Autoria de Antônio Messias Costa
A cutia é um animal terrestre e crepuscular, embora mude seus hábitos de vida em função de suas necessidades alimentares. Entoca-se em buracos no chão e, principalmente, em raízes de grandes árvores e troncos velhos. Está presente em todo o território nacional.
Curiosamente, a cutia apresenta um rabo diminuto, quase invisível, muito embora exista a cutia com rabo maior, denominada cutiara. Como a maioria dos roedores, ela constitui um importante elo da cadeia alimentar dos animais carnívoros e do próprio caboclo e índio amazônicos.
O que mais chama a atenção nesse animal é a sua pelagem variável do amarelo escuro ao amarelo ouro e a sua plasticidade, principalmente quando ameaçada. Ela para e põe em ação a sua boa audição e olfato aguçado e, estática, espera o melhor momento e direção para a busca de refúgio.
No Parque do Museu Goeldi (Belém/Pará), cutias vivem livres em grande número, e jamais ultrapassam a distância de segurança em relação ao visitante, salvo casos isolados de animais criados desde filhotes, por particulares, como é o caso de Maria Claúdia e Júnior dos Santos, duas cutias que foram levadas ao Parque, e passaram a fazer suas “refeições” dentro do Setor de Nutrição, sem se preocuparem com as pessoas. É interessante notar que, quando os animais têm a sua fase de socialização no convívio humano, passam a se identificar mais com os humanos, isto na maioria dos casos.
Por ter o hábito de esconder sementes em buracos cavados no chão da floresta, a cutia tem um importante papel na natureza: plantar várias árvores, como castanheiras e palmeiras. A semente da castanheira fica dentro do ouriço (invólucro da castanha), que por ser muito duro, poucos animais conseguem rompê-lo, dentre esses está a cutia.
Solitária ou em pequenos grupos em áreas alimentares, a cutia é extremamente territorial, demarcando sua área com urina, ou batendo com as patas nas folhas secas. Na época de cio, os machos disputam as fêmeas em grande correria, brigas e gritos, e muitos saem seriamente machucados.
Os filhotes nascem em número de 1 a três, geneticamente programados para avaliar e fugir do perigo, pois a distância em que ficam da toca vai aumentando gradualmente, monitorados à distancia pela mãe, que ataca todos que possam se aproximar do local onde se encontram seus filhotes. Eles já nascem “prontos”, locomovendo-se, o que é uma arma de sobrevivência para um animal tão ameaçado pelos predadores.
Ciente da agilidade que possui a cutia, muitas vezes, eu brinco com as crianças dos visitantes, oferecendo-lhes um animalzinho, mas desde que consigam pegá-lo, fato que jamais acontece em razão da extrema velocidade do bicho.
Até o nosso próximo encontro!
Views: 18
O grupo de Galetti apresentou 15 trabalhos e o prêmio de melhor poster foi concedido ao trabalho de duas pesquisadoras do IB-USP sobre a dispersão da castanha-do-pará pelas cutias.
Parabéns ao grupo de Galetti. Que tal apresentar aqui o poster premiado? O e-mail está incorreto.
Abraços,
Lu
Olá! gostaria de uma referencia bibliografica que fale sobre o comportamento das cutias, para construção do meu tcc.
obrigada!
Olá Daiany,
Há menos de um mês foi lançada a segunda edição do livro técnico: Tratado de Animais Selvagens, em português, com um bom capítulo sobre Roedores; The Social Organisation of Mammals – Por J. Eisenberg, já é mais específico. A internet é uma excelente meio para uma pesquisa mais específica, use na busca estas palavras chaves: Dasyprocta, comportamento; Dasyprocta em cativeiro; Dasyprocta criatório comercial; pesquisa comportamental em dasyprocta.
Bom trabalho!
Messias
Olá Rosalí,
Muito interessante a sua abordagem. Na realidade as pacas e cutias não combinam nem um pouquinho, não dividem o mesmo território, se matam. Por isso as pacas só saem bem tarde da noite, enquanto as cutias mais cedo, evitando assim conflitos. No prato, são saborosas, principalmente a paca que chega a ser iguaria. Quanto aos “filhos mirrados” faz sentido, os filhotinhos ainda que “prontos” são mirrados e fracos, principalmente quando nascem mais de três. Atualmente a cutia constitue grande parte da dieta de muitas populações indígenas.
Grande abraço,
Messias
Messias,
Ao ler seu texto, lembrei-me imediatamente daquela brincadeira de criança que consistia em ter que dizer rapidinho “Paca, tatu, cutia não!” Reza a lenda que os portugueses chegaram por essas bandas e tiveram que se adaptar à gastronomia indígena, com suas estranhas iguarias tropicais: as pacas e tatus eram pratos muito apreciados, mas as cutias não iam à mesa por conta de uma crendice das Índias, que acreditavam que se comessem a carne daquele roedor, teriam filhos mirrados e fracos.
Faz sentido juntar bichos tão diferentes entre si, ou é mais um folclore sem sentido? Dizem que a carne da cutia é saborosa, é verdade?
Parabéns pelo texto.
Abraços,
Rosalí.
Messias,
Certa vez, em visita ao Parque das Sete Cidades no Piaui, já fascinado pelas pinturas rupestres do lugar, foi quando, de repente, avistei uma cutia. Foi interessante observar o seu comportamento na natureza, pois só tinha visto esse bicho em cativeiro. Infelizmente, essa espécie tem sido vítima de caçadores clandestinos.
Parabéns, pelo texto.
Abraços,
Beto
Beto,
Obrigado. Assim como muitos animais que evoluiram próximo ao homem primitivo, a cutia pela grande proliferação e aceitação no cardápio diário, acabou sendo generosamente simbolizada nas pinturas rupestres.
Abraços,
Messias
Messias
Que bichinho interessante!
E ainda contribui para plantar árvores no planeta.
Estou adorando conhecer um pouco da vida dos animais de meu país.
Abraços,
Lu
Lu,
Os animais tem um papel muito importante no planeta, sem eles as florestas seriam muito pobres. Aguarde, outros bichos virão!
Messias