Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Winslow Homer – DIREITA E ESQUERDA

 Autoria de Lu Dias Carvalho

Um arranjo surpreendentemente belo e quase oriental de pássaros – apenas formas abstratas contra bandas do creme mais sutil e cinza. (Nicolai Cikovsky Jr.)

A pintura incorporou um senso da mortalidade momentânea e universal, mostrando essas criaturas na junção da vida e da morte. (John Wilmerding)

A composição intitulada Direita e Esquerda é uma obra de Winslow Homer (1836 – 1910), famoso pintor e gravurista estadunidense, cujos primeiros passos artísticos foram dados com a ajuda de sua mãe Henrietta Benson Homer, aquarelista amadora. Ele esteve em Paris, mas não se interessou pelo meio artístico. Autodidata, refinou sua arte no seu isolamento. O artista que nutria grande amor pela natureza, tinha o mar como tema preferido, fascinando-o pelo resto de sua vida. Seu trabalho era denso tanto em termos estéticos quanto em profundidade. Foi considerado o pintor mais genuinamente estadunidense, quando comparado a outros artistas que se desenvolveram artisticamente na Europa. Homer situa-se hoje no ranking das personagens mais respeitadas e admiradas da história da arte dos Estados Unidos.

A pintura em questão, cujo título foi dado por um espectador, durante a primeira exibição do quadro, foi executada um ano antes de o artista falecer.  Demonstra o senso dramático e a indiscutível posição de grande mestre de Homer. Na cena, dois pássaros, voando acima do mar, são atingidos por um tiro de espingarda. Na segunda faixa horizontal, logo atrás dos pés e do rabo do pato à esquerda, sobre uma onda que o inclina para a esquerda, está o barco a remo com dois caçadores. Enquanto um deles, sentado, tenta manter o parco parado, o outro, de pé, atira com uma espingarda. É possível ver o flash vermelho e a fumaça.

Não fica claro para o observador qual dos patos recebeu o primeiro tiro. Segundo alguns estudiosos da obra do artista, a ave atingida é a da direita por apresentar os pés relaxados e a postura de mergulho, enquanto a ave à esquerda parece aflita e tenta escapar do segundo tiro disparado. Outros, porém, acham que a postura descendente pode se tratar de uma manobra de fuga, sendo o pato à esquerda o atingido pelo primeiro tiro do caçador.

A mensagem repassada pelo artista no que tange a esta obra, pode ser tomada em mais de um sentindo. Ele pode, intencionalmente, ter induzido à ambiguidade, com o propósito de demonstrar a transição crudelíssima que é a passagem entre a vida e a morte. E o fato de o observador acompanhar a cena, como se estivesse entre as aves como testemunha factual, também correndo o risco, simbolicamente, de receber o tiro, torna-o solidário com os patos, a ponto de não apenas lamentar a vida dos dois animais, mas pensar na fragilidade de sua própria existência. Esta obra é, portanto, uma alusão à incompreensível “caça esportiva” e também uma reflexão infausta sobre vida e morte de cada um de nós.

O design de Direita e Esquerda, formado por três faixas horizontais do mar e uma do céu, ligadas pelas formas diagonais e verticais criadas pelos corpos das duas aves, lembra o da arte japonesa, e a composição é parecida com uma gravura colorida de John James Audubon, naturalista americano de origem francesa, que era especializado na ilustração científica de aves, denominada Golden-Eye Duck (Pato de Olho Dourado) .

Para você, caro leitor, qual pato recebeu o primeiro tiro? Justifique.

Ficha técnica
Ano: 1909

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 71,8 x 123 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Os pintores mais influentes do mundo/ David Gariff
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.39763.htmlhttps://www.nga.gov/feature/homer/homer28.htm

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Turner – ESTIVADORES ABASTECENDO BARCOS…

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Estivadores Abastecendo Barcos de Carvão ao Luar é uma obra do pintor e romântico inglês Joseph Mallord William Turner que é visto por alguns críticos de arte como um dos precursores da modernidade na pintura em razão de seus estudos sobre cor e luz. Anos depois da criação desta obra, o artista fez mudanças na linguagem de sua arte sem, contudo, modificar a sua capacidade criativa. Nesta obra, o grande gênio romântico usa sua arte para retratar o trabalho árduo de homens comuns, lembrando a Revolução Industrial. Ainda assim, a pintura transforma-se numa maravilhosa poesia visual.

Como sempre, o tema da obra não é sua parte central, mas apenas um pretexto que o artista usava para expandir seus interesses essencialmente formais. Tanto é que os estivadores abastecendo os barcos de carvão encontram-se à extrema direita, vistos como um episódio secundário, ou seja, de menor importância. Nesta cena noturna o principal protagonista é a lua-cheia iridescente, envolta por um vórtice espesso de luz dourada, que envolve tudo em volta, transformando o canal num túnel iluminado.

Os barcos de carvão, alinhados à direita no canal, são iluminados por tochas que emitem luzes brancas e alaranjadas que permitem visualizar o trabalho dos homens nos barcos menores, atracando às grandes embarcações. O trabalho nas grandes naus lembra um formigueiro humano, sendo os personagens pouco divisados. O majestoso luar atravessa a  noite para jogar seu brilho sobre o céu, margens do canal e água, numa fantástica fusão.

À esquerda, grandes embarcações a vela aguardam calmamente a chegada da manhã para navegarem na maré, num visível contraste com a agitação vista nos barcos de carvão.  Mais adiante, atrás destas naus, vê-se a silhueta de outros navios e fábricas, criados com toques de cinza e linhas finas mais escuras. Uma boia flutuando sobre as águas, à esquerda, traz o monograma do artista (JMWT) e um barco a remo, com dois tripulantes, desliza da esquerda para a direita, em direção aos navios carvoeiros.

Ficha técnica
Ano: 1835

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 92 x 123 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.1225.html

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Murillo – IMACULADA CONCEIÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição religiosa intitulada Imaculada Conceição (que ao pé da letra significa “concepção sem mancha”) é uma obra tardia do pintor barroco espanhol Bartolomé Esteban Perez Murillo, que se inspirou nos pintores Guido Reni e Van Dyck para compô-la. Trata-se de um dos melhores trabalhos de seus últimos anos de vida. Este quadro foi encomendado por Justino de Neve para o Hospital de Los Venerables Sacerdotes, em Sevilha. Murillo pintou cerca de duas dúzias de representações da Imaculada Conceição ao longo de sua carreira, mas aqui retirou alguns de seus símbolos, deixando a obra mais leve.

A Virgem encontra-se de de pé sobre uma nuvem, ocupando a parte central da tela, vestida com uma túnica branca e um manto azul-marinho, jogado à sua esquerda, mas que dá uma volta às suas costas e atinge a cabeça de um pequeno anjo, a seus pés, à esquerda. O azul de seu manto simboliza o céu e os bordados em dourado simbolizam sua realeza. Seus cabelos longos e soltos caem-lhe pelas costas. Suas mãos, unidas na altura do coração, simbolizam a oração. Seus olhos voltam-se para o alto. Debaixo de seus pés vê-se uma meia lua, cuja simbologia diz que assim como a lua que não tem luz própria, mas recebe-a do sol, a luz de Maria vem de seu filho Jesus, o Sol da vida.

A presença de uma nuvem aos pés da Imaculada Conceição e de anjos alados a rodeá-la são indicativos de que a Virgem encontra-se no céu, na glória de Deus. Ela é representada com um impulso visivelmente ascendente que a coloca num espaço celestial cheio de luz, nuvens e anjos. Nesta representação o artista eliminou alguns de seus atributos tradicionais como a serpente, a torre de Davi e a coroa com 12 estrelas.

Ficha técnica
Ano: c. 1678

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 222 x 118 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

http://www.cruzterrasanta.com.br/significado-e-simbolismo-de-imaculada-
http://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-immaculate-

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Mary Cassatt – PASSEIO A BARCO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Passeio a Barco, também conhecida por A Festa no Barco, é uma obra da pintora impressionista estadunidense Mary Stevenson Cassat (1844 – 1926) que morou grande parte de sua vida na França, embora sempre mantivesse contato com seu país de origem – Os Estados Unidos. Por ser mulher, a artista não foi autorizada a estudar na École des Beaux-Arts. Ela participou das exposições impressionistas, sendo muito influenciada por Edgar Degas, artista francês que a convidou para fazer parte do grupo impressionista. Seu trabalho traz, sobretudo, cenas teatrais e temas mostrando mãe e filho, como o agora visto.

A obra em questão, pintada no sul da França, apresenta um casal num barco a vela, velejando numa tarde ensolarada. A mulher traz um bebê no colo, enquanto o homem é responsável por conduzir a embarcação. Trata-se de uma composição ousada, com formas abstratas, superfícies planas e áreas saturadas de cor, lembrando as obras japonesas que, à época, eram muito apreciadas pelos artistas franceses e pela pintora que chegou a alterar seu estilo, como mostra esta pintura, que foi a sua principal obra na sua primeira exposição individual em seu país.

O homem trajando vestes escuras, e de frente para a mulher, ocupa grande parte do primeiro plano. Embora o tema predileto da artista estivesse voltado para as mães com seus filhos, é a figura masculina com sua vestimenta escura quem ocupa o primeiro plano da pintura. A mulher, juntamente com seu filho, aparece em segundo plano, usando vestes em cor pastel. Enquanto ela se mostra em posição de equilíbrio, seu companheiro dobra o corpo, firmando o pé direito numa das travessas do barco, para impulsioná-lo. O rosto do bebê com a luz a bater-lhe na parte não coberta pelo chapéu redondo, está voltado para a direita, assim como o de sua mãe que se mostra ligeiramente tenso, sem conexão com o do esposo.

O ponto de vista superior de quem observa a pintura, dá-lhe uma visão oblíqua da embarcação branca e amarela que, com seu suporte horizontal reproduz as linhas horizontais do litoral, onde são vistas algumas edificações e uma mata verdejante. A vela enfunada, à esquerda, em formato triangular, por sua vez, reproduz a curva do barco e interage com o triângulo formado pelo braço do barqueiro e o remo. Ela também é responsável por dar equilíbrio ao lado esquerdo, em relação ao direito, que traz a figura pesada e escura do remador, que parece conduzir o destino da mulher e da criança.

O mar toma a maior parte da tela, deixando o litoral e o pequeno horizonte bem distantes. As figuras enormes e vívidas dos três personagens assemelham-se a bonecos de papel colados à tela de fundo azul. Elas encontram-se muito próximas ao observador, como se ele pudesse tocá-las.

Ficha técnica
Ano: 1893/94

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 90 x 117,3 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.46569.html
https://picturingamerica.neh.gov/downloads/pdfs/Resource_Guide_Chapters

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Mazo – A INFANTA MARGARIDA DA ÁUSTRIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada A Infanta Margarida da Áustria, também conhecida como Infanta Margarida Teresa em Vestido Rosa, é uma obra, em sua totalidade, do pintor espanhol Juan Bautista Martinez del Mazo (c. 1911 – 1667), genro do pintor Diego Velázquez, a quem substituiu como pintor da corte espanhola, após a morte desse. Esta pintura foi atribuída anteriormente a Velázquez, em razão de suas influências sobre Mazo, com quem trabalhou por mais de três décadas. Muitas vezes é difícil separar o trabalho de um e de outro. Embora tenha pintado retratos, a originalidade de Mazo estava nas paisagens, gênero no qual  se destacou em meio a seus colegas hispânicos.

A Infanta Margarida da Áustria é uma pintura brilhantemente executada que mostra a ostentação da corte espanhola em seu apogeu. Retrata a infanta Margarida Maria Teresa de Habsburgo, filha do rei Filipe IV da Espanha e de Mariana da Áustria. É ela a figura mais importante do festejado quadro de Velázquez denominado “As Meninas”, tendo à época cinco anos. Este retrato tem sido confundido, muitas vezes, com o da Infanta Maria Tereza. Esta obra foi reproduzida no retrato da família Velázquez, também executada por Mazo.

Maria Tereza, embora se pareça muito jovem, quando retratada por Mazo já estava com mais de nove anos, sendo noiva do imperador Leopoldo da Áustria, seu tio materno e primo paterno, e onze anos mais velho, com quem se casou aos 15 anos de idade. Ela faleceu meses antes de completar vinte e dois anos, em consequência de um parto prematuro. Possuía uma saúde frágil, triste herança de décadas de casamentos consanguíneos entre os Habsburgo.

A retratada possui a pele branca e cabelos dourados, arranjados num vistoso penteado. Usa um vestido cinza-prateado e cor-de-rosa. Ela posa ao lado de suntuosas cortinas vermelhas, trabalhadas em dourado. Na mão esquerda, a Infanta detém rosas vermelhas e na direita segura um enorme e fino lenço branco.

Esta obra foi muito admirada pelos impressionistas e movimentos que vieram depois, sobretudo pela leveza do pincel do artista. Os tecidos apresentados na pintura estão magnificamente trabalhados, contudo, o rosto da menina fica a desejar, não tendo recebido igual tratamento.

Ficha técnica
Ano: c. 1665

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 212 x 147 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-infanta-margarita-

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Goya – HOMEM BEBENDO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Homem Bebendo, também conhecida como O Bebedor, é uma obra do pintor e gravador espanhol Francisco José de Goya y Lucientes. Trata-se de um esboço de uma tapeçaria para sala de jantar que tinha por finalidade ornamentar a sala de jantar do Príncipe e Princesa das Astúrias, no El Pardo. Mostra uma cena de época e costumes espanhóis, pertencente à mesma série de “O Guarda-sol”, em que predomina uma rica paleta de cores centradas na luz do sol que se projeta sobre as figuras.

A cena, interpretada como uma alegoria à gula, apresenta cinco personagens. Em primeiro plano encontram-se dois jovens, sentados no chão de uma floresta. Um deles bebe um líquido saído de um odre, enquanto o outro que se encontra mais atrás, segura uma bengala e come um nabo. No chão encontram-se um pedaço de pão e mais duas raízes de nabo. Três personagens posicionam-se à direita, num local mais baixo, banhados pela luz do sol. Eles parecem não prestar atenção à cena que se desenrola à frente deles.

O garoto com a bengala e o cego bebendo são os principais personagens da novela picaresca intitulada “Lazarillo de Tormes”.

Ficha técnica
Ano: 1777

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 107 x 151,5 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-drinker

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