Imagine você, meu caro leitor, sendo humilhado e desrespeitado por seu patrão, até que um dia, por um golpe de sorte, os papeis invertem-se. Pois é isso que vem acontecendo na Índia, ainda que timidamente, com alguns dalits que passaram de empregados a patrões. Dentre os seus empregados estão até brâmanes, os nascidos na casta mais desejada e prestigiada, mas, pelo visto, com os bolsos vazios. Ainda assim, eles se sentem superiores ao chefe dalit. São como aquele conhecido provérbio: “Perdem as posses mas não perdem a pose.”.
Mesmo com curso superior, a vida de um dalit não é fácil. À simples menção de seu sobrenome e lugar de origem as portas fecham-se para ele, o que leva muitos deles a criarem nomes falsos para poderem tocar seus negócios. O preconceito contra os dalits é um estigma enraizado na cultura indiana e que se alastra como um cancro, em quaisquer que sejam os tempos. Não há nada que abale as tradições milenares desse povo. Nem mesmo a tecnologia.
Como sabemos, os dalits são tidos como “impuros“, logo, não podem ser tocados e nem tocar naqueles pertencentes a outras castas ou mesmo em suas coisas, segundo o hinduísmo. Se um negociante dalit lidar com comida e tiver sua casta revelada, além de perder os seus clientes, ainda pode sofrer todo tipo de violência, inclusive ser queimado.
É fato que a situação relativa aos dalists nas grandes cidades, com milhares e milhares de pessoas com as mais diversas procedências, vem sofrendo mudanças, até por incapacidade de se descobrir o sobrenome e a origem das pessoas. Em contrapartida, nos vilarejos no interior do país, onde se localiza mais da metade do povo indiano, a situação parece piorar cada vez mais. Antes mesmo do cumprimento, pergunta-se qual é o sobrenome da pessoa, para descobrir a que casta ela pertence, e saber que tipo de tratamento deve ser dado ao visitante.
Mesmo tendo a possibilidade de dar o troco ao melhorar de vida, um dalit precisa ficar de boca fechada, para não ser perseguido pela inveja. Agressões brutais, como ser queimados vivos, continuam existindo. São muitas vezes violentados porque ascenderam socialmente, como se isso fosse um insulto às castas altas, pois reza a tradição que o dalit é “a poeira dos pés de Brahma”. Eles nasceram para servir, e devem ser mantidos em seus lugares, pensam aqueles que se sentem insultados com o sucesso deles. Muitos dos ditos intocáveis têm seus negócios queimados, sem que os governantes tomem medidas severas.
O preconceito contra os dalits continua mais que visível, contudo, ainda não é visto pelas autoridades mundiais como uma forma de racismo. O que mais elas querem? Esperam que mais de 300 milhões de seres humanos sejam trucidados, extintos? São essas coisas que nos fazem desacreditar ainda mesmo em organismos sérios, que dizem trabalhar em prol dos direitos humanos. Enquanto isso, o governo indiano deixa as injustiças correrem a bel prazer, sem punir os agressores oriundos das castas altas, agindo conforme reza o O CÓDIGO DE MANU.
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Lu
Trata-se de uma situação bem cruel o cara ter que esconder seu nome e origem, como se fosse um criminoso. Não consigo compreender que tipo de religião é essa. Muito triste a situação.
Beijos
Nel
Nel
E imagine que isso ainda acontece em pleno século XXI, como se a Índia tivesse parado no tempo.
As religiões sabem ser cruéis, muitas vezes.
Abraços,
Lu