Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Judith Leyster – SERENATA

Autoria de Lu Dias Carvalho

seren

A composição Serenata é uma obra da pintora holandesa Judith Leyster (1609-1660), esposa do pintor Jan Molenaer. Assim como o marido, ela também foi aluna do mestre Frans Hals, e pressupõe-se que também tenha estudado com Hendrick Terbrugghen, em Utrecht, em razão do jogo de luz “caravaggesco” que emprega em algumas de suas obras. Ela era uma artista bem precoce, já tendo seu nome mencionado na arte aos 18 anos de idade. À época, era quase que impossível encontrar uma mulher pintora.

O quadro acima é típico da escola de Utrecht, próprio das imagens retratadas pelos pintores que foram alunos de Frans Hals. É uma das obras mais famosas da artista, em que profundas sombras e grandes contrastes dão um belo resultado. O fundo superior, à direita, encontra-se escuro, contrastando com o lado esquerdo, todo iluminado. Uma borda de luz ilumina o lado direito do chapéu do rapaz.

Um alegre jovem, ligeiramente inclinado para trás, toca seu alaúde (instrumento de cordas muito popular nos séculos 16 e 17), expandindo confiança e naturalidade, enquanto canta uma serenata. Seu corpo encontra-se em posição frontal, mas sua cabeça está voltada para a esquerda, com os olhos virados para cima. Sua vestimenta, amarelo-ouro com vermelho e listras pretas, é bem estravagante. Ela está meio fora de foco, como se o observador olhasse o músico bem de perto.

A luz que ilumina o alaudista vem da esquerda, de uma única fonte, como nas obras de Hendrick Terbrugghen. O jovem músico parece ter sido capturado num momento no tempo, ainda com a boca a cantar. O seu olhar voltado para cima passa ao observador a impressão de que esteja a olhar para alguma mulher na varanda ou janela, motivo de sua serenata.

Obs.: Durante muitos séculos, esta composição foi atribuída a Frans Hals, embora a pintura estivesse assinada com o monogram JL.

Ficha técnica
Ano: 1629
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 45,5 x 35 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fonte de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 8

Jacob Cornelisz Van Oostsanen – CRUCIFICAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho                   

crucifi

O quadro Crucificação é uma obra do pintor holandês Jacob Cornelisz van Oostsanem (c.1470-1533), que, além de pintor, também trabalhava com xilogravura, desenho em vidro e tapeçaria. Sua arte faz parte da principal corrente do maneirismo gótico tardio.

Os quadros do artista eram minuciosamente trabalhados, nos quais ele desenvolvia seção por seção, detalhada e habilmente, como pode ser visto na pintura acima, em que está presente um grande número de figuras. Ele não tinha nenhuma preocupação com os efeitos espaciais, mas tão somente com o enlaçamento dos efeitos compositivos.

A pintura traz como tema principal a crucificação de Cristo, que ocupa o primeiro plano da composição. Contudo, outras cenas desenvolvem-se ao redor:

  • Cristo despedindo-se de Maria, sua mãe;
  • a agonia no Jardim das Oliveiras;
  • o Caminho do Calvário;
  • anjos que esvoaçam na parte superior da composição.

Ficha técnica
Ano: c. 1510
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 104 x 88 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fonte de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 1

Geertgen Tot Sint Jans – A FAMÍLIA DA VIRGEM

Autoria de Lu Dias Carvalho                   

afadavi

A composição A Família da Virgem é uma obra do pintor holandês Geertgen Tot Sint Jans (c.1460-1490), portanto, pintor do século XV, tido como o primeiro grande pintor da escola de Haarlem, tendo morrido muito jovem.

A Virgem Maria encontra-se rodeada por sua família, no interior de uma igreja gótica. Aí estão:

  • Sant’Ana, a Virgem e seu Menino – à esquerda;
  • Santa Isabel com o menino João Batista – à direita;
  • São José e São Joaquim estão de pé – atrás de Sant’Ana;
  • Maria, mulher de Cléofas e Maria Salomé – atrás de Santa Isabel;
  • outras quatro crianças são vistas ao fundo;
  • cinco figuras estão junto ao altar – ao fundo.

Sant’Ana traz um livro de orações no colo, sobre o qual descansam seus óculos. O pequeno João Batista estende os bracinhos para o Menino Jesus, como se quisesse sair do colo da mãe. São José segura delicadamente um galho de lírios na mão esquerda, enquanto São Joaquim escora-se num bastão. Maria, mulher de Cléofas, e Maria Salomé têm suas crianças a brincar. Próximo ao altar, onde conversam as cinco figuras, todas com volumosos chapéus, uma criança, de costas para o observador, segura uma imensa vara com a qual apaga as velas. Uma escultura, presente no altar, representa sacrifício de Abraão. As figuras são retratadas como pessoas comuns, vestidas de acordo com a moda da época.

Obs.: não encontrei referência a uma figura que aparece de pé, à direita de Sant’Ana, empunhando um cajado.

Ficha técnica
Ano: c. 1488
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 137,5 x 105 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fonte de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 5

Giovanni Bellini – PIETÁ

Autoria de Lu Dias Carvalho

pieta1

Se estes olhos de sofrimento levantam um som de lamento da vossa parte, então a obra de Giovanni Bellini pode iluminar. (Inscrição na laje)

 A composição Pietá, também conhecida como Cristo Inoperante Apoiado por Maria e João, é uma obra-prima do pintor italiano Giovanni Bellini, que nela deixa patente o sinal de sua plenitude como artista. É tida como uma das mais belas e comoventes telas da história da arte cristã, em que a dor da Mãe, que recebe o Filho martirizado, estende-se ao sofrimento de todas as mães, em todo o mundo, que vivem tragédias semelhantes. A proximidade da cena parece fazer com que a dor transponha a tela e atinja, em cheio, quem a observa. Essa dor é ao mesmo tempo particular e universal.

 O pintor apresenta, agrupados em primeiro plano, a Virgem Maria, à direita de seu filho martirizado,  e o apóstolo São João Evangelista, à esquerda, tendo atrás um horizonte infinito. Amobos mostram-se em profundo sofrimento, amparando o corpo sem vida de Jesus Cristo, que fora retirado da cruz. O braço esquerdo do Mestre, que termina num punho fechado, apoiado sobre a pedra, lembra o de um atleta.

A pele de Cristo já se mostra extremamente pálida. Seu semblante sem vida, com os olhos cerrados e a boca entreaberta, deixando visível parte da arcada superior, mostra uma profunda entrega ao suplício da crucificação e morte. O corpo de Jesus está envolto apenas por um lençol branco, embora não seja visível a parte inferior. A coroa de espinhos ainda cinge sua cabeça, fazendo com que pingos de sangue escorram sobre sua testa e face. Sua cabeça pende para o lado da Virgem Mãe. Seu cabelo, em cachos, emoldura-lhe o rosto inerte, e desce pelas costas. A barba desponta em pequenos tufos. As marcas da tortura estão visíveis na cabeça, no lado direito do peito e nas mãos. As veias no braço esquerdo e mão de Cristo são impressionantes.

Maria ampara com ternura a cabeça do Filho com seu próprio rosto, sabedora de que este é o último contato físico que terá com ele. Ela segura sua mão direita, dobrando seu braço até à altura do coração, enquanto cinge-lhe os ombros com a esquerda. A mão esquerda do filho é amparada por uma laje, na qual se encontra uma inscrição (ver na frase em negrito).   Assim como Jesus e o apóstolo, ela traz um fino halo em torno da cabeça, comprovando sua divindade. Os personagens presentes demonstram um sentimento humano e psicológico.

 São João Evangelista segura o corpo morto de Jesus pela esquerda, envolvendo sua cintura. Ele desvia o olhar da Virgem e de seu Filho, tamanha é a sua aflição. Seus olhos esbugalhados e sua boca aberta demonstram surpresa e incredulidade diante do que está ocorrendo. Ele fixa os olhos ao longe, como se quisesse reservar à mãe e ao Filho os últimos momentos, juntos. Chama a atenção os pormenores dos cabelos cacheados do santo. Em segundo plano estende-se uma paisagem, apenas sugerida, com um caminho que serpenteia, levando ao Monte Calvário. Um céu entristecido e uma luz fraca e difusa cobrem os personagens e tudo em volta, reforçando a sensação de angústia.

Ficha técnica
Ano: c. 1465/70
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 86 x 107 cm
Localização: Pinacoteca de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
Murillo/ Abril Cultural
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 6

Giovanni Bellini – ALEGORIA SAGRADA

Autoria de Lu Dias Carvalho

alesa

A composição Alegoria Sagrada, também conhecida como  Alegoria do Purgatório, é uma obra do pintor italiano Giovanni Bellini.  É tida como uma das mais encantadoras pinturas do século XV, na Itália, tanto por sua beleza formal quanto pelo mistério em que se vê envolta. Até hoje, os estudiosos de arte ainda não foram capazes de obter, com clareza, sua data e significado. A obra tem recebido diferentes interpretações, dentre essas a de que alude a uma cena de sonho. Algumas figuras da composição foram identificadas, mas não se encontra nenhuma ligação entre elas. Vejamos:

  • a Virgem encontra-se  sentada em seu trono, à esquerda;
  • São Paulo, usando um manto vermelho, postado do outro lado da balaustrada, traz uma espada na mão;
  • São José, também do lado de fora do parapeito, encontra-se nele escorado, com as mãos em postura de oração;
  • São Sebastião, com seu corpo pálido e cabelos longos e cacheados, identificado pela flecha, encontra-se à direita, observando Jesus Menino que brinca com outras crianças;
  • São Jó está ao lado de São Sebastião, em postura de oração, adorando o Menino;
  • uma jovem mulher, de frente para o observador, usando um manto azul e uma coroa, em postura de oração, está perto da Virgem;
  • uma mulher de pé, usando um manto escuro, à direita da Virgem, parece acompanhar as brincadeiras das crianças;
  • quatro crianças, sendo três nuas, brincam com maçãs, no piso trabalhado em mármore, enquanto uma quarta segura um arbusto num vaso; o Menino Jesus seria a criança sentada na almofada;
  • à esquerda, fora da balaustrada, um homem de costas, com a cabeça coberta, parece estar ajoelhado em orações;
  • em meio às rochas, um pastor de camisa vermelha parece meditar;
  • mais ao longe são vistas outras três figuras e um jumento.

Do terraço avista-se uma paisagem, onde são vistas pessoas em sua labuta diária, assim como animais. A presença de um centauro, à direita, no mesmo plano do pastor, torna a identificação da obra ainda mais difícil. Esta obra complexa e carregada de simbolismo religioso também é vista por alguns, como sendo o seu primeiro plano a representação do Paraíso, assim definido:

  • as crianças representam as almas que deixaram o purgatório, após adquirirem a ingenuidade de antes;
  • a Virgem, tendo ao lado os santos: Paulo, Pedro, Sebastião e Tiago, reza pela salvação das almas que se encontram às margens do rio;
  • os animais são tidos como símbolos das virtudes, responsáveis por afastar a alma humana contra o poder do diabo;
  • os animais representam: o asno – a paciência; a ovelha – a humildade; a cabra – a abstinência;

No segundo plano são identificados:

  • o centauro, que simboliza a bestialidade presente na condição humana;
  • o negociante preocupado com o lado financeiro representa o homem que deixa de lado sua salvação espiritual em favor de bens materiais.

Obs.: As pequenas árvores, à direita, colocadas no alto, foram acrescidas  no século seguinte à execução da pintura.

Ficha técnica
Ano: c. 1490
Técnica: têmpera e óleo sobre madeira
Dimensões: 73 x 119 cm
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Giovanni Bellinni/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 11

Giovanni Bellini – A MADONA DO PRADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

amadopra

A composição denominada A Madona do Prado, também conhecida como Nossa Senhora do Prado,  é uma obra do pintor italiano Giovanni Bellini. O artista deixou trabalhos apaixonantes relativos a Cristo e à Madona que, em sua arte são, sobretudo, humanos.

A Virgem Mãe, envolta na beleza de seu manto azul, encontra-se sentada num verde relvado, trazendo no colo o seu Menino. Suas pernas estão bem distanciadas, de modo a formar uma cavidade, onde se encaixa a criança, sem perigo de que caia. Ela traz as mãos em postura de oração, enquanto o Menino encontra-se nu, solto em seu colo, dormindo com a mãozinha direita no peito e o braço esquerdo estendido ao longo do corpo. O rosto da Virgem está voltado para o pequeno Jesus, embora seus olhos pareçam fechados, em prece.

A Madona e seu Menino, em primeiro plano, tomam na pintura a forma piramidal. Ao fundo desenrola-se uma paisagem, onde são vistos animais e duas figuras humanas, assim como um castelo, árvores e montanhas. O céu azulado tem blocos de nuvens brancas. A luz da manhã cobre parte da paisagem. À esquerda, mais ao fundo, vê-se uma grande ave branca  brigando com uma cobra. Pode estar simbolizando a luta entre o bem e o mal. E o abutre, que se encontra na árvore, também à esquerda, pode ter, como simbologia, a morte de Jesus Cristo.

Com esta pintura, Giovanni Bellini antecipa a “Pietá”, em que a Madona traz Jesus morto em seu colo. Infelizmente esta tela encontra-se danificada em alguns pontos.

Ficha técnica
Ano: c. 1505
Técnica: óleo e têmpera no painel
Dimensões: 62 x 45 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Giovanni Bellini/ Abril Cultural
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Könemannhttps://www.nationalgallery.org.uk/paintings/giovanni-bellini-madonna-of-the-meadow

Views: 34