Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Mabuse – DÂNAE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição mitológica denominada Dânae é uma obra-prima do pintor holandês Jan Gossaert, apelidado de Mabuse, que estudou na Itália a pintura e a arquitetura da Antiguidade, tendo pintado vários temas mitológicos. O artista possuía uma habilidade incrível para acrescentar às técnicas a sua rica imaginação. Neste quadro seu trabalho apresenta uma alta qualidade de estilo, além de mostrar uma iconografia típica dele.

O artista representa a figura mitológica tridimensionalmente, assim como exibe uma maravilhosa arquitetura, tanto do local onde se encontra a jovem mulher como dos edifícios em segundo plano. Apresenta uma arquitetura colunar, que contrasta com a vitalidade do corpo da princesa, vestida com seu manto azul, tendo o seio direito à vista. Ela se encontra assentada sobre duas almofadas vermelhas, uma sobre a outra. Com as pernas semiabertas recebe a chuva fina de ouro em forma de luz que cai do teto oval sobre seu regaço, fecundando-a.

Segundo o mito, a bela Dânae era filha do rei Acrísio que ambicionava ter um filho para sucedê-lo. Assim, resolveu consultar o oráculo de Delfos sobre a chegada de um menino. Contudo, a resposta recebida deixou-o profundamente preocupado. Segundo a predição do oráculo ele seria morto por seu próprio neto, ou seja, pelo filho de Dânae, sua única filha. Temeroso, Acrísio aprisionou a princesa a princesa numa torre, muito bem vigiada, para que ela não tivesse contato com nenhum humano ou divindade  e viesse a gerar um filho.

Zeus (Júpiter), que sempre traíra a esposa Hera (Juno), viu-se apaixonado pela princesa Dânae e, para ter acesso a ela, transmutou-se numa chuva de ouro que se entranhou por uma rachadura no teto, engravidando-a. Ela viria a dar à luz o herói Perseu, responsável por matar a Medusa. Ao tomar conhecimento do acontecido, o rei ordenou que mãe e filho fossem postos numa arca, bem fechada e jogados ao mar. Quis o destino que a arca fosse encontrada por um pescador que levou ambos ao rei de seu país, Polidectes, que os recebeu com muita alegria. O resto do mito encontra-se no nosso blogue em MITOS E LENDAS.

Ficha técnica
Ano: 1525
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 114 x 95 cm
Localização: Alte Pinakothek, Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM

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Rafael – A VISÃO DE EZEQUIEL

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada A Visão de Ezequiel é uma obra bíblica do pintor italiano renascentista Rafael Sanzio, que retrata uma visão recebida pelo profeta Ezequiel, que a toma como a do próprio Deus, fazendo-lhe um chamado.

Presentes na composição estão:
• Deus-Pai
• uma águia
• um boi
• um leão
• três anjos

Deus-Pai, vestindo um manto rosado que lhe cobre a parte inferior do corpo, e com os cabelos dourados, esvoaçantes, encontra-se sentado num trono formado por criaturas aladas, que por sua vez encontram-se sustentadas por uma densa nuvem. Seus braços abertos, abençoando Ezequiel, servem de apoio para dois belos anjinhos. Atrás do grupo, irrompe um fogo amarelo, como se lhes servisse de anteparo.

Ezequiel encontra-se na terra, à esquerda, junto ao feixe de luz amarelo, na parte inferior da composição. Deus-Pai, em direção à terra, abençoa-o, sendo que sua mão direita e pé esquerdo parecem apontar a pequenina figura abaixo, através de uma linha diagonal.

Na composição é visível a sensação de movimento: as dobras do manto de Deus-Pai, o flutuar das vestes do anjo maior, as asas abertas de anjos e animais, a posição dos pés das figuras, as nuvens espessas, etc.

Curiosidade:
Santo Hieronymus, um padre da Igreja, viu nas criaturas um símbolo referente aos quatro evangelistas:

• o homem –referente a Mateus
• o leão – referente a Marcos
• o boi – referente a Lucas
• a águia – referente a João

Rafael colocou a asa direita do anjo maior paralela à direita do leão, e a asa esquerda da águia paralela à esquerda do boi, formando uma bela harmonia. Este painel foi roubado, em 1799, pelas tropas francesas, mas após a derrocada de Napoleão, ele foi devolvido à cidade de Florença, em 1816.

Ficha técnica
Ano: 1518
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 40 x 30 cm
Localização: Galleria Palatina do Palazzo Pitti

Fontes de pesquisa
Rafael/ Cosac Naify
http://www.artbible.info/art/large/182.html

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Mestres da Pintura – PIERO DI COSIMO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor italiano Piero di Cosimo (1462-1521), cujo nome original era Piero di Lorenzo, nasceu e morreu na cidade de Florença. Ali estudou com Cosimo Rosseli, tendo, inclusive, trabalhado com seu mestre nos afrescos da Capela Sistina, em Roma, onde pintou O Sermão de Cristo (imagem acima), que se tornou a sua primeira obra conhecida. Foi em homenagem a seu mestre que adotou o sobrenome Cosimo.

A maior parte da vida artística de Piero de Cosimo foi  passada em Florença, tendo ali vivido o período áureo do Renascimento, quando sua cidade encontrava-se sob o domínio de Lorenzo, o Magnífico. Também presenciou a derrocada de Florença quando a família Médici foi expulsa, houve a ascensão do monge fanático Savanarola, a ocupação francesa e a guerra civil, entre outros fatos históricos.

Piero di Cosimo não deixou nenhum de seus trabalhos assinado ou datado. Os dados colhidos sobre o artista foram obtidos através de Giorgio Vasari, arquiteto e pintor, que escreveu sobre a vida de vários pintores, escultores e arquitetos italianos. Vasari, por sua vez, pesquisou sobre o pintor entre aqueles que o conheceram pessoalmente, sendo descrito como “um homem de humor lunático, capaz das invenções mais bizarras”.

Mesmo tendo vivido em plena Renascença, o artista poucos se interessou por ela. Seu foco eram os grandes mitos da Antiguidade, sendo até mesmo acusado, em razão de seu fascínio, de paganismo. Por isso é mais conhecido por suas pinturas mitológicas. Em seus trabalhos, chama a atenção especialmente a beleza das paisagens ao fundo. Foi com os holandeses Jan van Eyck e Hugo van der Goes que os pintores italianos compreenderam que a paisagem não deveria servir apenas como pano de fundo, pois era importantíssima na composição de uma pintura.

Segundo Giorgio Vasari, Piero di Cosimo nutria grande fascínio pelos animais, tendo pintado inúmeros deles. Também sentia fascinação por criaturas mitológicas, como sátiros, faunos, deuses e bacantes. Tinha predileção por Vulcano, o deus do fogo, provavelmente por influência de seu mestre Cosimo Rosseli, que era um alquimista, e via no fogo, em suas atividades secretas, a possibilidade de transformar o metal em ouro. É possível que Piero di Cosimo também tenha se dedicado à alquimia, mesmo que seja como ajudante de seu amado mestre. Isso pode ser deduzido através de sua obra, onde muitos ornamentos são vistos como alegorias alquímicas.

Nota: Sermão de Cristo, obra de Piero de Cosimo

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
Galleria Borghese/ Os Tesouros do Cardeal
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Degas – ESCRITÓRIO DE ALGODÃO EM NOVA ORLEANS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Não se faz nada aqui […], nada além do algodão. Vive-se para o algodão e do algodão. (Degas)

A composição denominada Escritório de Algodão em Nova Orleans é uma obra do pintor Edgar Degas. Foi pintada quando o artista encontrava-se naquela cidade, em visita aos parentes maternos que se estabeleceram ali, negociando algodão. O artista retrata o escritório de seu tio, onde se encontram quatorze pessoas, entre funcionários e parentes, algumas sentadas e outras de pé, todas elas com o rosto estampado.

O tio de Degas, Michel Musson, com sua cartola, encontra-se em primeiro plano, um pouco deslocado para a esquerda, bastante compenetrado, testando o algodão que se encontra sobre uma cadeira à sua esquerda. Logo atrás dele está René de Gas, irmão do pintor, lendo um jornal. Seu outro irmão, Achile, encontra-se recostado à parede, com as pernas cruzadas, observando a mesa de algodão. De costas para o grupo está o contador, com uma camisa branca, que traz ainda mais iluminação para o ambiente. Junto a ele estão os livros de contabilidade e, logo abaixo, um cesto serve de lixeira. Na lateral esquerda de sua mesa está a assinatura de Degas, e também a data.

Em volta de uma enorme mesa retangular encontra-se espalhado o algodão, com homens negociando a mercadoria.

Ficha técnica
Ano: 1873
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 73 x 92 cm
Localização: Musée des Beaux-Arts de Pau, Pau, França

Fontes de pesquisa
Edgar Degas/ Coleção Folha
Degas/ Cosac e Naify

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Ingres – APOTEOSE DE HOMERO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Apoteose de Homero é uma obra do pintor francês Jean-Auguste-Dominique Ingres. Em sua majestosa pintura, o artista coloca em evidência a herança cultural clássica, apresentando 44 figuras, ali reunidas, nas escadarias de um templo grego antigo, para homenagear o grande poeta grego mítico Homero, envolto por uma túnica branca, trazendo na mão esquerda um cajado.

Homero, o grande poeta da Grécia Antiga, que viveu no século VIII antes de Cristo, autor dos poemas épicos Ilíada e Odisseia, encontra-se no centro do quadro, sendo coroado por uma figura alada que simboliza a Fama ou a Vitória. A seus pés, duas figuras femininas, sentadas, personificam suas duas famosas obras: Ilíada, de vermelho, traz perto de si uma espada na bainha, envolta numa fita vermelha, enquanto Odisseia, de verde, tem um leme recostado a seu corpo.

Na homenagem prestada a Homero estão presentes poetas, artistas e filósofos antigos e modernos. Ingres colocou os personagens antigos na parte superior da pintura, (embora ali também se encontrem Rafael e Michelangelo). Na parte inferior estão os personagens modernos.

As figuras encontram-se assim distribuídas:

Parte superior da composição (a partir da esquerda)

Horácio, Peisistratos, Licurgo, Dante, Virgílio, Rafael, Safo, Alcebíades, Apelles, Eurípedes, Menadro, Demóstenes, Sófocles, Ésquilo, Heródoto, Íliada, Orfeu, Linus, ?, Musaeus de Atenas, Vitória, Odisseia, Aesop, Pindar, Hesíodo, Platão, Sócrates, Péricles, Fídias, Michelangelo, Aristóteles, Aristarco de Smotrácia e Alexandre (o Grande)

Parte inferior da composição (a partir da esquerda para a direita)

Shakespeare, La Fontaine, Tasso, Poussin, Mozart, Corneille, Racine, Molière, Boileau, Longinus, Fanelon, Gluck e Luís Vaz de Camões.

Ingres trabalhou em mais de300 desenhos para chegar a esse resultado.

Ficha técnica
Ano: 1826/27
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 386 x 512 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Apotheosis_of_Homer_%28Ingres%29

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Poussin – PAISAGEM COM POLIFEMO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Paisagem com Polifemo é uma obra do pintor francês Nicolas Poussin, tido como o fundador do neoclassicismo francês. Ele gostava de inspirar-se na arte da Antiguidade e na do Renascimento Italiano.

Poussin incorpora, na sua belíssima paisagem, uma passagem da história da paixão do ciclope Polifemo pela ninfa Galateia. Ele narra o momento anterior à morte de Ácis, o amante da ninfa, provocada por um acesso de ciúme e raiva por parte do gigante.

Ácis encontra-se com uma coroa de flores na cabeça, totalmente tranquilo, recostado numa pedra, à esquerda, de onde observa os personagens em volta, incluindo a sua amada Galateia junto a outras três companheiras, que estão sendo tentadas por dois sátiros, que se encontram escondidos atrás da folhagem.

No alto de uma montanha está o ciclope Polifemo tocando para aquela que é motivo de sua louca paixão. Ele se encontra de costas para o grupo, voltado para a cidade e as serras, ao longe. Outra montanha, mais alta, separa-o do grupo, impossibilitando-o de vê-lo.

Segundo o mito, a jovem ninfa era amante de Ácis, filho de Fauno e de uma Náiade. Os dois amavam-se desde jovenzinhos, mas os ciclopes não a deixavam em paz, em busca de sua companhia, especialmente Polifemo, por quem nutria um grande ódio. Ele era um gigante violento e irrefreável, que vivia a aterrorizar os bosques. Aquele ser abominável acabou por conhecer o amor e suas paixões, escolhendo-a como motivo de sua avassaladora obcecação.

De uma feita, estava ela com Ácis, quando Polifemo subiu num rochedo e, com seu gigantesco instrumento feito de tubos, começou a cantar seu amor por ela e sua beleza, e também a censurando por sua indiferença e dureza de coração. Nesse momento, ela e Ácis encontravam-se abrigados sob um rochedo. Como o ciclope acabasse com a sua cantoria, ela e seu amado não mais se preocuparam com ele. Adentrando-se no bosque, porém, Polifemo encontrou-a ao lado de Ácis. Aterrorizada, ela mergulhou nas águas, enquanto o jovem corria desesperado. Polifemo arrancou um pedaço de um rochedo e desferiu-o contra Ácis, esmigalhando-o.

Ficha técnica
Ano: provavelmente na década de 60 do século XVII
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 150 x 198 cm
Localização: Museu Hermitage, Sampetersburgo, Rússia

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch

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