Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

El Greco – ASSUNÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O quadro Assunção foi encomendado a El Greco para ornamentar a Capela Oballe, na Igreja de São Vicente, e se trata de uma das últimas obras do pintor. Ao receber a encomenda, o artista exigiu que fosse verticalmente maior, a fim de que pudesse alongar suas figuras, características peculiares ao seu estilo.

 Na parte inferior da composição, está a cidade de Toledo, numa forma espectral, à luz da lua, cuja metade encontra-se encoberta pelo primeiro anjo, cujos pés parece tocar um monte de rosas e açucenas. Esse enorme anjo, com seu manto amarelo dourado e com suas imensas asas abertas, de costa para o observador, parece empurrar para cima a figura majestosa de Maria e seu séquito de anjos, passando a impressão de que tudo se encontra em movimento ascendente.

 Acima da Virgem, que ocupa o centro da tela, está o Espírito Santo, em forma de pomba, enviando-lhe raios de luz. À direita e à esquerda de Maria, anjos instrumentistas recebem-na em sua morada celestial. A pomba está cercada por inúmeros querubins, dos quais se destacam apenas a cabeça e as asinhas.

 A Virgem, que tem as duas mãos cruzadas no peito, mostra o seu distanciamento da vida terrena, permanecendo totalmente em êxtase, com os olhos levantados para o alto, como se estivesse a observar o Espírito Santo acima dela.

 Para muitos críticos de arte, El Greco, nesta composição, coloca-se muito distante da realidade, tal e o exagero visto nas torções e nos alongamentos das figuras.

 Ficha técnica
Ano:1607-1613
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 347 x 174 cm
Localização: Museu de Santa Cruz….

 Fonte de pesquisa
El Greco/ Editora Girassol

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El Greco – MACACO, JOVEM ACENDENDO UMA VELA E HOMEM

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição de El Greco denominada Macaco, Jovem Acendendo uma Vela e Homem tem o seu significado oculto até os dias de hoje. Nenhuma das hipóteses aventadas conseguiram elucidar sua interpretação iconográfica.

No quadro estão presentes um homem, um garoto e um macaco. O menino tenta acender uma vela com uma brasa, único foco de luz da composição, que clareia especialmente o rosto do garoto e sua mão direita, dando à tela um efeito de claro-escuro.

O modelo central é o mesmo do quadro Jovem Acendendo uma Vela. O garoto tenta acender a vela, usando um pedaço de madeira em brasa, assoprando-o com visível força. O mais engraçado é que até o macaco parece estar soprando, torcendo para que a vela acenda, enquanto o homem, à direita, com seu chapéu vermelho, ri da cena.

Ficha técnica
Ano: 1577
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 49 x 64 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa
El Greco/ Editora Girassol

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Bosch – O CHARLATÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor holandês Hieronymus Bosch era um artista profundamente preocupado com a maldade humana, como comprovam suas obras. Levava consigo uma visão pessimista do ser humano, que, segundo ele, já vivia em pecado desde a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, estando a maioria já condenada aos horrores do Inferno. Em sua pintura O Charlatão, também conhecida como O Ilusionista ou O Prestidigitador, feita em sua juventude, o artista traz como tema as ardilezas humanas. Ele estava com 25 anos à época, e talvez por isso, ela seja bem menos aterradora do que as que viriam. Foram encontradas cinco versões desta pintura e também uma gravura, sendo a vista acima a mais aceita como original. Nesta obra, Bosch já dá mostras de sua visão perspicaz e crítica, ao demonstrar como as pessoas podem ser crédulas no trato com os vigaristas, e como sempre há quem queira passar o próximo para trás.

Um espertalhão armou sua banca próxima a um velho muro. As pessoas observam-no embasbacadas. Estão presentes: uma mesa central, e sobre ela uma varinha mágica, copos, bolas e uma rã. De um lado está o enganador e do outro se encontram nove adultos e uma criança. O grupo está separado da parte externa do local pelo muro alto.

A enorme figura do velho, que se encontra curvada sobre a mesa, parece ter a impressão de que está a expelir rãs pela boca, tamanha é a sua perplexidade, assim como confirma o olhar e a postura curiosa do garotinho. Somente um jovem, que pousa a mão no ombro da mulher, parece indiferente, enquanto sua acompanhante segura seu colar, possivelmente com medo de ser roubada. Por sua vez, o homem que se encontra à sua direita, fingindo olhar para cima, está prestes a cortar a bolsa, que se encontra pendurada na cintura do velho. Poderia ser um cúmplice do embusteiro.

Dentre as figuras que se encontram na composição, apenas o charlatão possui um chapéu preto, modelo que era usado anteriormente pelos nobres e posteriormente pela burguesia cheia de dinheiro. O ilusionista usa-o com o intuito de aparentar respeitabilidade. À sua frente está seu cachorrinho, e encostado à mesa, e de frente para o observador, encontra-se um aro, o que nos leva a supor que o animal salta através dele.

O espertalhão traz na mão direita uma bolinha e na esquerda uma cesta. Dentro dessa é possível ver a cabeça de um animal, que tanto pode ser um macaco quanto uma coruja, esta última presente em muitas obras do pintor. Por sua vez, à época, o macaco simbolizava a esperteza, a inveja e a malícia.

Como o leitor poderá perceber, não é de hoje que se fazia o truque de passar bolas (pedras, moedas…) de um copo para outro, sem que o público notasse. E, apesar disso, muita gente ainda continua sendo enganada.

Ficha técnica
Ano: c. 1502
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 53 x 65 cm
Localização: Museu Municipal, Saint-Germain-en-Laye, França

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
Bosch/ Abril Coleções

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El Greco – SÃO MARTINHO E O MENDIGO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição São Martinho e o Mendigo foi pintada para ornamentar a capela de São José de Toledo.

São Marinho, vestindo uma reluzente armadura, está montado num belo cavalo branco, com ricos arreios. O santo é ainda muito jovem, com seus cabelos dourados e encaracolados, e dono de um olhar tristonho. Com a mão esquerda, ele segura as rédeas do animal e com a direita a espada, com a qual cortou um pedaço de sua capa verde para cobrir o corpo seminu do mendigo.

O pedinte é um jovem alto e esguio. Sua perna direita possui um ferimento que se encontra envolto numa atadura. Vê-se que nada possui. Suas longas pernas encontram-se rentes com as pernas traseiras do cavalo. Seu rosto está levantado para o santo que o olha com visível compaixão.

O cavalo branco e vigoroso mostra-se impaciente para continuar a jornada, como mostra sua pata esquerda já levantada, mas é contido pelo santo.

Um azulado, com nuvens densas, cobre a cena, enquanto embaixo, ao fundo, vê-se a silhueta da cidade de Toledo, banhada pelo Rio Tejo. Do outro lado do rio encontram-se a Virgem, Santa Martina e santa Inês.

Ficha técnica
Ano: 1597-1599
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 193 x 103 cm
Localização: Galeria Nacional, Washington, EUA

Fonte de pesquisa
El Greco/ Editora Girassol

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El Greco – LAOCOONTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Provavelmente Laocoonte tenha sido a única composição com tema mitológico produzida por El Greco (ele fez mais duas cópias da tela), que não nutria nenhum interesse por tal temática, mas sim pela sacra, ainda que a mitológica fosse muito procurada pelos colecionadores. O pintor deve ter visto, certamente, a escultura do grupo romano em mármore, quando esteve em Roma. Além do tema da tela causar surpresa, também surpreende o seu formato horizontal, uma vez que o artista sempre optava pela verticalidade. O artista, ainda que tenha baseado sua pintura num tema da Antiguidade Clássica, tem aqui uma atitude anticlássica e antiheróica ao retratar os personagens mitológicos.Trata-se, segundo estudiosos, de uma das obras mais desordenadas, assimétricas e enigmáticas, executadas no final de sua vida.

Segundo o mito, Laocoonte, sacerdote de Apolo, casou-se contra a vontade do deus e teve dois filhos denominados Antífenes e Timbreu, deixando a divindade muito irratada. Mas Apolo ficou mais indignado ainda quando Laocoonte arremeçou sua lança contra o Cavalo de Troia. E, por isso, vingou-se enviando duas serpentes marinhas gigantescas para matar os filhos de seu sacerdote, mas esse, ao tentar salvá-los, acabou sendo picado e morto pelas víboras.

Laocoonte e seus dois filhos encontram-se numa rocha, de onde se vê a cidade, lutando contra as duas serpentes. O sacerdote está prestes a ser picado na cabeça. Seus olhos aflitos estão voltados para a boca do réptil. Um de seus filhos, possivelmente já morto, está próximo à sua cabeça, numa posição contrária à sua. O segundo filho, a seus pés, ainda se mantém de pé e se contorce todo, tentando afastar a serpente que quase lhe toca o corpo. À direita dos condenados vê-se o deus Apolo, acompanhado de uma deusa ou ninfa, observando a cena. Todas as figuras encontram-se nuas.

As nuvens fantasmagóricas são responsáveis por levar luminosidade e dramaticidade à composição. A vista deslumbrante da cidade espanhola de Toledo, ao fundo, sob o lampejar de um céu ameaçador, faz as vezes da cidade grega de Troia. É possível ver o Cavalo de Troia partindo em direção à porta da cidade.

Ficha técnica
Ano:1610-1614
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 142 x 193 cm
Localização: Galeria Nacional, Washington, EUA

Fonte de pesquisa
El Greco/ Editora Girassol

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El Greco – O QUINTO SELO DO APOCALIPSE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram. (Apocalipse 6.9-11)

A composição O Quinto Selo do Apocalipse é uma das obras mais admiráveis do pintor El Greco. Trata-se de uma das mais excêntricas telas do artista. A composição diz respeito à visão apocalíptica de São João que se encontra representado na pintura. Retrata o momento em que o santo é instado pelo Cordeiro a ver a abertura dos sete selos.

São João em êxtase visionário encontra-se em primeiro plano e sua figura, ajoelhada sobre seu manto rosado estendido no chão, sai da parte inferior da tela para a superior. Ele traz os braços erguidos para o céu, num gesto profético. Usa uma veste azulada com reflexos brancos. Sua figura encontra-se rígida, numa visível forma de “X”.

As almas dos mártires, com seus gestos arrebatados, encontram-se em segundo plano. Elas se levantam de seu túmulo,  aguardando receber a oferta celestial que são os mantos brancos. Parte delas está à frente de um pano verde, à direita, e a outra, à esquerda, à frente de um pano amarelo.

Ao todo são sete almas, todas nuas. Três das figuras que representam as almas masculinas estão ajoelhadas, sendo que duas se encontram de pé. As duas figuras que representam as almas femininas estão de pé, no centro da composição. As almas masculinas levantam os braços para os céus, pedindo a remissão de seus pecados.

As figuras alongadas do artista estão acompanhadas de pequenos anjos que seguram os mantos brancos, símbolo da pureza, com o qual cobrirão as almas em sua passagem pelas as nuvens em direção ao plano superior.

A respeito da pintura opina o Prof. E. H. Gombrich: “Por certo nenhum desenho perfeito e preciso poderia jamais expressar com força tão convincente e sobrenatural essa terrível visão do Juízo Final, quando os próprios santos clamam pela destruição do mundo”.

Ficha técnica
Ano:1608-1614
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 225x 193 cm
Localização: Metropolitan Museum of Art, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
El Greco/ Editora Girassol
A História da Arte/ E.H. Gombrich

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