Filme – A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Tínhamos um excelente roteiro, mas sabíamos que sem o ator certo poderíamos morrer na praia. Quando vimos Dustin na tela, pensamos: é ele. (Mike Nichols)

Cresci pensando que um astro de cinema tinha que ser como Rock Hudson ou Tab Hunter. Certamente ninguém, de nenhuma maneira como eu. (Dustin Hoffman)

The Graduate, primeiro romance do escritor Charles Webb, agradou em cheio ao jovem produtor Lawrence Turman, que comprou os direitos autorais do livro. O diretor Mike Nichols aliou-se a ele. Por um período de dois anos, a dupla perambulou de estúdio em estúdio, tentando encontrar algum que aceitasse produzir o filme, mas era sempre rejeitada. Mas, como um caminho sempre acaba levando a outro e nos trazendo respostas inesperadas para aquilo que procuramos, o diretor Mike Nichols foi escolhido pela poderosa Elizabeth Taylor para dirigir o filme Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? (1966). E, para sorte de Nichols, a bela de olhos cor de violeta ganhou seu segundo Oscar por sua atuação, trazendo grande prestígio ao diretor. Assim, o projeto de filmar A Primeira Noite de um Homem encontrou um caminho.

Foram entrevistados muitos candidatos para a escolha do jovem e tímido Benjamin. Dentre eles encontravam-se Robert Redford, Steve McQueen, Anthony Perkins, mas foi Dustin Hoffman o escolhido. Fora indicado por um roteirista para fazer o teste, embora ele não se achasse adequado para o papel. Ele mesmo conta que seu teste foi um desastre. Mas não foi isso o que pensaram os responsáveis pelo filme. Embora Benjamin tivesse 21 anos no filme e Hoffman já se encontrasse na casa dos 30, o personagem caiu para ele como uma luva. Ele parece ter menos de 20 anos no filme.

Para fazer a sensual Sra. Robinson, foram levadas em conta atrizes como Geraldine Page, Lana Turner, Susan Hayward, Candice Bergen, Ava Gardner e Doris Day, embora o diretor Mike Nichols afirme que Anne Bancroff foi a única atriz a ser convidada.

A Primeira Noite de Um Homem (1967) tem muito a ver com o cinema de arte europeu. Nele misturam-se comicidade, ousadia sexual e uma trilha sonora bem ao gosto do público jovem. As salas de cinema ficaram lotadas de jovens, já descontentes com os valores vigentes à época. O filme prenunciava a mudança de costumes sociais e sexuais que viriam a marcar a década.

O filme foi um grande sucesso, tornando-se a 18ª bilheteria na história do cinema. Teve sete indicações ao Oscar, incluindo melhor filme e melhor diretor, mas acabou só levando o Oscar de melhor diretor, mas foi consagrado por outras instituições, recebendo vários prêmios. Na listagem da AFI (American Institute) ele se encontra na 17ª posição entre os 100 melhores filmes de todos os tempos. Sendo, inclusive, escolhido para figurar na National Film Registry, da Biblioteca do Congresso americano, por ser “cultural, histórico e esteticamente significante”.

Sinopse

Benjamin Braddock (Dustin Hoffman) volta para casa após a sua primeira formatura na universidade. É filho único e tem apenas 21 anos. Embora seus pais encontrem-se entusiasmados com a conclusão de seu curso e esperem muito dele, o pobre rapaz vê-se totalmente desnorteado quanto a seu futuro. Seu baixo-astral é visível. Ao ser homenageado pelos pais materialistas e superficiais com uma festa, para a qual são convidados os amigos da família, a sua irritabilidade e constrangimento diante dos acontecimentos tornam-se patentes, mas a euforia do casal não lhe permite entender o estado de ânimo do filho.

Depois de dar uma desculpa, o jovem Benjamin exila-se em seu quarto. É quando aparece a Sra. Robinson (Anne Bancroft), aparentando estar perdida. Ela praticamente exige que o rapaz leva-a para sua casa. Tímido, Benjamin tenta escapulir do pedido, mas não encontra alternativa senão atender ao pedido da mulher do sócio de seu pai. Ele tenta deixar a Sra. Robinson na porta de sua casa, mas ela lhe pede para entrar, até que acenda as luzes, alegando ter medo de escuro. Daí para frente, ela passa a seduzi-lo abertamente, deixando-o visivelmente constrangido. Chega a lhe perguntar se aquela seria a sua primeira vez. O jovem é salvo pela chegada do marido da sedutora. Mas Benjamin parece ter ficado com aquela cena na cabeça, ou talvez sua vaidade tenha ficado ferida, pois, dias após o ocorrido, ele telefona para a Sra. Robinson e marca um encontro entre os dois. Daí para frente tem início um relacionamento constante entre eles. Mais tarde, ele deixa bem claro que aqueles encontros clandestinos funcionam apenas como uma escapatória para sua falta de objetivo, suas angústias e medos.

A história entre Benjamin e a Sra. Robinson complica-se quando a filha dela, Elaine, também retorna para sua casa. Os dois jovens acabam se apaixonando, apesar de o rapaz ter prometido à amante que jamais se envolveria com sua filha. É interessante acompanhar a saída de Benjamin da apatia para a ação. Daí para frente as coisas tornam-se cada vez mais difíceis para ele, que precisa reverter situações delicadas e complexas para ficar com Elaine.

Curiosidades:

• Juntamente com Al Pacino e Robert de Niro, Hoffman definiu o estilo que mudaria a história do cinema a partir de 1970.

• Hoffman foi datilógrafo, zelador, garçom e vendedor de brinquedos. Alega que viveu abaixo da linha oficial da pobreza até os 31 anos. O sucesso de A Primeira Noite de Um Homem transformou sua carreira. Recebeu, inclusive, uma indicação ao Oscar. Anos depois ganhou o Oscar por sua participação em Kramer versus Kramer e Rain Man.

• Anne Bancroft recebeu a terceira indicação ao Oscar por sua atuação em A Primeira Noite de Um Homem. Ela quase recusou o papel, pois alguns amigos tentaram convencê-la de que a personagem era perigosa. Ela acabou imortalizada como Mrs. Robinson. Sua personagem foi o ponto alto do filme.

• Katharine Ross (Elaine) foi a professora de Butch Cassidy. Ela é hoje escritora de livros infantis.

• A trilha sonora é de Simon&Garfunkel. Suas músicas pontuam e definem todos os momentos do filme. A primeira música a ser tocada é The Sound of Silence. Outra que fez muito sucesso foi Mrs. Robinson, que se encontra na 6ª posição entre as 100 melhores músicas do cinema.

• Dizem que Doris Day rejeitou o papel de Mrs. Robinson alegando: – Isso ofende os meus valores morais.

• Robert Redford não foi escolhido porque não passava a imagem de um bobinho que nunca houvesse dado bem com uma garota.

• A perna que aparece nos cartazes promocionais do filme não pertence a Anne Bancroft, e sim a uma então desconhecida modelo, Linda Gray.

• Apesar de no filme parecer bem mais velha, na época das filmagens a atriz Anne Bancroft tinha 37 anos, apenas seis a mais que Dustin Hoffman.

• O carro utilizado por Dustin Hoffman, um Alfa Romeo Spider, teve com o sucesso do filme uma série especial nos Estados Unidos chamado de The Graduate (nome do filme em inglês).

• O sucesso do filme transformou a carreira de Dustin Hoffman e abriu as portas para todos os atores étnicos de Nova Iorque.

• Na época em que o filme concorreu ao Oscar, a competição configurava-se como: A Nova Hollywood com Bonnie e Clyde e A Primeira Noite de um Homem contra a Velha Hollywood com No Calor da Noite e Advinhe Quem Vem para Jantar.

• Em 2005, a Warner Bros. Pictures lançou o filme Dizem por aí…, que conta a história de A Primeira Noite de um Homem como se fosse verdadeira, através da personagem Sarah Huttinger (Jennifer Aniston) que acredita que sua família seja os Robinson de Pasadena descritos no livro de Charles Webb e no filme de Mike Nichols.

Cenas Imperdíveis:

• O visível aborrecimento de Benjamin durante a festa com as perguntas e os conselhos sobre seu futuro que lhe dirigem os amigos dos pais.

• As investidas da Sra. Robinson sobre o ingênuo Benjamin. Ela age como uma profissional da arte da sedução, uma voraz predadora. O rapaz acaba cedendo.

• A descoberta feita por Benjamin de que Elaine está se casando, sua luta para encontrá-la antes do casamento e a ansiedade para que ela o veja na Igreja.

A Primeira Noite de um Homem é importante por várias razões. Faz parte da Era de Ouro do Cinema e foi, acima de tudo, um filme corajoso para o seu tempo. Não conseguimos imaginar o quanto foi avançado para a época. Quando estreou, em 1967, a revolução sexual ainda não estava nas ruas, encontrava-se a caminho. Os críticos são unânimes em afirmar que nenhum outro filme sério, até então, ousara mostrar o sexo de forma tão honesta, abordando um triângulo amoroso, em que a mãe alcoólatra é a rival da filha boa moça. Abriu caminhos para que muitas coisas mudassem, de modo que a sociedade com seus padrões sufocantes jamais voltaria a ser a mesma. Também é impossível desvincular do filme a trilha sonora, que foi muito importante para o seu sucesso estrondoso.

Fontes de Pesquisa:
Cinemateca Veja
1001 Filmes para …
Tudo Sobre Cinema/ Sextante
Como a Geração Sexo-Drogas- e …/ Peter Biskind
Wikipédia

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