Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Dürer – O MARTÍRIO DOS DEZ MIL

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Albrecht Dürer (1471 – 1528) foi o primeiro artista alemão a preocupar-se com o real, ou seja, com o homem e a natureza, usando o método científico que tinha por base a observação e a pesquisa. Foi gravador, ilustrador, cientista, desenhista e pintor, responsável por trazer o Renascimento para a Alemanha. Embora fosse um homem muito religioso que pendia para o misticismo, era dono de uma curiosidade ilimitada. Procurava compreender a aparência de todas as coisas perceptíveis através dos sentidos. Estava sempre em busca do novo. Era filho de um renomado mestre. A profissão do pai foi muito importante para que ele se enveredasse pelo caminho da arte, pois, naquela época, os ourives encontravam-se entre os mais importantes artesãos. Seus estúdios serviam de encontro para intelectuais e endinheirados.

A composição intitulada O Martírio dos Dez Mil é uma obra do artista, encomendada por Frederico, o Sábio, possuidor de relíquias do massacre e também patrono de Dürer. Foi inspirada na chacina de dez mil cristãos (pode ter sido uma lenda), ordenada por Saporat I, rei da Pérsia, no ano de 343, que mandou executar o bispo de Selêucia, Ctesifonte, Primaz da Igreja Persa, juntamente com cem outros bispos e muitos cristãos seus seguidores, no Monte Ararat, obedecendo ordens de Adriano e Antônio, imperadores romanos.

São muitas as figuras vistas num espaço tão pequeno. É admirável o modo como o pintor organizou as inúmeras cenas ali presentes. Ele diminuiu todos os elementos do quadro, como se fossem miniaturas. O uso da cor é vibrante, embora limitado. A cor usada nas árvores demonstra a grande sensibilidade do artista.

À esquerda, em primeiro plano, Cristo crucificado e coroado com espinhos acompanha toda a carnificina. À esquerda, mais centralizado, encontra-se o bispo de Selêucia, acorrentado, vestido de branco, usando sua imponente mitra. À direita, o velho e barbudo rei, retratado como um sultão otomano, usa roupas vermelhas com dourado e um enorme turbante branco. Ele segura o cetro na mão direita e encontra-se montado num cavalo escuro, ricamente arreado, acompanhando a cena da matança. Os comandantes da chacina também usam vistosas roupas otomanas.

Comum à época era o fato de o artista se retratar na sua obra. Albrecht Dürer retratou a si mesmo no centro da pintura, ao lado de seu amigo humanista Conrad Celtes, ambos vestindo roupas escuras, como se tivessem alheios aos acontecimentos. Ele carrega uma bandeira amarela com a inscrição em latim que indica o seu nome e a data em que a obra foi criada.

Esta composição havia sido usada pelo artista numa xilogravura, cerca de dez anos antes, mas ao pintá-la, retirou cenas muito fortes, como a tortura a que foi submetido o bispo, tendo os olhos arrancados por uma broca. No lugar, ele pintou a crucificação e o bispo acorrentado. Mesmo assim o quadro é muito chocante.

O artista retratou a cena dentro de uma floresta com clareira e penhascos. Ali são vistos, em primeiro plano, decapitações, esmagamento do crânio com um martelo e crucificações. Até mesmo uma criança – presente no canto inferior direito da tela – presencia as atrocidades. Ao fundo, os prisioneiros são atirados de um penhasco em meio a rochas e arbustos espinhosos. São vistas também cenas de lutas, apedrejamentos e esmagamentos com paus.

Ficha técnica
Ano: entre 1508
Técnica: óleo sobre tela (transferido de madeira)
Dimensões: 99 x 87 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.wikiart.org/en/albrecht-durer/virgin-and-child-holding-a-half-eaten-pear-
https://artsandculture.google.com/asset/portrait-of-a-young-venetian-woman/
https://www.wga.hu/html_m/d/durer/1/06/6martyr.html

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Lucas Cranach, o Velho – JUDITH COM A CABEÇA…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O xilogravurista e pintor renascentista alemão Lucas Cranach, o Velho (1472 – 1553), possivelmente teve o pai como professor. Participou em Viena dos círculos humanistas. Trabalhou como pintor na corte de Wittenberg, com Frederico, o Sábio. Ali comandou uma grande oficina. Sua posição tinha tanto destaque na cidade que alguns anos depois, ele se tornou conselheiro e, posteriormente, seu presidente, tornando-se um dos homens mais ricos do lugar. Contribuiu enormemente para o desenvolvimento da pintura no sul da Alemanha, sendo considerado fundador da Escola do Danúbio. Durante uma das viagens à Holanda, ele recebeu inspiração das pinturas italianas e holandesas.

A composição intitulada Judith com a Cabeça de Holofernes, tema bíblico comum a muitos outros pintores, é uma obra do artista. A figura da mulher toma grande parte da tela, surgindo de um fundo preto que lhe dá ainda mais destaque. O cabelo avermelhado da personagem desce pelas costas e ombros. Sua pele é rosada. Ela usa ricas roupas de cortesã em que predomina a tonalidade vermelha e traz no pescoço três diferentes e luxuosos colares. Um grande chapéu de veludo vermelho, inclinado, enfeitado com plumas, cobre o topo de sua cabeça.

O rosto de Judith, heroína hebreia, parece demonstrar certo ar de perversidade e satisfação ao apresentar a cabeça decepada do general assírio Holofernes. Ela traz as mãos enluvadas, mas ainda assim enrola em torno delas um lenço com o qual suspende a cabeça do inimigo  responsável por sitiar sua cidade. Na mão direita traz a espada que usou para decapitar o inimigo de seu povo.

A cabeça ensanguentada e já azulada de Holofernes está voltada para o observador, mostrando as partes internas de seu pescoço. Seus olhos estão semiabertos. Seus cabelos e barbas são cacheados. Não há sequer um respingo de sangue nas vestes imaculadas da heroína. Nem mesmo na lâmina usada para cometer o crime há sangue.

Lucas Cranach, o Velho, e os ajudantes de sua oficina produziram várias versões dessa conhecida composição que apresenta a tenebrosa cabeça do general e a beleza serena da heroína bíblica, o que mostra o sucesso deste tipo de composição, do qual surgiram inúmeras réplicas e variantes. No canto inferior direito da tela encontra-se a insígnia do artista: uma serpente alada com um anel em sua boca.

Ficha técnica
Ano: c.1530
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 87 x 56 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Ticiano – MADONA CIGANA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Ticiano Vecellio (1490 – 1576), também conhecido como Tiziano, Titian ou ainda como Titien, encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno, retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai, Capitão Conte Vecellio, reconhecendo o pendor artístico do filho, envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Ali é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois pelas de Giorgione que o acolhe com entusiasmo. Sorve com tanto interesse os ensinamentos de Giorgione que, com 20 anos incompletos, tem uma de suas pinturas confundida com a obra do mestre. Oportunidade em que o aluno percebe que não existe mais nada a ser aprendido com ele e passa a caminhar por conta própria.

A composição Madona Cigana é uma obra do artista que tinha à época 21 anos de idade. Ele apresenta a Virgem, de pé, segurando seu Menino, também de pé, nu, sobre a ponta de um parapeito de madeira, ao cair do crepúsculo vespertino com sua luz dourada. O nome “Madona Cigana” foi em razão dos cabelos e olhos escuros e da pele morena da Virgem que aqui se mostra muito jovem. Mãe e filho formam uma estrutura piramidal.

Um rico pano de honra, comum a muitos quadros de Madonas entronadas, serve de fundo para as duas figuras, o que sugere ser o local à direita um trono, ainda que não visto pelo observador. Ao fundo, à esquerda, vê-se uma imensa paisagem que se estende ao longe. Um homem é visto sentado debaixo de uma árvore e, mais à frente, uma edificação. A composição é assimétrica. É possível notar a fusão das influências de Gentile Bellini e de Giorgione, mas com uma interpretação própria de Ticiano.

Ficha técnica
Ano: c.1512
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 66 x 84 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Ticiano – A MADONA DAS CEREJAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Ticiano Vecellio (1490 – 1576), também conhecido como Tiziano, Titian ou ainda como Titien, encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno, retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai, Capitão Conte Vecellio, reconhecendo o pendor artístico do filho, envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Ali é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois nas de Giorgione que o acolhe com entusiasmo. Sorve com tanto interesse os ensinamentos de Giorgione que, com 20 anos incompletos, tem uma de suas pinturas confundida com a obra do mestre. Oportunidade em que o aluno percebe que não existe mais nada a ser aprendido com ele e passa a caminhar por conta própria.

A composição A Madona das Cerejas, também conhecida como Madona das Cerejas com José, São Zacarias e João Batista, é uma obra do artista. Embora seja de inspiração religiosa, ela foi criada com grande naturalismo. Apresenta a Virgem com seu Menino, São José e Zacarias – pai de João Batista – e o pequeno João Batista. Estudos mostram que as figuras dos dois santos foram introduzidas posteriormente com a finalidade de equilibrar a composição. Há uma atmosfera de grande afetuosidade entre os personagens.

Sobre o parapeito, onde se encontra de pé o pequeno Jesus, nu, seguro por sua mãe, está um galho com cerejas. O Menino segura outro galho em suas mãozinhas, como se o mostrasse à Virgem que traz um terceiro na mão esquerda. O pequeno João Batista, usando sua capa de pele, fita Mãe e Filho. Na sua mãozinha esquerda traz um rolo de papel com uma inscrição. Atrás da Virgem está um painel, comum aos quadros de Madonas entronadas.

Esta pintura foi influenciada pelo trabalho de Giovanni Bellini. Em seu original tratava-se de um óleo sobre madeira que foi posteriormente transferido para tela. Também teve um pouco de seus lados recortados.

Ficha técnica
Ano: c.1515
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 81 x 100 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Mantegna – SÃO SEBASTIÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor e gravador Andrea Mantegna (1431-1506), filho do carpinteiro Biagio, é tido como um dos artistas mais importantes do Pré-Renascimento no norte da Itália. Sua aprendizagem teve início aos 10 anos de idade, sob a tutela de Francesco Squariciona que o levou a conhecer a arte da antiguidade clássica. Ao travar contato com as esculturas de Donatello e com as pinturas de Andrea del Catagno e Jacopo Bellini, ele sentiu uma grande admiração por esses artistas e seus trabalhos. Tornou-se genro de Jacopo Bellini. Teve grande sucesso como artista, tendo influenciado inúmeros outros, desde seu cunhado Giovanni Bellini a artistas como Albrecht Dürer que imitou a interpretação que ele fazia da arte antiga.

A composição intitulada São Sebastião — tema comum a muitos outros pintores — é uma obra do artista. Como a maioria dos humanistas, Mantegna era atraído pelas ruínas do mundo antigo. Ele usou modelos da arte grega e romana para representar figuras e espaço. A obra aqui mostrada apresenta um rico detalhamento escultural, assim como um piso em losangos em perspectiva, onde são vistos fragmentos de esculturas antigas. Os fragmentos arqueológicos são minuciosamente talhados e os rochedos, vistos ao longo da estrada, à esquerda, mostram-se  magnificamente corroídos pelo tempo.

O santo é retratado na entrada da cidade, amarrado a uma coluna do arco triunfal em ruínas, decorado no alto com uma figura da Antiguidade clássica. Ele se parece com uma estátua de pedra em forma tridimensional, como se fosse uma escultura antiga, pois possui os mesmos matizes da arquitetura. Traz quatorze flechas encravadas em seu corpo, sendo que uma delas entra pelo seu pescoço e vara-lhe a testa, mas, ainda assim, continua vivo, com seus olhos langorosos voltados para o céu. Na estrada que conduz à cidade é possível vislumbrar três figuras, possivelmente os flecheiros retornando.

Um cavalo e seu cavaleiro com uma foice na mão são vistos no alto, à esquerda, em meio a um monte de nuvens, o que pode ser uma referência à peste que grassava naquela época. O Cavaleiro do Apocalipse — interpretado como Saturno, o deus do Tempo — usa a foice para avançar em meio às nuvens. Na coluna, à direita do santo, encontra-se a inscrição em grego: “TO ERGON TOU ANDREOU” (O trabalho de Andrea). Ao fundo avista-se uma cidade montanhosa de aparência clássica. O céu mostra-se azulado com nuvens brancas esparsas.

Ficha técnica
Ano: c.1459
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 68 x 30 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, ÁustriaFontes de pesquisa

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.worldsbestpaintings.net/artistsandpaintings/painting/170/

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Ticiano – DIANA E CALISTO 2

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Ticiano Vecellio (1490 – 1576), também conhecido como Tiziano, Titian ou ainda como Titien, encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno, retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai, Capitão Conte Vecellio, reconhecendo o pendor artístico do filho, envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Ali é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois nas de Giorgione que o acolhe com entusiasmo. Sorve com tanto interesse os ensinamentos de Giorgione que, com 20 anos incompletos, tem uma de suas pinturas confundida com a obra do mestre, oportunidade em que o aluno percebe que não existe mais nada a ser aprendido com ele e passa a caminhar por conta própria.

A composição mitológica intitulada Diana e Calisto é uma obra do artista e faz parte de um conjunto de telas célebres do pintor (Poesies), baseadas nas Metamorfoses de Ovídio. Retrata o momento em que a gravidez de Calisto é revelada à deusa Diana que se encontra sob um dossel vermelho, próxima a uma fonte, com os olhos voltados para a ninfa que perdera a virgindade com Júpiter, o deus dos deuses. Na verdade trata-se de uma réplica de outra obra do pintor com o mesmo nome, porém, muitos detalhes foram alterados durante sua execução.

A ninfa Calisto está sendo obrigada por três companheiras a tirar as vestes diante de Diana, para que essa tome conhecimento de sua gravidez. A deusa encontra-se de pé, apoiada no mastro de seu dossel, com o braço direito estendido, apontado o dedo indicador para Calisto, acusando-a de ter perdido a virgindade. Diana é a maior do grupo, o que a identifica como a figura principal. A composição divide-se em dois grupos separados por um chafariz que traz uma figura clássica no alto e de cujo corpo jorra água.

O séquito de Diana é composto por oito ninfas, um grande cão de caça e um cãozinho. A ninfa, com vestimenta verde-claro, segura o arco da deusa caçadora; a que se encontra virada para ela traz uma flecha apontada para o alto; a ninfa de vestido vinho traz a aljava pendurada no corpo e uma quarta ninfa, sentada de costas para o observador, apoia-se numa enorme flecha.

Conta o mito que a ninfa Calisto havia jurado amor eterno à deusa Diana, mas Júpiter sentiu-se seduzido por sua beleza. Para aproximar-se dela, o deus dos deuses tomou a forma da deusa que ela venerava, possuiu-a e engravidou-a. Mesmo tendo ela sido violentada por Júpiter que usou sua capacidade de metamorfosear-se, Diana não aceitou o acontecido, expulsando-a de seu séquito. Ela foi depois transformada por Juno (esposa de Júpiter) numa ursa, sendo quase morta por seu filho que não a reconheceu e elevada até às estrelas por Júpiter, compadecido com seu sofrimento.

Ficha técnica
Ano: c.1568
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 183 x 200 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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