Arquivo da categoria: Vida Saudável

Temas diversos sobre saúde

PRODUTOS ORGÂNICOS X CONVENCIONAIS

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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Este é um tema que merece algumas reflexões. O Brasil é campeão mundial no uso de agrotóxicos e, desde 2008, está na liderança como um dos maiores consumidores desses produtos químicos, cabendo a cada brasileiro (imagine!) uma ingestão média de 5,2 litros de veneno agrícola por ano. O dado foi divulgado durante o Dia Internacional da Luta contra os Agrotóxicos. Sem agrotóxico, baixa a produção. Com a cultura orgânica, mais saúde, porém ela não é acessível a todos. O que fazer?

O emprego de aditivos químicos para elevar a produtividade das lavouras é muito antigo. Data de milênios, conforme os manuscritos chineses. Entretanto, os agrotóxicos industriais somente começaram a ser utilizados durante a Segunda Guerra Mundial.

A maioria dos especialistas da área chegou ao consenso de que a aplicação controlada de fertilizantes e defensivos agrícolas não causa danos à saúde, “não existindo pesquisas científicas conclusivas que atestem que a ingestão dessas substâncias, em pequenas doses através dos alimentos, causem males à saúde” –  palavras dos defensores do agronegócio. No entanto, o que preocupa esses mesmos especialistas é o uso indevido e/ou abusivo desses produtos químicos por parte dos produtores, o que pode causar efeitos crônicos em longo prazo, como determinados tipos de câncer, diminuição da fertilidade (redução do número de espermatozoides) e até a má formação de fetos.

Os ambientalistas, por sua vez, querem o fim da pulverização aérea de agrotóxicos, medida já praticamente banida em toda a Europa, além do fim da isenção fiscal para esses produtos. Na pulverização aérea, uma pequena parte do agrotóxico cai na planta. O restante deposita-se no solo e na água. Em outras palavras, essa prática traria mais prejuízos do que benefícios.

Na agricultura orgânica não se utiliza agrotóxicos. Para controlar pragas e insetos, os agricultores lançam mão do controle biológico, ou seja, a utilização de insetos predadores, micro-organismos e plantas que combatem os pulgões, lagartas e moscas que atacam as plantações. Esse é o olhar do cultivo orgânico.

Então, o que fazer? Se puder, recomendo os orgânicos, claro! Quando não for possível consumir apenas produtos orgânicos, seja pelo preço proibitivo ou pela falta de oferta, algumas atitudes podem minimizar a ingestão de insumos artificiais junto com os alimentos.

Uma delas é comprar apenas produtos de época. Fora da estação adequada é quase certo que uma fruta, verdura ou legume tenha recebido cargas maiores de agrotóxicos. Também é sempre mais seguro comprar produtos de sua região. Alimentos que percorrem longas distâncias, normalmente são pulverizados pós-colheita, e possuem alto nível de contaminação.

Embora não se possa eliminar completamente os agrotóxicos, medidas como retirar as folhas externas das verduras, lavar todos os alimentos em água corrente e mergulhá-los em uma solução de água com vinagre ajudam a retirar parte desses contaminantes.

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LABIRINTITE – INVESTIGAÇÃO DAS CAUSAS

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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Labirintite é um termo muito utilizado quando a pessoa tem algum desequilíbrio. A primeira reação de alguém que tem algum tipo de tonteira costuma ser o famoso “sentar uns minutinhos para ver se passa”. Às vezes, essa técnica pode funcionar. Porém, uma alteração do equilíbrio corporal pode indicar doenças sistêmicas e, portanto, deve ser investigada a fundo e não só ficar “tomando um remédio para a labirintite”.

As alterações do labirinto ocorrem com mais frequência a partir dos 40 anos de idade, mas podem também surgir em qualquer faixa etária e em ambos os sexos. O labirinto é formado por dois componentes: a cóclea, responsável pela audição, e os canais semicirculares, responsáveis pelo equilíbrio. Quando ocorre uma falha no funcionamento desse conjunto, principalmente devido à falta de suprimento de sangue e de oxigênio (daí serem muito frequente em idosos), o cérebro recebe informações erradas a respeito da posição do corpo e é daí que ocorrem os sintomas de desconforto. Nem sempre a pessoa apresenta vertigem clássica, que é a tontura rotatória, mas muitas vezes ela surge com desequilíbrios vagos, com a sensação de cabeça vazia, de estar flutuando ou embriagado.

Várias vezes as tonturas, vertigens ou zumbidos nos ouvidos, não são problemas diretos do labirinto e, portanto, não é uma labirintite e sim um labirintopatia, que em última análise denota um problema sistêmico causando os desequilíbrios. Entre as causas da labirintopatia estão algumas doenças como a diabetes, colesterol e/ou triglicérides altos e a hipertensão arterial. Do mesmo modo, o consumo de alguns remédios, que têm efeitos colaterais tóxicos para o ouvido, podem causar os desconfortos. O ácido acetilsalicílio (AAS) e os antibióticos aminoglicosídeos são bons exemplos. O abuso de cafeína, presente no café, de chocolate, de chá e de refrigerantes também são fatores que podem contribuir muito para o desenvolvimento e piora dos sintomas.

A labirintopatia não deve ser tratada como uma anomalia isolada. O médico clínico, ao atender um paciente com mal-estar, desequilíbrio ou sensação de ouvido tampado, deve indicar um medicamento adequado que alivie os sintomas e solicitar exames que possam detectar as possíveis causas. Descartando todos os problemas sistêmicos que possam causar esse desconforto, o médico especialista deverá ser consultado.

É muito importante o leitor entender que o labirinto sofre influência direta de todo o organismo. Portanto, seguir regras e ter bons hábitos faz a diferença, como manter o peso ideal, fazer caminhadas diárias três a quatro vezes por semana, evitar períodos longos de jejum, ter uma alimentação equilibrada com baixos índices de açúcar e de gorduras saturadas, fazer check-up anual com o médico assistente, etc. São ações que ajudarão e muito para o controle do problema. Lembre-se que as medicações para labirintite são tão somente para controle dos sintomas. As causas devem ser investigadas.

Nota: imagem copiada de dexaketo.wordpress.com

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SALGANTE SUBSTITUI O SAL DE COZINHA

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova categoria de alimento que foi batizada de salgante. Com a promessa de substituir o sal de cozinha, o produto salga as refeições, mas com 0% de sódio. Portanto, salgante não é sal, pois não tem sódio. É salgante, simples assim.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é recomendado o consumo de 2 g por dia, podendo chegar ao máximo de 5 g de sal, ou seja, do que contém o cloreto de sódio. Ao mesmo tempo, pesquisas apontam que o brasileiro consome mais do que o dobro desse limite. Isso por que temperos industrializados, caldos e cubos de carne, galinha e afins, sucos industrializados, energéticos, etc, são alguns dos itens que possuem altas concentrações do mineral.

Como cerca de 20% da população é hipertensa, contando com mais de 44 milhões de brasileiros, são recomendadas as dietas hipossódicas. Portanto, o salgante vem como uma novidade bem-vinda para essa parcela da população. O produto foi testado por pesquisadores da Unifesp em ratos não hipertensos e hipertensos. Após uma semana ingerindo salgante, ambos não apresentaram aumento na pressão arterial. Já após uma semana consumindo sal, o aumento na pressão foi significativo, demonstrando claramente que a presença do sódio na nossa dieta mexe diretamente com os níveis de tensão arterial.

Os grãos têm cor e textura de sal e servem para salgar os alimentos, mas a grande diferença está na composição: no lugar do sódio, entra o potássio. O mesmo já é comercializado há cerca de uma década nos EUA e na Europa. No Brasil, recebeu aprovação neste ano. A comercialização parece ocorrer, inicialmente, só pela internet. Em alguns meses, deverá estar no varejo. Um ponto que parece negativo será a adaptação ao gosto, pois como no sal light (tem 50% de sódio e 50% de potássio), deixa um gosto amargo residual na boca. A empresa que comercializa o produto defende que, “em testes duplos cegos”, o gosto foi plenamente adaptável e não houve necessidade de se aumentar a dose para salgar os alimentos. É aguardar para ver.

O preço tem também um inconveniente, não é acessível pra boa parte da população. Cem gramas do produto saem por R$ 16,90. Da mesma forma, não podemos sair usando esse produto de qualquer forma. Existem contraindicações formais ao seu consumo a pessoas com problemas renais, ou que utilizam medicações poupadoras de potássio, ou qualquer outra condição clínica que possa elevar o potássio no sangue. Isso por que o potássio, se ingerido em excesso, pode ser fatal quando se tem problemas renais. Quando os rins não conseguem eliminar o mineral pela urina, ele se acumula no sangue e pode provocar arritmias cardíacas. Portanto, devemos consultar o médico assistente antes do consumo.

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A TROMBOSE E AS VIAGENS

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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Chegaram as férias, as viagens e, com elas, um problema de saúde que merece atenção. Nas viagens mais longas, em especial nos aviões, pode ocorrer uma condição conhecida por trombose venosa profunda (TVP), que em última instância corresponde à formação de um coágulo sanguíneo nos membros inferiores. O desprendimento desses coágulos pode chegar aos pulmões, o que faz com que essa condição seja extremamente grave e perigosa.

Já se sabe que um dos maiores fatores de risco para ocorrência das tromboses são os períodos prolongados de imobilidade, como o tempo que os passageiros ficam sentados, durante o trajeto, em viagens mais longas. Outros fatores de risco incluem os distúrbios de coagulação, câncer, idade avançada, tabagismo, obesidade, doença cardíaca, uso de contraceptivos orais, histórico pessoal ou familiar de TVP, gravidez, etc.

A TVP pode não apresentar nenhum sintoma que dê o alerta, porém, em outros casos, ela pode dar sinais bem característicos de sua ocorrência. Os sintomas incluem dor, inchaço e vermelhidão na perna afetada. Caso o coágulo chegue até os pulmões, podem ocorrer fortes dores no peito e dificuldade para respirar. A manifestação desses sintomas pode resultar em óbito e, portanto, deve ser encarada como uma urgência médica.

A melhor forma de lidar com o problema é tentar evitá-lo. Antes de fazer longas viagens de avião, a pessoa deve conversar com seu médico para tirar suas dúvidas. Frequentemente, não é possível identificar a causa da TVP, o que faz com que não se saiba ao certo qual é a melhor forma de prevenir esse evento, o que torna mais difícil lidar com essa condição.

Não há consenso em relação ao uso do AAS, que ajuda a deixar o sangue “mais ralo”, porém, é de suma importância minimizar a inatividade durante o percurso. O passageiro deve mudar regularmente de posição, buscando alongar os membros. Da mesma forma, deve evitar cruzar as pernas e tentar andar um pouco durante a viagem – claro que sem a inconveniente turbulência. A hidratação pode ajudar bastante, devendo o viajante tomar água e sucos. Cafeína e bebidas alcoólicas devem ser evitadas. Escolher roupas largas e confortáveis para a viagem e conversar com seu médico sobre a possibilidade de usar meias compressivas são atitudes de boa prevenção.

Exercícios durante a jornada podem ser feitos, como:
• erguer os pés e movimentar o tornozelo em círculos;
• fazer bombeamentos com os calcanhares no chão, erguendo as pontas dos pés, apontando-os para o alto, ao máximo. Depois, colocar todo o pé no chão e repetir o movimento, mas dessa vez deixando o pé no chão e erguendo o calcanhar;
• erguer os joelhos enquanto sentado, “marchando” no mesmo lugar (repetir por 30 segundos);
• elevar o joelho ao peito, segurando-o na posição por 15 segundos e retornando a perna lentamente;
• repetir o movimento com o outro membro, dez vezes cada.

São medidas simples que podem salvar não só sua viagem, mas sua vida.

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A FUNÇÃO DE UM BOM CLÍNICO GERAL

Autoria do Dr. Telmo Diniz med1

O corpo humano é uma engrenagem completa e complexa, com diversas variantes e nuanças. Só e somente só o clínico geral poderá desvendar problemas de tal complexidade. O clínico geral é como se fosse o Sherlock Holmes da medicina, cabendo a ele seguir as pistas dadas pelo paciente para chegar à conclusão, ou seja, ao diagnóstico e, finalmente, ao tratamento direcionado ao problema. E digo mais: a função do clínico vai além de fazer um diagnóstico para tratar uma doença. Ele deve, acima de tudo, manter firme o propósito de seguir as pistas para praticar a boa velha prevenção.

Diagnosticar e prevenir são, sem dúvida, o principal papel do clínico. Um clínico bem preparado é capaz de diagnosticar quase a totalidade das patologias. Estudos mostram que, com uma boa entrevista (anamnese), o médico obtém o diagnóstico antes mesmo do exame físico e exames laboratoriais, podendo chegar à casa de 80 % dos casos. O especialista só será acionado nos casos em que o clínico sinta que determinada patologia deva ser vista de forma mais aprofundada.

Também conhecida como medicina interna, é ela a responsável por diagnosticar e tratar grandes quadros sintomáticos em adultos, particularmente os polissistêmicos, ou que abrangem diversos órgãos, de acordo com uma perspectiva global e integrada a outras especialidades. Para um paciente que apresenta patologias múltiplas ou de difícil diagnóstico, esta é a especialidade médica mais adequada, pois o clínico possui uma visão abrangente do paciente, assegurando a integração dos cuidados, recorrendo, quando necessário, à opinião de especialistas de outras áreas.

O clínico desempenha uma ampla atividade, que inclui:

  • estudo e orientação inicial dos doentes;
  • solicitação de exames de saúde regularmente;
  • diagnóstico e tratamento de grande parte das doenças de adultos;
  • acompanhamento e tratamento do doente crônico;
  • orientação de pacientes que apresentam quadros complexos, com patologias raras e múltiplas, juntamente com a participação de outros especialistas, quando for necessário;
  • entre outras atribuições.

A clínica geral é considerada a “mãe” de todas as especialidades médicas e tem fundamental importância no papel de coordenação científica de todas as atividades em nível hospitalar e ambulatorial. Daí, também, sua relevância para os estudantes de medicina.

A boa relação médico/paciente se baseia em uma estrita relação de confiança. O paciente que confia em seu médico certamente fará o tratamento proposto. E o clínico pode ser a “porta de entrada” para um relacionamento de anos. Acho que todas as famílias deveriam ter o seu Sherlock Holmes à mão. Certamente, vamos precisar dele, cedo ou tarde.

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A ASPIRINA NA PREVENÇÃO DO CÂNCER

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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A aspirina é uma substância conhecida há mais de um século. Seu nome químico é ácido acetilsalicílico (AAS) e, provavelmente, é um dos medicamentos mais conhecidos e mais vendidos no mundo, sendo muito utilizada como analgésico e anti-inflamatório. Nos últimos anos, inúmeras pesquisas estão sendo realizadas com a aspirina e, em várias condições, seu uso tem sido indicado, inclusive, na prevenção do câncer.

A história começou quando o químico alemão Felix Hoffman estava estudando um medicamento usado no tratamento da artrite, doença de seu pai. O objetivo era encontrar uma droga para substituir o salicilato de sódio, medicamento utilizado naquela época, mas que exigia grandes doses ao dia e com efeitos colaterais graves. Ele conseguiu preparar o ácido acetilsalicílico, que veio depois a ser chamado de aspirina. A nova droga tinha as mesmas propriedades do seu antecessor, porém, conseguia melhorar a qualidade de vida dos portadores de artrite com menos efeitos colaterais.

Os efeitos da aspirina variam de acordo com a dose que o indivíduo utiliza. Em altas doses, ela apresenta um efeito anti-inflamatório importante; em doses um pouco menores, funciona como analgésico. Uma ação pontual da aspirina é a inibição da agregação das plaquetas, ou seja, ela diminui a formação dos coágulos (que causam a trombose). Esse último efeito é essencial no que diz respeito às doenças cardiovasculares, tendo grandes benefícios na prevenção do infarto do miocárdio e na isquemia cerebral (chamado de acidente vascular cerebral), doenças que mais matam no mundo.

É por isso que há defensores ferrenhos do uso regular e profilático da aspirina, ou seja, na prevenção dos eventos cardiovasculares e também por ser popular (é uma medicação barata). Mas, como tudo na vida, existe um viés. A aspirina pode também causar efeitos adversos, em especial os sangramentos. Devido à sua atividade de deixar o sangue “mais ralo”, ela pode causar hemorragias do sistema digestivo e aumentar as chances de derrames cerebrais.

Foi publicado estudo sobre o uso da aspirina como forma de prevenção do câncer do sistema digestivo. O estudo publicado na revista da Sociedade Europeia de oncologia médica (“Annals of Oncology”) dá conta de que, no longo prazo, a administração diária de aspirina pode reduzir de forma significativa o risco de uma pessoa vir a sofrer de cânceres digestivos (colorretal, estômago e esôfago).

As vantagens do tratamento preventivo, segundo os autores, superam os riscos dos sangramentos. Tomar aspirina durante dez anos permitiria reduzir os casos de câncer de cólon em 35% e as mortes, em 40%. A aspirina evitaria, ainda, os cânceres de esôfago em 30% e as mortes por esta causa em 35%, revela a pesquisa.

Para se beneficiar desses efeitos, é necessário tomar uma dose diária de 75-100 mg durante dez anos, entre os 50 e os 65 anos de idade. A notícia é boa, mas não podemos esquecer de que toda medicação tem seus benefícios, mas também seus efeitos colaterais. O uso diário de aspirina deve ser sempre avaliado pelo medico assistente, pois somente ele poderá avaliar o risco/benefício no longo prazo.

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