O pintor italiano Annibale Carracci (1560-1609), nascido em Bologna, era oriundo de uma família de artesãos. Seus ancestrais eram alfaiates. Seu irmão Agostino (1557-1602) formou-se como gravador e pintor. Annibale começou trabalhando na alfaiataria, mas depois seguiu os passos do irmão mais velho, com quem trabalhou na oficina do primo Ludovico Carracci em Bolonha, o que leva a crer que esse tenha sido seu professor. Os três fundaram uma escola artística chamada Academia degli Incamminati (Academia do Caminho), sendo Ludovico o dirigente da escola conhecido por sua rejeição ao estilo maneirista. Os três Carracci trabalhavam ativamente com tudo o que lhes fosse encomendado, sendo Annibale o mais criativo do grupo. Os três artistas trabalharam juntos na decoração do Palazzo Fava em sua cidade natal. Em muitas das primeiras obras de Bolonha, é difícil distinguir as contribuições individuais de cada um deles, pois carregam apenas a assinatura “Carracci”, o que pode sugerir que os três participaram.
Annibale Carracci viajou para Parma, onde estudou o estilo de Correggio e depois para Veneza, onde se encontrou com o seu irmão Agostino. Estudou a arte de Veneza e encantou-se em Roma com as obras de Rafael. Conheceu as obras de Corregio, Ticiano e Michelangelo, tendo se inspirado no trabalho desses artistas. Fez um profundo estudo da natureza, ao qual agregou novas ideias. Criou um estilo direto, claro e harmonioso. Foi rival de Caravaggio, tendo sido, à sua época, o principal pintor de Roma. A sua obra reflete o conhecimento da arte da Antiguidade e do Alto Renascimento, tendo se libertado da corrente maneirista, seu ponto de partida. Sua obra possui um arranjo simples e harmonioso que lembra a arte renascentista, contudo está imbuída de grande apelo emocional
Os mais importantes trabalhos de Carracci estão em afrescos. Entre os seus primeiros contemporâneos ele é visto como um inovador, ao reviver o visual de afrescos de Michelangelo e postular uma paisagem pictórica vividamente brilhante que vinha sendo progressivamente esquecida por um emaranhado de maneirismos. Se Michelangelo era capaz de curvar e contorcer o corpo humano em qualquer perspectiva possível, Carracci, nos afrescos de Farnese, ensinou como fazê-lo dançar. As fronteiras do “teto”, grandes extensões de parede a serem decoradas, durante as décadas posteriores seriam preenchidas pelo brilhantismo monumental dos seguidores de Carracci.
Carracci possuía uma temática incrivelmente diversificada: paisagens, cenas e retratos, incluindo uma série de autorretratos. Foi um dos primeiros pintores italianos a produzir telas nas quais a paisagem tinha prioridade sobre as figuras, como na sua encantadora composição intitulada A Fuga para o Egito. Nesse gênero Carracci foi acompanhado por Domenichino, seu aluno predileto, e Lorraine. É descrito por seus biógrafos como descuidado com as vestimentas e obcecado pelo trabalho. Segundo uma carta do cardeal Odoarde Farnese, Carracci, o artista possuía um “pesado humor melancólico”. Não se sabe o que o levou a aposentar os seus pincéis tão cedo. Faleceu em 1609.
Annibale Carracci foi muito importante para a história da pintura, não somente pelos seus afrescos, mas também como pintor de retábulos barrocos. Recebeu elogios de grandes nomes da arte como Bernini, Poussin e Rubens. Entre os seus assistentes e alunos surgiram grandes nomes, como: Domenichino, Francesco Albani, Giovanni Lanfranco, Domenico Viola, Guido Reni, Sisto Badalocchio e outros mais.
Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Konemann
Obras-primas da pintura ocidental/ Taschen
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