Autoria de Lu Dias Carvalho
O melhor que eu puder. (Jan van Eyck)
Jan van Eyck realizou a ilusão da natureza mediante a paciente adição do detalhe após detalhe, até que a totalidade da sua pintura se convertesse num espelho do mundo visível. (E. H. Gombrich)
O artista holandês Jan van Eick (1385/1390–1441) é considerado um dos mais importantes pintores de sua época e é tido como um dos criadores da Escola Holandesa de Pintura, um representante da realidade artística do Norte. Era também irmão do pintor Hubert van Eyke. Esteve ligado à corte dos duques de Borgonha, mas trabalhou muito na região dos países baixos (hoje Bélgica). Ele atingiu o ápice do talento sobretudo na criação de retratos.
Jan van Eyck começou sua formação artística como iluminador de manuscritos, vindo pouco tempo depois a pintar painéis, fazendo uso de um estilo extremamente minucioso e elaborado, representando o mundo natural com riquíssimo detalhamento. Suas obras tinham como tema principalmente o Menino Jesus e a Virgem Maria. Ele também pintou vários retratos nos quais impressionava todos com a sua capacidade de apreender a beleza translúcida da luz e a viveza da cor. O rico simbolismo empregado em sua arte levava a presumir a acuidade de seu intelecto.
Desde os seus primeiros trabalhos Jan van Eyck mostrava algo inteiramente novo com as suas primeiras descobertas. Fazia pinturas sobre velino (pergaminho fino, preparado com a pele de animais recém-nascidos ou natimortos) ou pergaminho, que tinham por finalidade a decoração de livros. Seu trabalho variava entre iniciais e desenhos de contornos simples até imagens complexas de página inteira, folheadas a ouro. O artista recebeu a influência da Arte Gótica. Ele não idealizava a figura humana. Seus personagens eram honestamente retratados, sendo seus desenhos muito convincentes. Era também muito paciente ao pintar a natureza, reproduzindo pacientemente cada detalhe com a maior exatidão possível.
É importante lembrar que os mestres florentinos ligados ao círculo de Brunelleschi criaram um método através do qual representavam a natureza com exatidão científica. Usavam uma estrutura de linhas em perspectiva, sendo que o corpo humano era criado de acordo com os conhecimentos de anatomia que detinham e das leis da perspectiva. Van Eyck, contudo, criou a ilusão da natureza usando sua paciente adição de detalhes, o que convertia sua obra num espelho do mundo visível. Isso foi uma grande diferença entre a arte nórdica e a italiana, tendo existido por muito tempo.
Segundo o Professor E. H. Gombrich, Jan van Eyck “realizou uma receita para a preparação de tintas”, sendo a sua descoberta tão importante como a da perspectiva, constituindo algo inteiramente novo. Sua receita tratava-se da preparação de tintas, antes de elas serem espalhadas pelo painel, abrindo mão da têmpera. Ele passou a usar óleo em vez de ovo que era de secagem muito rápida, podendo assim trabalhar bem mais lentamente, o que lhe possibilitava mais tempo para os detalhes. Foram tantos os “milagres” feitos com a nova tinta que o óleo tornou-se aceito como o veículo pictórico mais adequado na pintura.
O estilo do artista apresentava uma nova concepção sobre a pintura. A figura humana passou a ser representada como um corpo existente num espaço plano e a natureza a ser criada com muita exatidão, o que acabou influenciando grandemente a arte europeia, sendo as obras de Jan van Eyck muito bem conceituadas na Itália renascentista.
Características do estilo do pintor:
- observação minuciosa da natureza;
- uso de detalhes meticulosos;
- apresentação de objetos que descrevem o esplendor da corte de Borgonha no final da Idade Média;
- uso de forte realismo;
- reprodução fiel de roupas e interiores, criando um valioso registro de sua época;
- uso da tinta a óleo.
Nota: O Homem com Turbante Vermelho, Jan van Eick
Esta pintura é tida por muitos com um autorretrato do artista. Não encontrei dados técnicos sobre a pintura
Fontes de Pesquisa:
– Os pintores mais influentes…/ Editora Girassol
– História da Arte/ E.H. Gombrich
– Tudo sobre a Arte/ Editora Sextante
– 1000 obras primas…/ Könemann
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Este texto está maravilhoso, muito bom mesmo, parabéns!
Pamela
Muito obrigada por seu elogio.
É para mim muito importante a opinião do leitor.
Pois é para ele que escrevo, com muito carinho.
Grande abraço,
Lu