Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Tintoretto – CRISTO NA CASA DE MARTA E MARIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada Cristo na Casa de Marta e Maria é uma obra religiosa do pintor italiano Jacopo Robusti, porém conhecido como Jacopo Tintoretto em razão da profissão de tintureiro (tintore) do pai. Ele é tido como o mais importante artista do maneirismo veneziano. A temática usada na composição é relatada unicamente no Evangelho de Lucas (10:38-42). Pintores como Diego Velázquez, Rembrandt, Jan Vermeer, Caravaggio e Rubens também retrataram esta passagem bíblica. Neste quadro, o uso da luz e da perspectiva chama a atenção.

O Mestre Jesus encontra-se na casa das irmãs Marta e Maria, num espaço muito pequeno, o que dá mais intimidade ao grupo. Os principais personagens da cena são Jesus Cristo e as duas irmãs, embora haja outras pessoas, estando quatro delas dentro da casa e cinco do lado de fora, mas voltadas para o interior da habitação. A proximidade entre as três figuras principais configura uma estrutura piramidal, sendo a cabeça de Marta seu ápice.

Jesus, usando uma túnica avermelhada e um manto esverdeado, encontra-se de perfil, na cabeceira da mesa. Um foco de luz dourada banha o lado esquerdo de seu rosto e também suas mãos. Ele inclina sua cabeça para baixo em direção a Maria que se encontra a seus pés, ávida por suas palavras. Suas mãos trazem o gestual de quem explica algo. Outro personagem está à mesa, de frente para Jesus. Marta está de pé, atrás da irmã.

Marta preocupa-se com os afazeres, enquanto Maria senta-se aos pés do Mestre, como faziam os discípulos no Oriente, ao se sentarem aos pés de seus mestres. A cena mostra o momento em que Marta repreende Maria, para que essa a ajude nos preparativos da casa, pedindo a intervenção de Jesus. Vistas sob tal ângulo, as duas irmãs simbolizam dois modos diferentes de vida cristã: Maria, voltada para a vida contemplativa, e Marta personificando a vida ativa.

Ao fundo, em segundo plano, à direita, está a cozinha, separada da sala por uma luxuosa cortina recolhida. Uma criada trabalha ao fogão. Inúmeros pratos estão dispostos na prateleira, enquanto quatro caldeirões de cobre encontram-se dependurados na parede.

Ficha técnica
Ano: 1570/75
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 200 x 132 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 74

Perugino – BATISMO DE CRISTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Pietro Perugino (c. 1448 – 1523), tido como um dos mais renomados mestres da Escola da Úmbria e um precursor do Alto Renascimento, dono de um colorido suave e de composições equilibradas, fez parte da guilda de pintores de Florença. Pode ter sido aluno de Andrea Verrochio e Piero della Francesca.  Foi professor de Rafael Sanzio.

O afresco intitulado Batismo de Cristo é uma obra dos pintores italianos Pietro Perugino e Pinturicchio. O pintor e arquiteto italiano Giorgio Vasari identificou-o apenas como obra de Perugino, mas, segundo a crítica moderna, esse é responsável por pintar as duas figuras principais (Jesus Cristo e João Batista) e a que se encontra sentada, cabendo o restante ao segundo, mas sem excluir a possibilidade de assistentes na confecção do grande afresco. Faz parte da ornamentação da Capela Sistina, em Roma/Itália, cujo objetivo era fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento).

A composição denominada Batismo de Cristo é uma obra religiosa da maturidade do artista. A composição mostra Jesus Cristo sendo batizado por João Batista. Dividindo a obra ao meio está o rio Jordão, passando pelos pés de Jesus e de João Batista em posturas semelhantes. No centro da parte superior da tela em meio a uma esfera de luz encontra-se uma pomba branca, simbolizando o Espírito.

Três anjos encontram-se reunidos, à esquerda, acompanhando serenamente a cerimônia do batismo de Jesus, tendo atrás um fundo escuro de folhagens. À direita, Cristo é visto usando uma túnica azul e um manto amarelado, já tendo sido batizado, pronto para sua missão. Traz na cabeça uma auréola, o que simboliza a sua divindade. Alguns estudiosos de arte veem como desnecessária esta figura, além de ter sacrificado o espaço da suave paisagem ao fundo.

Cristo é mostrado bem jovem, seminu, com a cabeça abaixada e as mãos em postura de oração. João Batista, mais alto, despeja água na cabeça de Jesus. As duas figuras, construídas de forma estática, apresentam um ritmo simétrico. Existem outras composições do artista com esta mesma temática em que as figuras de Cristo e João Batista são quase semelhantes às mostradas aqui.

Ficha técnica
Ano: 1498/1500
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 30 x 23,5 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 10

Giovanni Bellini – MULHER JOVEM ARRUMANDO…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Giovanni Bellini (c.1430 – 1516) nasceu numa família de artistas. Era também conhecido pelo apelido de Giambellino. Seu irmão mais velho, Gentile Bellini, era também pintor.  Teve o pai – o respeitado pintor Jacopo Bellini,  responsável por levar o Renascimento a Veneza – como seu primeiro mestre que se dedicou intensamente a transformar seus dois filhos em importantes pintores. Giovanni tornou-se depois aluno de Andrea Mantegna, seu cunhado que influenciaria grandemente sua arte. O foco de seu trabalho foi Veneza, onde teve sua própria oficina, sendo nomeado pintor oficial da cidade. Teve como aluno Ticiano, Giorgione, Lorenzo Lotto, entre outros grandes nomes da pintura.

A composição intitulada Mulher Jovem Arrumando o Cabelo ou ainda Jovem Mulher em sua Toalete é obra do artista que a criou quando já se tornara octogenário. A temática religiosa era a preferida de Giovanni Bellini que também pintou alguns quadros mitológicos, portanto, esta obra, executada um ano antes de sua morte, foge ao seu padrão habitual.

Uma jovem mulher, em primeiro plano, sentada sobre um banco (ou cama?) forrado com um tapete estampado, encontra-se seminua, segurando um pequeno espelho oval, enquanto arruma seu cabelo. Ao fundo,  existe outro espelho oval, só que bem maior, que reflete a imagem de sua cabeça, mostrando um arranjo redondo com pérolas, enfeitando o lenço estampado. Ela usa os dois espelhos para ver como ficou a ornamentação de suas madeixas na parte de trás.

O artista lança mão do espelho na parede mais para destacar as refinadas formas geométricas e esculturais do que propriamente para duplicar a imagem. O fundo verde-escuro da parede destaca ainda mais o corpo da mulher. O pedaço de papel sobre a cama traz a inscrição, em latim, do nome do autor da obra e a data em que foi executada. O espelho é, ao mesmo tempo, símbolo da vaidade (vanitas) e da “Vênus Pudica”.

Uma imensa janela, contendo um vaso no seu batente, leva a uma suave paisagem veneziana, uma maneira que o artista usou para dar profundidade à pintura. As mesmas cores do motivo principal estão contidas na paisagem, como uma maneira de unificar as duas partes.

Ficha técnica
Ano: 1515
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 63 x 78 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://artsandculture.google.com/asset/young-woman-at-hertoilette/

Views: 1

Dosso Dossi – JÚPITER, MERCÚRIO E A VIRTUDE

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Dosso Dossi (c. 1489 – 1542), artista da época da Renascença, foi batizado com o nome de Giovanni di Niccolò de Lutero. Seu pai trabalhava para os duques de Ferrara. Era irmão do também pintor Battista Dossi que foi aluno de Rafael Sanzio. Pode ter estudado com Lorenzo Costa. Foi um dos grandes nomes da Escola de Ferrara no século XVI. É possível que tenha se ligado ao círculo de Rafael em Roma. Além dos afrescos, também pintou painéis com temas mitológicos, cristãos e alegóricos. Mesclou o estilo de Ferrara com o de Ticiano – pintor que conheceu em Veneza – e o de Giorgione. Suas obras mais famosas são as alegorias mitológicas, tema que era muito valorizado na corte humanista de Ferrara. Sua personalidade era rica e complexa. Legou à posteridade maravilhosos trabalhos.

A composição intitulada Júpiter, Mercúrio e a Virtude é uma obra do artista. Existem muitas indagações sobre o real significado desta pintura que para muitos simboliza  a indiferença dos deuses em relação aos problemas humanos.

A Virtude (primeira à direita) foi até o Monte Olimpo em busca de Júpiter, para se queixar ao deus dos deuses dos males que a deusa Fortuna estava a provocar. Contudo, Mercúrio (sentado ao meio) – o deus mensageiro de Júpiter e dos outros deuses e também protetor dos viajantes negociantes e ladrões – não lhe permitiu falar com a divindade. A Virtude, personificada numa figura trajando um vestido amarelo e ornada de flores, mostra-se ansiosa, levando a mão ao peito.

Os três personagens encontram-se em primeiro plano, formando uma linha horizontal. Júpiter (Zeus), com seu manto vermelho, tendo à sua direita um relâmpago estilizado jogado ao chão, mostra-se entretido com sua pintura. Tem diante de si um quadro no qual pinta asas de borboletas que, a seguir, parecem ganhar vida, saindo da superfície da tela em direção à natureza. Na mão esquerda, o deus traz sua paleta de cores. Sua arte sobrenatural simboliza a criação, tanto no mundo natural quanto no das artes.

O jovem deus Mercúrio (Hermes), sentado sobre um pano vermelho, apresenta-se nu, pois o manto escuro às suas costas não interfere na sua nudez. Na cabeça traz um chapéu com asas e também calça sandálias aladas – atributos de sua rapidez. Na mão direita segura seu caduceu (também adornado com asas na parte superior). Ele se volta para a Virtude, com o dedo indicador rente aos lábios, pedindo-lhe para não importunar o deus Júpiter, sentado junto ao seu cavalete de pintor.

Ao fundo vê-se uma delicada paisagem com algumas edificações à direita.

Ficha técnica
Ano: c. 1525
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 111 x 150 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Dürer – RETRATO DE UMA JOVEM SENHORA…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Albrecht Dürer (1471 – 1528) foi o primeiro artista alemão a se preocupar com o real, ou seja, com o homem e a natureza, usando o método científico que tinha por base a observação e a pesquisa. Foi gravador, ilustrador, cientista, desenhista e pintor e responsável por trazer o Renascimento para a Alemanha. Embora fosse um homem muito religioso que pendia para o misticismo, era dono de uma curiosidade ilimitada. Procurava compreender a aparência de todas as coisas perceptíveis através dos sentidos. Estava sempre em busca do novo. Era filho de um renomado mestre. A profissão do pai foi muito importante para que Dürer se enveredasse pelo caminho da arte, pois, naquela época, os ourives encontravam-se entre os mais importantes artesãos.

A composição intitulada Retrato de uma Jovem Senhora Veneziana é obra do artista, mas não existem provas que realmente atestem a identidade desta mulher como sendo veneziana, uma vez que o artista fez inúmeras viagens pela Itália. Foi executado – juntamente com outros retratos da elite italiana e sendo possivelmente o primeiro – quando Dürer encontrava-se na Itália, onde influenciou jovens artistas, como Giorgione, sendo também  influenciado por artistas italianos, como Giovanni Bellini.

A pintura parece não ter sido concluída, como mostra o laço de fita à esquerda, embora a análise técnica da superfície não respalde tal ponto de vista. Pode ser que o artista tenha usado cores diferentes nos laços propositalmente, ou seja, tendo levado em conta apenas o aspecto composicional em que a fita esquerda combina com a cor do cabelo da mulher e a direita com a cor de seus olhos e a do fundo escuro da tela.

A mulher retratada usa um vestido vermelho de decote quadro, enfeitado com finas fitas douradas e laços. Seus cabelos dourados estão presos atrás por uma fina rede dourada de acordo com a moda da época em Veneza.  Estão repartidos no meio da cabeça, caindo por ambos os lados do rosto, formando caracóis. Seu pescoço ostenta uma preciosa joia em pedras e pérolas que desce pelo colo de pele suave.

O fundo preto e uniforme da tela realça ainda mais a bela jovem de grandes olhos, sobrancelhas curvas, boca carnuda e nariz avantajado. As tonalidades de marrom e dourado dos cabelos e vestido sobressaem em relação ao fundo escuro. Ela não fita o observador, apenas olha para um ponto à sua frente com seu olhar sonhador. Toda a figura é banhada por uma luz suave.

Ficha técnica
Ano: entre 1505
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 32,5 x 24,5 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.wikiart.org/en/albrecht-durer/virgin-and-child-holding-a-half-eaten-pear-
https://artsandculture.google.com/asset/portrait-of-a-young-venetian-woman/

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Claude Lorrain – A EXPULSÃO DE AGAR

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Claude Lorrain (1600 – 1682), cujo nome legítimo era Claude Gellée, tornou-se conhecido como “Le Lorrain”, nome relacionado com a região em que nascera. Ao mudar-se para Roma, o artista teve como mestre o pintor de arquitetura Agostino Tassi, vindo posteriormente a estudar com Gottfried Sals, pintor de arquitetura e paisagens, quando se encontrava em Nápoles.  Acabou se tornando um dos famosos paisagistas de Roma, tendo se inspirado, inicialmente, nas paisagens idealizadas de Annibale Carraci e na dos pintores holandeses que residiam naquela cidade. Embora seu estilo fosse lírico e romântico, acabou aproximando-se de Nicolas Poussin, mais tarde. A vista do mar era um tema constante nas obras de Lorrain, assim como lembranças da Antiguidade Clássica que sempre davam um toque de solenidade antiga às suas obras.

A composição A Expulsão de Agar – também conhecida como Partida de Agar e Ismael – mistura uma paisagem imaginária com uma história bíblica. Apresenta quatro personagens bíblicos: Abraão, Agar e Ismael na frente de uma imponente edificação arquitetônica de aspecto clássico, e Sara, a esposa de Abraão, na parte de cima, acompanhando a cena. Agar, a escrava egípcia que dera um filho ao patriarca, está sendo expulsa de casa com seu filho, por ordem de Sara, esposa de Abraão que se dizia desprezada. Ismael segura na saia da mãe, enquanto essa é escorraçada por seu pai. Agar parece surpresa e preocupada, conforme mostram os gestos de suas mãos. Abraão aponta ao longe para a escrava, provavelmente mostrando-lhe a direção que deverá tomar.

Pode-se ver um cenário natural campestre à frente e à esquerda da edificação. Diante dos personagens diversos animais pastam. Mais adiante dois pastores tomam conta de um rebanho. Instrumentos de trabalhar a terra aparecem na base inferior da tela.  Ao fundo, um braço de mar ou um rio de águas prateadas embelezam a composição.

Nota: quem quiser entender melhor a passagem bíblica em que se baseou o artista para criar esta obra, veja o link: https://www.bibliaonline.com.br/vc/gn/21.

Ficha técnica
Ano: 1625
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 105 x 139,5 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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