Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Pinturicchio – A COROAÇÃO DE MARIA

Recontado por Lu Dias Carvalho

acorma

Na composição A Coroação de Maria, Pinturicchio apresenta duas cenas: uma divina e outra terrena. Trata-se de uma gigantesca tela, tendo o artista contado com o trabalho do pintor Giovan Battista Caporali.

No céu, sobre nuvens, a Virgem Maria, ajoelhada, está sendo coroada por seu filho Jesus Cristo. Um belo ornamento enfeitado com a cabeça de inúmeros anjos, todos observando a cena, excetuando dois deles, um que olha para cima e outro para baixo, está a emoldurá-los. Atrás, estão dois anjos, sobre nuvens, um à esquerda e outro à direita, tocando harpa e violino, embevecidos com o acontecimento.

Na cena terrena estão presentes os doze apóstolos, todos de pé, e cinco santos, dentre eles São Francisco, todos ajoelhados. Os olhos da maioria elevam-se para o céu, contemplando a cena da coroação de Maria, enquanto dois dos santos olham em direção ao observador. Todos os personagens possuem auréolas, o que prova a divindade dos mesmos.

Ao fundo desenrola-se uma bela paisagem com a presença de uma igreja, árvores, montanhas, etc.

Ficha técnica
Ano: 1503
Técnica: óleo sobre madeira transferido para tela
Dimensões: 330 x 200 cm
Localização: Pinacoteca Apostólica Vaticana, Vaticano, Itália

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 0

Pinturicchio – ANUNCIAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

anunc

A Anunciação do pintor italiano e renascentista Pinturicchio é uma das mais complexas, em razão do grande número de detalhes que este belíssimo afresco contém. O artista coloca em segundo lugar a representação dos personagens, que são relativamente pequenos, levando em conta a monumentalidade da arquitetura imaginária do artista e a sua rica decoração feita com ornamentos clássicos.

A cena retrata o encontro entre a Virgem e o anjo mensageiro no interior de um ambiente muito rico. Ela se encontra de pé, em frente a seu genuflexório, onde se vê aberto o seu livro de orações, o que leva o observador a deduzir que ela se encontrava rezando, antes da chegada do anjo. Volta-se para ele, com os olhos cabisbaixos, numa atitude de humildade e submissão. Uma de suas mãos toca o livro, enquanto a outra se encontra em atitude de cumprimento.

O anjo mensageiro, ajoelhado diante de Maria, traz na mão esquerda um ramo de lírios brancos, símbolo da pureza da Virgem, e com a direita cumprimenta-a. Anjo e Virgem possuem as cabeças circundadas por uma auréola, o que legitima a divindade dos mesmos.

À esquerda, na parte superior da composição, vê-se uma nuvem trazendo Deus-Pai com um globo na mão esquerda, tendo uma miríade de anjos a acompanhá-lo. Ele abençoa o encontro entre Maria e seu enviado. Uma pomba branca, representando o Espírito Santo, vinda da nuvem onde se encontra Deus-Pai, aproxima-se de Maria, deixando para trás seu rastro luminoso.

O espaço pictórico onde acontece a cena é imenso. À medida que se aproxima daquilo que parece um terraço, descortina-se uma vista para o jardim e a cidade. À direita, na parte inferior da composição, atrás da Virgem, vê-se na parede o autorretrato do pintor e logo acima dele, um livro aberto. Esta obra é um ponto alto na pintura do Renascimento na Úmbria.  Não foram encontradas suas dimensões.

Ficha técnica
Ano: 1501
Técnica: afresco
Dimensões: [?]
Localização: Cappella Baglioni, Santa Maria Maggiore, Spello, Itália

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 0

Pinturicchio – DISCUSSÃO DE S. CATARINA DE ALEXANDRIA…

Autoria de Lu Dias Carvalho

discusanca

O afresco do pintor italiano Pinturicchio, denominado Discussão de Santa Catarina de Alexandria com os Filósofos Pagãos em frente ao Imperador Maxentius, foi feito sob encomenda do papa Alexandre VI. Localiza-se na Sala dos Santos, Aposentos dos Bórgias. O touro sobre um fascinante arco do triunfo era o emblema da família Bórgia. O artista, neste afresco, demonstra seu gosto pela composição teatral.

O pintor baseou-se numa lenda muito conhecida que narra a discussão de Santa Catarina de Alexandria com os filósofos pagãos da época. Ela era filha do rei e havia se convertido ao cristianismo. Segundo a lenda, Catarina era uma princesa intelectual, nascida em Chipre, que foi decapitada em Alexandria, por ter abraçado a religião cristã, ou seja, por ter tomado Jesus Cristo como seu marido espiritual. À época, a cidade de Alexandria, com sua vasta biblioteca, era tida como o centro cultural mais importante do Império Romano.

No afresco, diversos filósofos orientais, contrários ao cristianismo, estão reunidos numa praça, vindo eles dos mais variados lugares, discutindo com a jovem Catarina sobre a fé cristã. Ela se encontra de pé e de frente para o trono do Imperador Maximino, que preside o debate. A santa usa os dedos para contar os principais pontos de seu argumento, sendo que uma multidão indistinta , que é controlada pelo cavaleiro armado, montado num cavalo branco, acompanha a altercação.

Inúmeros personagens acompanham a discussão, enquanto outros grupos conversam entre si, em diferentes cenas. Também estão presentes crianças e animais. Segundo a lenda, com a sua inteligência, ela acabou vencendo todos os filósofos, mas ainda assim, acabou sendo sacrificada. Na pintura chama a atençaõ a figura do filósofo com um turbante branco, usando uma túnica com fundo branco e bordados, e uma capa marrom sobre a mesma. Ele traz as mãos na cintura e posiciona-se de frente para o observador, sem fazer contato visual com a santa.

O cenário apresenta um céu azul, com nuvens brancas, montanhas, aves e muitas árvores. As pessoas estão vestidas de acordo com a época. Um enorme arco dourado, como se fosse um portal, cinge a cena. Nele desenrolam-se outros cenários, pintados por Pinturicchio.

Ficha técnica
Ano: 1492-1494
Técnica: afresco
Dimensões: 422 x 792 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 6

Mestres da Pintura – PINTURICCHIO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O artista italiano Bernardino di Betto Biago (c.1454 – 1513) recebeu o apelido carinhoso de “Il Pinturicchio” que significava “O Pintorzinho”, pois ele era muito baixinho, além de ter trabalhado com miniaturas no início de sua carreira. Seu aprendizado teve origem na oficina de Fiorenzo di Lorenzo, mas também recbeu grande influência do pintor Perugino, quando com ele trabalhou entre 1481 a 1483, como ajudante, na execução da decoração da Capela Sistina, na cidade de Roma. Suas obras eram bem sucedidas, tendo ele decorado no Vaticano os quartos particulares do papa Alexandre VI, pertencente à família Borgia.

Depois de passar por diferentes cidades, Pinturicchio acabou se fixando em Siena, onde fez um enorme afresco, dividido em dez partes, mostrando cenas da vida do papa Pio II. Ali também decorou a Biblioteca Piccolomini. Ele nutria grande interesse pelos afrescos, embora também trabalhasse com retratos e pinturas narrativas religiosas.  Seu estilo narrativo chamava a atenção pelos efeitos decorativos, mas sem alusão à dramaticidade. Gostava de cores luminosas. Foi o primeiro pintor do Renascimento italiano a trabalhar com a ornamentação grotesca, advinda da Antiguidade.

O artista não renovou o seu estilo, tendo permanecido fiel aos princípios estéticos do Quatrocentos, no qual se formara, apesar de ter sido um pintor prolífico, favorito dos papas e dos cardeais. Teve muita afinidade com Benozzo Gozzoli, Sandro Boticelli e Domenico Ghirlandajo, seus antecessores.  Pinturicchio nasceu em Perúgia e morreu na cidade de Siena com cerca de 59 anos de idade.

As obras de Pinturicchio são muitas vezes confundidas com as de Perugino, Lo Spagna e Rafael, pois, quando os trabalhos eram muito volumosos, os assistentes acabavam finalizando as obras iniciadas pelos mestres pintores, o que traz dificuldade para a indentificação do verdadeiro autor, ao confundir os estilos.

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
Galleria Borghese/ Os Tesouros do Cardeal
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman

Views: 1

Hans Baldung – A VIRGEM E O MENINO COM DOIS PAPAGAIOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

AVIRMEPAP

O pintor alemão Hans Baldung não apenas trabalhava com temas religiosos, mas também com clássicos e profanos, uma vez que a Igreja não tinha encomendas suficientes para tantos pintores, à época. Na composição A Virgem e o Menino com Dois Papagaios, ele mistura elementos sacros e profanos, tendo resultado numa bela combinação.

A Virgem Mãe amamenta seu filhinho (Maria lactans), motivo muito comum no final da Idade Média, cuja influência encontra-se nas representações da deusa egípcia Ísis, alimentando seu filho Hórus. Ela se parece com uma mulher comum, mas de extrema beleza. Seus longos cabelos ruivos caem-lhe pelos ombros. Seu colo alvo ostenta um colar de pérolas e a cabeça uma fina tiara. Seu seio esquerdo encontra-se à vista. Sua mão direita está pousada acima do seio, enquanto a direita segura a criança. Um papagaio, pousado em seu ombro, parece querer tocá-la no rosto, talvez daí resulte a inclinação de sua cabeça para a direita.

O menino, nu, deixa de sugar o mamilo da mãe, para observar algo que chama a sua atenção. Sua pele é bem mais rosada e seus cabelos são loiros, e parece que uma auréola circunda sua cabecinha.

À direita da Virgem, um anjo segura, com as duas mãos, um fino véu, que cobre parte da cabeça de Maria e a sua. Ele parece enlevado em seu trabalho, enquanto mira o rosto da Virgem. Na mesa, onde se encontra o menino Jesus, há um segundo papagaio, pousado na ponta. Ele parece observar o menino. Um dossel verde-escuro encontra-se acima dos personagens.

Ficha técnica
Ano: c. 1527
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 91 x 63,2 cm
Localização: Germanisches Nationalmuseum, Nuremberga, Alemanha

Fonte de pequisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann

Views: 0

Hans Baldung – AS TRÊS FASES DA VIDA E A MORTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

astrefaviDiversos pintores trouxeram para a arte as três etapas que retratam a vida do homem na Terra: infância, maturidade e velhice, sendo que muitos deles concluíram o trabalho com a presença da morte, mas Hans Baldung fê-lo sem nenhuma alusão à redenção cristã.

Esta composição já passou por diversos nomes e interpretações. Em 1896, dizia-se que a velha representava o vício, a jovem a vaidade e a criança o Cupido. Em 1938, passou a ser chamado de Alegoria do Enfermo. E, em 1958, recebeu o nome de As Três Idades da Mulher e a Morte – Alegoria da vaidade de todas as coisas terrenas. Contudo, o catálogo de uma exposição do artista, em 1959, traz apenas o título conhecido como A Beleza e a Morte.

Nesta composição do pintor Hans Baldung, ele apresenta, num lugar estranho, uma criança, uma jovem, uma mulher idosa e a morte, estando todas as figuras nuas. Para muitos estudiosos, o quadro é impreciso, pois não define com exatidão os personagens presentes. Seria a mulher apenas uma jovem ou a representação da vaidade ou uma prostituta? Não dá para saber.

A jovem nua é a primeira a chamar para si a atenção do observador, com sua pele clara, diferente das demais. Traz longos cabelos a cair-lhe pelo corpo, e contempla-se num espelho oval, com moldura vermelha. Seu corpo é bem delineado. Os seios rígidos são pequenos. Somente a púbis encontra-se oculta por um fino véu, tendo uma parte dele enrolada em seu braço direito e a outra segura pela morte, enquanto se adentra na lateral do quadro. É visível o interesse do pintor em fazer a moça sobressair dentre os demais personagens.

Além de figurar em primeiro plano, a moça é bonita, sua cor destaca das demais e seu corpo é visto por inteiro. Também pode ser que tivesse sido retratada como Vênus e a criança como Cupido, seu filho. Mas ainda que aqui fossem representados seres mitológicos, a composição estaria dissonante, pois Vênus era tida como imortal, não podendo a ampulheta marcar seu tempo de vida, enquanto Cupido não traz seus atributos: arco e flecha.

A morte, que mais parece com um cadáver seco, encontra-se à esquerda da linda jovem. Ela possui poucos fios de cabelos espetados na cabeça, dilacerações por todo o corpo decrépito, pedaços de pele dependuradas e unhas grandes e afiadas. Com a mão esquerda, ela segura o véu da moça e com a direita traz suspensa sobre sua cabeça uma ampulheta, como se aguardasse a passagem do tempo. Uma anciã muito alta, que mais se parece com uma figura masculina, e cujo corpo não se encontra todo à vista, está à direita da moça, e detém o braço da morte, energicamente. Seu rosto mostra-se enérgico.

Uma criança, à direita da jovem, ajoelhada sobre uma das perninhas, fixa a moça com um semblante de choro, enquanto cobre-se com parte de seu manto transparente. Possivelmente trata-se de um menino, embora a sombra do véu não permita ter certeza absoluta, mas o cavalinho de madeira no chão reforça tal suposição. Contudo, o fato de a pintura representar as três fases da vida de uma mulher, não deveria ser um menino, mas uma menina. A única justificativa seria a de que o sexo infantil não tivesse importância naquela época, quando meninos e meninas usavam roupas idênticas. A posição da criança é também atípica para sua idade. O que parece ser uma maçã, perto da criança, pode ser uma alusão à perda da inocência, a partir do pecado de Adão e Eva.

A jovem nua, presente na composição, também poderia estar representando a alegoria da vaidade. Ela está embevecida pela sua beleza que reflete no espelho de vidro convexo, enquanto joga seu cabelo para trás. Caso ela represente a vaidade, a mulher idosa estaria ali representando a tentação, segurando a parte de trás do espelho, de modo a ajudar a vaidade a enxergar-se. Por sua vez, a morte estaria ali representando a efemeridade da beleza (naquela época, a média de vida era de 30 anos, principalmente das mulheres, em razão dos partos sem acompanhamento). O tênue véu funciona como um elo entre as personagens, além de esconder o sexo da jovem.

Além da temática confusa da obra, ela também foi atribuída a outros pintores: Lucas Chanach e Albrecht Altdorfer. Mas estudos comprovaram ser mesma de Hans Baldung.

Ficha técnica
Ano: 1510
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 48,2 x 32,5 cm
Localização: Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria

Fonte de pequisa
Los secretos de las obras de arte/ Editora Taschen

Views: 6