.
  2. Disciplinar a mente a fim de que se mantenha o maior tempo possível num estado de tranquilidade.
  3. Permitir que a mente descanse fácil e naturalmente, quando o Ser interior assumir um estado de expansão da consciência.

Pondo em prática essa técnica de meditação, a vida começará a mudar, de dentro para fora, pois, toda mudança permanente precisa nascer do âmago de cada um de nós.

 Fonte de pesquisa:
http://www.brasil247.com/ Revista Oásis

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A FORÇA DE VONTADE FAZ A DIFERENÇA

Autoria de Edward Chaddad

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Quando estava lá pelos meus trinta e poucos anos fumava demasiadamente.  Vício que adquiri na juventude impulsiva, naquele desejo de experimentar e que me custou muito caro. Eram quase três maços de cigarros por dia. Foi quando percebi que, se continuasse com aquela “tragação”, certamente seria levado brevemente para a Avenida da Saudade (cemitério local). Conscientizando-me de que a vontade é que vem em primeiro lugar, eu – um viciado inveterado – cônscio do mal que estava causando à minha saúde e à da minha família (fumantes passivos), de repente, sem avisar ninguém, decidi parar de fumar.  Nunca mais, coloquei um cigarro na boca, inclusive eu me afasto de pessoas que estão fumando ao meu redor. Essa decisão foi comemorada por minha família.

Eu comecei depois a comer como um leão. De um vício ruim entrei em outro. Engordei, engordei, engordei, chegando a ter 25 quilos a mais do que meu peso ideal. Virei um gorducho. Não sei como minha esposa me aturava (ela era uma santa). Com toda essa banha, estava ficando ridículo, grotesco, estapafúrdio e melancólico. Foi quando resolvi – mais uma vez – botar um basta nisso. Não dei bola nenhuma para dietas e medicamentos. Nem ao médico fui. Apenas mudei de vida. Passei a fazer uso de muitas verduras e legumes e de frutas nos intervalos entre as refeições mais importantes. Como pouco cereal, mas sempre integral, feijão, um pouco de carne, como ensinava a pirâmide alimentar. Ao mesmo tempo, coloquei fim no meu sedentarismo que cada vez mais contribuía para meu aumento de peso. Passei inicialmente a andar. Depois a correr, vagarosamente. Cheguei a correr quase oito mil metros três vezes por semana, intercalado por exercícios de natação. Fui bom nadador, quando adolescente – e retornei.

Comecei emagrecendo dois quilos por mês, aproximadamente, pois não fechei a boca. Apenas comia o que era necessário e recomendável. Aboli os alimentos industrializados, disse não para o açúcar, o óleo e o sal. Minha salada passou a ser sem sal. Adorei, pois comecei a sentir o gosto natural dos alimentos. Dei adeus às frituras e aos doces. É claro que vez ou outra como alguma fritura, um doce por semana e pouquíssimo sal. Chego até a comer macarronada, no entanto, com parcimônia. Os exercícios diminuíram, é claro, mas ainda ando pelos calçadões, não deixando de ativar minha circulação e tomando sol, tão necessário ao ser humano, responsável pela produção da vitamina D, imprescindível para os ossos. Mantenho ativos meus músculos.

Resultado: meus exames de laboratório estão excelentes. Segundo o médico, eles mais se parecem exames de uma criança. Portanto, posso afiançar que vale a pena pôr em prática a nossa força de vontade em prol de nossa saúde.

Nota: quadro de Fernando Botero

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TANATOLOGIA, ORTOTANÁSIA, EUTANÁSIA E DISTANÁSIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A beleza da morte é que ela nos desnuda completamente. A morte obriga a pessoa a ser ela mesma, a aceitar-se como é. Já vi muitos religiosos aflitos diante da morte, porque a espiritualidade deles era pregada, mas não vivida. Por outro lado, vejo ateus que morrem muito bem. Convictos de que tudo acabou. Eles sentem que fizeram tudo o que podiam, que gozaram a vida e ela foi muito boa. Quando a pessoa sente que a vida teve um sentido, ela morre bem. Não importa se acredita em Deus ou não. Quem vive bem, morre bem. (Dr. Franklin Santana Santos)

O homem fraco teme a morte, o desgraçado a chama, o valente a procura. Só o sensato a espera. (Benjamin Franklin)

Entrou em vigor em nosso país O Novo Código de Ética Médica que estabelece normas sobre situações clínicas até então cheias de controvérsias. E, se há um campo, em que a ética deve ser vista com muito rigor, este é, sem dúvida, a área médica, que lida com a vida humana.

Embora muitas religiões sejam pródigas em afirmar que somente Deus pode decidir sobre o nascimento e a morte do homem, a prática não funciona bem assim. Deixando de lado a violência, a fome (fruto das desigualdades sociais), a pena de morte, as guerras e tantas outras mazelas que ceifam vidas, a medicina possui poderes tanto para prolongar, quanto para abreviar a permanência humana na Terra.

Dentre as normas do Novo Código de Ética Médica, uma delas estabelece que nas situações clínicas irreversíveis e terminais, em que procedimentos cirúrgicos e terapêuticos configurem-se desnecessários, servindo apenas para aumentar o sofrimento do doente, o médico deve evitá-los, concentrando-se em oferecer todos os cuidados paliativos que atenuem a dor do paciente. Tal prática é chamada de ortotanásia.

O professor e geriatra brasileiro, Franklin Santana Santos, é um dos principais estudiosos da ortotanásia no país. Segundo ele, além de aliviar a dor física do doente é também necessário respeitar suas necessidades espirituais ou existenciais. Segundo Santos, os médicos encontravam muitas dificuldades em lidar com pacientes terminais, com medo de incorrerem em risco de processos por parte do Conselho Regional de Medicina. Agora, o profissional que optar por não entubar um paciente em estado terminal, com chance zero de cura, não corre risco de ser processado, pois a prática da ortotanásia (que ainda não foi aprovada por uma lei) está amparada pelo novo código como uma atitude ética.

Os procedimentos respaldados pela ortotanásia devem ser vistos com muito rigor, pois, se provada a má fé do profissional, ele será acusado de omissão de socorro, eutanásia (prática, sem amparo legal, pela qual se busca abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente incurável) ou assassinato e, portanto, sujeito a todas as penalidades da lei. Portanto, a família deverá, mais do que nunca, receber todas as informações possíveis, inclusive de outros médicos, para que não se sinta depois, responsável pela morte de alguém querido.

Também não podemos nos esquecer de que, apesar do belo juramento feito pelos médicos, quando se formam, a realidade é bem outra. Ninguém em sã consciência pode negar que os pacientes ricos são bem melhor tratados, muitas vezes passando por cirurgias desnecessárias, pois constituem um filão de “prosperidade” para os hospitais particulares, que hoje trabalham visando o lucro em primeiro lugar. Por isso, o risco da prática de eutanásia será muito maior com pacientes pobres do SUS. Olho vivo!

As fronteiras entre a ortotanásia e a eutanásia precisam ser bem delimitadas. Segundo o  doutor Santos, por exemplo, se um paciente foi diagnosticado recentemente com câncer e tem a perspectiva de viver várias semanas ou meses, em caso de uma parada cardíaca ele deve ser reanimado, recebendo todos os recursos tecnológicos, que vão lhe dar melhor qualidade de vida, no tempo que ainda lhe resta. Mas, se o doente já estiver em fase terminal, com metástase no cérebro e no pulmão, ele não deve ser reanimado. Se o profissional reanimá-lo estará cometendo distanásia (usando todos os meios para prolongar a vida do paciente à custa do sofrimento dele).

Quando vemos os profissionais de branco (médicos, enfermeiros, etc.) na sua lida nos hospitais com os mais diferentes tipos de doenças e doentes, ficamos impressionados com a facilidade com que transitam entre a vida e a morte. Mas as coisas não são como parecem. Pesquisas provam que eles também lidam mal com a morte e que possuem medo dela, assim como toda a sociedade, pois foram treinados para curar e não para apenas cuidar. Cada paciente que parte, não deixa de ser considerado um fracasso pelo profissional.

Segundo o doutor Santos, só para que tenhamos uma noção de como o médico não está preparado para a morte, das 181 faculdades de medicina do Brasil, apenas a Faculdade de Itajubá/MG tem na graduação a disciplina obrigatória de tanatologia (parte da medicina legal, que se ocupa da morte e dos problemas médico-legais com ela relacionados.). E, que é exatamente este medo de trazer a morte para a discussão, que atrapalha a expansão dos cuidados paliativos no Brasil, pois tais cuidados estão ligados diretamente à morte.

Ao contrário do Oriente, onde a morte natural é aceita com normalidade, nós ocidentais negamos a transitoriedade da vida. Somos parte de uma cultura pautada no prazer, no ter, na beleza e no poder. Achamo-nos capazes de estancar a fluidez de nossa existência. Dificilmente vemos na nossa sociedade um espaço para se discutir a nossa efemeridade. Mesmo as escolas postergam tal assunto, de modo que as crianças, ao perderem um ente querido, não associam a morte como parte da vida, o que lhes gera muitos traumas.

Há também sérias discussões para que se diga ou não ao doente sobre o seu estado de saúde. A maioria das famílias opta pelo silêncio. Ignora o fato de que as pessoas hoje são muito mais bem informadas sobre suas próprias doenças. A grande maioria dos médicos acha que o doente precisa saber de tudo, de modo a compartilhar sua angústia e, em muitos casos, resolver pendências de sua vida. Ele pode ter outras dores além das físicas, como sociais, psicológicas, existenciais, espirituais e buscar encontrar alívio para elas. Tanto o médico quanto a família precisam estar cientes disso, ajudando o paciente terminal.

Ao ser perguntado se existe a boa morte, doutor Santos toma como exemplo os estadunidenses, que enumeram as condições da boa morte:

  1. Não ter sofrimento.
  2. Estar rodeado pelas pessoas amadas.
  3. Ter autonomia e permitir que a doença siga seu curso sem interferências extraordinárias da ciência.

(*) Imagem copiada de http://pt.dreamstime.com/fotos-de-stock-royalty-free-menino-doente-em-uma-cama-de-hospital-image9590078

Fonte de pesquisa: Revista Época, 19 de abril de 2010

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