Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Pintor Anônimo – A DESCIDA DA CRUZ

 Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada A Descida da Cruz, cena clássica da arte cristã, é uma obra religiosa atribuída a um pintor anônimo e talentoso da oficina do pintor holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn. É provável que o pintor tenha sido Constantijn van Renesse. Embora o mestre tenha, sem dúvida, orientado na criação desta obra, não foram encontradas, pelos estudiosos de arte, evidências de suas próprias pinceladas.

A cena apresenta o corpo sem vida de Cristo sendo descido da Cruz para a preparação de seu sepultamento. Um grupo de pessoas, dentre elas sua Mãe Maria, José de Arimateia, Nicodemos e apóstolos, ali estão presentes. José de Arimateia, com sua vestimenta vermelha e uma expressão de grande sofrimento, recebe cuidadosamente nos braços o corpo do Mestre, como se o apresentasse aos presentes, silenciosos e sofridos. Atrás dele, um homem na escada, portando uma tocha de luz, alumia a descida. Sua mão esquerda diante do lume impede que este se apague. A luz que do archote emana, recai sobre José de Arimateia segurando o corpo de Jesus e sobre a Virgem Maria, à esquerda.

A palidez vista no rosto de Maria parece refletir o branco mortal do corpo sem vida de seu filho Jesus. Ela desmaia nos braços de uma mulher. A cruz, muito alta, forma um rígido ângulo reto com a massa de figuras, embaixo. Duas escadas escoram-se no madeiro, uma à esquerda e outro à direita, para possibilitar aos homens a retirada do corpo crucificado. Embaixo, dois homens trazem os braços abertos para receberem o corpo, enquanto uma mulher, próxima, expressa uma profunda dor. A cena acontece durante a noite.

Ficha técnica
Ano: c. 1653

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 143 x 111 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Patenier e Metsys – A TENTAÇÃO DE SANTO ANTÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada A Tentação de Santo Antão é uma obra do pintor Joachim Patenier (c.1485 – 1524), também conhecido como Joachim Patinir, e de Quentin Metsys (1466 – 1530). É conhecida a cooperação de Patenier também com outros pintores. Ele é tido como o pioneiro na pintura de paisagens na arte o ocidental.

A pintura apresenta uma ampla paisagem, em que podem ser divisados três planos:

     1.  Primeiro plano – principais figuras da tela (pintadas por Metsys).

O santo encontra-se sentado no chão, descalço, com o corpo de perfil e o rosto voltado para o observador. À sua direita encontra-se seu rosário (simbolizando sua fé) e uma concha (símbolo de Vênus), quando três jovens mulheres tentam seduzi-lo. Uma delas lhe oferta uma maçã (símbolo do pecado carnal e também do amor), outra lhe afaga os cabelos e a terceira bate palmas. Um macaco, às costas do santo, puxa-o através de suas vestes. Uma monstruosa e velha mulher, com os seios a saltar-lhe do decote, acompanha as jovens, parecendo extremamente libidinosa. O santo, apoiado na mão direita, e com a esquerda em postura de repulsa, tenta fugir.  Ele volta seu rosto para o observador, como se pedisse ajuda.

   2.  Segundo plano – três outros episódios da tentação ao santo.

Uma cena à direita mostra Santo Antão, quando este ia encher seu jarro com água. Duas jovens mulheres dentro do rio e uma terceira  de pé, no barco, tentam chamar sua atenção. Elas se encontram nuas e sedutoras. A que se encontra no barco levanta um copo, oferecendo-lhe bebida. O santo foge horrorizado, com a cabeça voltada para trás.

Uma segunda cena é vista no centro da tela, na entrada da cabana do santo, feita numa árvore. Ele aparece correndo dos demônios e também deitado no chão, sendo atacado pelas figuras satânicas que também queimam sua habitação.

Uma terceira cena mostra Santo Antão sentado sob a cobertura de uma capela, lendo seu livro de orações serenamente. Ao que parece, as tentações começam a partir deste ponto.

  3.  Terceiro plano – apresenta uma extensa paisagem ao fundo (pintada por Joachim Patinier).

A paisagem apresenta montanhas, rochas íngremes, águas azuis, céu cinza com nuvens carregadas, edificações, etc. No meio do céu são vistos monstros tenebrobrosos, lembrando a pintura criativa de Hieronymus Bosch.

Ficha técnica
Ano: 1520/1524

Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 155 x 173,5 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa:-
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://fr.wikipedia.org/wiki/Tentation_de_saint_Antoine_(Joachim_Patinier)

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Lorenzo Lotto – SÃO JERÔNIMO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A pintura denominada São Jerônimo é uma obra do pintor, desenhista e ilustrador italiano Lorenzo Lotto (c.1480 -1556). O artista serviu de ponte de transição entre os velhos mestres de Veneza e a arte do Barroco tardio, no norte da Itália. Dentre os pintores que exerceram influência em sua obra estão Giovanni Bellini, Antonello da Messina, Giorgione, Ticiano e Rafael. Ele pintou altares, obras religiosas e retratos. O tema desta obra, que chegou a ser atribuída a Ticiano, apesar dos muitos elementos semânticos e estilísticos que levam a Lotto, foi usado por vários artistas.

A cena mostra São Jerônimo bastante envelhecido, numa comovente posição, adorando o crucifixo de Cristo, no chão, à sua frente, no deserto. Ele se encontra nu, com uma longa barba branca, símbolo da sua sabedoria. Suas unhas estão grandes e sujas e suas veias à flor da pele rugosa. Encontra-se sentado sobre sua vestimenta vermelha, sendo que uma pequena parte dela lhe cobre a região pubiana. Sobre ela, atrás dele, desliza uma serpente escura. Seu chapéu vermelho, um de seus atributos, encontra-se à sua direita, assim como o açoite e a pedra, objetos de sua mortificação. Próximos a seu livro, que simboliza o seu título de doutor da Igreja, estão um osso e um escorpião que caminha em direção a ele.

À esquerda do santo, um lagarto parece fitá-lo atentamente. E um crânio, à sua frente, ao lado da pedra onde se recosta o crucifixo, simboliza a morte para o mundo, distanciando-se dos prazeres mundanos e passageiros. Ao contrário da maioria das representações de São Jerônimo que o mostram se torturando fisicamente, aqui ele é apresentado com os braços abertos, numa imitação física e emocional de Cristo na cruz.

O santo encontra-se sentado em meio a duas grandes rochas, tendo uma delas uma saída ao fundo, e que leva a uma verdejante paisagem, onde é visto um pastor ao lado de suas ovelhas a pastar. À direita, duas serpentes rastejam por entre os rochedos. Um anjo com uma tabuleta no ombro direito é visto acima de São Jerônimo, na passagem entre as duas rochas (não consegui descobrir o que está escrito na tabuleta). Mais distante, na paisagem, vê-se a imagem de um leão, principal atributo do santo, próximo a uma estrada, olhando para seu amigo Jerônimo.

Ficha técnica
Ano: c. 1546

Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 99 x 90 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

s://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/saint-jerome-in-penitence

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Van Gogh – LA MOUSMÉ

Autoria de Lu Dias Carvalho

Acabo de completar o retrato de uma menina de treze anos com olhos castanhos, cabelos e sobrancelhas negros e a pele cinzento-amarelada. O fundo é simples, à maneira de Veronese. A menina está vestida com um casaco de listas vermelho-sangue e violeta, e saia azul com bolinhas cor de laranja. Na sua mão há uma flor de oleandro. Estou tão exausto que não consigo escrever. (trecho da carta de Van Gogh a Émile Bernard)

Levou-me uma semana inteira, mas eu tive que reservar minha energia mental para fazer bem a Mousmé. Uma mousmé é uma menina japonesa-provençal, neste caso – doze aos catorze anos. (carta de Van Gogh ao irmão Theo)

A composição intitulada La Mousmé, também conhecida como La Mousmé Sentada em uma Cadeira, é uma obra de Vincent van Gogh, pintor holandês, tido como uma das figuras mais famosas e influentes da história da arte ocidental, embora em vida tenha vendido um único quadro. Esta obra foi pintada quando ele tinha 35 anos e encontrava-se em Arles. O artista inspirou-se na leitura da novela “Madame Chrysanthème”, obra de Pierre Loti, e em obras japonesas para criar esta pintura. A garota, portanto, é uma japonesa. A novela, popular à época, narrava o romance entre um francês e uma japonesa (Mousmé) e acabou despertando o fascínio do povo francês, inclusive o do artista, pela arte japonesa (japonismo).

A menina encontra-se em primeiro plano, sentada numa cadeira de braços. O fundo da pintura é um verde-claro que contrasta com os tons de azul e laraja usados em sua vestimenta. Ela usa saia e blusa de gola alta, enfeitada com uma carreira de botões vermelhos. Seu rosto sério, extremamente bem modelado, repassa confiança. Assim como o galho de oleandro (espirradeira) ele também se encontra florindo em sua adolescência. Não fica claro a simbologia das flores na pintura, contudo, o artista esteve ligado a crenças panteísticas e estas podem ser uma alusão ao ciclo de vida e morte.

Ficha técnica
Ano: 1888

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 74 x 60 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.46626.html

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Tiepolo – IMACULADA CONCEIÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Giovanni Battista Tiepolo (1696 – 1770) trabalhou com a ornamentação de igrejas e palácios da aristocracia de Veneza. Pintor renomado, cuja arte contribuiu para o engrandecimento da pintura italiana do século XVIII, fez trabalhos para as cortes francesa, inglesa, espanhola e russa. Seus filhos Domenico, Lorenzo e Giovanni também eram pintores. Esta composição do artista, intitulada Imaculada Conceição, faz parte de uma série de sete retábulos encomendada pelo rei espanhol Carlos III, e realizada em Madri por Tiepolo, para ornar a Igreja do Convento de São Pascoal.

A pintura apresenta a Virgem Maria, pairada no céu, usando uma túnica branca, um manto azul e um lenço amarelo que lhe cobre toda a cabeça, descendo sobre o peito. Em vez de um halo ela traz acima da cabeça uma coroa de 12 estrelas, e mais acima se encontra uma pomba branca, simbolizando o Espírito Santo. O movimento da Virgem é ascendente, como evidencia seu manto inflado como se fosse uma vela acionada pelo vento. Os querubins aparecem sobre uma nuvem dourada. Eles estão assim distribuídos em relação à Imaculada Conceição: quatro à esquerda, um deles segurando o manto; quatro à direita; dois acima e um à sua frente.

A Virgem encontra-se sobre um globo azul que representa a Terra, esmagando uma serpente, também presente na esfera terrestre, apresentando uma maçã na boca, numa referência ao Jardim do Éden e ao pecado original. Atrás de Maria vê-se a lua crescente (antigo símbolo da castidade). Os lírios brancos que o anjo carrega, simbolizam a sua inocência e pureza. O obelisco, à sua direita, também faz parte de sua iconografia, assim como a rosa cor-de-rosa vista na extrema esquerda. O ramo de palmeira simboliza a superioridade de Maria sobre o mal existente no mundo, enquanto o espelho, no qual se reflete o globo terrestre, diz respeito à sua pureza, sendo tida como o espelho das virtudes. A pintura traz toda a iconografia referente à Virgem.

Ficha técnica
Ano: c.1767/1769

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 279 x 152 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/adam-and-eve/e0ca4331-fbhttps://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-immaculate-conception/https://pt.wikipedia.org/wiki/Imaculada_Concei%C3%A7

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Vermeer – MULHER PESANDO OURO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição que durante muito tempo foi intitulada Mulher Pesando Ouro, vindo depois a ser conhecida por Mulher Testando uma Balança, é uma obra do pintor barroco holandês Jan Vermeer.  O segundo título deve-se ao fato de não se encontrar nenhum objeto dentro dos pratos da balança depois de ter sido feita uma análise microscópica da obra, dando outra visão ao quadro. Alguns estudiosos de arte alegam que os pratos vazios da balança mostram que a mulher está pesando valores espirituais e não bens materiais. Por isso, eles veem nela um símbolo de santidade, numa alegoria ao enorme quadro fixado na parede, trazendo uma moldura preta e retratando o “Juízo Final”, numa analogia entre “julgar” e “pesar”. Outros, porém,  veem-na como uma pessoa preocupada com as riquezas do mundo, sem se preocupar com o julgamento final.

A personagem vista na composição é uma jovem mulher, tida por alguns estudiosos de arte como Catharina Vermeer, esposa do pintor, pois o uso de modelos vivos era muito caro naquele tempo. Está vestida elegantemente, usando um casaco azul com acabamento em peles, fechando em cima, sobre um vestido ou uma saia comprida. Sobre a cabeça traz uma touca branca que deixa apenas o rosto à vista. Se o quadro fosse atual seria fácil imaginar que estivesse grávida, contudo, naquela época, a gravidez era incomum de ser vista na arte, sendo pouquíssimas as mulheres representadas com roupas de gestantes. Além disso também existe o fato de que a moda holandesa, no século XVII, dava ênfase às silhuetas volumosas.

A mulher encontra-se de pé, diante de uma mesa no canto de uma sala. Mostra-se extremamente concentrada ao segurar uma balança, cujos pratos estão na mesma altura, ou seja, totalmente equilibrados. Sobre a mesa encontram-se três caixas sendo a maior similar às menores, colares de pérola, moedas de ouro e prata variadas, etc. À direita da jovem mulher, pendurado na parede, está um quadro sobre o julgamento final, num contraste com as riquezas mostradas. À sua frente vê-se uma toalha azul brilhante, abaixo de um espelho fixado à parede. De uma janela do mesmo lado brota uma luz sob uma cortina dourada, iluminando maravilhosamente o ambiente.

O que faz exatamente esta serena mulher? Pesa seus bens materiais ou faz uma contraposição entre as riquezas do mundo e o julgamento final da humanidade? Os pratos equilibrados da balança denotariam seu estado mental? Caso ela esteja preocupada com os bens terrenos, o espelho na parede, visto de perfil, reforçaria sua vida de vaidades. Contudo, além de simbolizar o orgulho, o espelho também pode representar a prudência, o autoconhecimento e a verdade. Estaria Vermeer imbuido de um sentimento religioso, querendo mostrar que é preciso viver com moderação, pois teremos que passar pelo julgamento divino? Existem diferentes opiniões sobre o tema e simbolismo desta pintura. O que pensa o leitor?

Ficha técnica
Ano: c. 1660-65

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 42 x 38 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.1236.html
http://www.essentialvermeer.com/catalogue/woman_holding_a_balance.html#.

http://www.artchive.com/artchive/V/vermeer/balance.jpg.html

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