Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Rubens – O RAPTO DE GANIMEDES

Autoria de Lu Dias Carvalho

ORADEGA

A composição denominada O Rapto de Ganimedes é uma obra do pintor barroco Peter Paul Rubens, o mais importante de todos os pintores flamengos do século XVII. Ele tinha na mitologia um de seus principais temas.

Rubens retrata o momento em que Ganimedes — o príncipe troiano — é raptado por uma águia negra, na qual Zeus metamorfoseara-se para aproximar-se do jovem por quem se apaixonara perdidamente. De frente para o observador e com a cabeça voltada para a esquerda, a águia nas nuvens, com suas grandes asas abertas, carrega o jovem para o Monte Olimpo, morada dos deuses.

Ganimedes nu, com um manto vermelho a cobrir-lhe a púbis, apoia-se na asa direita da ave. Ele tem a cabeça voltada para a esquerda, acompanhando a mesma direção da cabeça da águia. O jovem recebe de Hebe, a deusa da juventude, uma bebida num cálice de ouro, um sinal de que ele a ajudará a servir o néctar dos deuses, tornando-se seu ajudante nessa tarefa.

Uma segunda cena acontece à esquerda, na parte superior, mostrando os deuses reunidos no palácio de Zeus em torno de uma mesa no Olimpo, sendo servidos por pequenos cupidos — lugar para o qual será levado o jovem raptado.

Conta o mito que Zeus (Júpiter) ao ver Ganimedes, príncipe troiano, quedou-se de amores por ele, quando esse cuidava do rebanho do pai. O deus dos deuses que sempre fora liberal quanto ao sexo, logo tratou de arrumar um meio para aproximar-se do mortal. Como tinha o poder de metamorfosear-se naquilo que bem quisesse, Zeus tomou a forma de uma águia e raptou o moço, possuindo-o em pleno voo, tamanha era a sua cupidez. E mesmo tendo conhecimento do ciúme doentio de sua esposa Hera (Juno), levou o belo para o Olimpo. Ali Ganimedes passou a servir o néctar dos deuses, bebida responsável pela imortalidade desses.

Alguns dizem que o jovem Ganimedes tomou o lugar da deusa Hebe, outros que apenas tornou seu ajudante. Ele passou depois a fazer parte da constelação de Aquário, ali colocado por Zeus.

Curiosidades
• Segundo Platão, o mito de Ganimedes foi inventado pelos cretenses com a finalidade de legitimar as relações eróticas entre homens e meninos.
• Xenophon dizia que o mito simbolizava a superioridade do espírito em relação à carne.

Ficha técnica
Ano: 1611-1612
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 203 x 203 cm
Localização: Palácio Schwarzenber, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Rubens/ Editora Taschen
http://www.liechtensteincollections.at/en/pages/artbase_main.asp?module

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Rembrandt – DÂNAE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Dânae é uma obra mitológica do pintor holandês Rembrandt, sendo considerada uma das mais belas pinturas europeias. Ainda hoje existem dúvidas quanto à representação feita pelo artista. Dentre os diversos pareceres estão:

• Vênus esperando Marte
• Raquel esperando Jacó
• Sara esperando Abraão
• Dânae, a filha do rei Acrísio

Vamos tomá-la como Dânae, a princesa presa numa torre, para que não viesse a engravidar-se, pois, segundo o oráculo, o rei, seu pai, seria morto por seu neto. E de nada adiantou tanta resguardo, pois o deus Júpiter (Zeus) engravidou-a, ao tomar a forma de uma fina chuva de ouro, entrando metamorfoseado na torre. Desse encontro nasceu o herói Perseu.

Dânae está deitada num suntuoso leito com almofadas brancas bordadas, tendo a parte frontal totalmente nua e as costas semicobertas por um lençol branco. Uma criada, portando um molhe de chaves, segura parte do cortinado que a guarda.

A princesa sorri e acena com a mão direita para alguém imaginário que adentra no local, tendo ela, para isso, que virar a cabeça, enquanto a criada parece ceder passagem ao visitante. O corpo nu de Dânae, com sua barriga volumosa, como se já se encontrasse grávida, está voltado para o observador. Ela traz nos braços pulseiras de pérolas e de pedras. Seu braço esquerdo encontra-se recostado numa enorme almofada que serve de apoio para a parte superior de seu corpo. Seus pés estão encobertos pelo lençol.

Uma mesa redonda, coberta com uma toalha vermelha luxuosamente bordada, encontra-se à sua frente, e não chão, sobre o tapete, estão seus chinelos. Um cupido dourado com as mãos cruzadas enfeita-lhe a cabeceira da cama, enquanto uma coluna dourada segura parte do cortinado.

Curiosidades
• Rembrandt tomou como modelo a sua primeira esposa Saskia, mas, mais tarde, trocou o rosto pelo de Geertje Dicx, sua amante.
• Esta pintura foi danificada (em 1985) por um homem julgado insano, que a golpeou, no baixo ventre, com duas facadas, e jogou sobre ela ácido sulfúrico. O rosto e o cabelo da figura ficaram bastante danificados. Foram necessários 12 anos para restaurá-la.

Ficha técnica
Ano: 1636
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 185 x 203 cm
Localização: Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia

Fontes de pesquisa
Rembrandt/ Coleção Folha
http://www.nytimes.com/1997/08/31/arts/healing-a-disfigured-rembrandt

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Ticiano – A ADORAÇÃO DE VÊNUS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada A Adoração de Vênus é uma obra do pintor italiano Tiziano Vacellio, conhecido por Ticiano. Faz parte de um grupo de três outras encomendadas pelo duque de Ferrara, com temas mitológicos, sendo este o primeiro quadro da série. O artista incorpora aqui o amor, a fertilidade e a regeneração da natureza.

Na pintura, Vênus, a deusa romana do amor, da beleza, da sexualidade, da fertilidade, da prosperidade e da vitória, encontra-se num pedestal em forma de uma estátua, observando os pequeninos seres. À sua esquerda estão duas ninfas ou espíritos femininos da natureza. Uma observa os cupidos a voar, levantando um cesto na mão direita, enquanto a outra olha para trás, como se tivesse sido chamada. O artista leva o observador a intuir que o amor é responsável pela fertilidade e pela regeneração da natureza.

Seria quase impossível enumerar a quantidade de cupidos (tidos como filhos das ninfas) presentes na obra. Alguns voam em direção à macieira; outros sobem nas árvores, colhendo os frutos; outros se abraçam ou se beijam; alguns brincam com um coelho ou observam os companheiros no alto; outros apanham maçãs do chão e coloca-as nos cestos; alguns parecem oferecer maçãs à deusa; mais ao fundo, um grupo brinca de roda; à direita, na parte inferior da composição, um deles empunha seu arco e flecha, direcionando-os para um dos coleguinhas que levanta os bracinhos, etc. Suas asinhas coloridas aparecem aqui e acolá, com predominância das azuis. Eles se encontram num prado, cheio de flores, entre as árvores, a estátua de Vênus e as duas ninfas.

Segundo alguns estudiosos, Ticiano tomou como fonte de inspiração para pintar este quadro, a descrição de Filóstrato, um sofista grego da Antiguidade, na sua obra denominada “Imagines”. Chama à atenção a beleza das cores empregadas por Ticiano.

Ficha técnica
Ano: c. 1518-1520
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 172 x 175 cm
Localização: Museu Nacional do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Ticiano/ Editora Taschen
http://totallyhistory.com/the-worship-of-venus/

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Petrus Christus – RETRATO DE UMA JOVEM DAMA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor flamengo Petrus Christus (c. 1415 – 1420) que hoje é visto como o sucessor de Jan van Eyck que foi possivelmente seu mestre.  Após a morte de van Eyck ele ficou incumbido de terminar as obras desse, trabalhando na oficina do mestre.  Ele perdurou durou muito tempo no esquecimento, mas atualmente tornou-se famoso, sobretudo, pelo modo como trabalhou a perspectiva.  É tido como um dos primeiros grandes pintores dos Países Baixos a fazer uso do retratado em frente a um espaço interior possível de ser identificado.

A composição denominada Retrato de uma Jovem Dama é uma obra do artista muito comentada por seu fino acabamento. Trata-se de pintura obra que trouxe avanços no estilo do pintor e também para a pintura holandesa de retratos.

A jovem é representada graciosamente dentro de um pequeno espaço retangular, à frente de uma parede apainelada (parecida com um painel). Ela possui um rosto oval e uma testa alongada, possui olhos com traços asiáticos e sua pele é pálida. Seu olhar intrigante é proveniente de seus olhos em desalinho e sobrancelhas um pouco inclinadas. Sua boca é altiva. Ela olha obliquamente para o observador e, embora pareça tímida, mostra-se confiante. Veste trajes ricos, típicos da moda da época. A gola branca de sua roupa forma um triângulo invertido. Seu cabelo está cuidadosamente embutido dentro de um chapéu preto, preso por um laço que lhe contorna o pescoço fino, onde se destaca um belíssimo colar com três voltas, feito em ouro e pérolas.

O quadro é dividido ao meio pelas linhas horizontais dos lambris vistos parede castanho-escura no que parece ser um quarto.  A retratada já não se encontra diante de um fundo impessoal – como acontecia anteriormente. O alongamento de seu tronco e cabeça é reforçado por seu chapéu cilíndrico  e pela gola de arminho em V. Nesta obra podem ser observadas influências dos pintores Jan van Eyck e Rogier van der Weyden. Infelizmente, a obra apresenta inúmeras rachaduras.

Ficha técnica:
Ano: c. 1465- 1470
Técnica: pintura á óleo
Dimensões: 29 x 22,5 cm
Localização: Gemäldegalerie, Berlim, Alemanha

Fontes de pesquisa
Gótico/ Taschen
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann
https://en.wikipedia.org/wiki/Portrait_of_a_Young_Girl_(Christus)

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Petrus Christus – O OURIVES

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Na sua composição denominada O Ourives ou também O Ourives em sua Oficina o artista faz uso de um espaço bem pequeno, onde consegue botar em harmonia três figuras e ainda duas outras pintadas num espelho convexo, juntamente com três casas. Este quadro foi encomendado pela guilda dos ourives de Bruges para sua capela. Especulou-se em 1817 que a figura principal da composição — o ourives — representava Santo Eloi — padroeiro dos ourives — o que resultou na inserção, por meio de pintura, de um halo de santidade à figura. Porém, no fim do século XX identificou-se a figura como sendo  uma representação realista ou um retrato de um ourives real de Bruges, pertencente ao século XV.

O espelho visto na mesa do ourives repassa a impressão de que capturou a imagem de dois homens que trafegam pela rua e, curiosos, olham para o interior da oficina. À época, as leis das corporações dos ourives exigiam que as oficinas que trabalhavam com metais preciosos permanecessem abertas, a fim de mostrar aos compradores que esses eram legítimos. Presume-se que o retrato do homem com o falcão, presente no espelho, seja o do próprio pintor.

Na pintura o ourives — com uma pequena balança na mão esquerda — está atendendo a um rico casal. Enquanto ele pesa o anel, o homem e a mulher observam-no com atenção. Mas ao invés de prestar atenção no seu trabalho, o ourives olha para o alto, o que levou a presumir-se que se tratava da representação de Santo Eloi, o padroeiro dos ourives que antes havia também trabalhado como ferreiro.

Atrás do ourives, na prateleira mais baixa, encontram-se mostruários com anéis, colares, broches e pérolas, assim como um recipiente feito com ouro e cristal, tendo um pequeno pássaro em cima da tampa que provavelmente servia para guardar a Hóstia Sagrada. Próxima à cortina vê-se uma taça feita com casca de coco. Há um “galho” de coral, encostado à parede, além de duas pedras conhecidas como “pedras de toque”. Acima estão três jarras de prata e uma fivela de ouro e pedras. Há também um rosário feito de âmbar.

Na pintura o ourives está pesando o anel de casamento para o os dois jovens, conforme evidencia o cinto nupcial sobre o balcão, à direita do santo (?), artigo muito lucrativo para os ourives daquele tempo. O casal encontra-se suntuosamente vestido em conformidade com a moda da época, portanto, provinha de famílias ricas, possivelmente ligadas à corte do duque de Borgonha.

A mulher usa um belo vestido de cintura alta, feito com brocado, trazendo motivos em granada. A parte dourada de seu chapéu é bordada com pérolas. Sua mão esquerda está estendida em direção ao santo (?), como se quisesse pegar o anel. O homem também se encontra elegantemente vestido, usando um chapéu preto onde se encontra uma joia. Traz uma grossa corrente de ouro no peito. À época era muito comum o uso de joias pelos homens.

Causa surpresa o fato de haver uma inscrição em latim na borda inferior da pintura, onde o artista deixa assinalado seu nome e a data em que o trabalho foi feito, levando em conta que naquela época os artistas eram praticamente anônimos e não se atinham a tais preocupações. O desenho do coração, próximo à assinatura, pode levar à conclusão de que Petrus Christus era também ourives, pois se trata de um sinal usado pelos miniaturistas e ourives.

Não se conhece todo o trajeto desta obra que se pensava ser de cunho religioso e que também fazia propaganda do sindicato dos ourives. Ela apareceu no século XIX nas mãos de um colecionador alemão que, por sua vez, diz tê-la comprado de um holandês. É interessante observar que os pequenos pesos da balança encaixam-se perfeitamente, sendo guardados dentro um recipiente redondo que se encontra aberto, próximo à balança. Moedas de ouro estão sobrepostas no balcão, à esquerda do ourives.

Curiosidade
Em razão de terem colocado depois uma auréola na cabeça do personagem, conforme foi comprovado por uma perícia feita no século XX, supõe-se que o retrato seja de um ourives que viveu em Bruges. Estaria ele passando por Santo Eloi? Não se sabe!

Ficha técnica:
Ano: 1449
Técnica: óleo em painel
Dimensões: 100,1 x 85,8
Localização: Metropolitan Museum of Arte, Nova Iorque, EUA

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Editora Taschen
Defrocking St.Eloy: Petrus Christus’s “Vocational …

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Mestres da Pintura – PETRUS CHRISTUS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Pouco se sabe sobre a vida do pintor flamengo Petrus Christus (c.1415-1472/73), tido como um dos mais importantes sucessores do pintor Jan van Eyck. Além de ter sido colaborador desse após a sua morte, Petrus Christus foi quem levou avante o trabalho de sua oficina, inclusive terminando algumas obras inacabadas, deixadas por Eyck. Veio depois a criar a sua própria oficina, tornando-se um dos mais famosos representantes da Escola de Bruges.

Além da influência recebida de Jan van Eyck, Petrus foi também influenciado pela arte de Rogier van der Weyden e a de Robert Campin. É tido como um dos principais pintores da geração seguinte. Baseando-se apenas em suas experiências, o artista acabou por descobrir a lei da perspectiva linear, que foi aplicada em suas obras. Também é considerado o primeiro pintor a fazer uso de um cenário de interior para pintar seus modelos diante dele. É também famoso por suas paisagens, nas quais aplicou as leis básicas da perspectiva, abrindo novos caminhos para os que o precederam.

Nota: não se conhece um retrato do pintor. Ilustra o texto uma de suas obras, denominada Pietá, óleo sobre madeira, feita em cerca de 1455

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Editora Taschen
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann

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