Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Di Paolo – MADONA DA HUMILDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

O ilustrador de manuscritos e pintor italiano Giovanni di Paolo (1403 -1482) possuía um estilo narrativo semelhante ao da escola sienesa. É provável que tenha aprendido a arte da pintura com Taddeo di Bartolo, tendo recebido influências de Gregorio di Cecco, Benedetto di Bindo, Gentile da Fabriano, entre outros. Sua pintura que combinava aspectos da fantasia e ausência de perspectiva tinha um toque de expressionismo. Tinha grande fascínio pela natureza, sempre presente em sua obra, como mostra a maioria de seus quadros. Seus trabalhos tornaram-se bem conhecidos.

Na composição Madona da Humildade, também conhecida como Virgem e Criança, o artista faz uma interpretação mais complexa da concepção de Maria, bem de acordo com a arte medieval da época. A Virgem é representada segundo uma visão cósmica em que o universo é composto de esferas concêntricas, como mostram os arcos paralelos que direcionam o olhar do observador para um horizonte distante. Na parte central superior da pintura aparece o Espírito Santo em meio a reflexos de luz.

A Virgem encontra-se numa relva florida em meio a morangos e flores silvestres, numa clareira, de frente para o observador. Ela se encontra sentada sobre uma almofada de brocado amarela, vestindo um manto azul-marinho que deixa apena suas mãos, rosto e pescoço à vista. Na cabeça usa um turbante e um fino véu e tem o pescoço cingido por colares. Traz seu Menino, nu e magricela, nos braços. Um halo dourado na cabeça de ambos demonstra a divindade de mãe e filho. Seu olhar está voltado para o pequeno Jesus, enquanto o dele se volta para o observador.

Uma cerca de árvores frutíferas protege a Virgem e seu Menino. O fato de ela se sentar ao chão revela a sua humildade. O tamanho de Maria e do Menino é excessivamente grande em relação aos elementos da paisagem, em conformidade com as regras da época. O fundo inclinado da pintura revela inúmeros elementos: bosques, campos floridos, montanhas, edificações fortificadas, estradas pontilhadas por pedras brancas, etc. Um rio nasce à direita, passa por trás dos dois primeiros rochedos e desagua no lago à direita.

Este painel exprime a beleza lírica da pintura de Siena. Existe outra versão desta obra na Pinacoteca de Siena.

Ficha técnica
Ano: c.1442
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 56 x 43 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.wga.hu/html_m/g/giovanni/paolo/1/humility.html

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Constable – A CATEDRAL DE SALISBURY

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Catedral de Salibury, vista do Jardim do Bispado, foi realizada a pedido do bispo anglicano de Salisbury, John Fisher, amigo do pintor, que assinalou a perspectiva e o enquadramento da cena que queria pintada.

Esta é uma versão anterior e homônima (1821 – 1822) da pintura que se encontra em Victoria Albert Museum, Londres, Grã-Bretanha. Dizem que Fisher, vendo suas cores sombrias e graves, não gostou e pediu por uma pintura mais leve e feliz. Faz parte do acervo do MASP desde 1851. Uma versão da pintura também se encontra na Coleção Frick, em Nova York. Outra pequena versão da pintura está na Biblioteca Huntington, em Samarino, Califórnia.

A grande diferença entre as versões reside, principalmente nas nuvens, na cor e na intensidade. Diferenças também podem ser notadas no formato das árvores e no estilo da pintura, sendo esta que se encontra no MASP de estilo bem próximo ao impressionista. Apesar de tais dessemelhanças, todas são belíssimas.

A cena retratada acontece no meio rural. Na parte esquerda da tela, em primeiro plano, o pintor retratou o bispo e sua esposa, próximos a uma cancela aberta, como se estivessem admirando a catedral, para a qual aponta o religioso com a sua bengala. Um pouco mais à frente, um casal observa a natureza.

A catedral de estilo gótico, com suas paredes de pedra e uma enorme torre, está sendo banhada pela luz do sol. Duas grandes árvores em forma de arco enquadram-na. Abaixo delas corre um riacho de águas límpidas, onde duas vacas bebem água, enquanto outras quatro pastam próximo. O céu azul está coberto de nuvens brancas e algumas escuras começam a aparecer.

Segundo Constable, esta foi uma das paisagens mais difíceis pintadas por ele. A obra demonstra a harmonia entre as influências naturais e as humanas. A enorme torre, que se ergue majestosa, apontando para o céu, sugere que tal harmonia é uma bênção de Deus.

Ficha técnica
Ano: c. 1823
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 90 x 114 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Romantismo/ Editora Taschen
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann

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Hans Memling – A VIRGEM EM LAMENTAÇÃO…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor alemão Hans Memling (c.1433 – 1494) tem a sua arte situada no ponto de transição do Gótico para o Renascimento. É possível que tenha estudado com o mestre Rogier Vander Weyden, em Bruxelas. Era dono de um estilo pessoal, sendo suas obras ricamente detalhadas e harmoniosas. Nos seus últimos anos de vida, o artista foi seduzido pelo Renascimento italiano.

A composição religiosa denominada A Virgem, São João e as Santas Mulheres, também conhecida como A Virgem em Lamentação e as Pias Mulheres da Galileia, é obra do artista. Apresenta quatro figuras, sendo três mulheres e um homem.  Esta obra faz parte do Acervo do MASP desde 1954.

A Virgem Maria, com as mãos cruzadas sobre o peito, encontra-se amparada por São João Evangelista que usa um manto vermelho e traz os olhos chorosos voltados para sua direita. Atrás da Virgem encontram-se as santas mulheres. Maria de Cleofas, Maria Salomé (mãe de Tiago) e Maria Madalena, segundo os textos sagrados cristãos, acompanharam a Virgem até o túmulo de seu filho Jesus Cristo.

As cinco figuras repassam ao observador um sentimento de profunda dor. Todas elas trazem lágrimas escorrendo pelo rosto. Maria Madalena, com seu vestido minuciosamente trabalhado, tenta enxugar o olho direito. Pelo gesto e olhar das duas mulheres que trazem as mãos levantadas, pelos olhos parados da Virgem e pelo olhar de São João Evangelista têm-se a impressão de que o grupo encontra-se diante do sepulcro de Cristo.

A composição, com suas figuras verticais e ricas cores, é muito delicada. Atrás do grupo, em segundo plano, vê-se uma calma paisagem sob um céu azul com nuvens brancas.

Ficha técnica
Ano: 1485 a 1490
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 54 x 40 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Belmiro de Almeida – DOIS MENINOS JOGANDO…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor, caricaturista, escultor, jornalista e professor Belmiro de Almeida (1858-1935) nasceu na cidade do Serro, em Minas Gerais, e morreu em Paris, França, aos 77 anos de idade. O artista iniciou seus estudos artísticos no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, indo depois para a Academia Imperial de Belas-Artes, também na mesma cidade. Teve como professores Agostinho José da Mota, Zeferino da Costa e Souza Lobo. Ao formar-se na Academia Imperial de Belas Artes, o jovem passou a expor suas obras no Brasil e na Europa.

A composição com motivo infantil intitulada Dois Meninos Jogando Bilboquê é obra do artista que além do retrato também se dedicou à pintura de gênero, ou seja, a retratar o cotidiano. Esta obra faz parte do acervo do MASP desde 1947.

O quadro mostra dois garotos entretidos com o jogo de bilboquê (brinquedo que consiste numa bola de madeira com um furo, amarrada por um cordel a um bastonete pontudo, no qual ela deve se encaixar ao ser impulsionada). Parecem se encontrar na lateral de uma casa, ao ar livre, como mostra o vaso de planta encostado à parede, à direita, e o arbusto e plantas floridas atrás do garoto, à esquerda. Ao fundo, logo depois das grades que se encontram fixas a três pilares, divisa-se o jardim com grandes árvores.

Pelas vestimentas é possível deduzir que os dois meninos pertencem a classes sociais diferentes. O que se encontra com o objeto do jogo apresenta-se bem vestido, com um casaco sobre a camisa e a calça curta, além de usar meias e sapatos. O outro, um pouco maior, usa uma calça que parece ter sido cortada no joelho e encontra-se descalço.

Os garotos mostram-se compenetrados no jogo. O maior, até mesmo cruzou as mãos atrás, como se estivesse magnetizado pela brincadeira. O outro, com certeza o dono do brinquedo, mostra ao amigo a sua habilidade no encaixe da bola de madeira.

Ficha técnica
Ano: sem data
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 40 x 30 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Segall – INTERIOR DE INDIGENTES

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Lasar Segall (1891-1957) era o sexto dos oito filhos do casal Abel Segall e Ester Segall, tendo nascido em Vilna, na Lituânia, quando o país ainda se encontrava sob o jugo do império russo. No decorrer da Primeira Guerra Mundial, Vilna foi invadida pelos alemães que ali permaneceram três anos e, após esse período, os russos retomaram à cidade. Segundo o próprio pintor, houve lutas entre lituanos, poloneses e russos pelo domínio de Vilna que ora ficava nas mãos de uns, ora nas mãos de outros, até ser incorporada à Polônia definitivamente. E, por isso, ele sempre se sentiu como um apátrida. Sua família era judia e, como as demais, vivia à margem da sociedade, no gueto. Ele foi ali instruído pelo pai escriba do Torá (livro sagrado do judaísmo), com quem viveu até os 15 anos de idade.

A composição intitulada Interior de Indigentes é uma obra do artista que era muito sensível às questões sociais, dono de uma vocação humanitária e religiosa. Encontra-se no acervo do MASP desde 1950. O quadro em questão pertence ao seu período expressionista em que ele exterioriza os estados íntimos de sofrimento, usando uma dramática simplificação das linhas e das tonalidades principais da composição.

O casal encontra-se numa casa muito humilde com o chão assoalhado. Em primeiro plano está a mulher, encarando o observador, como se lhe mostrasse sua miséria, trazendo o filho nos braços. Em segundo plano encontra-se o homem sentado diante de uma pequena mesa, com o braço esquerdo descansando sobre ela, perdido em seus pensamentos, sem saber o que fazer da vida.

A mulher é magra e seus olhos díspares repassam um grande sofrimento. Seus seios caídos são perceptíveis através do vestido de mangas compridas. Sua boca fechada traz a sensação de que não tem mais voz para alardear sua pobreza. Ela apenas mostra o filho raquítico, talvez morto, enquanto faz um gesto com a mão direita.

O homem traz o rosto sério, mergulhado na sua própria impotência, aniquilado diante da miséria. Seu olhar de desesperança está voltado para a direita. Sua postura é de conformismo, como se não houvesse mais nada a fazer, senão aceitar e aceitar até que seu fim chegasse.

A sensação repassada ao observador é a de que ele também faz parte deste drama, caso traga consigo um rasgo de sensibilidade, capaz de ser tocado pelo sofrimento dos desvalidos, impotentes diante da crueza do mundo.

Ficha técnica
Ano: 1920
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 83,5 x 68,5 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Anita Malfatti – ESTUDANTE RUSSA

Autoria de Lu Dias Carvalho

A futura pioneira da arte moderna no Brasil, Anita Catarina Malfatti (1889-1964) que seria conhecida depois como Anita Malfatti, nasceu na cidade de São Paulo. Era a segunda filha do engenheiro civil italiano Samuel Malfatti e da estadunidense Elizabeth Krug, descendente de irlandeses e alemães, apelidada de Bety. Da capital paulista a família Malfatti mudou-se para Campinas, no interior do mesmo Estado. Em 1892, já naturalizado, o pai de Anita tornou-se deputado estadual, representante da colônia italiana.

A composição intitulada A Estudante é obra da artista. Encontra-se no acervo do MASP desde 1949, tendo sido doada pela própria pintora. É uma das poucas obras da artista em que ela bota sua assinatura na parte superior. É possível que o fundo da obra em razão do tipo das pinceladas e cores apresentadas tenha sido pintado depois.

A mulher está sentada numa cadeira de frente para o observador, com o corpo levemente voltado para a frente. Veste uma blusa muito colorida que contribui para dar luminosidade à tela. Sua saia roxa só é percebida até o joelho, pois a pintora não mostra os membros inferiores. As duas mãos estão cruzadas no colo, sendo que a direita fica oculta. A artista trazia uma atrofia congênita na mão direita, talvez, por isso, tenha ocultado a mão direita, ainda que sem perceber a relação consigo.

Ficha técnica
Ano: 1915 – 1916
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 76,5 x 61 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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