Autoria de Lu Dias Carvalho
Se a Rússia possui as suas famosas bonecas matrioska ou mamuska, ambicionadas por colecionadores e compradores de suvenires, o Japão possui as suas kokeshi, também cobiçadas por colecionadores e turistas em visita àquele país.
As kokeshi tradicionais, cujo tamanho pode variar de alguns centímetros a mais de um metro de altura, são feitas à mão, em madeira torneada, geralmente de forma cilíndrica, e pintadas também à mão. Possuem um tronco simples, uma cabeça grande, o rosto pintado com linhas finas, sendo o corpo geralmente decorado com motivos florais. São envernizadas com uma camada de cera e trazem sempre a assinatura do artista. O mais interessante é que uma boneca não tem o rosto igual ao de outra.
Essas bonecas surgiram há cerca de 150 anos, quando as famílias de camponeses, no norte de Honshu, a maior ilha do Japão, que antigamente tinha o nome de Hondô, aproveitavam as longas noites de inverno para criá-las. Assim como as matrioska russas, as kokeshi também não possuem braços e nem pernas, mas ao contrário dessas, a cabeça muitas vezes gira. Mas as bonecas não se encaixam umas nas outras, como no caso das primeiras.
Atualmente existem mais de 250 tipos de kokeshi, de acordo com o número de famílias artesãs, que por sua vez são classificadas em 10 tipos principais, de acordo com o lugar de origem: Kijiyama, Nambu, Narugo, Hijiori, Sakunami, Tsuchiyu, Tôgatta, Tsugaru, Jajirô e Zaô. Essas famílias vivem, principalmente, nas montanhas e nos povoados do norte de Honshu.
A origem exata das bonecas kokeshi é desconhecida, mas a imaginação japonesa é fértil na tentativa de explicá-las, tendo criado muitas lendas. Mas podem estar ligadas a um talismã ou a um amuleto, oboko, com a cabeça feita de papel marchê e cabo de madeira leve, colocado na cabeceira das mulheres em trabalho de parto, para que as levasse a parir um menino, em vez de menina. Essas bonecas também são tidas como símbolos sexuais, provavelmente pela forma fálica, embora os artesãos modernos, encontrados hoje nos grandes centros, venham as criando apenas com fim meramente decorativo.
As kokeshi tradicionais deram lugar a outros tipos criativos, depois da Segunda Guerra Mundial. Esses não seguem a tradição, e o artista tem total liberdade criativa no que diz respeito à forma, material, cores e desenhos. Contudo, apesar dos diferentes estilos, todas as bonecas kokeshi são baseadas na filosofia de que “são a harmonização da beleza e da arte com simplicidade”.
Nota: na ilustração do texto, a primeira imagem refere-se às kokeshi tradicionais e a segunda às criativas.
Vejam o artigo: RÚSSIA – MATRIOSKA OU MAMUSKA
Fontes de pesquisa
O Japão/ Louis Frédéric
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