Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Perugino e Pinturicchio – CIRCUNCISÃO DO FILHO DE MOISÉS

Autoria de Lu Dias Carvalho

Os pintores italianos Pietro Perugino e Pinturricchio são responsáveis pela criação do afresco Circuncisão do Filho de Moisés, que faz parte da ornamentação da Capela Sistina, em Roma, Itália, cujo objetivo era fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento). Presume-se que Pinturicchio tenha sido o responsável pela paisagem e cenas menores.

No primeiro plano da obra encontra-se a família de Moisés que parte em direção ao Egito. O grande líder de Israel nesta pintura, como nos demais afrescos da Capela Sistina, veste uma túnica amarela e um manto verde. Um anjo com vestes brancas, postado no centro da composição, de costas para o observador, divide a cena em duas:

  • à esquerda, com seu cajado escorado no chão, Moisés recebe o pedido do anjo para que faça a circuncisão de seu filho Eliezer, como sinal da aliança entre Javé e os israelitas;
  • à direita, com o cajado escorado em seu ombro direito, Moisés acompanha a circuncisão do filho.

Em segundo plano, mais ao fundo, na parte central da obra, Moisés e sua esposa Zípora despedem-se de Jetro (sogro do profeta) e de seu povo antes de partirem. Mais acima, na colina, dois pastores dançam acompanhados por um homem que toca gaita de foles. Três outros, escorando-se nos cajados, observam a cena. Talvez os pastores dançando sejam uma alusão a Moisés que também fora pastor, tendo trabalho a serviço de seu sogro.

Uma maravilhosa paisagem serve de cenário, num perfeito equilíbrio e simetria com os dois grupos em primeiro plano. Muitas árvores espalham-se pelo local, incluindo uma palmeira que representa o sacrifício cristão. Também são vistos inúmeros animais: aves, cães, ovelhas, burros e dois camelos. Dentre as aves que esvoaçam pelo céu, vê-se um acasalamento em pleno voo, numa alusão à renovação dos ciclos da natureza. Três formações rochosas são vistas no centro, à esquerda e à direita. Bem distante, ao fundo, descortinam-se montanhas azuladas, dentre as quais é possível ver as edificações de uma cidade.

Ficha técnica
Ano: 1481/1482
Técnica: afresco
Dimensões: 350 x 572 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado
http://www.wga.hu/html_m/p/perugino/sistina/egypt.html

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Pissarro – OS TELHADOS VERMELHOS

 Autoria de Lu Dias Carvalho

Uma bela pintura, uma pequena casa escondida na floresta que nos impressionou com seu toque forte e simples. (Crítica à época)

 Não defina muito de perto os contornos das coisas; é a pincelada de valor correto e cor que deve produzir o desenho. (Camille Pissarro)

O pintor francês Jacob Abraham Camille Pissarro (1830–1903) desde pequeno mostrava a sua inclinação pela pintura. Em Paris encantou-se com as telas de Camille Corot e tornou-se amigo de Paul Cézanne, Claude Monet, Charles-François, dentre outros artistas impressionistas. Teve quase todos os seus quadros destruídos por ocasião da guerra franco-prussiana, quando se mudou para a Inglaterra. Ao retornar a Paris, passou a pintar na companhia de Cézanne, influenciando-se mutuamente. Foi um dos fundadores do Impressionismo e um dos mais importantes artistas responsáveis pela coesão do grupo. Tornou-se famoso por ter sido o primeiro impressionista a trabalhar com a técnica da divisão de cores, obtida através do uso de manchas de cor isoladas. Também trabalhou com os neoimpressionistas, como Georges Seurat e Paul Signac, e fez uso do pontilhismo. São características de sua obra uma paleta de cores cálidas e a firmeza com que captava a atmosfera, através de um trabalho definido de luz. Foi professor de Paul Gauguin e de Lucien Pissaro, sendo esse último seu filho.

A composição Os Telhados Vermelhos é uma obra-prima de Camille Pissarro que a pintou enquanto trabalhava ao lado de seu grande amigo Paul Cézanne, ambos usando o mesmo tema. A paisagem refere-se a um canto de uma aldeia com efeito de inverno. Um pequeno conjunto de edificações agrícolas com suas grandes chaminés e janelas azuis aparece por entre as árvores desfolhadas de um pomar que parecem formar uma teia. Para divisá-las é necessário passar primeiro pelas árvores com seus troncos e galhos retorcidos em primeiro plano.  As árvores ao fundo possuem os troncos verticais.

O artista fez esta composição ao ar livre, sem fazer uso de um esboço ou desenho, apenas fazendo o acabamento de memória em seu estúdio. As cores marrom e laranja avermelhado, que colorem as superfícies dos telhados, esparramam-se por diversos pontos da tela. Elas estão nos campos e nas plantas vistas em primeiro plano, assim como ao fundo. Neste trabalho ele deixa evidente o seu senso de construção, com a forma sendo desenvolvida aos poucos. Ele sobrepõe camadas de cor de modo a criar uma densidade madura e um tom rico.

Para pintar “A Cote des Boeufs”, encosta também chamado “Côte de St. Denis”, o artista posicionou-se acima da colina e à esquerda.

Ficha técnica
Ano: 1877
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 54,5 x 65,5 cm
Localização: Museu de Orsay, França, Paris

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.musee-orsay.fr/en/collections/works-in-focus/painting/commentaire_id/red-roofs-.
http://www.camillepissarro.org/the-red-roofs-a-corner-of-a-village-winter-effect.jsp

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Pisanello – RETRATO DE JOVEM MULHER

Autoria de Lu Dias Carvalho

O medalhista, desenhador e pintor italiano Pisanelo (1395 – 1455) tinha como nome original o de Antonio di Pucci Pisano. Foi criado em Verona, mas estudou em Veneza com o mestre Gentile Fabriano, servindo-lhe de assistente nos trabalhos do palácio do Dodge. Mudou-se para Florença e de lá foi para Roma, após a morte da mãe. Veio a tornar-se um dos pintores mais importantes de seu tempo, sendo chamado para executar trabalhos nas cortes de Mântua, Ferrara e Milão. Também trabalhou em Nápoles para o rei Afonso de Aragão. Em razão de sua pintura que unia a elegância e a delicadeza, aliada a uma alegre narrativa e uma observação afiada da natureza, Pisanelo tornou-se um dos maiores representantes do Gótico Internacional.

A composição intitulada Retrato de Jovem Mulher, também conhecida por Retrato de uma Princesa da Casa d’Este, é uma obra de Pisanello, pintor ligado ao gosto palaciano, no qual se movia com tranquilidade, como mostram as características de suas pinturas. Para alguns, a retratada é Margarida Gonzaga de Mântua que veio depois a casar-se com Lionello d’Este, enquanto outros dizem ser Genevre d’Este, esposa de Sigismundo Malatesta. Em sua manga esquerda, um bordado mostrando o vaso de cristal, ornamentado com contas redondas e brancas, era o emblema da família d’Este.

A jovem mulher que mais se parece com uma menina, encontra-se com a cabeça de perfil, mas com o corpo voltado ligeiramente para a sua esquerda. Apresenta-se diante de um fundo escuro, provavelmente composto por uma tapeçaria bordada com borboletas e flores. Usa um vestido plissado branco com longas e largas mangas vermelhas, também plissadas,  e um cinto esverdeado. Uma grande borboleta, próxima à sua cabeça, pode simbolizar sua alma. Seus cabelos estão esmeradamente puxados para trás, presos rigidamente por uma faixa e uma fita branca que cruza cinco vezes sua cabeça. A testa raspada mostra-se de conformidade com a moda da época da Itália renascentista. Um pequeno corpete prende seu corpo, que parece muito fino.

As cores (branco, verde e vermelho) do vestido da mulher tanto podem representar as cores da família Gonzaga, em Mântua, como as virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade. O retrato pode se referir a um noivado ou casamento. A identidade da jovem que tanto pode estar relacionada à família Este como à Gonzaga, ainda continua indefinida.

Ficha técnica
Ano: c. 1435/49
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 43 x 30 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/oeuvre-notices/portrait-dune-jeune-princesse

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Duccio – O CHAMADO DOS APÓSTOLOS…

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada O Chamado dos Apóstolos Pedro e André é uma obra-prima da maturidade do pintor italiano Duccio de Buoninsegna. Fazia parte do lado de trás do grande retábulo de duas faces, o “Maestà”, que fora encomendado ao artista por Giacomo Mariscoltti para ornar o altar-mor da catedral de Siena que mostrava cenas da vida de Cristo. Este retábulo que tinha mais muitas outras cenas individuais foi serrado ao meio, tendo diversas de suas partes danificadas.

O Mestre apresenta-se, à esquerda, sobre uma rocha escarpada, vestindo uma túnica vermelha e, sobre, ela, um manto azul. Seus cabelos, penteados para trás, parecem presos numa trança. Encontra-se descalço, de frente para o barco onde estão os dois pescadores Pedro e André, fazendo um gesto de chamamento. É visível a transformação que seu gesto opera nos dois humildes homens, respondendo um deles com a mão direita levantada, enquanto o outro parece não acreditar no que está presenciando.

Os dois pescadores encontravam-se a retirar da água a rede com peixes. Os futuros apóstolos, com o barco em posição horizontal, tomam grande parte do painel, dividindo o espaço em que se encontram em zonas definidas. No mar verde que circunda o barco tosco de madeira, alguns peixes mostram-se à flor da água, como se saudassem Jesus.

Esta parte do grande retábulo mostra a originalidade do artista, cuja apaixonada espiritualidade baseia-se na arte bizantina. Nela se nota a falta de interesse de Duccio por efeitos espaciais ilusórios, reduzindo tudo ao essencial. O espigão rochoso à esquerda, onde se encontra Jesus Cristo, serve apenas de fundo teatral.

Ficha técnica:
Ano: c.1308/1311
Técnica: painel
Dimensões: 43,5 x 46 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura ocidental/ Könemann

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Sassetta – O ENCONTRO DE SANTO ANTÃO E…

Autoria de Lu Dias Carvalho

                          

As duas composições acima, denominadas O Encontro de Santo Antão  e São Paulo (à esquerda) e Santo Antão Distribuindo sua Riqueza aos Pobres (à direita), são obras do pintor gótico italiano, batizado como Stefano di Giovanni (1392 – 1450), mais conhecido como Sassetta e tido como um dos mais renomados pintores de Siena no século XV.

As duas belas cenas referentes à vida de santo Antão (ou Antônio) passaram por muitas discussões até serem atribuídas ao referido artista, mas com a participação de dois de seus assistentes, o que mostra diferentes níveis de qualidade nas obras. Contudo, ainda existem dúvidas por parte de alguns historiadores da arte em relação à autoria destas obras.

A primeira obra mostra a busca de Santo Antão por um eremita mais velho do que ele. Apresenta um denso bosque, e contém três cenas, separadas uma da outra por um monte e, depois, por um grupo de árvores, mas todas as três são unidas pela estrada sinuosa. São elas:

1ª – Santo Antão inicia a sua caminhada, no alto à esquerda, em busca de São Paulo;
2ª – Santo Antão encontra-se com o centauro, símbolo do mundo pagão, e abençoa-o;
3ª – Santo Antão encontra-se com São Paulo à entrada de uma gruta, onde se abraçam.

No segundo quadro são vistas duas cenas com Santo Antão que se apresenta bem vestido. Na primeira, ele é visto dentro de seu palácio de janelas góticas, de perfil, descendo as escadas e trazendo nas mãos uma bolsa com dinheiro. Na segunda, ele já se encontra na rua, distribuindo dinheiro aos pobres. À sua frente está uma viúva com um filho nos braços e outro encostado a ela, com a mão estendida para o santo. Um homem curvado é visto à sua esquerda. Atrás são vistos dois homens cegos, um deles está sendo conduzido por cãozinho.

Ficha técnica
Ano: c.1440
Técnica: painéis
Dimensões: 47,5 x 34,5 (cada um)
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura ocidental/ Könemann
http://www.wga.hu/html_m/m/master/osservan/anthony2.html

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Giovanni Bellini – PIETÁ (II)

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Pietá, também conhecida por Lamentação sobre Cristo Morto, é uma obra do pintor italiano Giovanni Bellini que fez inúmeros trabalhos com esta temática religiosa. Este painel ficava acima do grande retábulo intitulado “Coroação da Virgem”, na igreja de São João Batista, mas está presente agora no Museu de Pesaro, na Itália.

O corpo sem vida de Jesus Cristo, semicoberto por um lençol branco, apoia-se sobre a beirada estriada de um sarcófago. Atrás dele se encontra Nicodemos que o ampara com extrema delicadeza. Mais acima está José de Arimateia que traz na mão direita um copo de unguento para untar o corpo de seu Mestre, e na esquerda segura um pano azul. Maria Madalena, com suas mãos gastas de mulher do povo, toma entre elas a mão esquerda de Jesus e começa a untar sua ferida, aberta pelo prego, trazendo seu olhar pousado sobre ela, como também o faz José de Arimateia, o mais alto do grupo.

Giovanni Bellini, em sua pintura, mantém os braços dos personagens junto do corpo e entrelaça suas mãos, sendo o movimento do grupo bastante coeso, evidenciando uma relação emocional sofrida e bastante íntima. A obra sugere um ponto de vista de baixo para cima.

Ficha técnica
Ano: c.1470/75
Técnica: painel
Dimensões: 106 x 84 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fonte de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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