Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Rousseau – SURPREENDIDO!

Autoria de Lu Dias Carvalho

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De ano para ano, Monseiur Rousseau consegue nos surpreender ainda mais. […] O seu tigre que surpreende a vítima, não podia faltar de forma alguma; este quadro é o algfa e o ómega da pintura. É sempre magnífico ver uma convicção, seja ela de que gênero for, ser expressa de uma forma tão implacável. (Félix Valloton)

A composição Surpreendido! é uma obra do pintor francês Henri Rousseau. Foi apresentada no São dos Independentes em 1891, sendo a primeira obra do artista com o tema sobre selva, plena de exotismo. Esta tela também chegou a ser conhecida como “Tigre Perseguindo Exploradores” ou “Tempestade na Selva”. São conhecidas vinte e seis pinturas do artista que trazem a selva como temática.

A pintura mostra um tigre no meio de uma densa vegetação, com folhagens que se parecem com labaredas amarelas, verdes e vermelhas, preparando-se para atacar, como mostra a posição da parte traseira de seu corpo. Seus olhos esbugalhados parecem focar a presa. O animal foi surpreendido, mas não é dado ao observador saber qual foi o agente de tal surpresa.

O céu escuro, com raios cruzando os ares, a chuva caindo e a vegetação vergando-se em razão do forte vento, mostram que a selva encontra-se em meio a uma tempestade.

Ficha técnica
Ano: 1891
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 130 x 162 cm
Localização: National Gallery, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Rousseau/ Editora Taschen
http://www.theartstory.org/artist-rousseau-henri-artworks.htm

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Rousseau – EU PRÓPRIO, RETRATO-PAISAGEM

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Isto é a verdade… O futuro… Isto é a essência da pintura! (Paul Gauguin)

A composição Eu Próprio, Retrato Paisagem é uma obra do pintor francês Henri Rousseau. Esta obra teve grande importância para o grupo de Apollinaire, para Delaunay e para o movimento dadaísta de Berlim, sendo muito admirada pelo pintor Paul Gauguin.

O próprio pintor é a figura principal da composição. Ele se mostra postado no meio da pintura, parecendo uma colagem, de frente para o observador e de costas para a ponte metálica sobre o rio Sena. Em seu derredor jaz seu mundo imaginário. Extremamente empertigado, usa um terno preto sobre uma camisa branca, da qual só se vê um pequeno triângulo na gola e uma diminuta parte do punho direito, trata-se do uniforme do artista tradicional. Vê-se uma medalha na lapela. Usa uma boina preta com um debrum vermelho.

Rousseau traz na mão esquerda uma paleta de tintas e na direita um pincel, como se quisesse mostrar ao mundo que era um pintor, pois ele tinha orgulho desse seu novo trabalho, como mostra seu agigantamento, que se sobrepõe a Torre Eiffel, vista atrás do mastro do barco, atingindo a altura do balão que veleja por um céu azul com esparsas nuvens. O pintor mostra, ao mesmo tempo, sua glória e a modernidade de Paris.

Um conjunto de bandeiras aparece à direita do artista, decorando o mastro de um enorme barco. Somente duas delas são conhecidas: a bandeira francesa e a inglesa, sendo as demais imaginárias. Demonstrariam elas o desejo que o pintor tinha de ser reconhecido mundialmente? Rousseau tinha 46 anos à época. Na sua paleta, ele faz uma homenagem às suas duas esposas: Clémence, a primeira, morta pela tuberculose aos 37 anos, e Josephine. Ali está escrito: “Clémence et Josephine”. Em razão do gigantesco tamanho do retratado, um casal, que observa as águas do rio Sena, onde está ancorado um grande barco, mostra-se minúsculo.

Ficha técnica
Ano: 1890
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 143 x 110 cm
Localização: Nárdone Galerie, Praga, República Checa

Fontes de pesquisa
Rousseau/ Editora Taschen
http://www.theartstory.org/artist-rousseau-henri-artworks.htm

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Rousseau – A GUERRA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Na Exposição dos Artistas Independentes, no ano de 1894, A Guerra, obra do Sr. Rousseau foi certamente a tela mais notável. Esta imagem representa uma tentativa corajosa de criar um símbolo. Por que a estranheza daria lugar à zombaria? Monsieur Rousseau encontrou o destino de todos os inovadores. Ele continua ao longo de seu próprio caminho e tem o mérito, raro hoje, de ser completamente ele mesmo, tendendo para uma nova arte. Seria desonesto sustentar que o homem, capaz de sugerir tais ideias para nós, não é um artista.  (Louis Roy)

A composição A Guerra é uma obra do pintor francês Henri Rousseau. Trata-se de um quadro de grandes proporções, no qual o artista expõe sua visão sobre a guerra, como deixa claro no subtítulo: “A guerra assustadora deixa um rastro de desespero, lágrimas e destruição.”. Esta obra foi exposta no Salão dos Independentes, no ano de 1894, granjeando sarcasmo em razão pela temática chocante, mas também entusiasmo, em razão da independência de estilo de seu criador.

No chão pedregoso e em meio a duas grandes árvores e a outras menores, algumas delas enegrecidas, como se estivessem carbonizadas, jazem inúmeros corpos deformados e outros moribundos. Ocupam as mais diferentes posições e possuem distintas tonalidades, amontoados uns sobre os outros. A árvore cinza, à direita, com o seu tronco aberto, parece ter tido um dos seus galhos destroçado por um raio apocalíptico. Ela se inclina para dentro da composição.

À esquerda escorre sangue de um coto de braço. A seu lado, sobre uma cabeça de cabeleira amarela, um corvo traz no bico um pedaço de carne vermelha que tanto pode ter sido retirada do coto quanto do corpo ensanguentado a seu lado. Na altura da cauda da ave vê-se um braço levantado, trazendo o punho cerrado. Ao fundo, à direita, a terra parece tragar um corpo, do qual ainda se pode ver duas pernas com botas. Quatro corvos famintos banqueteiam-se com os corpos, pois eles são os faxineiros da natureza.

A maioria das cabeças humanas está voltada para o centro da composição. Observando a pilha de corpos, seis rostos estão voltados para o observador. Um deles encontra-se, ocultamente, no triângulo formado pelas pernas do homem de calças escuras e torso nu em primeiro plano, na parte inferior, próximo ao centro da tela. O corpo quase translúcido de um homem, com densos bigodes e barba, está de barriga para cima, como se fitasse o céu. Uma gralha repousa sobre seu peito. Estranhamente um corpo à direita e em primeiro plano parece ter o rosto de perfil, embora nele não se encontrem traços fisionômicos. Um corvo nele repousa.

Acima da aniquilação paira uma figura humana, usando um vestido branco com franjas, montada em seu cavalo. Ela traz na mão direita uma espada, apontada para cima, e na esquerda segura uma tocha da qual parte um extenso canudo de fumaça. Seus cabelos são parecidos com a crina e o rabo do cavalo. Sua posição no animal é estranha, pois parece levitar ao lado dele, tendo as duas pernas à vista. Estaria ela tomando posse do território? Seria uma deusa romana da morte e da destruição ou um anjo vingador?

O cavalo é um ser bizarro, sem olhos, com a cabeça parecendo com a de uma cobra que se posta na tela horizontalmente, sem tocar o chão. Suas patas dianteiras e traseiras estão voltadas para fora, como se ele estivesse voando. Seus cascos cinzas com a base branca brilham. Sua crina e cauda eriçadas formam uma única linha com seu lombo. Em volta as árvores, com seus galhos nus, parecem formar uma trama diabólica. Densas nuvens cor-de-rosa num céu azul parecem sinalizar um incêndio.

Esta obra de Rousseau, na qual impera a violência e a morte, mais se parece com alucinações sobre o fim do mundo.

Ficha técnica
Ano: 1894
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 114 x 195 cm
Localização: Museu d’Orsay, Paris, França

Fontes de pesquisa
Rousseau/ Editora Taschen
http://www.theartstory.org/artist-rousseau-henri-artworks.htm
https://desperadophilosophy.net/tag/henri-rousseau-la-guerre/

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Rousseau – A ENCANTADORA DE SERPENTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Quando eu entro nas casas de vidro (jardins botânicos em Paris) e vejo as plantas estranhas de terras exóticas, parece-me que eu entro em um sonho. (Rousseau)

A composição A Encantadora de Serpente é uma obra-prima do pintor autodidata (naïf) francês Henri Rousseau, criada após ser descoberto pela vanguarda francesa. É tida como uma das mais famosas criações do artista. Foi encomendada pelo pintor Robert Delaunay, seu grande admirador,  para sua mãe, Berthe Comtesse de Delaunay, uma influente mecenas que levou o pintor alemão e colecionador  de arte Wilhelm Uhde, assim como Max Weber, a conhecer as obras de Rousseau. Tal publicidade contribuiu para que grandes nomes da arte adquirissem obras do artista francês. O mundo fantástico desta composição assimétrica, com cores brilhantes e que repassa a sensação de ser bidimensional, o pintor faz uso de inúmeros tons de verde e anuncia o surrealismo — um novo estilo.

Uma personagem feminina curvilínea, vista contra a luz de uma lua cheia que desenha sua silhueta e intensifica o brilho de seus olhos, trazendo mais mistério à cena, posiciona-se de frente para o observador, numa selva exótica em meio a alguns animais, na mais perfeita harmonia. Seus olhos brilhantes intensificam o mistério do cenário. Ela se encontra nua, possui cabelos compridos, jogados para trás, que vão até a dobradura dos joelhos. Toca uma flauta de madeira. Em torno de seu pescoço, descendo pelo tronco, contornando os seios, está uma imensa cobra. Outro ofídio, enrolado num tronco de uma árvore, à direita, ergue seu corpo volumoso e paira sua cabeça acima da mulher. Um flamingo, próximo a duas cobras que dançam, também parece hipnotizado pela música que emana do instrumento musical.

A natureza exuberante — apesar de apresentar uma intensa harmonia com a encantadora de serpente — repassa uma atmosfera de tensão, sem qualquer vestígio de idílio. Três tufos de uma mesma planta em primeiro plano, à esquerda, parecem chamegar. Atrás da mulher está um rio e, mais adiante, ao fundo, a continuidade da mata. Uma lua esbranquiçada e redonda paira no céu claro, mas fosco, refletindo-se nas águas do rio que banha a selva. A lua é também responsável por permitir que o observador possa enxergar a cena, ainda que essa se mostre obscurecida pela noite.

O artista usou vários tons de verde com o objetivo de expressar profundidade e espaço na sua obra. A pintura é feita em camadas. Os padrões entrelaçados de folhas e flores também trazem profundidade, mesmo sem a presença de uma perspectiva linear tradicional. Ele pintou ondulações horizontais na água a fim de intensificar a sensação fantasiosa de imobilidade.

Os artistas acadêmicos Félix Auguste Clément e Jean-Léon Gérôme aconselharam Rousseau a permitir que sua única mestra fosse a natureza, tamanho era o encanto que sentiam por suas obras.

Ficha técnica
Ano: 1907
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 169 x 189,5 cm
Localização: Museu d’Orsay, Paris, França

Fontes de pesquisa
Rousseau/ Editora Taschen
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
http://www.rivagedeboheme.fr/pages/arts/oeuvres/rousseau-la-charmeuse-de-serpents-1907.html

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Rousseau – O SONHO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A mulher adormecida em cima do sofá, sonha que foi transferida para este bosque e que está a ouvir os sons do encantador de serpentes. O motivo do canapé inserido nesta pintura, desve-se a esse fato. (Rousseau)

A imagem irradia beleza, isso é indiscutível. Creio que ninguém vai rir este ano. (Guillaume Apollinaire)

É com Rousseau que podemos falar de a primeira vez do Realismo Mágico. (André Breton)

A composição O Sonho é uma obra-prima do pintor francês Henri Rousseau, que traz como tema a selva, perfazendo um total de vinte e seis telas com essa mesma versão. Este é o último dos quadros com motivos selváticos, o maior deles e também o último do artista. O mais interessante é notar que, de um quadro para outro, a criatividade Rousseau foi ficando cada vez mais aguçada. Nesta tela, em particular, segundo informações, existem mais de vinte tons de verde, sendo considerada uma obra-prima da arte moderna. Todos os pormenores são cuidadosamente trabalhados (haste, folha, flor, etc). trata-se de um dos mais belos ícones da pintura visual. Esta obra foi exposta no Salão dos Independentes, poucos meses antes do falecimento de artista francês.

Em sua criação, o pintor deixa bem claro que se trata de um sonho, daí a razão de a mulher encontrar-se reclinada e nua na tela, à esquerda, numa espécie de sofá de estilo francês, no meio da selva. A retratada é Yadwigha, amante polonesa da juventude do pintor. Arrebatada, ela aponta para o encantador de serpente, ali naquele mundo surreal, que se desenrola em seu derredor, composto por uma paisagem exótica, com folhagens variadas e diversos tipos de animais, dentre os quais são vistos aves, macacos, felinos, um elefante e uma cobra. Enquanto a leoa traz os olhos voltados para a sonhadora mulher, o leão mira o observador com seus olhos perscrutadores.

Um nativo negro, encantador de serpentes, vestindo uma saia colorida e tocando um instrumento de sopro semelhante a uma flauta, ocupa quase que a parte central da composição. Seu corpo mistura-se com o escuro da folhagem, mas seus olhos brilhantes destacam-se, chamando a atenção do observador, a quem fita intensamente. Apesar de tênue, a lua-cheia joga sua luz sobre a selva, deixando-a a descoberto para ser admirada. Uma cobra escura, com barriga alaranjada, ondula em meio à vegetação colorida, lembrando as curvas dos quadris e da perna da jovem mulher, enquanto gigantescas e coloridas flores circundam-na.

Embora nunca tivesse deixado seu país, Rousseau transpôs para alguns de seus quadros um mundo fantástico, no qual a natureza é senhora absoluta. Nesta sua última obra, assim como a folhagem entrelaçada da floresta, ele fundiu o exótico e o comum, a selva representativa de um mundo distante e misterioso e o divã, comum ao chamado mundo civilizado, numa junção dos dois extremos. As cenas sobre a selva, criadas pelo artista, foram inspiradas pelas visitas que fazia ao Museu Paris de História Natural, e também aos jardins botânicos e estufas, e pelas revistas populares à época.

Nota: conheça os detalhes desta pintura, acessando o link abaixo. Não se esqueça de marcar “traduzir”:

http://artsnfood.blogspot.com/2013/11/closely-looking-at-heri-rousseaus-dream.html

Ficha técnica
Ano: 1910
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 204,5x 298,5 cm
Localização: Museu de Arte Moderna, Nova Iorque, EUA

Fontes de pesquisa
Rousseau/ Editora Taschen
http://www.henrirousseau.net/the-dream.jsp
http://www.visual-arts-cork.com/paintings-analysis/dream-rousseau.htm

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Rousseau – O LEÃO FAMINTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Leão Faminto é uma obra-prima do pintor francês Henri Rousseau, que traz como tema a selva. O artista criou um total de vinte e seis telas com temas relativos à selva. É  interessante notar que, de um quadro para outro, a criatividade do pintor foi ficando cada vez mais aguçada. Assim, o artista que foi escarnecido, ridicularizado e servido de motivo de chacota no século XIX, passa a causar um grande sentimento de admiração na vanguarda artística, no início do século XX.  A pintrua em questão foi exposta no Salão de Outono de Paris, em 1905. Como lhe era de costume, o pintor postou um enorme e explicativo subtítulo:

“O leão famito atira-se sobre o antílope e fere-o. A pantera espera o momento em que também ela poderá ir buscar a sua parte. Aves de rapina arrancaram um bocado do dorso do pobre animal, de cujo olho corre uma lágrima. Pôr do sol.”

O embate fatal acontece em meio a uma exótica e ordenada selva, ocupando praticamente a parte central inferior da tela, em primeio plano, onde se encontram os dois principais personagens: o leão e o antílope. À direita, uma pantera pintada encontra-se à espreita, ávida por abocanhar seu quinhão. Na parte superior do quadro são vistas duas aves, sendo uma coruja, de frente para o observador, e outra ave desconhecida. Ambas  trazem no bico nacos da carne do antílope, retirados enquanto o animal ainda se encontra vivo, como mostra seu corpo ferido. À esquerda, uma figura escura é parecida com a de um macaco.

Ao fundo, por detrás da densa folhagem, um sol avermelhado encontra-se em seu ocaso, reforçando a crueza da cena, que acontece na relva verdejante e macia da exótica selva. Vermelho do sol e sangue. Ocaso do sol e morte do antílope. Natureza, vida e morte – o ciclo eterno que se processa no planeta Terra.

Ficha técnica
Ano: 1905
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 201,5 x 301,5 cm
Localização: coleção particular

Fontes de pesquisa
Rousseau/ Editora Taschen
https://www.fondationbeyeler.ch/fr/ecards/le-lion-ayant-faim-se-jette-sur-l-antilope

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