Arquivo da categoria: Pintores Brasileiros

Informações sobre pintores brasileiros e descrição de algumas de suas obras

Segall – MENINO COM LAGARTIXAS

Autoria de Lu Dias Carvalho
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Laser Segall encontra nos negros a secreta nostalgia das raças exiladas. (Pierre Guéguen)

O pintor Lasar Segall esteve no Brasil em 1913, aqui retornando dez anos depois, dessa vez para ficar, tomando nosso país como nova pátria. E desde a primeira vez que aqui esteve, extasiou-se diante da exuberância das cores tropicais e da luz. Sendo que nos seus primeiros trabalhos na nova terra, ele abre mão dos ocres, cinza, negros e violetas, na chamada “fase brasileira”.

Ao se fixar no Brasil, o artista levou para a sua pintura as cores intensas como verdes, amarelos, rosas, vermelhos e azuis, em oposição as cores de tonalidade baixa, com as usadas nas suas pinturas europeias. Mas ainda que as cores fossem exuberantes, o comprometimento do pintor com o social também se fazia presente. Na sua nova pátria, acrescentou à sua temática de marginalizados novos elementos, sendo o negro um dos mais frequentes.

Na composição Menino com Lagartixas, apenas um terço da tela, na parte inferior, é destinada ao menino negro com as suas duas lagartixas amarelas. O pintor mostra somente a cabeça e a metade do tronco do garoto, que encara seriamente o observador, num misto de desafio e indiferença.

As duas lagartixas amarelas, com listras vermelhas no dorso, saem dentre a folhagem verde das bananeiras e alcançam o ombro direito do menino, que as protege com a mão esquerda. Segall usa uma variedade de gamas da cor verde. Trata-se de um dos quadros da chamada “fase brasileira”.

Todo o resto do quadro é composto pela folhagem das bananeiras. Um cacho de bananas, ainda verde, está um pouco acima do centro geométrico da composição, e outro se encontra à direita, sendo possível ver o umbigo da bananeira, na ponta do cacho.

Ficha técnica
Ano: 1924
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 98 x 61 cm
Localização: Acervo do Museu Lasar Segall

Fonte de pesquisa
Lasar Segal/ Coleção Folha

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Segall – MORTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Morte do pintor Laser Segall trata-se de uma obra expressionista. A simplicidade que ela demonstra, através de formas simples e despojadas, visivelmente influenciada pela arte primitiva, como nos apresentam os rostos que se parecem com máscaras, era o objetivo buscado pelos artistas do Expressionismo.

A tela apresenta cinco personagens, sendo três adultos e duas criança. Um dos adultos é o morto que está sendo velado. Seu corpo jaz ao fundo, em segundo plano, na horizontal. A cor cinza de seu rosto configura a presença da morte que lhe subtraiu a vida.

Em primeiro plano estão dois adultos, que se parecem com mulheres, e as duas crianças. A mulher com vestido de cor violeta, à direita, traz a mão apoiada no rosto, gesto que demonstra tristeza e desesperança. A criança maior, abraçada firmemente nela, como se sentisse amedrontada, desvia o olhar do morto que se encontra atrás de si.

A mulher com roupa azul, também em primeiro plano, à esquerda, traz as mãos em atitude de prece. Apoiada a ela está a criança menor, também de costas para o morto.

O rosto das personagens possui a forma de uma máscara. As duas mulheres trazem sulcos na testa, o que denota preocupação. As bocas abertas aludem ao choro e à dor. Todos os personagens encontram-se descalços e nenhum deles observa o morto.

Ficha técnica
Ano: 1919
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 94 x 105 cm
Localização: Acervo Fundação José e Paulina Nimirovsky, São Paulo/SP, Brasil

Fonte de pesquisa
Lasar Segall/ Coleção Folha

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Segall – ENCONTRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A marginalidade social e racial do negro brasileiro o comove a ponto de estabelecer com ele uma forte identificação. (Vera d`Horta)

Na composição Encontro, Segall encontra-se ao lado de sua primeira esposa, Margarete Clarke. Esta tela tem como base a fotografia do casal, tirada no dia do casamento, na Alemanha.

Segall apresenta-se vestindo um terno marrom esverdeado, com camisa clara e gravata cinza. O chapéu é da mesma cor do terno. Ele assume as características físicas da raça negra. Sua pele é de um marrom avermelhado, sendo possível notar seus cabelos escuros e crespos debaixo do chapéu. Os lábios grossos, o grande nariz e os olhos escuros compõem o rosto do artista. Sua testa está sulcada pelas rugas.

A pele do artista contrasta com a de Margarete, alvíssima, assim como suas mãos grandes e fortes contrastam com a mão delgada da esposa, que se encontra entre as suas. Margarete está de perfil, ereta, voltada para o esposo, enquanto ele se mostra de frente. A boca de Margarete, pintada de vermelho, é pequena e fina, em oposição à de Segall que é grande e carnuda, com uma cor arroxeada.

Apesar de se encontrar muito próximos, marido e mulher não cruzam seus olhares, que se dirigem para lados diferentes. Ambos estão silenciosos, mergulhados em suas próprias reflexões.

Ficha técnica
Ano: 1924
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 66 x 54 cm
Localização: Acervo do Museu Lasar Segall, São Paulo/SP, Brasil

Fonte de pesquisa
Lasar Segall/ Coleção Folha

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Segall – BANANAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Bananal, do pintor Laser Segal, tem por base um estudo detalhado, a lápis, que ele fez de um senhor negro e idoso, chamado Olegário, que fora escravo na fazenda de amigos do artista.

Segall mais uma vez, como fez em Menino com Lagartixas, destina a parte inferior da tela, reduzida aqui à metade, para colocar o único personagem da composição, preenchendo todo o resto com as folhas verdes das bananeiras.

Como o título induz-nos a pensar, o negro Olegário é apenas parte da densa vegetação, pois, como na vida, nunca fora visto como pessoa, mas como parte disso ou daquilo, subordinado ao trabalho, mandado por seus donos.

A figura de Olegário, vista a partir do longo pescoço para cima, traz profundos sulcos na testa, que denotam não apenas preocupação, mas também marcas do tempo e do trabalho servil. Seus olhos são pequenos e verdes como o verde das folhas do bananeiral. O nariz anguloso e achatado mostra enormes narinas abertas. A boca grande e grossa, mesmo fechada, expõe os lábios carnudos. Dois profundos sulcos cercam-na, partindo das narinas, e indo até os cantos esquerdo e direito.

O cabelo curto e emaranhado da cabeça de Olegário encontra-se com a barba crespa, como se fizessem uma moldura em torno do rosto do ex-escravo. Seu olhar é ao mesmo tempo duro, desesperançado e sofrido.

Ficha técnica
Ano: 1927
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 87 x 127 cm
Localização: Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo/SP, Brasil

Fonte de pesquisa
Lasar Segall/ Coleção Folha

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Segall – MENDIGO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Adoro a simplicidade dos humildes e dos humilhados. Procuro nas almas o que elas não gostam de falar por boca própria, a verdade profunda de suas aspirações e do sofrimento íntimo. Mendigos esfarrapados, a vida pobre dos pobres. (Lasar Segall)

A afirmação acima explica muito bem o porquê de o artista Lasar Segall ter predileção pelos marginalizados. Ele dedicou várias de suas gravuras aos mendigos, sendo esse um tema comum à sua obra.

Na sua composição Mendigo, Segall não define o corpo do personagem com exatidão. Ele é desenhado sem contorno, com um mínimo de linhas, necessárias apenas para identificá-lo, num forte contraste entre o preto e o branco. Ainda assim, é possível captar a forte emoção que emana da figura.

A cabeça caída sobre o corpo, escondendo o pescoço, traz a sensação de cansaço, desalento, desesperança e derrota. O rosto redondo, composto por poucos traços, em que dois riscos ovais formam os olhos e uma linha longitudinal forma o nariz e termina numa boca diminuta, mais se parece com uma máscara. Os cabelos, desenhados em traços espaçados, cobrem parte da cabeça e do rosto.

O mendigo está assentado com uma perna dobrada e outra estendida. As mãos são desenhadas com leves traçados. No colo está o chapéu ou uma vasilha qualquer, para recolher as esmolas.

Curiosidades:
“Gravura é o nome dado a uma técnica manual de impressão. A madeira, a pedra, o linóleo e o metal são utilizados como matrizes. O artista grava imagens na matriz fazendo cortes ou sulcos, com ferramentas cortantes, tais como as goivas e os buris. Sobre a matriz, o artista passa tinta e depois imprime a imagem em um papel, que sai invertida. Pode-se tirar várias cópias iguais, obtendo assim uma tiragem. A característica mais importante da gravura é a de não ser uma obra única, pois pode ter múltiplas cópias. Já na gravura em metal o processo é diferente. A placa de cobre, latão ou zinco, é desenhada com instrumentos pontudos ou com ajuda de ácidos corrosivos que criam sulcos na sua superfície. Depois de receber uma camada de tinta, a placa é limpa para a retirada do excesso e a tinta só fica em sua parte mais baixa.” (leiam mais em http://www.caleidoscopio.art.br)

Ficha técnica
Ano: 1913
Técnica: xilogravura sobre papel
Dimensões: 30 x 23 cm
Localização: Acervo do Museu Lasar Segall, São Paulo/SP, Brasil

Fonte de pesquisa
Lasar Segall/ Coleção Folha
http://www.caleidoscopio.art.br

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Segall – SOBRE SUA NOVA PÁTRIA

Autoria de Lu Dias Carvalhosegall1

Escolhi o Brasil, que já havia visitado, e onde encontrei um acolhimento cordial. O Brasil se tornou minha pátria. (Segall)

“O Brasil é talvez o único ambiente onde se pode ainda respirar livremente. Vi-me transportado sob a fulgência de um sol tropical cujos raios iluminavam a gente e as cousas em seus recantos mais remotos e recônditos, emprestando até ao que se encontrava na sombra uma espécie de resplandescência, pois tudo dava por sua vez a impressão de irradiar reverberações de luz; vi terra roxa, terra cor de tijolo e terra quase negra, uma vegetação luxuriante desdobrando-se em fantásticas formas ornamentais, vi danças executadas pelo povo com exaltação quase religiosa, dum ritmo alucinante e contagioso, que realizava espontaneamente, sem teorias e pesquisas intelectuais, o que as modernas tendências do bailado na Europa se esforçavam por elaborar como criações revolucionárias e inovadoras no domínio da dança. Vi homens e mulheres com os quais, não obstante a estranheza de sua língua e costumes, me sentia irmanado.”. (Segall em carta a Kandinski)

“O Brasil revelou-me o milagre da cor e da luz. Sinto que neste país todas as coisas parecem mais leves e mais altas. Eleva-nos da terra. Ensina a alegria. Considero uma aquisição essencial para a minha arte essa alegria que o Brasil me revelou. Não é uma alegria superficial, que se oponha à tristeza, mas uma alegria ampla e compreensiva que abrange o seu contrário, e que, sobretudo, nos exalta para um mundo mais elevado.”. (Segall)

Fonte de pesquisa
Lasar Segal/ Coleção Folha

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