Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

El Greco – ESPÓLIO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O quadro O Espólio, também conhecido como Desnudamento de Cristo, adorna a sacristia da Catedral de Toledo e, chama a atenção, sobretudo, pela visível mancha vermelha na túnica de Jesus, além de mostrar lembranças do estilo bizantino na arte de El Greco. É uma das obras-primas do artista, onde existem elementos reais e abstratos. Nele se encontra um grande ajuntamento de pessoas em volta de Jesus, sendo visíveis apenas a cabeça de algumas delas.

Na composição, Cristo ocupa a parte central da cena, sendo o centro real da obra,  impactando-a com sua figura majestosa, vestida até os pés com uma túnica de cor vermelha vibrante, em meio a um amontoado de figuras, atraindo para si o olhar do espectador. É a única figura mostrada frontalmente em toda a composição. Ele será despojado de suas vestes, pois fora condenado. Seus olhos marejados dirigem-se aos céus, pedindo ao Pai forças para aguentar tamanho sofrimento. Traz na mão direita, que se apoia no peito, uma corda que é puxada por um dos verdugos. Seus pés jazem em meio a pedras espalhadas.

À esquerda de Jesus, um personagem abaixado, vestindo um colete amarelo,  prepara a cruz de madeira, fazendo um furo, para a crucificação. Ele se encontra alheio ao barulho da turba, absorto em seu trabalho. E Cristo, mesmo em meio ao alarido, permanece calmo diante das agruras que o aguardam. Maria, abaixo e à direita de Jesus, observa o homem que trabalha a cruz. Ela está coberta por um manto roxo, tendo atrás de si Maria Madalena e, à frente, a outra Maria, com um manto amarelo, de costas para o observador. São as chamadas Três Marias, que se encontram num plano imaginário, bem mais baixo do que o fundo do quadro.

Esta composição traz vários aspectos inusitados, como o homem, à direita de Cristo, usando uma armadura brilhante, que traz refletidas as cores do manto de Jesus e o das mulheres; um homem que aponta seu dedo para Cristo e a presença das Três Marias. Tais aspectos indicam que El Greco ajuntou vários episódios da Paixão de Cristo num único momento. O que leva a crer que o homem de armadura seja Pilatos ou Herodes e, que a figura que aponta o dedo para Jesus seja um dos sacerdotes que o acusaram, e as Três Marias são aquelas mencionadas nos evangelhos de João e Lucas.

Ficha técnica
Ano: 1577-1579
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 285 x 173 cm
Localização: Catedral, Toledo, Espanha

Fontes de pesquisa
El Greco/ Editora Girassol
Pintura na Espanha/ Jonathan Brown

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El Greco – PURIFICACAÇÃO DO TEMPLO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Purificação do Templo, também conhecida como Expulsão dos Mercadores do Templo, é baseada na passagem dos Evangelhos que narra a presença de Jesus no Templo, inconformado com os vendilhões que ali se encontravam.

El Greco, que fez desta obra duas versões anteriores, demonstra o seu grande conhecimento no desenho de arquitetura e perspectivas geométricas, embora o emprego dos contrastes cromáticos ainda deixem a desejar. É a primeira obra que adota totalmente o estilo veneziano.

É possível observar no Templo, um grande número de vendilhões, composto por homens e mulheres com os seios à vista. As pessoas encontram-se assustadas e agitadas em volta de Cristo, muitas delas tentando se proteger das chicotadas. Espalhados pelo chão estão gaiolas e cestos com animais.

Ficha técnica
Ano: 1570-1572
Técnica: têmpera sobre painel
Dimensões: 65 x 83 cm
Localização: Galeria Nacional, Washington, EUA

Fonte de pesquisa
El Greco/ Editora Girassol
Pintura na Espanha/ Jonathan Brown

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El Greco – MACACO, JOVEM ACENDENDO UMA VELA E HOMEM

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição de El Greco denominada Macaco, Jovem Acendendo uma Vela e Homem tem o seu significado oculto até os dias de hoje. Nenhuma das hipóteses aventadas conseguiram elucidar sua interpretação iconográfica.

No quadro estão presentes um homem, um garoto e um macaco. O menino tenta acender uma vela com uma brasa, único foco de luz da composição, que clareia especialmente o rosto do garoto e sua mão direita, dando à tela um efeito de claro-escuro.

O modelo central é o mesmo do quadro Jovem Acendendo uma Vela. O garoto tenta acender a vela, usando um pedaço de madeira em brasa, assoprando-o com visível força. O mais engraçado é que até o macaco parece estar soprando, torcendo para que a vela acenda, enquanto o homem, à direita, com seu chapéu vermelho, ri da cena.

Ficha técnica
Ano: 1577
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 49 x 64 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa
El Greco/ Editora Girassol

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El Greco – SÃO MARTINHO E O MENDIGO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição São Martinho e o Mendigo foi pintada para ornamentar a capela de São José de Toledo.

São Marinho, vestindo uma reluzente armadura, está montado num belo cavalo branco, com ricos arreios. O santo é ainda muito jovem, com seus cabelos dourados e encaracolados, e dono de um olhar tristonho. Com a mão esquerda, ele segura as rédeas do animal e com a direita a espada, com a qual cortou um pedaço de sua capa verde para cobrir o corpo seminu do mendigo.

O pedinte é um jovem alto e esguio. Sua perna direita possui um ferimento que se encontra envolto numa atadura. Vê-se que nada possui. Suas longas pernas encontram-se rentes com as pernas traseiras do cavalo. Seu rosto está levantado para o santo que o olha com visível compaixão.

O cavalo branco e vigoroso mostra-se impaciente para continuar a jornada, como mostra sua pata esquerda já levantada, mas é contido pelo santo.

Um azulado, com nuvens densas, cobre a cena, enquanto embaixo, ao fundo, vê-se a silhueta da cidade de Toledo, banhada pelo Rio Tejo. Do outro lado do rio encontram-se a Virgem, Santa Martina e santa Inês.

Ficha técnica
Ano: 1597-1599
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 193 x 103 cm
Localização: Galeria Nacional, Washington, EUA

Fonte de pesquisa
El Greco/ Editora Girassol

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El Greco – LAOCOONTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Provavelmente Laocoonte tenha sido a única composição com tema mitológico produzida por El Greco (ele fez mais duas cópias da tela), que não nutria nenhum interesse por tal temática, mas sim pela sacra, ainda que a mitológica fosse muito procurada pelos colecionadores. O pintor deve ter visto, certamente, a escultura do grupo romano em mármore, quando esteve em Roma. Além do tema da tela causar surpresa, também surpreende o seu formato horizontal, uma vez que o artista sempre optava pela verticalidade. O artista, ainda que tenha baseado sua pintura num tema da Antiguidade Clássica, tem aqui uma atitude anticlássica e antiheróica ao retratar os personagens mitológicos.Trata-se, segundo estudiosos, de uma das obras mais desordenadas, assimétricas e enigmáticas, executadas no final de sua vida.

Segundo o mito, Laocoonte, sacerdote de Apolo, casou-se contra a vontade do deus e teve dois filhos denominados Antífenes e Timbreu, deixando a divindade muito irratada. Mas Apolo ficou mais indignado ainda quando Laocoonte arremeçou sua lança contra o Cavalo de Troia. E, por isso, vingou-se enviando duas serpentes marinhas gigantescas para matar os filhos de seu sacerdote, mas esse, ao tentar salvá-los, acabou sendo picado e morto pelas víboras.

Laocoonte e seus dois filhos encontram-se numa rocha, de onde se vê a cidade, lutando contra as duas serpentes. O sacerdote está prestes a ser picado na cabeça. Seus olhos aflitos estão voltados para a boca do réptil. Um de seus filhos, possivelmente já morto, está próximo à sua cabeça, numa posição contrária à sua. O segundo filho, a seus pés, ainda se mantém de pé e se contorce todo, tentando afastar a serpente que quase lhe toca o corpo. À direita dos condenados vê-se o deus Apolo, acompanhado de uma deusa ou ninfa, observando a cena. Todas as figuras encontram-se nuas.

As nuvens fantasmagóricas são responsáveis por levar luminosidade e dramaticidade à composição. A vista deslumbrante da cidade espanhola de Toledo, ao fundo, sob o lampejar de um céu ameaçador, faz as vezes da cidade grega de Troia. É possível ver o Cavalo de Troia partindo em direção à porta da cidade.

Ficha técnica
Ano:1610-1614
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 142 x 193 cm
Localização: Galeria Nacional, Washington, EUA

Fonte de pesquisa
El Greco/ Editora Girassol

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Van Eyck – A VIRGEM DO CHANCELER ROLIN

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Nicolas Rolin nasceu de origem humilde, mas sua inteligência, habilidade, crueldade e ganância fizeram com que chegasse ao cargo de chanceler do Grão-Ducado da Borgonha, que ele transformou numa grande potência europeia, ali permanecendo por quase 40 anos. Mas ciente da carga de maldades que levava às costas, tratou de garantir a salvação de sua alma, revelando-se um fidelíssimo devoto da Virgem Maria, aliando a isso a dedicação às obras de caridade, numa luta inglória entre a humildade e o orgulho.

Na composição A Virgem do Chanceler Rolin, Jan van Eyck pintou o chanceler como um homem de meia-idade, ajoelhado sobre um genuflexório diante da Virgem Maria e seu Menino, com as mãos em atitude de preces. Um livro de horas encontra-se aberto sobre o genuflexório. É possível ver que o texto inicia-se com a letra D.

A cena acontece numa imponente sala de um palácio, ao alto, cuja janela descerra-se para uma bela paisagem montanhosa, sendo possível ver um rio dividindo a cidade com suas imponentes construções e incontáveis torres. Estão presentes na paisagem mais de 2000 figuras. É possível ver desde as planícies da Holanda até os Alpes nevados. No jardim encontram-se rosas, lírios e pavões reais. Possivelmente, os dois personagens encostados ao muro, são Van Eyck e seu irmão Hubert.

A Virgem Maria está modestamente assentada numa almofada, diante do chanceler, com o seu Menino no colo, coberta por um manto de púrpura vermelho. Acima de sua cabeça, um anjo segura uma coroa de ouro e pedras preciosas, como se fosse cingi-la. Ela não fixa o pecador, numa atitude de piedosa modéstia. Seus cabelos, repartidos ao meio, são dourados e longos, espalhando-se por suas costas e ombros, com uma fina fita a cingi-los.

O Menino Jesus, nu, está seguro apenas pelas mãos de Maria, cujo corpo serve-lhe de trono. Na mãozinha esquerda, ele traz uma esfera de vidro imperial com uma cruz, que simboliza seu poder, e com a direita abençoa o chanceler, ajoelhado à sua frente. A cena é iluminada pela luz do sol.

Esta obra, encomendada para a catedral de Autun, foge à regra dos quadros de doadores medievais, que traziam um santo ao lado, como intermediário. Ainda que quisesse parecer humilde, está presente na pintura toda a arrogância do chanceler, que se encontra sozinho, sendo do mesmo tamanho da Virgem. Também está ajoelhado no mesmo nível de Maria. Ele toma conta de toda a metade esquerda da pintura, e usa um manto de brocado de ouro, enfeitado com vison, bem mais ostensivo do que o da Virgem. Fica claro que o mundo terreno era muito mais importante para ele do que o espiritual.

Ficha técnica
Ano: 1435/37
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 66 x 62 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fonte de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
100 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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