Autoria de Lu Dias Carvalho
O pai de Ayescha mandou que ela calçasse sapatos de salto para parecer mais alta e escondesse o rosto com um véu. Avisou que, se o prendessem, mataria Ayescha quando saísse da cadeia. (Cynthia Gorney/ National Geographic)
Se casar cedo oferecesse algum risco, Alá teria proibido. O que o próprio Alá não proibiu não podemos proibir. (Mohammed Al-Hamzi, parlamentar iemenita)
Segundo o ICRW (Centro Internacional de Pesquisa sobre a Mulher), qualquer casamento de menor de 18 anos é considerado casamento infantil.
O casamento infantil não é uma mácula apenas na história da Índia, pois ele acontece em várias partes do mundo. O Afeganistão, Iêmen e Etiópia encontram-se entre os países em que tal prática é uma constante, realizada com muito mais agressividade, pois as crianças tanto podem se casar com rapazes, viúvos ou homens que poderiam ser seus tios, pai ou avós. Em certas regiões da Etiópia entra em cena a figura do sequestrador que rouba e estupra a menina, e depois exige que ela seja sua esposa por direito. A vida de uma pequena (mulher de um modo geral) vale tão pouco nesses países, que uma noiva infantil tanto serve para saldar uma dívida, como para apaziguar uma intriga entre duas famílias.
Um evento de gala ocorreu em Gaza. O Hamas foi o patrocinador de um casamento em massa para 450 casais. A maioria dos noivos tinham idades compreendidas entre os 25 e os 30 anos enquanto as noivas, na sua maioria, tinham menos de dez anos. Tudo com a devida autorização da lei do islamismo radical. (Dezembro/2009)
No Iêmen, Ayescha, uma garotinha de 10 anos, casou-se com um homem barrigudo de 50 anos, sendo o casamento descrito como o de uma ratinha com um elefante. A pequenina ficou totalmente aterrorizada à vista do marido. Mesmo sendo avisada, a polícia local nada fez. Casos esdrúxulos como esse acontecem com o total consentimento dos pais. Existe até um trato entre os iemenitas, chamado “shigar”, que nada mais é que uma espécie de acordo entre dois homens, em que cada um oferece a filha como noiva ao outro.
É comum uma mulher chegar aos 26 anos já com quase uma dúzia de filhos, embora os riscos de um parto para as jovenzinhas sejam enormes. Ao engravidar precocemente, antes de estarem física e emocionalmente preparadas, meninas menores de 15 anos possuem cinco vezes mais probabilidades de morrer durante o parto ou a gravidez, do que mulheres mais velhas. Mortes associadas à gravidez são, em todo o mundo, a principal causa de mortalidade para meninas com idades entre 15 e 19. O parto prematuro pode trazer vários problemas para as mães: dilaceramento da parede vaginal, rupturas internas, e, inclusive, a fístula que leva à incontinência urinária. As meninas com fístula são quase sempre abandonadas pelos esposos e depreciadas pela sociedade em que vivem, como se carregassem um cruel estigma. Os problemas emocionais são ainda mais graves. Além disso, são altas as taxas de mortalidade de bebês nascidos de mães menores de idade
Saiu nos jornais que uma noiva de um vilarejo deu entrada no hospital em Saana (Iêmen), quatro dias depois de seu casamento. Sofrera ruptura de órgãos internos por relações sexuais, segundo o pessoal do hospital. Morreu de hemorragia. Ela tinha 13 anos. (Cynthia Gorney/ National Geographic)
Nota: Tahani (de rosa), 8 anos, e seu marido Majed, 27 anos.
Foto retirada da revista National Geographic
Fontes de Pesquisa
National Geographic/ Setembro/2011
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