Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Courbet – O DESESPERO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Espero sempre ganhar a vida com minha arte, sem me desviar um milímetro de meus princípios, sem ter mentido à minha consciência nem por um único momento, sem pintar sequer o que pode se coberto pela palma de minha mão para agradar a alguém, ou para vender mais facilmente. (Gustave Courbet)

O artista francês Gustave Courbet foi um dos mais verdadeiros em sua arte. Entregou-se a ela inteiramente, comprometido com a sua verdade, sendo muitas vezes incompreendido, mas venerado após sua morte. É dele a composição denominada O Desespero, tida como uma de suas obras-primas. Trata-se de um autorretrato, que se encontra entre as 50 obras mais famosas do mundo. Ele foi um pintor realista, em desconformidade com os critérios do academicismo de seu tempo.

Em seu autorretrato, com o rosto quadrado em “close-up”, o pintor olha para o observador, em total estado de desespero, como se estivesse a pedir-lhe socorro. Ainda que se encontre nesse estado emotivo, ele se mostra belo, com seus grandes olhos escuros abertos, sobrancelhas grossas e bem feitas, testa contraída, bochechas coradas, que se contrapõem à palidez do rosto, bigode e barbichas negros, boca carnuda vermelha, entreaberta, e narinas dilatadas. A sua beleza ameniza o estado de desespero, sendo o observador incapaz de ignorá-la. As duas mãos sobre os cabelos escuros parecem querer arrancá-los. Os tendões das mãos e dos pulsos, assim como os do pescoço, mostram-se tensos, refletindo seu estado desesperador.

A fonte de luz, que despeja claridade sobre o retratado, vem de sua direita, como se estivesse a empurrá-lo para a frente. Ao invés de mostrar um retrato, tradicionalmente vertical, Courbet usa o formato de paisagem (retangular e horizontal), que cria um espaço maior para a abertura dos braços, envoltos por uma camisa branca, em seu gestual aflitivo.

Segundo os estudiosos de arte, Gustave Courbet era uma pessoa generosa e jovial, que tinha gosto pela vida. Mas também era melancólico e passava por momentos depressivos e de estafa. Courbet gostava tanto desse quadro, que o manteve ligado a si.

Ficha técnica
Ano: c. 1853-1855
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 45 x 54 cm
Localização: coleção particular

Fontes de pesquisa
http://www.idixa.net/Pixa/pagixa-0912171753.html
http://www.eternels-eclairs.fr/courbet-tableau-le-desespere.php
http://www.lelephant-larevue.fr/gustave-courbet-le-desespere-1844-1845/

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Vermeer – O ASTRÔNOMO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada O Astrônomo é uma obra do conceituado pintor holandês Jan Vermeer. Antes dela, ele pintou “O Geógrafo” (figura menor). Os estudiosos supõem que ambas fazem par. O pintor nutria grande gosto por fazer retratos de cientistas. O Astrônomo faz parte dos três únicos quadros datados e assinados pelo artista. Os outros dois são “O Geógrafo” e “O Procurador”. Ao que consta, O Astrônomo e “O Geógrafo” são as duas únicas pinturas de Vermeer, conhecidas, que trazem somente uma figura masculina como protagonista. Ambas as pinturas receberam vários títulos no decorrer dos tempos.

O modelo, um homem de meia idade, com seus cabelos longos, nariz reto e pontudo e lábios grossos, parece ser o mesmo nas duas pinturas, assim como muitos dos elementos presentes nos dois ambientes de O Astrônomo e de “O Geógrafo”. Aqui, ele usa um robe japonês (quimono) de cor esverdeada, tipo de vestuário que pode ser visto em muitas pinturas holandesas da época. O cientista é visto de perfil, pelo observador, com a mão direita tocando o globo celeste, enquanto o observa fixamente, com o corpo reclinado para frente. Pode causar espanto ao leitor o tapete oriental sobre a mesa. Acontece que, naquela época, eles eram muito populares nos Países Baixos e muito representados na pintura holandesa de interior, em razão de sua beleza decorativa e exótica. Contudo, dificilmente eram retratados no chão, como hoje, mas como coberturas de mesas.

Embora o telescópio fosse o instrumento mais comum para identificar a astronomia, ela é representada na pintura por um globo celeste e pelo livro que se encontra aberto à mesa (Metiu’s Institutiones Astronomicae Geographicae), à frente do geógrafo. À época, os globos celestes eram sempre vendidos acompanhados de um terrestre, pois havia uma estreita relação entre a geografia e a astronomia. A janela fechada, com vidro colorido e decorado, joga luz no ambiente,  ainda que fraca, sobretudo sobre o astrônomo e seu globo celeste.

Na frente do armário de madeira está dependurado um gráfico. Pode se tratar de um planisfério, que traz dois discos rotativos que se ajustam, e, que tinha por finalidade indicar as estrelas a qualquer data e hora do dia. Na parede está um quadro envolto por uma moldura preta. Ele mostra Moisés, sendo encontrado em meio aos juncos. Esse personagem bíblico também foi tido como “o mais antigo dos geógrafos”, ao guiar os hebreus ao exílio. Sobre a mesa, próximo ao globo celeste, está um astrolábio. Também no armário, abaixo do suposto planisfério, encontra-se a assinatura do pintor e a data.

Na Segunda Guerra Mundial, após a invasão da França pela Alemanha, este quadro foi confiscado pelos nazistas. Nas suas costas foi pintada, com tinta preta, uma suástica nazista. Hitler, um pintor fracassado, pilhou diversas obras-primas europeias. Seu objetivo era construir um museu na sua cidade natal, Lins. O Astrônomo, de Vermeer, era uma das obras mais cobiçadas pelo louco ditador, assim como a “Arte da Pintura”, do mesmo artista. Terminada a guerra e com a vitória dos aliados, o quadro foi devolvido a seus verdadeiros donos e, posteriormente, adquirido pelo Estado francês, como pagamento de impostos.

Ficha técnica
Ano: c. 1668
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 51 x 45 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Vermeer/ Taschen
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Astronomer_(Vermeer)
http://www.essentialvermeer.com/cat_about/astronomer.html
http://www.essentialvermeer.com/catalogue/astronomer.html

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Caravaggio – NARCISO

Autoria de Lu Dias Carvalho

menino12345   (Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

A composição denominada Narciso, obra do pintor barroco italiano Caravaggio, tem como tema a mitologia grega. Dentre as pinturas feitas por inúmeros artistas, sobre tal temática, esta é, sem dúvida, uma das mais inquietadoras, por tratar-se de uma composição inteligente, que retira o belo Narciso da Antiguidade clássica, para retratá-lo com um jovem da época do pintor.

Caravaggio divide sua tela em duas partes horizontais que formam dois retângulos. Na primeira delas está o formoso Narciso debruçado sobre a água. Na segunda está a fonte com o reflexo do jovem. No ambiente não há nada a não ser a figura deNarciso e seu reflexo. O fundo escuro tem como objetivo dar centralidade à cena em que o rapaz ainda não havia descoberto que se tratava de seu reflexo.

A luz, ao atingir os braços, parte do rosto e do pescoço de Narciso, assim como sua camisa branca, forma um arco. No centro desse mesmo arco encontra-se o joelho iluminado do jovem. O seu reflexo aparece mais escurecido na água, perdendo sua luminosidade, o que dá à obra um caráter bem realista.

Na sua pintura, Caravaggio alude apenas ao estritamente necessário no que se refere ao mito grego, de modo que o observador não encontra meios para divagação, centrando-se apenas no ponto mais importante. O que fortalece ainda mais a noção de amor por si mesmo, por parte de Narciso.

O jovem vaidoso encontra-se de boca aberta, encabulado com a beleza vista, debruçado sobre a fonte, escorado nos dois braços, com as mãos espalmadas, estando a esquerda a tocar a água. As mangas de sua camisa foram levantadas para não serem molhadas. Seu olhar dirige-se para a água escura da fonte. As pequenas e delicadas bolhas brancas, que separam os dois retângulos, parecem ter sido pintadas por Caravaggio com a finalidade de separara o mundo real do fictício.

Esta pintura já foi atribuída a outros artistas como Spadarino, Nicholas Tornioli e Orazio Gentileschi, até que o renomado historiador de arte, Roberto Longhi, atribuiu-a definitivamente a Caravaggio.

Nota: na categoria MITOS E LENDAS, o leitor encontrará a história de Narciso.

Ficha técnica
Ano: c. 1597-1599
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 113,3 x 95 cm
Localização: coleção particular, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
Caravaggio/ Folha
http://www.arteworld.it/narciso/

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Caravaggio – RAPAZ MORDIDO POR LAGARTO

Autoria de LuDiasBH

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A composição denominada Rapaz Mordido por Lagarto, obra do pintor barroco italiano Caravaggio, mostra que ele foi sempre um artista revolucionário. A temática desta pintura, se relacionada a seu tempo, é totalmente inovadora, assim como o tratamento dado à luz. O pintor fez duas versões dessa obra, numa mesma época, com diferenças quase imperceptíveis.

Em relação à figura humana da pintura, acreditam alguns estudiosos que se trata de Mario Minniti, companheiro e modelo do artista, presente em muitos de seus trabalhos. Entretanto, outros veem ali o próprio Caravaggio. É um trabalho da juventude do artista, e encontra-se entre as 50 pinturas mais famosas do mundo.

O rapaz recua instintivamente, após ser picado por um lagarto, num ato de defesa, embora tardio. Sobre sua mesa encontra-se um vaso de vidro transparente, com uma rosa e um ramo de jasmim. É possível observar que não se encontra cheio de água até à boca e, que há até mesmo uma folha num dos caules mergulhados na água, tamanha é a transparência do vidro. Duas cerejas vermelhas e outras frutas estão ao lado do vaso. É fascinante a luz que cai sobre o vaso com água e flores, e dele emana.

A pintura mostra um jovem moreno, de cabelos escuros encaracolados e lábios carnudos e vermelhos, vestindo dois roupões, um branco e outro marrom. Sua glabela enrugada contribui para mostrar dor e surpresa ao mesmo tempo, após ser mordido por um pequeno lagarto, que se encontra escondido entre as frutas. Atrás da orelha, entre os cabelos, usa uma rosa branca. A luz incide sobre seu rosto, ombro direito e mão. Como em quase todas as obras do pintor, o menino traz as unhas sujas, mostrando que é um garoto do povo. O dedo mordido é o médio da mão direita, pendido para baixo.

Segundo alguns estudiosos das obras de Caravaggio, o quadro contém um simbolismo sexual complexo. O ombro à vista e a rosa atrás da orelha são indicativos de que o garoto é vaidoso e quer ser admirado, sendo que as cerejas simbolizam o desejo sexual. O dedo médio tinha, no século XVII, o mesmo significado que tem hoje, num gesto muito comum entre nós, quando dobramos os demais e apontamo-no para cima. O lagarto seria a metáfora do pênis. O susto do menino e a expressão de dor aludem às dores do amor físico.

Segundo a história, foi no século XIX, com o aparecimento do capitalismo, que os homens, principalmente os de classe média, não mais queriam ser considerados belos, parecidos com as mulheres. Até então, eles se enfeitavam e buscavam os atrativos usados por elas. Eles passaram a usar roupas diferentes e modificaram outros comportamentos sociais, como o ato de beija ou chorar, que passou a ser visto como próprio de mulheres, e não de homens. E assim, muitas pinturas passaram a ser analisadas sob uma ótica diferente da época em que foi feita, vendo-se homossexualidade em tudo. É por isso que eu sempre me questiono sobre tais interpretações. Será que o pintor pensou nisso, quando fez sua obra, ou tudo não passa de suposições, num mundo totalmente obcecado pela sexualidade das pessoas?

Ficha técnica
Ano: c. 1595
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 65,8 x 52,3
Localização: The National Gallery, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Caravaggio/ Coleção Folha
Caravaggio/ Abril Coleções
http://allart.biz/photos/image/Michelangelo_Caravaggio_7_Boy_Bitten_by_a_Lizard_1594_1596.html
http://albertis-window.com/2010/09/boy-bitten-by-a-lizard-posner-vs-gilbert-2/

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Monet – CANTO DO JARDIM DE MONTGERON

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Canto do Jardim de Montgeron é uma obra do pintor impressionista Claude Monet, e encontra-se entre as 50 pinturas mais famosas do mundo. O artista exerceu grande influência na pintura de paisagens ao ar livre. Neste quadro, ele retrata um canto do jardim de Montgeron, tendo como objetivo captar as transformações da paisagem, ocasionadas pela mudança da luz e da cor.

Monet, em sua pintura vibrante, feita com pinceladas de cores puras, preocupava-se apenas em capturar os efeitos passageiros da luz e da cor sobre aquilo que compunha. Por isso, pintava a mesma coisa diversas vezes em momentos diferentes. Ao estudar a retratação dos efeitos transitórios da luz natural, sua obra serviu de fonte para o modernismo do século XX.

Neste quadro, Monet apresenta parte de um jardim florido de Montgeron, na França. Ele procura chegar o mais perto do possível do modo como o olho humano vê a natureza, de acordo com o momento do dia, em razão das mudanças efetuadas pela luz e pela cor sobre o objeto pintado. As pinturas devem ser olhadas de certa distância, para maior compreensão das mesmas.

Esta tela, juntamente com outros três painéis decorativos, foi encomendada para ornamentar a sala grande do castelo de Rottenburg, em Montgeron, por Ernest Hoschede, um dos primeiros mecenas dos impressionistas.

Ficha técnica
Ano: c. 1876
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 175 x 194 cm
Localização: Hermitage, St. Petersburg, Russia

Fonte de Pesquisa
http://www.intermonet.com/oeuvre/nature.htm
http://www.leparisien.fr/crosne-91560/le-jeune-monet-trouva-

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Boucher – A VISITA DE VÊNUS A VULCANO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O gravador, desenhista e pintor francês François Boucher (1703 – 1770) era filho de um artista que criava padrões para bordados e ornamentos. Iniciou sua vida artística ainda muito jovem, como aprendiz de Fraçois Lemoyne, onde ficou por um breve tempo, vindo depois a trabalhar para Jean François Cars, um gravador de cobre. Aos 20 anos de idade recebeu o “Grand Prix de Rome” que era um incentivo aos novos artistas.

A composição denominada A Visita de Vênus a Vulcano é uma obra mitológica do pintor francês François Boucher. Na pintura, Vênus, deusa da beleza e do amor, desce numa nuvem até a oficina de Vulcano, deus do fogo, situada na ilha de Lemnos, para pedir-lhe armas para Eneias, um valente guerreiro troiano, filho da deusa Afrodite (Vênus) e Anquises.

A deusa do amor está rodeada por inúmeros gênios infantis alados, ninfas e pássaros. O deus Vulcano está sentado, próximo à sua forja, sobre um couro de leopardo. Ele se encontra coberto por um manto vermelho e traz na cabeça uma fita da mesma cor. Estende o braço direito para  entregar a Vênus uma espada, com a qual Eneias combaterá. A seus pés está sua inseparável aljava, cheia de flechas.

Ficha técnica
Ano: 1757
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 210 x 200 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch

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