ÍNDIA – GANDHI E A CASTIDADE (VI)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Gandhi foi convidado a voltar à África do Sul, para onde levaria sua família posteriormente, e onde sua vida pessoal tomaria um novo rumo na busca pela espiritualidade. Mas como poderia buscar a espiritualidade abandonando a sua família? Ele tinha consciência de que era o seu irmão Laxmidas, chefe da família, quem cuidava, inclusive de sua esposa e filhos, necessitando de sua ajuda. Mesmo assim, Gandhi decidiu cortar a ajuda ao irmão que o havia ajudado tanto, por ocasião de seus estudos em Londres e, quando se encontrava desempregado na Índia, alegando que o resultado de seu trabalho seria revestido para a comunidade, que agora se tornara a sua família. Essa mudança comportamental do irmão deixou Laxmidas muito magoado e infeliz. Gandhi também cancelou a apólice de seguro que fizera para a esposa e filhos, para beneficiá-los caso viesse a morrer, embora soubesse que tudo cairia nas costas de seu irmão, na sua falta.

Não foi fácil para Gandhi impor a si mesmo o celibato, pois, assim como o pai, possuía muito “desejo pela carne”. Contudo, achava que para servir a humanidade, precisava aceitar a pobreza e o celibato. E que se estivesse envolvido com os prazeres da vida em família e com a educação dos filhos, seu tempo de dedicação aos que dele necessitavam seria muito pequeno. Renunciar ao sexo, adotando a castidade fazia parte da visão hindu, budista e cristã, mas na tradição hindu e janista era uma opção feita por homens mais velhos, já com suas famílias criadas. Tanto o judaísmo quanto o islamismo não aceitavam tal opção.

A relutância de Gandhi dava-se em razão de concluir que ao optar pela castidade, ele estaria muito mais rejeitando sua esposa e família, do que propriamente rejeitando o sexo. Sua dúvida era tamanha que chegou a consultar alguns parentes masculinos. E assim, justificando que a relação sexual tem por finalidade apenas a procriação, tomou o caminho da abstinência sexual, inclusive, estimulando outras pessoas a fazerem o mesmo. Ele dizia que:

Não é possível dedicar-se a uma mulher em particular e, ao mesmo tempo, dedicar-se à humanidade. Os dois (objetivos) não se harmonizam.

Gandhi via no desejo sexual uma ameaça à pureza e um convite à violência. Para defender a castidade chegou a dizer:

Aquele que conserva o seu fluido vital adquire poder inesgotável. Por que perder minha vitalidade a troco de um instante de prazer?

Para expulsar o desejo sexual, Gandhi passou a testar muitas dietas que acabaram trazendo problemas para sua saúde, inclusive a perda dos dentes.

Fontes de pesquisa:
Gandhi, Ambição Nua/ Jad Adams
Gandhi/ Louis Fischer
Blog Indiagestão
Líderes que Mudaram o Mundo/ Gordon Kerr

Nota: Imagem copiada de indiagestao.blogspot.com

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9 comentaram em “ÍNDIA – GANDHI E A CASTIDADE (VI)

  1. José Júlio França Neto

    Kasturbai, a notável esposa de Mahatma, não pôs objeções quando ele deixou de reservar uma parte de sua riqueza para uso dela mesma e de seus filhos. Casados no início da adolescência, Gandhi e sua mulher fizeram o voto de celibato após o nascimento de quatro filhos. Heroína tranquila no intenso drama que foi sua vida ao lado de Gandhi, Kasturbai seguiu seu esposo nas prisões, partilhou seu jejum de três semanas e arcou integralmente com seu quinhão nas intermináveis responsabilidades do marido. Ela prestou-lhe o seguinte tributo:

    “Agradeço-lhe por ter tido o privilégio de ser sua colaboradora e companheira na vida. Agradeço-lhe pelo mais perfeito casamento do mundo, baseado em brahmacharya (autocontrole) e não no sexo. Agradeço-lhe por me considerar sua igual no trabalho de toda a sua vida pela Índia. Agradeço-lhe por não ser um desses maridos que passam o tempo em jogos, corridas de cavalos, mulheres, vinho e canções, cansando-se de suas esposas e filhos como um menino logo se cansa dos brinquedos infantis. Como sou agradecida por você não ser um desses maridos que dedicam seu tempo a enriquecer com a exploração do trabalho alheio!
    Que agradecida estou por você haver colocado Deus e a pátria acima do suborno, por haver tido a coragem de suas convicções e fé completa e implícita em Deus. Que agradecida estou por ter um esposo que colocou Deus e a pátria antes de mim. Agradeço-lhe por tolerar a mim e às minhas limitações na juventude, quando eu resmungava e me rebelava contra as mudanças que você fez em nosso modo de vida, de tanto para tão pouco.
    Quando criança, vivi na casa de seus pais; sua mãe era uma grande e bondosa mulher; ela me educou, ensinando-me a ser uma esposa valente, corajosa, e a conservar o amor e o respeito de seu filho, meu futuro esposo. No decurso dos anos, à medida que você se tornava o líder mais amado da Índia, não senti qualquer dos temores que pertubam a esposa quando seu marido sobe a escada do sucesso, como tantas vezes acontece em outros países. Eu sabia que a morte nos encontraria ainda como esposo e esposa.”
     
    Trecho extraído do livro “Autobiografia de um Iogue”, de Paramahansa Yogananda.
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      1. LuDiasBH Autor do post

        José Júlio

        É um grande prazer recebê-lo aqui neste espaço. Quanto à carta de Kasturbai, caso a tenha, poderia me enviar via e-mail (ludiasbh@virusdaarte.net). Gostaria muito de conhecê-la. Se souber de alguma fonte que a tenha aqui na internet, envie-me o endereço.

        Grande abraço,

        Lu

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    1. LuDiasBH Autor do post

      José Júlio

      Gosto muito de conhecer as várias facetas de uma história. Poderia me indicar o livro em que a esposa de Gandhi fala sobre ele?

      Um grande abraço,

      Lu

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  2. Célia

    Lu querida, tudo bem com vc?
    Parece que Gandhi, segundo alguns textos que já li, trocou a heterossexualidade pela homo. Exerceu um papel importante na Índia.

    Beijinhos.

    Célia

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Célia

      Os novos biógrafos de Gandhi estão descobrindo muitas novidades.
      Inclusive foi péssimo para a família.
      Veja está série que estou escrevendo sobre ele.

      Beijos,

      Lu

      Responder

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