Arquivo da categoria: Janelas pro Mundo

Artigos excêntricos de diferentes partes do mundo

ORIENTE – CASAMENTO INFANTIL OU PEDOFILIA?

Autoria de Lu Dias Carvalho

pedof

O pai de Ayescha mandou que ela calçasse sapatos de salto para parecer mais alta e escondesse o rosto com um véu. Avisou que, se o prendessem, mataria Ayescha quando saísse da cadeia. (Cynthia Gorney/ National Geographic)

Se casar cedo oferecesse algum risco, Alá teria proibido. O que o próprio Alá não proibiu não podemos proibir. (Mohammed Al-Hamzi, parlamentar iemenita)

Segundo o ICRW (Centro Internacional de Pesquisa sobre a Mulher), qualquer casamento de menor de 18 anos é considerado casamento infantil.

O casamento infantil não é uma mácula apenas na história da Índia, pois ele acontece em várias partes do mundo. O Afeganistão, Iêmen e Etiópia encontram-se entre os países em que tal prática é uma constante, realizada com muito mais agressividade, pois as crianças tanto podem se casar com rapazes, viúvos ou homens que poderiam ser seus tios, pai ou avós. Em certas regiões da Etiópia entra em cena a figura do sequestrador que rouba e estupra a menina, e depois exige que ela seja sua esposa por direito. A vida de uma pequena (mulher de um modo geral) vale tão pouco nesses países, que uma noiva infantil tanto serve para saldar uma dívida, como para apaziguar uma intriga entre duas famílias.

Um evento de gala ocorreu em Gaza. O Hamas foi o patrocinador de um casamento em massa para 450 casais. A maioria dos noivos tinham idades compreendidas entre os 25 e os 30 anos enquanto as noivas, na sua maioria, tinham menos de dez anos. Tudo com a devida autorização da lei do islamismo radical. (Dezembro/2009)

No Iêmen, Ayescha, uma garotinha de 10 anos, casou-se com um homem barrigudo de 50 anos, sendo o casamento descrito como o de uma ratinha com um elefante. A pequenina ficou totalmente aterrorizada à vista do marido. Mesmo sendo avisada, a polícia local nada fez. Casos esdrúxulos como esse acontecem com o total consentimento dos pais. Existe até um trato entre os iemenitas, chamado “shigar”, que nada mais é que uma espécie de acordo entre dois homens, em que cada um oferece a filha como noiva ao outro.

É comum uma mulher chegar aos 26 anos já com quase uma dúzia de filhos, embora os riscos de um parto para as jovenzinhas sejam enormes. Ao engravidar precocemente, antes de estarem física e emocionalmente preparadas, meninas menores de 15 anos possuem cinco vezes mais probabilidades de morrer durante o parto ou a gravidez, do que mulheres mais velhas. Mortes associadas à gravidez são, em todo o mundo, a principal causa de mortalidade para meninas com idades entre 15 e 19. O parto prematuro pode trazer vários problemas para as mães: dilaceramento da parede vaginal, rupturas internas, e, inclusive, a fístula que leva à incontinência urinária.  As meninas com fístula são quase sempre abandonadas pelos esposos e depreciadas pela sociedade em que vivem, como se carregassem um cruel estigma. Os problemas emocionais são ainda mais graves. Além disso, são altas as taxas de mortalidade de bebês nascidos de mães menores de idade

Saiu nos jornais que uma noiva de um vilarejo deu entrada no hospital em Saana (Iêmen), quatro dias depois de seu casamento. Sofrera ruptura de órgãos internos por relações sexuais, segundo o pessoal do hospital. Morreu de hemorragia. Ela tinha 13 anos.  (Cynthia Gorney/ National Geographic)

Nota: Tahani (de rosa), 8 anos, e seu marido Majed, 27 anos.
Foto retirada da revista National Geographic

Fontes de Pesquisa
National Geographic/ Setembro/2011

Views: 10

MONGÓLIA – O PODER DOS XAMÃS

Autoria de Lu Dias Carvalho

mongolia

Oh, meu espírito, eu cavalgaria dez vacas mongólicas para vê-lo. Consinta, por favor, que o cuco dourado guie-me ao espírito. (Invocação dos praticantes do xamanismo)

Quando alguém se torna xamã, tem a responsabilidade de cuidar das pessoas a sua volta. (Explicação de um xamã).

O espírito entra, a consciência vai embora para algum lugar bonito. E o espírito apossa do corpo. Quando termina, ele parte e a consciência retorna. E vem um cansaço imenso. A gente demora muito para se recuperar. (Revelação de um xamã)

O xamã é uma espécie de sacerdote, pajé ou médico feiticeiro, muito comum entre os povos asiáticos, que exerce a função de adivinho e curandeiro, e é dono de uma posição de destaque na sociedade em que vive. Diz possuir o poder de entrar em contato com forças ou entidades sobrenaturais, através das quais realiza curas, faz adivinhações, pratica o exorcismo e encantamento, entre outras coisas. Acredita que é usado pelos espíritos e, por isso, possui o poder de curar tanto o corpo quanto a alma. Ele se considera uma espécie de canal entre o mundo real, onde habitam os homens, e o invisível, habitado por espíritos e deuses.

Na Mongólia, a etnia indígena Darhad, presente no norte do país, é responsável por manter o xamanismo em evidência, preservando parte das tradições de seu antigo estilo de vida nômade. Como a região em que vive essa etnia, situada na fronteira da Mongólia com a Rússia, é muito distante, tem sido mais fácil conservar tais tradições, diante das mudanças culturais que vêm ocorrendo em outras partes do país.

O transe é a ocasião em que o corpo do xamã recebe o espírito do mundo invisível. Acontece através da meditação e dos cânticos que começam lentos e vão tendo o ritmo acelerado, até o momento em que o homem cai no chão, quando se diz incorporado pelo espírito. O ar fica cheio de fumaça, pois o xamanismo crê que ela chama os espíritos. Vários talismãs são dispostos no local em que o xamã recebe as entidades espirituais. Durante o transe, ele se põe a receber as pessoas que o procuram, falando-lhes sobre a vida passada, respondendo perguntas e dando conselhos.

O xamanismo, conjunto de crenças e práticas associadas às atividades dos xamãs e também a sistemas religiosos análogos de outros povos, especialmente indígenas das Américas, muitas vezes está associado à religião praticada no país. Na Mongólia, por exemplo, incorporou as tradições locais do budismo. No período soviético, seu exercício foi proibido juntamente com outras religiões, mas mesmo assim era praticado ocultamente. O xamanismo possui um profundo respeito pela natureza e uma grande ligação com o passado. Mas também existe a prática de muita charlatanice.

Os adeptos do  xamanismo explicam que o indivíduo já nasce xamã, pois é escolhido pelos espíritos, função que passa de geração para geração, numa mesma família. Mas aquele que exerce tal prática, sente-se na obrigação de zelar por sua comunidade e acaba arcando com uma gama de problemas e sofrendo uma grande pressão psicológica. Talvez seja por isso que o alcoolismo é muito comum entre os xamãs. Em grandes ocasiões, os xamãs atuam em conjunto, num ritual mais complexo, quando são feitas oferendas aos espíritos.

Segundo a crença, jamais se deve olhar para os olhos de um xamã, quando ele está possuído por uma entidade, para que coisas ruins não aconteçam ao observador. Os espíritos que descem, também fazem exigências: bebidas, cigarros, etc., de modo que o xamã-espírito tem que atender seus pedidos. Se uma pessoa é chamada para o xamanismo e não obedece, ela passa a sofrer de muitos problemas físicos e psicológicos, até que venha a aceitar o manto xamanista.

Segundo dizem, um xamã jamais deve receber dinheiro, mas não é o que sempre acontece. Muitos são criticados por cobrar caro por seus trabalhos e por buscar fama, quando deveriam viver de doações. Não pode haver mulher xamã e nem todos os ritos podem ser presenciados por ela, que pode ser impura. Mas algumas mulheres não aceitam tal proibição e se tornam xamãs.

Fonte de pesquisa:
National Geographic/ Dezembro/ 2012

Nota: Imagem copiada de g1.globo.com

Views: 1

JAPÃO – UMA HISTÓRIA MACABRA

Autoria de Lu Dias Carvalho

caveira

Sogen Kato é o homem mais velho do Japão, país aclamado pela longevidade de sua gente e pelo carinho que dedica aos idosos e às crianças. É também o país das maravilhosas cerejeiras, que florescem em março, após a partida do intenso inverno, embelezando todo o arquipélago do Sol Nascente. Mas elas são tão efêmeras, com é a nossa crença de que ali vivem os humanos mais imaculados do planeta Terra.

A crueldade dos nipônicos já é conhecida através da caça às baleias e aos golfinhos, transformada, literalmente, num mar de sangue. E pior, o país usa de subterfúgio para matar centenas desses mamíferos anualmente, aproveitando-se de uma brecha em um acordo internacional de 1986 que, apesar de proibir a caça comercial, permite a prática para fins de pesquisa. Ou seja, ludibriam o acordo para justificar a matança. O meu leitor querido poderá estar pensando que amanheci meio abilolada, pois deixei o personagem central perdido lá no início desta história. Em parte, é verdade, mas tenho apenas o intuito de prepará-lo para o que virá a seguir.

Hoje é dia de aniversário de Sogen Kato. O bom velhinho completou 111 primaveras. Ou seriam cerejeiras? Os funcionários da prefeitura de Tóquio são instados a visitar o ancião mais velho da capital do país. Vão até a sua casa, mas ele não os quer receber. A família entra e sai tentando convencer o pirracentinho, mas nem uma legião de kami conseguiria removê-lo de sua decisão. Quer passar os seus 111 anos apenas com os seus entes queridos que tão bem zelam por ele. Nada de formalidades governamentais. Os funcionários, se quiserem, que vão visitar outros velhinhos. A família explica e explica, mas os burocratas são ciosos no cumprimento de seus deveres. Poxa, eles bem que poderiam respeitar o desejo de Sogen Kato. Para que tanta pertinência com alguém que não precisa de quase nada neste velho mundo? A insistência incomoda os parentes que não arredam pé para atender o patriarca.

Quando tudo parecia resolvido, a polícia bate à porta da família em questão, que não a abre. Acha que o velhinho tem todo o direito de ser atendido em seu desejo. A lei não se dá por vencida e invade a casa da família de classe média. E lá, no seu quarto enfeitado com lanternas vermelhas e brancas, e com um perfumado altar dedicado a Buda, está Sogen Kato todo arrumadinho e cheirando a cerejeira, na sua cama de pinho, sem um fio de cabelo fora do lugar, estampando no rosto um meio sorriso. Pede aos funcionários que se aproximem dele e lhes beijem as mãos. Depois pede à filha que lhes sirva uma dose de saquê (bebida fabricada pela fermentação do arroz e tomada geralmente quente e em grandes comemorações) com bolinhos de feijão.

Não! Peço ao leitor que apague o parágrafo acima. Não foi nada disso. Tomei mais saquê do que deveria. Na verdade, Sogen Kato não passava de um cadáver empoeirado, vestido com um pijama e coberto com um cobertor, tendo ao lado um jornal datado de 5 de janeiro de 1978. Segundo os legistas, o mais velho ancião de Tóquio já estava morto havia 32 anos. A múmia do vovozinho dividia a casa com a filha de 81 anos, o marido dela, de 83, e seus dois netinhos. Isso é que é amor! Coitadinha da família, não tinha culpa nenhuma e tampouco tinha conhecimento do ocorrido. Por isso, não devemos julgar sem conhecimento de causa. Imagine o leitor que, ao ser interrogada, a inocente netinha de 53 anos disse à polícia invasiva que, há alguns anos, vinha “desconfiando” que o vovô estivesse morto, mas não tinha certeza. Coitadinha! E arrematou:

– Ninguém entrou no quarto, desde que ele se trancou ali, para se tornar um Buda vivo.

Não posso omitir que o velhinho recebia 1.617 dólares de aposentadoria, mensalmente, em sua conta, que era movimentada pela família, já que Sogen Kato não tinha mais energia para fazer tal tarefa.  E sua história levou a outras, pois dias mais tarde, próximo à casa do finado, policiais encontraram o filho de um homem de 103 anos, “desaparecido” há 38 anos, que continuava a receber a pensão do pai. Mas ele se mostrou muito respeitoso e preocupado com o seu genitor, explicando com muita sabedoria:

– Continuo recebendo a pensão, para a eventualidade de um dia ele voltar para casa.

No que estava muito certo, pois um homem prevenido vale por dois. Vai que o velhinho volta e ainda traz consigo uma mulher e mais meia dúzia de filhos… É melhor prevenir do que remediar. O fato é que os dois casos deixaram o governo japonês com a pulga na orelha. E, para não levar a pecha de babão, resolveu se intrometer na vida de todos os centenários. Fez 100 anos? Pimba! Lá está um funcionário batendo à porta para levar flores e um prato de doce de feijão azuki, mas que só podem ser entregues na mão do aniversariante. Mas que falta de confiança na família, minha gente!

Num intervalo de poucos dias, a busca pelos centenários contabilizou 280 idosos mortos ou desaparecidos, embora estivessem cadastrados como “vivinhos da silva”. E outros 840 estavam sendo investigados. Mas mais macabras são as aposentadorias imorais vistas em nosso país, que atingem mulheres e filhos de certas categorias. Elas nunca lavaram uma xícara em prol de seu país. As aposentadorias políticas são um desrespeito ao trabalhador. O Brasil, desde a sua época de colônia, tem sido pródigo com uma chusma de lesa-pátria. No Japão, pelo menos, medidas são tomadas e os salafrários punidos – pensará o leitor, com toda a razão.

Nota: Caveira num Nicho – Barthel Bruyn

Views: 0

JAPÃO – O QUE É UM BURAKUMIN?

Autoria de Lu Dias Carvalho

barak

Para a maioria dos leitores, Burakumin é um nome totalmente desconhecido, de modo que não faz a menor ideia de onde vem. Mas não será por muito tempo mais. Portanto, amigos, apertem os cintos e arregalem os olhos. Quem diria?! E se alguém pensa que os párias vivem apenas na Índia, atrelados ao atraso do terceiro mundo, está redondamente enganado. Os Burakumin, também conhecidos como Semmin, Hinin (não-humanos) Eta ou Yotsunin (os que andam de quatro) são os párias japoneses. Como os nossos já conhecidos dalits indianos, também são tidos como impuros e, consequentemente, inferiores, não tendo permissão para se misturar à sociedade “normal”, encontrando-se isolados dentro do próprio país do Sol Nascente.

Numa época em que o mundo tornou-se uma Torre de Babel e que parte da humanidade vive como nômades, é possível imaginarmos que os Burakumin sejam pessoas de outra etnia que não a japonesa. Mas não! Os intocáveis descritos aqui são étnica e culturalmente japoneses, não havendo nada que os diferencie dos demais, a não ser os seus ancestrais. Em 1974 eram por volta de mais de três milhões de almas, já que outras tantas escondem a sua origem, para evitar o preconceito que é violento, sob todos os pontos de vista. Como os Barakumin surgiram? Dizem os historiadores que existem três diferentes versões:

1ª – são descendentes dos aborígenes, povos primitivos do Japão, que foram dominados pelos que chegaram ao país, posteriormente;
2ª – são descendentes de imigrantes filipinos e coreanos;
3ª – são pessoas que, há muitas e muitas gerações passadas, foram encarregadas de matar, limpar e preparar os animais para o consumo. E, com o tempo, também passaram a cuidar dos corpos dos mortos, preparando-os para os funerais. No meio do século XVIII, Atsutane Hirata, o reformador do xintoísmo (religião principal do Japão), escreveu que os Burakumin eram impuros e inferiores, devendo permanecer separados da sociedade e impedidos de entrar nos templos. Decreto cumprido até os dias de hoje!

O xintoísmo já trazia a noção de poluição associada à morte e, com a chegada de outra religião, o budismo, no século VI d.C., reforçando esse mesmo preconceito, assim como a proibição do consumo de certos animais, a situação dos Burakumin só fez complicar. Como parte da segregação, eles passaram a ser mantidos em bairros ou vilas, chamados de “Buraku” (significa “vila” em japonês) e, como no caso dos dalits, totalmente desdenhados pela sociedade, sendo obrigados a viverem isolados e a casarem entre si.

A pergunta que nos vem à mente é: como é possível que, passados tantos séculos, os japoneses ainda conseguem saber quem é um Burakumin? Consta que a lista sobre as famílias dos Burakumin, feita no século VII, vem sendo atualizada por detetives particulares. A seguir, são reproduzidas e vendidas a um grande número de companhias japonesas, que as usam para identificar os Burakumin, de modo a excluí-los dos empregos. Tal listagem, muitas vezes, é consultada por famílias, para conhecerem a origem de seus possíveis novos membros, em caso de casamentos.

Embora tal prática ainda tenha sequência em pleno século XXI, o governo japonês, em 1871, por decreto, transformou os Burakumin em pessoas comuns. Tanto lá como cá, sabemos que sem fornecer os meios para a educação de um povo, torna-se impossível esperar por mudanças de fato. E leis, que ficam somente no papel, são desprezíveis. Por isso, sem ajuda financeira e educação, os Burakumin continuam sendo vistos como Burakumin. Tampouco o xintoísmo e o budismo fizeram algo para mudar a vida dessas pessoas, perpetuando a posição de subalternidade delas, cuja situação pouco mudou nos dias de hoje. Normalmente, os trabalhadores são empregados em empresas que trabalham com carne, pertencentes a pessoas mais pobres. Suas crianças sofrem discriminação nas escolas, onde são chamadas com nomes relacionados a animais. Contudo, os Burakumin legaram à cultura japonesa grandes artistas, criadores do teatro noh , kabuki e kyogen e escritores como Mishima e Kenji Nakagami.

Desde 1980, mais e mais jovens Burakumin vêm se organizando e protestando contra a discriminação social em que vivem. Movimentos com vários objetivos, que vão desde a “libertação” para incentivar a integração, têm tentado pôr um fim à situação.

Nota: Imagem copiada de http://sjnsociologyblog.wordpress.com

Fontes de pesquisa:
 Japão/ Louis Frédérica
http://www.espacoacademico.com.br

Views: 2

ÍNDIA – UM MOSAÍCO DE ETNIAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

etind

É muito comum ouvirmos certos meios de comunicação tecerem loas ao mosaico indiano, com suas diferentes etnias e culturas, dizendo que tudo ali convive na mais absoluta harmonia. O que não passa de blá-blá-blá de quem vê o país apenas sob a aura do exotismo, pois na verdade, esse diferencial é um dos pontos mais agudos na manutenção integral do território indiano, pois as etnias foram sempre causa de guerras internas no país, causando banhos de sangue em muitas regiões, bastando que uma julgue que seu templo foi profanado. Aproximadamente 7% do total da população indiana pertencem a mais de 300 tribos catalogadas.

A origem exata da maior parte do povo indiano é impossível de ser determinada, por conta da grande variedade de raças e culturas invasoras que foram assimiladas no subcontinente. Muitas das etnias indianas, que mais parecem uma colcha de retalhos, jamais aceitaram a dominação por parte de outras. Calcula-se que existem na Índia 1.652 línguas vernáculas (sem agregação de estrangeirismos) e 67 línguas de ensino escolar em diversos níveis. A Constituição de 1950 tornou o híndi, escrito em ortografia devanágari, a língua oficial do país e enumerou as 15 línguas oficiais regionais: assamês, bengali, gujarati (ou gujerat), hindi, kanara, caxemira, malaiala, marathi, oriya, pendjabi, sânscrito, sindhi, tâmil, telugu e urdu. No entanto, o híndi encontrou certa resistência, particularmente nos estados do sul e em Bengala, o que conduziu à manutenção do inglês, como segunda língua privilegiada, de elite, que permite os contatos internacionais e a obtenção dos melhores empregos.

Os parsis (“persas” na língua gujerat) vieram da Pérsia e se estabeleceram na Índia, na região do Gujarate, por volta de 1000 anos atrás, devido à perseguição religiosa no país de origem, e hoje são caracterizados por sua religião e costumes. A comunidade parse possui mais mulheres do que homens, primeiro, porque ela não mata os fetos e bebês femininos e, segundo, porque os homens morrem antes das mulheres, portanto há muitas viúvas. 97.9 % dos parses são alfabetizados e a maioria mora nas cidades, embora os professores ainda partam do pressuposto de que as garotas usam a faculdade para encontrar um marido. Os pais acham que a inteligência numa mulher é um desperdício, na constituição de uma família. Também preferem as moças de pele mais clara, para casarem com os filhos.

Os parses são bem mais liberais do que os hindus na escolha dos casamentos, mas o futuro de suas garotas também é usado como moeda de troca. É muito comum as mulheres dizerem que “sempre que os homens fecham um acordo de cavalheiros, são as mulheres que acabam sofrendo, de modo que as filhas são sempre o cordeiro do sacrifício”. Enquanto as mulheres hindus ameaçam se jogar no poço com uma pedra no pescoço, as parses ameaçam se jogar no fosso do Templo do Fogo. Na sociedade parse também reina o medo de que uma mulher revoltada possa colocar veneno na comida do marido. Entre eles, as sogras também fazem parte do cardápio da hostilidade à nora, pois o filho ao se casar leva a mulher para morar com a mãe. Muitas são umas jararacas, que além de governar o filho ainda o fazem com a nora. Os parses veem os hindus e muçulmanos como grandes inimigos. Temem que se ajuntem para um dia governar a Índia, expulsando as outras etnias.

Cerimônia perse de boas-vindas ao bebê:

  • tikka, um pó vermelho é passado na testa da criança;
  • a seguir circunda a cabecinha do bebê com um ovo cru;
  • que depois é quebrado na soleira da porta;
  • um coco seco é partido na soleira de entrada;
  • a casa então está pronta para receber o novo hóspede;
  • quem carrega o bebê deve entrar com o pé direito.

Avesta é o principal texto religioso do zoroastrismo, religião dos parses, e seus templos religiosos recebem o nome de Templos de Fogo, pois o fogo ali jamais pode ser apagado, sua chama precisa arder perpetuamente. A tradição não permite que pessoas que não sejam parses assistam às cerimônias fúnebres. E os dastoors são contratados para rezarem nos funerais. Na Índia, os parses são reconhecidos pelas suas contribuições à sociedade nos aspectos econômico, educativo e caritativo. Muitos vivem em Mumbai (Bombaim) e têm tendência para praticar a endogamia (casamento entre indivíduos do mesmo grupo, seja esse definido com base em parentesco, residência, território, classe, casta, etnia, língua, ou por qualquer outro critério).

Letreiro à entrada do recinto reservado aos Parses:
“Este lugar sagrado pertence à comunidade dos Parses e, por isso mesmo, não é permitida a entrada senão por motivos religiosos.”

Uma das orações diárias dos Parses é:
“Oramos a Deus para erradicar toda a miséria do mundo: que a compreensão triunfe sobre a ignorância, que a generosidade triunfe sobre a indiferença, que a confiança triunfe sobre o desprezo, e que a verdade triunfe sobre a falsidade.”

Nota: Imagem copiada de http://www.passeiweb.com

Fontes de pesquisa:
Um Lugar para Todos/ Thrity Umrigar
Blog Indi(a)gestão

Views: 80

CHINA – OS CHINESES E SEUS HÁBITOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

cervo123

Agora que a China abriu-se para o mundo, depois de décadas de isolamento, nossa curiosidade em relação ao seu povo está podendo ser satisfeita. Em razão do grande isolamento em que viveram os chineses, criou-se uma imagem errônea sobre eles, uma espécie de idealização do jeito de viver oriental. Veremos agora o quão contraditório é este pensamento:

• Tudo na China é escrito em números de muitos dígitos. Só para se ter uma ideia do contingente humano que habita aquele país, sua população corresponde a sete vezes à brasileira. É gente saindo pelo ladrão.
• A filosofia confucionista possui grande importância na vida dos chineses, sendo responsável pela unidade do país. Encontra-se presente desde a vida em família, centrada na reverência aos mais velhos, até na condução política do país.
• Ao contrário do que imaginamos, os chineses estão bem longe do equilíbrio imaginados por nós. Eles são barulhentos, principalmente se estão em grupos, curiosos, gostam de cantar, jogar, dançar e são bons de garfo. Para se ter uma ideia de como são ruidosos, os funerais são realizados com música e fogos de artifícios, cujo objetivo e afugentar os espíritos do mal.
• O povo chinês é muito voltado para a vida ao ar-livre. Eles se encontram nas calçadas e praças com a finalidade de realizar vários tipos de atividades: conversar, dançar, fazer ginástica, etc. Mesmo nas calçadas, é comum encontrá-los de pijama e chinelo, comendo, ou lavando o cabelo.
• Ao contrário do que é para nós, a cor vermelha, predileta do povo chinês, é indicadora de “positivo”, enquanto a verde significa “negativo”. O vermelho é também a cor das roupas íntimas no Ano Novo chinês. Antigamente era a cor dos vestidos de noiva, também, mas a ocidentalização está levando ao uso da cor branca que, para os chineses, simboliza a cor da morte, sendo muito usada nos enterros.
• Certos comportamentos chineses espantam o turista ocidental, pois são tidos no Ocidente como nocivos: cuspir no chão, fazer barulho para comer, limpar a garganta fazendo ruídos altos, furar fila e jogar lixo na rua.
• Gentilezas não são o forte dos chineses. Os pedestres não têm vez em relação aos motorizados. Eles não possuem paciência para esperar as pessoas saírem do elevador ou metrô, para depois entrarem. Apertam o botão do elevador antes de todos entrarem. Empurram. Falam alto no celular. Não cedem a vez a outras pessoas, etc.
• Os chineses são demasiadamente consumistas. Se Mao Tsé-tung ressuscitasse hoje, não iria acreditar, ao ver o grau de competição e ambição que assola esse país comunista. As cirurgias plásticas espalham-se por toda a China, em busca do modelo de beleza ocidental: olhos grandes, nariz afilado e seios grandes.
• O povo chinês tem preferência pela pele branca, que é sinônimo de status. Além da diversidade de cremes para clareá-la, os espaços de beleza andam sempre lotados. Os concursos de beleza são prestigiados em todo o país.
• O esporte mais popular da China é o basquete. E o café vem desbancando o chá, embora os chineses tenham inventado o último. Os carros transformaram-se em símbolos de status e a competição é grande para se ter o melhor. Não há constrangimento em se mostrar que é rico. Ao contrário.
• Os novos ricos apelam para o exagero e a suntuosidade. O uso excessivo de dourados, brilhos e enfeites excessivos na decoração acaba desaguando na cafonice.
• Nos aviões, os chineses nem sempre são uma boa companhia. São barulhentos, muito faladores, muitas vezes levam comida para comer a bordo, são impacientes tanto no embarque quanto no desembarque. Mal o avião pousa, eles já estão de pé, apanhando a bagagem e ligando seus celulares.

Fontes de pesquisa:
China, o Despertar do Dragão/ Luís Giffoni
Os Chineses/ Cláudia Trevisan

Nota: imagem copiada de galeria.colorir.com

Views: 2