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A POESIA CAIPIRA

Autoria de Edward Chaddad caipi

A poesia caipira  é feita no dialeto caipira, que imita o som das palavras,  escritas como são ouvidas no meio rural do interior paulista, mesmo que estejam presentes graves erros de ortografia e gramática. Na verdade, escreve-se como se ouve falar, dentro do dialeto popular regional, ao qual se procura captar a maneira deliciosa do expressar acaipirado do interior de São Paulo, repleto de erros de português foneticamente assimilados e linguisticamente existentes no seio do povo. Por conter tantas transgressões ao vernáculo, os grandes gramáticos são preconceituosos em relação à poesia caipira, situando-a nas camadas mais incultas, atrelando-a ao linguajar vulgar. Esta crítica é feita por aqueles que defendem, intransigentemente, a obediência incondicional às normas gramaticais.

Meu avô, que era um homem culto, escreveu peças teatrais e fez muitas poesias caipiras, atendendo artistas de circos e teatros, principalmente, onde conquistou amigos que levavam a arte ao mais intocado e solitário povoado paulista, peregrinando pelo interior, proporcionando alegria e diversão, mostrando a tristeza, falando das coisas do coração, do dia a dia do lavrador quase inculto, em uma linguagem que eles compreendiam e aceitavam pelas condições locais.

É claro que há uma variação no dialeto em todo o nosso país, dada a grande dimensão territorial, a formação cultural de cada região, sua origem baseada em diversas raças e tribos, sobretudo miscigenadas, e também nas classes sociais diferenciadas, com peculiaridades encontradas, difundidas e lastreadas ao longo do tempo, enfim tantos fatores essenciais e coadjuvantes que impedem que o seu dialeto, a sua linguagem própria, um fato social, seja totalmente escravizado pelos grilhões da gramática.

Há, inquestionavelmente, uma messe enorme de variedades linguísticas que não podem ser censuradas e condenadas, insistindo nelas se impor as rédeas da linguagem urbana culta, em detrimento de um melhor sentido de comunicação que é a finalidade da língua. Este agir contraria a tradição da cultura popular, onde o dialeto é uma das suas manifestações. Não há colisão, na verdade, entre aquela e este, pois ambos se desenvolvem em cenários próprios. Não podemos ver na poesia caipira um desafio à linguagem culta, pois o dialeto não se subsume às regras gramaticais, mas faz parte certamente da Língua que é, na verdade, a síntese de todas as formas de expressão dos pensamentos, desejos e emoções de um povo ou até mesmo de uma tribo.

Esta espécie de poesia graciosa e hilariante, muitas vezes emotiva e romântica, resultante dos sentimentos mais íntimos do caipira, encontrada dentro do seu cotidiano, a quem é dirigida, fez e faz muito sucesso no meio artístico que entende o seu sentido. Por isso, principalmente, no passado, era muito utilizada em teatros, em emissoras de rádio e até, nos seus primórdios, na televisão. Vejo no seu antagonismo um preciosismo desnecessário, pois a linguagem culta é estranha também ao povo mais simples, onde se encontram os fatos do dialeto, um fenômeno linguístico.

A poesia caipira foi feita basicamente para ser declamada em teatro, festas juninas e nos meios escolares. Na sua essência, é uma imitação do falar caipira, da gente do mato, que pouco acesso teve à escola. Não se deve entendê-la como uma maneira de cultivar a desordem gramatical, mas, sim, compreender que ela está retratando o contexto social, voltada ao povo que fala daquele jeito e, desta forma, entende o seu mundo, indiferente à beleza gramatical, mas consagrando a expressão da língua isolada do seu contexto maior, mas apegada ao seu mundo mais perto do trabalhador rural.

Nos meios literários, há quem a defenda na forma mais rude e grosseira, mas há aqueles que pensam em trazê-la ao gosto mais refinado dos educados, longe do povo a quem foi dirigida. Assim, não podemos deixar de entender que, no dialeto, e é a sua função essencial, há uma variedade de expressões próprias em cada região, que não podem ser substituídas por outras estranhas, que impediriam uma melhor comunicação. Há, pois, preconceito contra esse tipo de poesia, embora nela exista muita arte, principalmente porque mostra, com expressões próprias do povo que morou ou ainda mora na zona rural, os seus sentimentos,  o seu interior, a sua alma. Nela comparece muita beleza, encantando a quem se dirige, que ri, acha engraçado e, às vezes, conforme suas letras, até chora. Em síntese, um potencial artístico maravilhoso.

A literatura é, sobretudo, beleza. Mesmo com um linguajar totalmente divorciado da gramática, a poesia caipira reflete os mais belos sentimentos de um povo trabalhador, simples, ingênuo e honesto. Existe quem faça este tipo de poesia com apego ao melhor português, com letras lindas, amarradas na linguagem culta, mas dirigida à cultura urbana, mostrando a beleza do sentimento e ao comportamento de nosso caipira do interior paulista. Mas esse tipo de poesia caipira, com linguagem culta, não pode ser entendido como a verdadeira poesia caipira, prescindindo do dialeto, pois jamais será compreendida pela gente simples da região.

A pseudopoesia caipira tem, tão somente, como liame à verdadeira, o pensar do caipira, construída com as palavras e a forma de expressão urbana, despidas das expressões rurais, que não a revelam nua, na pureza de suas expressões da variedade linguista caipira. Assim, a verdadeira poesia caipira simplesmente está dentro do quadro de confronto com as regras gramaticais, de bem como o dialeto, sem, entretanto, burlar a beleza da expressão. E um daqueles que fez este tipo de poesia foi meu saudoso avô, que buscou cantar em versos os sentimentos do lavrador brasileiro. Para ilustrar meu texto, aqui presente uma poesia caipira,  de autoria de meu avô, J.Triste:

O MARVADO

Namorei c´o seu Libório,
Cumbinemo si casá…
Mai, no dia do casório…
Que vergonha!… Cadê o tá?

Insperei pulo marvado!
Veiu o juiz, veiu o inscrivão!
Vei tudo os cunvidado,
Só ele num veiu, não!

Tinha virado sorvete!
Ele havia se pirado!
Me mandando esse biete:
– Mi adiscurpe…Sô casado!…

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POR QUE A MÍDIA DO NEGATIVISMO ATRAI?

Autoria de Glória Drummond             mídia

Existe uma atração intrínseca, no âmago das pessoas,  pelas  notícias negativas. Os noticiários de TV  passam  uma quantidade enorme de informações que geram  sentimentos negativos e poucas que trazem bem estar, esperança, alegria  ou uma mensagem positiva. Essa, infelizmente, é a “face urubu” da imprensa que vende jornais, tem audiência. Daí a vocação nata, implícita para repórter, investigador ou fofoqueiro em quase todos, marcando presença na internet. A desgraça alheia atrai muito mais do que a felicidade. O público quer separações, divórcios escandalosos, falências, corrupções, mortes,  detalhes escabrosos de crimes hediondos, sangue, corpos esquartejados. Se inexistem esses pormenores, não há interesse. Não há venda de jornais.

Sem pretensão  estatística, arrisco-me a dizer que   80% das notícias veiculadas na mídia giram em torno  do “lado urubu”, dos  fatos negativos, que despertam  sentimentos desconfortáveis, inadequados, que vão da   raiva, tristeza, medo, impotência, indignação à apatia ou à banalização de tudo, devido à insistente repetição. O pior é que a “máquina de fazer doidos” não dá sequer tempo para o espectador acomodar, digerir, metabolizar suas emoções. Após  um fato tristíssimo vem outro pior ou uma publicidade coagindo o subliminar a ser jovem, feliz, dinâmico, atraente pós-consumo de certo produto. Vejam o disparate nos comerciais das cervejas e a caça aos motoristas alcoolizados.  Ou o ideal de magreza e a publicidade de fast food, programas de gastronomia.  Essa  miscelânea de emoções, conflitos, apelos, desestrutura até os mais conscientes. O que dizer dos semianalfabetos ou dos alienados?

O padrão é semelhante  em todas as emissoras, seja nos jornais televisivos locais ou  de abrangência nacional. Alguns  acham que a culpa é da mídia na escolha das notícias negativas que veicula. O problema não é tão simples. A televisão vive da audiência, sim,  e se não existisse tanto  interesse  pela  notícia negativa, a mídia teria que melhorar ou mudar o que  coloca na programação, nos comerciais. Sob esse aspecto é válido o conceito ou enunciado da homeopatia – Simillia, similibus (semelhante atrai   semelhante).

A televisão baseia a sua  produção, a grade de programação, de acordo com  aquilo que as pessoas sentem-se atraídas em assistir. Se ela oferece um PF (Prato Feito) que inclui violência, escola de crimes, desrespeito aos valores essenciais da civilização, além de sexo gratuito e banal, é porque sabe que há público.  Notícias sobre tragédias  rendem semanas de insistência na pauta. Ficam  exaustivamente nos jornais da tevê, são comentadas em programas de auditório, de fofoca ou de debate até que outra escatologia aconteça.

Se algum canal, jornal impresso ou  rádio resolver veicular 80% de notícias positivas e apenas 20% de  negativas, teria  provavelmente uma audiência baixíssima e correria o risco de ir à falência. Os programas de melhor qualidade estão na televisão a cabo. E porque é paga, visa a um público específico, seleto, tem menor audiência. Não adianta colocar a culpa na mídia, bode expiatório para tudo. Nela  só permanece  aquilo que a população aprova via audiência. O importante é entender o que leva   o público à   atração pela  negatividade, ou ainda porque  bandidos, criminosos, celebridades à la Andy Warhol transformam-se em heróis e “escrevem” suas biografias, tornando-se bestsellers.

A negatividade  atrai devido ao fato de estar aninhada  no inconsciente das pessoas e, talvez, no inconsciente coletivo. Pensamentos, crenças, emoções guardadas do passado, sentimentos de tristeza, medo, mágoa, raiva e outros recalques,  acumulam-se durante toda uma  vida e passam a ter vida própria no interior  dos indivíduos,  formando um lado  escuro que busca o fortalecimento, que atua na escolha de conteúdos, torcidas pelos bandidos, fascínio por filmes de terror, violência, pornografia e geram alienação, doenças psíquicas. Certas pautas e seus desdobramentos  podem ser encaradas  como  de interesse nacional. Leva a um aprendizado ou exigência de mais segurança nos lugares que acolhem grande público, como  a tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.  Mas não a insistência, persistência, em busca de comoção, como no caso da morte de Tancredo Neves, um político em cima do muro durante 50 anos,  de repente transformado em mártir das Diretas-Já. Ou a morte de Lady Diana, Ayrton Senna… É interação negativa demais. Sem possibilidade de externar compaixão a conhecidos virtuais ou desconhecidos intocáveis.

Há um tipo de notícia-denúncia que fica sem cobrança da continuidade, explicação, solução. Exemplo: Jorgina de Freitas e o rombo no INSS. Serve apenas para elevar os níveis do estresse, medo, pânico, insônia, depressão na população às voltas com uma sociedade doentia,  vítima do  consumismo,  do capitalismo selvagem, da automedicação, da banalização da morte e de valores de conduta, essenciais no processo civilizatório.   Só as pessoas minimamente felizes, aptas a lidar com a Matrix, podem realizar transformações profundas no mundo. Se a maioria das revoluções se revelou sanguinária, ditatorial, sem o mínimo respeito aos Direitos Humanos, credite-se o fato ao substractum  dos líderes recalcados, sedentos de poder.

Além da percepção do lado escuro, é  vital fazer uma  faxina, um  5 S  do controle da qualidade, no potencial de  negatividade  acumulada. O desentulho ou descarte minimiza a atração pela mídia escatológica. Se a sociedade, como um todo, está doente, cumpre a cada pessoa fortalecer o próprio self, para não se diluir  num dos estágios da loucura coletiva que, em maior ou menor grau, atinge-nos a todos. Só a partir daí é possível proteger crianças e jovens do lado sombra.

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PORQUE NÃO COMO CARNE…

Autoria de Glória Drummond

galo   boia

Morro de dó das galinhas! Há muito deixei de comer sua carne branca e sofrida. Espremidinhas nas granjas ao ponto de ocupar o espaço de um papel sufit… nunca dormem, não têm prazer algum. Botam e botam, com luz intensa nos  olhos. Quando galeto, logo vai para o abate. Nascem de chocadeiras e vão passando na esteira nazista da seleção: ao menor defeitinho ou fragilidade e o pintinho é empurrado para um latão. Vai virar farinha… Os que trabalham nas granjas, no abate, não acham que são seres vivos! Que se a gente criar, vira um dócil  e inteligente bicho de estimação!  Tem até madame que compra caixa de pintinhos para dar de presente aos convidados das suas pestinhas que aniversariam, como se fossem brinquedos de plástico.

As caipiras,  pelo menos ao entregar seu pescoço à faca ou ao destroncamento, tiveram antes uma vida razoável…  Mesmo assim, se me convidam para comer um franguinho e vejo pescoço, asas, moelas, coração, peito, tudo num caldo que pode ser sangue coagulado  (o famoso molho pardo), perco a fome. Sinto mal. Até  carne de peixe não me apetece mais. Não faço distinção entre carne vermelha e carne branca. É tudo carne, exige sofrimento. É cadáver que ingerimos. Ferro, proteínas? Tiro-as de outras fontes. Breve vou eliminar os lácteos e ovos. Questão de consciência alimentar. Em nome da gastronomia, já  imaginaram o que fazem com os  gansos, cujo fígado vira o tal fois gras,  tanta a comida que lhes enfiam goela adentro? E finesse à parte, que gosto horrível tem essa iguaria!

Caviar, nem pensar. Imagine eu comendo óvulos de “peixa”? Nem quando fui à Rússia. Há muito estou às portas do  veganismo (vegetarianismo xiita), mas sem terrorismo, e  cada vez mais saudável. Minha esperança é que um  dia o homem  deixe de comer carne, acabar com a natureza   criando bois verdes (Ah! Esta Friboi do Toni Ramos e do Roberto Carlos!) para os gringos e aqueles churrascos chiques ou bregas de feriados, domingos e comemorações. Nos frigoríficos correm rios de sangue, adrenalina. O espetáculo é tão deprimente (já viu?),  tanta é a dor, o medo dos que vão morrer,  que os abatedouros ficam longe das cidades, das nossas vistas,  ao ponto de as crianças  não saberem de onde vem a carne maquilada que comem. Um dia perguntei a  uma delas de onde vinham os  alimentos. Quanto cheguei à carne, o menino disse: “Vem de um  pé de carne, tia !” Depois que lhe expliquei, disse : “Carne, pá mim , não!”

Qualquer um que não fechasse seus olhos e consciência para a realidade  do abate, diria o mesmo.  Não é sem dor que os animais são abatidos. A sociedade do lucro, consumo é selvagem. Não perde tempo e dinheiro, quando mata milhares de animais todos os dias. Eles são esfolados ainda vivos, Se duvida, vá ver. Tanto que o nome antigo era matadouro. Nem o  cavalo, esse animal que sempre acompanhou o  homem no processo civilizatório, não escapa dos abatedouros. Antes de morrer  cortam-lhe  parte das pernas para o sangue escorrer, numa espécie de sauna, eliminando a cor escura da sua carne.  Há açougues só de carne de cavalo! Os que apreciam essa  suada “iguaria”, dizem: “Não comem cachorro na China, não matam golfinhos a paulada no Japão, Noruega?” Eu poderia acrescentar : Não há bichanos, esses seres esculturais, telepáticos, meio bruxos, sendo caçados  para  tamborim  ou  churrasco?

Não suporto o cheiro da mais asséptica e decorada casa de carnes.  Sinto uma espécie de energia desprendendo daquelas carnes penduradas, dos comedores de carne disputando picanha, filés, bofes… Algo que beira a  um filme de terror.

A comemoração do nascimento de Jesus exige rios de sangue embebedamento de perus. E lembre-se: o Tender,  tão bonitinho,  dourado,  cheio de cravos, mel… é carne!  Leitoinhas-bebês, com maçã na boca, estiveram  dependuradas, tão branquinhas,  nas casas de carne. O choro dos dóceis carneirinhos, que sangraram de cabeça para baixo até morrer, não sensibiliza. Você  leu que  o Filho de Deus se alimentou de carne em  alguma passagem bíblica?  Não! e não lerá nunca! Ele aboliu os   sacrifícios de sangue do Velho Testamento.  A  multiplicação dos peixes?  Foi pensando na plebe ignara e rude. A dieta básica de Jesus, dizem,  era:  frutas,  cereais, vinho, mel, legumes e verduras   da  região. Como sei disto?  Ora, lendo! Um pesquisador de dietas, nutrição, autor de uma tese sobre alimentação, presumiu. Depois Jesus, como Sócrates, nada deixou escrito. E por que, lhe atribuem (ou a Deus) a permissão para comer nossos  irmãos, os animais?

Leonardo Da Vinci disse que no dia em que o homem conhecer a natureza dos animais, terá vergonha do seu passado de escravização, maus tratos, abandono,  sangue  derramado. Quando virá este dia? Vão passar Luas e Luas… Talvez um século. Vivemos num planeta  atrasado. Comer carne atrasa ainda  mais  o processo de evolução da própria humanidade. O que fazer com tantos animais? Eles não seriam  tantos, se não fossem criados como mercadoria. A natureza é sábia no seu processo de  equilíbrio.   Se os primeiros hominídeos viveram da caça é porque não dominavam as técnicas da agricultura, pastoreio e seus caninos eram imensos, diferentes  dos nossos.

Quem  sabe se  respeitando aqueles que não têm voz e direitos não  aprendemos  e  vivenciar  o respeito ao self (o  si mesmo), aos outros, e às  minorias ?

 Nota: Galo Morto (séc. XVII), de Gabriel Metsu e O Boi Esquartejado (1655), de Rembrandt

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PLANETA TERRA – O SAGRADO E O TERRENO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O futuro precário do planeta e, em consequência, o de todas as espécies, não é mais segredo para ninguém. Entretanto, o homem tem se recusado a aceitar que seja ele o maior responsável pela tragédia que se avizinha, assim como é o único como poderes para detê-la. Embora o mundo pós-moderno seja extremamente pluralístico em sua visão, somente um ecumenismo amplo, voltado para um mesmo fim, poderá salvar a Terra. É preciso que todas as sociedades aproximem-se uma das outras, em nome da sobrevivência das espécies vivas e do planeta como um todo.

A junção das religiões, grandes responsáveis pelo caminhar da humanidade, é de suma importância para a reversão do contexto abissal em que a Terra encontra-se. Não dá mais para se preocupar apenas com a salvação individual de cada homem, pois todos se encontram no mesmo barco, como passageiros de uma mesma viagem. Não mais restam dúvidas de que todas as culturas, todas as religiões e todas as filosofias, comprometidas com o bem comum, sabem que não é mais possível atingir o divino sem passar pelo terreno. Caso contrário seria negar que o homem é carne e espírito.

O escritor e psicólogo Erich Fromm, diz que as síndromes de afirmação da vida, dentre as quais estão inclusos o amor, a solidariedade, a justiça e a razão, entram em conflito com as síndromes de frustração da vida, onde se encontram a destruição, o sadomasoquismo, a ganância e o narcisismo. E que o distanciamento exagerado do mal pode, muitas vezes, contribuir para o seu açodamento, pois, só na medida em que se conhece o mal, é que se pode combatê-lo. Somente a união de todos os homens no combate da realidade brutal em que se encontra o planeta poderá encontrar caminhos para a salvação do todo. As tomadas de decisões e as ações humanas precisam ser trabalhadas em conjunto, inseridas dentro de um contexto cosmológico. A ética precisa ser compartilhada.

As religiões, por muito tempo, deram maior destaque às transgressões da “carne”, numa obsessão doentia em combater o sexo. No entanto, a maldade é muito maior nas guerras que destroem adultos e crianças, na destruição das florestas e na extinção irresponsável de suas espécies, nas decisões econômicas que levam à fome, na falta de assistência médica, água potável, abrigo e segurança e no uso de drogas proibidas. E, como não poderia deixar de ser, nada é mais maléfico de que um sistema que usa de tecnologia de ponta, mas que mantém a velha relação imperial escravo/feitor, em nome da produtividade e do lucro fácil.

É inacreditável o descaso que o homem atual nutre pelo planeta, quando comparado ao homem de ontem. O ponto central da maior parte das mitologias antigas destacava o fecundo casamento entre Céu e Terra. Quase por toda parte, a Terra era tida como a Grande Mãe. As árvores, assim como os homens, possuíam alma, de modo que cortá-las era um grande crime, só para citar alguns exemplos.

Vivemos numa época em que a tecnologia se faz presente nos mais diferentes campos. Mas ela não pode vir para aumentar a capacidade humana de destruição, violência, crueldade, injustiça e desumanidade. Ela deve servir ao amor pela vida. Por isso, a questão moral de hoje, quando todos sabem quais são as forças mais destrutivas de nosso planeta, é saber se o homem tomará sérias providências antes que o caos, como um buraco negro, engula tudo. Esta escolha é de todo aquele que é comprometido com a carne, o espírito e a vida na Terra.

Nota: Imagem copiada de http://zadropersonal.blogspot.com.br

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SOBRE HOMENS E MULHERES

Autoria de Lu Dias Carvalho map1

A mulher possui uma percepção bem mais aguçada do que o homem, sendo mais atenta aos pequenos detalhes. Ela tem mais facilidade em ler os sinais da linguagem corporal e compará-los com os sinais verbais, identificando as contradições que por acaso possam estar ocorrendo. É a tão conhecida percepção feminina.

O homem, por sua vez, possui uma visão mais globalizada das coisas, é mais sistêmico. Nasce daí a dificuldade que o sexo viril possui para enganar a companheira. Uma manchinha de batom que passaria despercebida aos olhos dele, aparece como uma mancha de óleo no litoral, para ela.

Estudos científicos comprovam que em relação à capacidade de comunicação, a maioria das mulheres é bem superior ao homem. Elas chegam a usar entre 14 e 16 áreas cerebrais, enquanto eles ficam na bagatela de 4 a 6. Mas isto é uma humilhação das grandes. Coitadinho do macho, ele parece tão incompleto!

A mulher média tem a possibilidade de trabalhar com três assuntos não correlacionados e usa cinco tons vocais diferentes, para passar para outro assunto e ressaltar aspectos de uma questão. Percebem os sinais por meio do subconsciente. É o que fazem a quiromante e seus congêneres, deixando muitas pessoas boquiabertas quando, na verdade, trata-se de um processo de observação aguda do comportamento corporal do cliente, adicionado ao entendimento da natureza humana e ao conhecimento de probabilidades estatísticas. É a chamada “leitura a frio”.

As pesquisas também apontam que a maioria das pessoas tidas como “paranormais”, pertencem ao sexo feminino, portanto, muito cuidado com sua mulher, senhor marmanjo, pois não conhece a capacidade da máquina cerebral que possui dentro de sua casa. Largue dessa mania de subestimar o poder da fêmea que está ao seu lado.

Deixando de lado a separação entre machos e fêmeas, vamos ao comum a ambos os sexos.Você saberia dizer, ao cruzar os braços sobre o peito, se foi o direito colocado sobre o esquerdo, ou vice-versa? Possivelmente estará entre os 70% daqueles que cruzam o braço esquerdo sobre o direito. Pesquisadores do comportamento humano descobriram que alguns sinais não verbais podem ser inatos, aprendidos, transferidos geneticamente ou apreendidos por algum outro meio.

O mais interessante é que são os mesmos, os sinais básicos da linguagem corporal, em culturas totalmente diferentes. A maioria dos homens, no planeta, enfia, primeiramente, o braço direito no paletó, ao vesti-lo, enquanto as mulheres, na sua maioria, usam o esquerdo. Os primeiros usam o hemisfério esquerdo do cérebro e elas, o direito.

Sinais comuns em todo o mundo:

1 – o sorriso, para indicar felicidade;
2 – sobrancelhas franzidas, para indicar tristeza, preocupação ou raiva;
3 – mover a cabeça para baixo, para indicar consentimento;
4 – balançar a cabeça de um lado para o outro, para indicar negação,etc.

Não podemos nos esquecer de que alguns gestos possuem significados diferentes, de acordo com a cultura desta ou daquela civilização. E são muitas as gafes acontecidas mundo afora, em razão de se colocar os gestuais de cada povo no mesmo caldeirão. Por isto, é muito bom que passemos a observar as culturas, dentro de suas diversidades.

Fontes de pesquisa:
1 – Desvendando os Segredos da Linguagem Corporal/ Allan e Barbara Pease
2 – O corpo Fala/ Pierre Weil e Roland Topankow

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ASSIM PENSAVAM OS FILÓSOFOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Sócrates – propunha o debate como forma de atingir o verdadeiro conhecimento, por meio de perguntas sistemáticas – método socrático.

Platão – pregava que todos os objetos neste mundo são cópias de “formas ideais” que existem em um mundo imutável, além do tempo e do espaço.

Aristóteles – dizia que o único mundo no qual o homem podia estar seguro era aquele em que vivia e que descobria através da observação e da experiência. E que todas as coisas têm duas qualidades: matéria e forma.

Santo Agostinho – dizia que a disciplina moral e intelectual aproxima o homem de Deus.

Tomás de Aquino – acreditava que os nossos sentidos proporcionam o conhecimento da realidade.

René Descartes – ensinava que mente e corpo são substâncias distintas e que as ideias implantadas em nossa mente por Deus podem ser descobertas pela razão.

John Locke – propunha que todas as ideias provinham da experiência, seja ela externa (sensação) ou interna (reflexão).

Spinoza – acreditava que Criador (Deus) e criatura provêm da mesma substância e que mente e corpo, Deus e natureza são dois modos de uma única substância infinita.

Leibniz – acreditava que há dois tipos de verdade: as verdades do raciocínio e as de fato.

Berkeley – dizia que só o “conteúdo” da experiência percebida em nossa mente existe de fato, por isso, há um preceptor, tudo é uma ideia de Deus.

Hume – dizia que não podemos saber se o mundo material existe de fato, não podemos ter certeza de nada, pois todo nosso raciocínio sobre causa e efeito deriva do costume.

Kant – acreditava que as sensações são processadas pela mente e produzem experiência e que só podemos conhecer as coisas com que nossos sentidos lidam. Outras coisas podem existir, mas não temos como saber sobre elas.

Schopenhauer – acreditava que a força propulsora em toda a vida é a “vontade” – de viver ou reproduzir-se, por exemplo – o que nos torna escravos dos nossos desejos e medos. A única fuga é a morte – ou a arte, que nos eleva para fora de nós mesmos.

Hegel – acreditava que tudo o que existe é cognoscível; se alguma coisa é incognoscível, não podemos dizer que ela existe.

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